Depois do vídeo-apelo de mães judias e palestinas no Arena 2024, o Papa Francisco fez seu discurso final iniciando com uma afirmação: “O mundo precisa olhar para as mulheres para encontrar a paz. Os testemunhos dessas corajosas construtoras de pontes entre israelenses e palestinos confirmam isso”. “Estou cada vez mais convencido, continuou Francisco, “de que o futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, esse processo de mudança".
Depois o Papa exortou as mães da Terra Santa para que para que “peçam para os líderes mundiais para ouvirem a sua voz”, para envolvê-las nas negociações para que os acordos “nasçam da realidade e não de ideologias.
“As ideologias não têm pés para andar, não têm mãos para curar feridas, não têm olhos para ver o sofrimento dos outros. A paz é feita com os pés, as mãos e os olhos das pessoas envolvidas”
Por fim Papa concluiu recordando ainda: “A paz nunca será fruto de desconfiança, de muros, de armas apontadas uns para os outros”. “Não semeemos morte, destruição, medo”, rogou o Papa. “Semeemos esperança! É isso que vocês também estão fazendo, nesta Arena da Paz. Não desistam. Não se desencorajem. Não sejam espectadores da chamada guerra ‘inevitável’”.
- Francisco. Arena 2024: O caminho gerador da paz
Na sua visita Pastoral a Verona, neste sábado, 18 de maio, o terceiro encontro do Papa Francisco foi “Arena da Paz. Justiça e Paz se beijarão”. Foi um encontro-diálogo no qual o Papa ouviu as testemunhas e depois respondeu às perguntas relacionadas à temáticas desenvolvidas nas várias mesas de trabalho. Portanto a Arena 2024 foi o início de um caminho gerador multifacetado e permanente, com a consciência de que a paz deve ser promovida, preparada, cuidada, vivenciada e organizada. Francisco aprofundou estes temas através do diálogo com alguns participantes.
Momento de grande emoção no encontro foi quando o israelense Maoz Inon e o palestino Aziz Sarah, familiares de vítimas do conflito no Oriente Médio, falaram e depois de se abraçarem, abraçaram o Papa Francisco, fazendo com que os presentes na Arena se levantassem e aplaudissem.
Da mesa Migrações falou-se de que a paz deve ser promovida, ao ser questionado sobre como viver a conversão de perspectiva para a paz, ficando sempre ao lado das vítimas, Francisco destacou que o exemplo de Jesus chama os pequenos e os excluídos e os coloca no centro, subvertendo as hierarquias convencionais e isso deve ser a nossa inspiração. Ponderando em seguida: “Caminhar com eles nos obriga a mudar de passo, a rever o que carregamos em nossa mochila, a nos livrarmos de muitos pesos e lastros e a abrir espaço para coisas novas”. Afirmando ainda:
“Portanto, é importante vivenciar tudo isso não como uma perda, mas como um enriquecimento, uma poda sábia, que remove o que não tem vida e aprimora o que é promissor”
Com relação à temática de que a Paz deve ser preparada questionaram o Santo Padre sobre como ajudar os jovens a empreenderem uma economia de justiça. Francisco logo destacou que o objetivo deve ser o desenvolvimento integral dos jovens centralizando sempre o ponto de que a dimensão comunitária é decisiva. “É uma tarefa que diz respeito a adultos e jovens juntos. A fecundidade e o caráter profético desse trabalho dependem precisamente da capacidade de passar de fazer algo pelos jovens para caminhar junto com os jovens”. “A mudança é possível”, afirmou o Papa”, mas exige que se refaçam os laços que se desgastaram e que se recupere uma confiança saudável nas possibilidades que temos. Esse é um desafio para todos os educadores.
“Dar confiança aos jovens, uma confiança enraizada na descoberta de que fazem parte de uma comunidade, de uma história e de um futuro juntos”
Como cuidar da Paz. Sobre esse tópico o questionamento do grupo ambiente e Criação era como encontrar “tempo” para construir relações de justiça entre todos, sobretudo nestes tempos marcados pela velocidade e pelo imediatismo. Francisco recordou que embora tenhamos todo o necessário para agir rapidamente com a revolução digital e por isso deveríamos ter mais tempo à nossa disposição, “descobrimos que estamos sempre correndo, perseguindo a urgência de última hora”. O Papa disse: “Às vezes é necessário saber como desacelerar a corrida, não se deixar dominar pelas atividades e abrir espaço dentro de nós para a ação de Deus”.
“‘Desacelerar’ pode soar como uma palavra deslocada, mas na realidade é um convite para recalibrar nossas expectativas e ações, adotando um horizonte mais profundo e mais amplo””
“O enorme desafio que temos pela frente”, continuou, “é ir contra a corrente para redescobrir e preservar esses ritmos naturais”. Destacando ainda: “E não precisamos inventar tudo do zero; pelo contrário, em muitas outras culturas podemos encontrar tesouros de sabedoria e experiência dos quais podemos nos valer”.
