Cultura

Papa: com a busca por poder e dinheiro, o homem se torna escravo





No habitual Angelus dominical, o Santo Padre convidou os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro neste domingo a refletirem sobre a liberdade de Jesus, que era “completa e sem condicionamentos”.

O homem deve sempre se perguntar se ainda é uma pessoa livre ou se, em vez disso, está se tornando “prisioneiro de mitos do dinheiro, do poder e do sucesso”. “Mitos” que, segundo o Papa Francisco, levam a sacrificar a serenidade e a paz, a minha e a dos outros". No habitual Angelus dominical, o Santo Padre convidou os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro a refletirem sobre a liberdade de Jesus, que era “completa e sem condicionamentos”.

“Jesus era um homem livre”, enfatizou o Pontífice, diante das riquezas, diante do poder e diante da busca pela fama e aprovação.

Jesus era livre diante das riquezas: por isso, deixou a segurança de seu vilarejo, Nazaré, para abraçar uma vida pobre e cheia de incertezas, curando gratuitamente os doentes e qualquer pessoa que o procurasse para pedir ajuda, sem nunca pedir nada em troca.

Jesus era livre diante do poder, continuou o Papa: "de fato, embora chamasse muitos para segui-lo, nunca forçou ninguém a fazê-lo, nem procurou o apoio dos poderosos, mas sempre se colocou do lado dos últimos, ensinando seus discípulos a fazerem o mesmo".

“Por fim, era livre diante da busca de fama e da aprovação e, por isso, nunca desistiu de falar a verdade, mesmo ao custo de não ser compreendido, de se tornar impopular, até o ponto de morrer na cruz, não se deixando intimidar, nem comprar, nem corromper por nada e por ninguém".

“E isso também é importante para nós”, disse ainda o Papa, exortando os fiéis a sempre se perguntarem: “sou uma pessoa livre? Ou me deixo aprisionar pelos mitos do dinheiro, do poder e do sucesso, sacrificando a estes a serenidade e a paz minha e dos outros?" “Se nos deixamos condicionar pela busca do prazer, do poder, do dinheiro ou do sucesso, nos tornamos escravos dessas coisas”, destacou o Pontífice.

Concluindo: “que a Virgem Maria nos ajude a viver e amar como Jesus nos ensinou, na liberdade de filhos de Deus”.

 

- Francisco: “é preciso muito mais coragem para a paz do que para a guerra”

Após rezar a oração do Angelus o Santo Padre voltou a faltar da Terra Santa pedindo paz e recordou os 10 anos do encontro no Vaticano entre Shimon Peres e Abu Mazen. Jordânia sediará uma conferência internacional sobre a situação humanitária em Gaza. Não esquecer a Ucrânia.

Após a oração mariana do Angelus o Papa Francisco recordou que neste sábado foi comemorado o 10º aniversário da Invocação pela Paz no Vaticano, que contou com a presença do presidente israelense, o falecido Shimon Peres, e do presidente palestino, Abu Mazen. Esse encontro – destacou o Santo Padre – “demonstrou que apertar as mãos é possível e que fazer a paz exige coragem, muito mais coragem do que fazer a guerra”.

“Portanto, incentivo as negociações em andamento entre as partes, mesmo que não sejam fáceis, e espero que as propostas de paz, para um cessar-fogo em todas as frentes e para a libertação dos reféns, sejam aceitas imediatamente para o bem dos palestinos e israelenses".

Francisco recordou ainda que depois de amanhã, a Jordânia sediará uma conferência internacional sobre a situação humanitária em Gaza, convocada pelo rei da Jordânia, pelo presidente do Egito e pelo secretário-geral das Nações Unidas.

“Enquanto agradeço a eles por essa importante iniciativa, incentivo a comunidade internacional a agir com urgência, com todos os meios, para ajudar a população de Gaza, exausta pela guerra. A ajuda humanitária deve chegar aos necessitados, e ninguém pode impedi-la”.

Enfim, francisco mais uma vez pediu para não esquecermos do martirizado povo ucraniano, que mais sofre e que mais anseia por paz.

"Saúdo este grupo ucraniano com as bandeiras que estão ali. Estamos próximos de vocês. Este é um desejo de paz, por isso incentivo todos os esforços que estão sendo feitos para que a paz seja construída o mais rápido possível, com ajuda internacional. E não vamos nos esquecer de Mianmar".

Francisco ainda saudou os romanos e peregrinos provenientes de vários países presentes na Praça São Pedro, entre eles do Ginásio “São João Paulo II” de Kiev (Ucrânia) a quem encorajou em sua missão educacional neste momento difícil e doloroso. Saudou ainda os professores e os alunos da Escola Diocesana “Cardenal Cisneros” da Diocese de Sigüenza-Guadalajara, na Espanha; bem como os fiéis de Assemini (Cagliari), as crianças da escola “Giovanni Prati” de Pádua e os jovens da paróquia de Sant'Ireneo, em Roma.

Renovou, por fim, a sua saudação aos cantores que vieram a Roma de todas as partes do mundo – “cantem algo mais tarde!”, disse - para participar do Quarto Encontro Internacional de Coros. Caríssimos, com seu canto vocês sempre podem dar glória a Deus e transmitir a alegria do Evangelho!

