O Papa Francisco enviou nesta sexta-feira, 31 de maio, uma mensagem aos participantes do Congresso da APEL (Associação de pais de alunos do ensino livre), reunidos até o dia 2 de junho, em Valence, França, para trabalhar, refletir e trocar opiniões sobre sua missão a serviço da comunidade educacional.
Com mais de 1 milhão de membros, a APEL é a maior associação francesa de pais e a única reconhecida no Estatuto da Educação Católica. A primeira APEL foi fundada em Marselha em 1930 por pais que queriam se envolver na vida escolar de seus filhos. Por este motivo, todos os dias, milhares de voluntários estão ativamente envolvidos nos projetos educacionais das escolas, comprometidos com o futuro de 2 milhões de crianças cujos pais escolheram livremente uma escola e seu projeto educacional.
Na introdução do texto, o Papa afirma unir-se às reflexões do Congresso, pois os jovens e as famílias, ou seja, o presente e o futuro de nossas sociedades, estão no centro de sua atenção, e completa:
"Caros pais, vocês são de fato os protagonistas e os primeiros arquitetos da educação de seus filhos, mas essa tarefa requer a ajuda de toda a sociedade, a começar pela escola. Uma forte aliança entre escolas e famílias permite a transmissão de conhecimento e, ao mesmo tempo, a transmissão de valores humanos e espirituais. Essa aliança educacional é, portanto, uma oportunidade de promover a educação integral do homem, a fim de garantir a construção de um mundo mais humano e assegurar sua dimensão espiritual. Em essência, trata-se de fazer com que os jovens descubram o plano de Deus para cada um deles."
Segundo Francisco, "a comunidade escolar é um verdadeiro microcosmo aberto para o futuro", que inclui aqueles que estão diretamente envolvidos no processo educacional, desde a gerência e a equipe administrativa até os professores e os pais. "Isso dá vida a uma comunidade que, com uma diversidade de papéis, mas com uma convergência de objetivos, tem as características de uma comunidade cristã e humana cimentada pela caridade", continua o Pontífice, encorajando os pais a não se esquecerem da função pedagógica do tempo e a enfrentarem com coragem os desafios atuais:
"Vocês sabem, por experiência própria, que a educação não termina com o fim da escola: seus efeitos se manifestam ao longo da vida, permitindo que cada pessoa abrace as alegrias e as provações que a pontuam. Assim como na parábola do grão de mostarda (cf. Mc 4:26-29), o trabalho dos pais e professores, difícil por ser delicado, se desenvolve ao longo das estações e tem a intenção de dar frutos inesperados no futuro."
Na conclusão da mensagem, o Santo Padre recorda "o desafio imposto pela inteligência artificial" e como isso muda profundamente, além dos métodos de aprendizagem, a maneira como pensamos, e sublinha:
"Para enfrentar esse desafio, que diz respeito não apenas à ética, mas também à formação da inteligência e do discernimento de seus filhos, de toda a juventude, asseguro-lhes que a Igreja está ao seu lado. Há aqui todo um trabalho de discernimento que eu os convido a fazer com toda a comunidade educativa e com a ajuda da Igreja, porque esse tipo de desafio não pode ser enfrentado sozinho!"
Por fim, o Papa expressa seu desejo de que estes dias de reflexão dedicados à “Educação para a Vida” levem os participantes da APEL a fazer da comunidade-escola uma verdadeira oficina de vida, "capacitando seus filhos a enfrentar um mundo difícil, mas iluminado pela esperança fundada nas promessas de Cristo que não decepciona".
- Papa voltará ao local que testemunhou encontro pela paz com Peres e Abbas
Mesmo lugar, mesma data, porém em um cenário totalmente devastado e devastador, se comparado com dez anos atrás. No próximo dia 8 de junho, um sábado, às 9h30 (horário italiano), o Papa Francisco irá aos Jardins Vaticanos para recordar aquele que muitos consideram como um dos gestos de paz mais significativos do seu pontificado. Tratou-se do encontro com o falecido presidente de Israel, Shimon Peres, e Mahmoud Abbas, presidente do Estado da Palestina, para invocar conjuntamente a paz para o Médio Oriente. Também estiveram presentes o Patriarca Bartolomeu I e uma representação de cristãos, judeus e muçulmanos da Terra Santa (visitada pouco antes pelo Pontífice) que acompanharam os momentos de oração inter-religiosa e também a cerimônia de plantio de uma oliveira.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, confirmou a realização desta recordação - neste momento difícil e preocupante em função da guerra entre isaraelenses e palestinos - precisamente no espaço onde foi plantada a oliveira, não muito distante da sede da Pontifícia Academia de Ciências.
Um momento que revela a profética atualidade das palavras pronunciadas por Francisco há dez anos: "Para fazer a paz é preciso coragem (...). Sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos pactos e não às provocações".
Precisamente a palavra “coragem” foi aquela pronunciada com maior frequência no seu discurso perante os dois líderes israelense e palestino, juntamente com os quais o Sucessor de Pedro dirigiu um apelo a Deus: "Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»".
Seguiu-se a troca de abraços entre o Papa e Peres, que afirmou que "a paz requer sacrifícios e compromissos" e Abu Mazen, que apelou vigorosamente à "liberdade para o Estado da Palestina".
O encontro, fortemente desejado pelo Papa Francisco, realizou-se em três etapas, cada um dedicado à oração de uma das três comunidades religiosas, nesta ordem cronológica: judaica, recitada por um rabino; cristã, com o então Patriarca Latino de Jerusalém, Fouad Twal, que leu as palavras de São João Paulo II; muçulmana, com uma invocação a Alá em árabe. Seguiram-se apertos de mão, gestos de paz, os discursos do Papa, de Bartolomeu, dos dois presidentes, recebidos por Jorge Mario Bergoglio na Santa Marta antes do evento público.
Tantas esperanças foram acesas naquele dia, extintas poucas semanas depois com a explosão de um novo conflito, com ataques e explosões, que entre outras coisas causaram 100 mil deslocados. Depois, em 2015, houve o temor de uma nova Intifada devido a outra série de confrontos, que se intensificaram devido ao fracasso de novas conversações de paz e causaram mais vítimas. E assim ao longo dos anos, com momentos alternados de tensão e de trégua, até 7 de outubro de 2023, dia em que o abismo se reabriu, diante do qual se torna urgente uma oração coral para que a paz regresse à terra de Jesus.
Fonte: Vatican News