Na reflexão sobre a Paz deve ser vivenciada, experimentada, perguntaram ao Pontífice “como aprender a viver o conflito de maneira saudável e construtiva”. Francisco logo esclareceu: “Se há um dinamismo positivo na sociedade, então também há conflitos e tensões. É um fato: a ausência de conflitualidade não significa que há paz, mas que alguém deixou de viver, pensar e se dedicar àquilo em que acredita”. Explicando que temos que aprender a viver esta conflitualidade, ela não deve ser removida, ignorada, escondida ou marginalizada. Nem mesmo fazendo com que um dos polos prevaleça. Tudo isso pode levar a injustiças e até gestos violentos. “O primeiro passo para uma convivência saudável com tensões e conflitos é reconhecer que fazem parte de nossa vida, são fisiológicos, quando não ultrapassam o limite da violência”. “Deixemo-nos desafiar pelo conflito”, disse, “deixemo-nos provocar pelas tensões”. Aconselhando:
“Procurar, em um conflito, as razões de cada lado, as que estão surgindo e, se formos bem-sucedidos, também as que estão ocultas, aquelas das quais não temos plena consciência”
Por fim a pergunta relacionada ao tema A paz deve ser organizada foi que tipo de liderança é necessária para construir um país com boas instituições educacionais, econômicas e sociais para a paz. “A ênfase”, respondeu, “está no vínculo entre os membros de uma comunidade. Ninguém existe sem os outros, ninguém pode fazer tudo sozinho. Portanto, a autoridade de que precisamos é aquela que, em primeiro lugar, é capaz de reconhecer seus próprios pontos fortes e limitações e, em seguida, entender a quem recorrer para obter ajuda e colaboração”. Concluindo em seguida: “Queridos amigos, o grande desafio de hoje é despertar nos jovens a paixão pela participação. Precisamos investir nos jovens, na sua educação, para transmitir a mensagem de que o caminho para o futuro não pode passar apenas pelos esforços de um indivíduo, por mais bem-intencionado e bem preparado que ele seja, mas passa pela ação de um povo, no qual cada um faz a sua parte, cada um de acordo com suas tarefas e de acordo com suas capacidades”.
- Papa aos detentos: todos têm o direito à esperança, apesar dos erros ou fracassos
A Penitenciária de Montorio foi a quarta parada do Papa em sua viagem pastoral a Verona, neste sábado, 18 de maio. Francisco chegou por volta do meio-dia à prisão para se encontrar com os detentos, agentes penitenciários, equipes de trabalho e voluntários. A instituição carcerária visitada pelo Pontífice é uma das dez mais superlotadas da Itália, e, com uma capacidade regular de 335, abriga cerca de 567 reclusos de 40 nacionalidades diferentes.
O Papa foi recebido pelos detentos no campo de futebol interno, onde, após um acolhimento afetuoso por parte dos presentes, proferiu seu discurso: “eu queria muito encontrar vocês, todos juntos”.
“Para mim, entrar em uma penitenciária é sempre um momento importante, porque o presídio é um lugar de grande humanidade”, disse Francisco aos detentos, “uma humanidade provada, às vezes exausta pelas dificuldades, sentimento de culpa, julgamentos, incompreensões e sofrimento, mas ao mesmo tempo repleta de força, de desejo de perdão, de vontade de redenção”.
“E nessa humanidade, aqui, em todos vocês, em todos nós, está presente hoje o rosto de Cristo, o rosto do Deus da misericórdia e do perdão.”
Francisco mencionou a situação dos presídios, frequentemente superlotados, e afirmou que isso resulta em tensões e dificuldades. Ao expressar sua proximidade com os detentos que enfrentam essa realidade, enfatizou:
“Renovo o apelo, especialmente àqueles que podem agir nesse âmbito, para que continuem a trabalhar pela melhoria da vida carcerária.”
O Pontífice afirmou ter conhecimento das últimas notícias da instituição, onde, infelizmente, algumas pessoas, em um gesto extremo, desistiram de viver:
“Esse é um ato terrível, ao qual só o desespero e a dor insuportáveis podem causar. Portanto, ao me unir em oração às famílias e a todos vocês, quero convidá-los a não se entregar ao desânimo. A vida sempre é digna de ser vivida, e sempre há esperança para o futuro, mesmo quando tudo parece se apagar.”
“Nossa existência, a de cada um de nós, é importante, é um dom único para nós e para os outros, para todos, e sobretudo para Deus, que nunca nos abandona e que, de fato, sabe escutar, se alegrar e chorar conosco”, sublinhou Francisco, encorajando os reclusos, a vencer o desespero e viver cada instante como o tempo oportuno para recomeçar:
“Nos momentos difíceis, não nos fechemos em nós mesmos: falemos com Deus de nossa dor e ajudemo-nos uns aos outros a superá-la, com os companheiros de caminhada e com as pessoas boas que estão ao nosso lado. Não é fraqueza pedir ajuda: façamos isso com humildade e confiança. Todos nós precisamos uns dos outros, e todos temos o direito de ter esperança, além de cada história e de cada erro ou fracasso.”