 

- Papa aos corais: sois depositários do tesouro da arte e da beleza

O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 4 mil especialistas em música sacra e litúrgica presentes no Vaticano para o IV Encontro Internacional de Corais.

“Sois depositários dum tesouro secular de arte, beleza e espiritualidade”: foi o que disse o Papa Francisco recebendo na manhã deste sábado, na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 4 mil especialistas em música sacra e litúrgica presentes no Vaticano para o IV Encontro Internacional de Corais. O encontro se realiza em comemoração ao aniversário de 40 anos de fundação do Coro da Diocese de Roma, fundado por monsenhor Marco Frisina, que conduziu os trabalhos do evento de três dias.

Antes, porém, o Papa citou a espontaneidade das crianças na Sala Paulo VI, "que fala mais alto do que os melhores discursos". “Elas são assim, elas se expressam como são. Devemos cuidar das crianças porque elas são o futuro, são a esperança, mas também são o testemunho da espontaneidade, da inocência e da promessa”. E sempre por essa razão Jesus disse que queria as crianças por perto. As crianças são os privilegiados. É por isso que Jesus disse: “O Reino de Deus pertence àqueles que são como crianças”. Devemos aprender com essa espontaneidade que as crianças nos mostraram. E elas não vieram por causa dos doces - depois perceberam que havia doces - mas vieram porque gostaram de vir. Elas são assim. Não vamos nos esquecer da lição que elas nos deram hoje. 

Depois de dar as boas-vindas aos presentes e agradecer, em particular, o maestro monsenhor Marco Frisina e a Nova Opera por terem promovido esta iniciativa, o Papa disse que esse aniversário é um estímulo a prosseguir o serviço precioso que prestam em Roma e em tantas partes do mundo.

O encontro, já na sua quarta edição, reúne coros paroquiais e diocesanos, scholæ cantorum, capelas de música, maestros e músicos e os presentes vieram ao Vaticano – destacou Francisco - para aprofundar juntos o significado da música ao serviço da liturgia; “e é bom ver-vos aqui, até porque, vindos de lugares diferentes mas unidos pela fé e pela paixão musical, sois um forte sinal de unidade”, disse. Em seguida o Papa chamou a atenção para três aspetos essenciais do serviço prestado pelos coros: a harmonia, a comunhão e a alegria.

Em primeiro lugar: a harmonia. A música gera harmonia, - disse o Santo Padre - chegando a todos, consolando os que sofrem, devolvendo entusiasmo aos que estão desanimados e fazendo florescer em cada um valores maravilhosos como a beleza e a poesia, reflexo da luz harmoniosa de Deus. “De fato, a arte da música tem uma linguagem universal e imediata, que não requer traduções nem grandes explicações conceptuais. Os simples e os eruditos podem apreciá-la, compreendendo cada qual ora um aspeto e ora outro, com mais ou menos profundidade, mas todos bebendo da mesma riqueza”.

Além disso, a música educa para a escuta, a atenção e o estudo, elevando as emoções, os sentimentos e os pensamentos, conduzindo as pessoas para fora do turbilhão da pressa, do barulho, de uma visão meramente material da vida, e ajudando-as a contemplar-se melhor a si mesmas e à realidade que as rodeia.

Segundo: a comunhão. O canto coral faz-se em conjunto, não sozinho, salientou Francisco.

“E isto fala-nos também da Igreja e do mundo em que vivemos. De fato, o nosso caminhar juntos pode ser representado como a execução de um grande “concerto”, no qual cada um participa com as suas capacidades e oferece o seu contributo, tocando ou cantando a “parte” que lhe cabe e redescobrindo assim a sua singularidade enriquecida na sinfonia da comunhão”.

O Papa então salientou que num coro ou numa orquestra, todos precisam uns dos outros, e o sucesso do desempenho global é condicionado pelo empenho de cada um, pelo fato de cada elemento contribuir na sua função o melhor que pode, respeitando e ouvindo os que o rodeiam, sem protagonismos, em sintonia.

“Da mesma maneira deve acontecer na Igreja e na vida, onde cada qual é chamado a fazer bem a sua parte em benefício da inteira comunidade, para que de todo o mundo se eleve a Deus um cântico de louvor”.

Finalmente, em terceiro lugar, a alegria. “Sois depositários dum tesouro secular de arte, beleza e espiritualidade. Não permitais que a mentalidade do mundo o polua com interesses, ambições, ciúmes, divisões que, como bem sabeis, podem infiltrar-se na vida de um coro, como na de uma comunidade, tornando-os lugares não já alegres, mas tristes e pesados, acabando por os desintegrar”.

Far-vos-á bem, pelo contrário, - disse o Papa - manter elevado o teor espiritual da vossa vocação: com a oração e a meditação da Palavra de Deus, participando não só com a voz, mas também com a mente e o coração nas liturgias que animais, e vivendo dia a dia com entusiasmo os seus conteúdos, para que a vossa música seja cada vez mais uma feliz elevação do coração até Deus, que com o seu amor tudo atrai, ilumina e transforma.

O Papa concluiu agradecendo a visita e sobretudo pelo serviço à oração da Igreja e à evangelização que cada um presta. “Acompanho-vos com a minha bênção. E peço-vos por favor que, enquanto cantais, rezeis também por mim”.

 

Fonte: Vatican News