O Papa recordou também que dentro de poucos meses, iniciará o Ano Santo, um tempo de conversão, de renovação e de libertação para toda a Igreja, um ano de misericórdia, no qual deixaremos de lado o lastro do passado e renovaremos o impulso em direção ao futuro, e destacou:
“Celebraremos a possibilidade de uma mudança, de ser e, quando necessário, de voltar a ser verdadeiramente nós mesmos, dando o melhor. Seja também esse um sinal que nos ajude a nos reerguer e a tomar nas mãos, com confiança, todos os dias, a nossa vida.”
Ao concluir seu discurso, o Santo Padre assegurou aos presidiários sua proximidade: “continuemos a caminhar juntos, porque o amor nos une além de qualquer tipo de distância. Recordo-me de vocês em minha oração e peço-lhes, por favor, que rezem também por mim”.
Em seguida, junto com uma delegação de cerca de 130 detentos, o Pontífice almoçou na Penitenciária de Montorio. Um gesto concreto de afeto e misericórdia.
- O Papa aos consagrados: levar a carícia da misericórdia de Deus a quem tem sede de esperança
O Papa Francisco encontrou-se com os sacerdotes e consagrados, neste sábado (18/05), na Basílica de São Zeno, em Verona, no âmbito de sua visita pastoral a essa cidade situada no norte da Itália, na região do Vêneto.
Em seu discurso, o primeiro de sua visita, Francisco manifestou satisfação por estar ali com os sacerdotes e religiosos, e apreciar o esplêndido teto da basílica que faz pensar "numa grande barca, a barca do Senhor que navega no mar da história para levar a todos a alegria do Evangelho".
Essa imagem evangélica levou Francisco a refletir sobre duas coisas: acolher o chamado recebido e cumprir a missão com audácia.
Acolher o chamado recebido. O Papa recordou que "na origem da vida cristã está a experiência do encontro com o Senhor, que não depende de nossos méritos ou de nosso compromisso, mas do amor com que Ele vem nos procurar, batendo à porta de nosso coração e nos convidando a uma relação com Ele".
“Queridos irmãos sacerdotes, queridas religiosas e religiosos: nunca percamos a maravilha do chamado! O primeiro fundamento da nossa consagração e do nosso ministério é acolher o chamado recebido, acolher o dom com que Deus nos surpreendeu.”
Se perdermos esta consciência e esta memória, corremos o risco de nos colocarmos no centro em vez do Senhor; corremos o risco de nos agitar em torno de projetos e atividades que servem mais às nossas causas do que às do Reino; corremos também o risco de viver o apostolado na lógica da autopromoção e da busca de consensos, em vez de gastar a vida pelo Evangelho e pelo serviço gratuito à Igreja.
"Foi Ele quem nos escolheu: se nos lembrarmos disto, mesmo quando sentimos o peso do cansaço e de alguma desilusão, permaneceremos serenos e confiantes, certos de que Ele não nos deixará de mãos vazias", disse ainda o Papa, ressaltando que "como os pescadores, formados na paciência, também nós, no meio dos complexos desafios do nosso tempo, somos chamados a cultivar a atitude interior da espera, da paciência, bem como a capacidade de enfrentar os imprevistos, as mudanças e os riscos associados à nossa missão.Mas podemos fazê-lo porque na origem do nosso ministério está o seu chamado, e Ele não nos deixará sozinhos. Podemos lançar a rede e esperar com confiança. Isto nos salva, mesmo nos momentos mais difíceis; portanto, lembremo-nos do chamado, acolhamo-lo todos os dias e permaneçamos com o Senhor".
Quando a experiência de permanecer com o Senhor está bem enraizada em nós, então poderemos cumprir a missão com audácia.
A audácia é um dom que a Igreja em Verona conhece bem. "Com efeito, se há uma característica dos sacerdotes e dos religiosos veroneses, é precisamente a de serem empreendedores, criativos, capazes de encarnar a profecia do Evangelho. Trata-se de uma iniciativa que marcou a sua história", disse o Papa, recordando a "marca deixada por tantos sacerdotes, religiosos e leigos no século XIX, que hoje podemos venerar como Santos e Beatos. Testemunhas da fé que souberam unir o anúncio da Palavra ao serviço generoso e compassivo aos necessitados, com uma “criatividade social” que fez nascer escolas de formação, hospitais, casas de repouso, casas de acolhimento e locais de espiritualidade". Eles foram capazes de "ir ao encontro das necessidades dos marginalizados e dos mais pobres e cuidar de suas feridas. Uma fé que se traduziu na audácia da missão".
Também hoje precisamos disto: da audácia do testemunho e do anúncio, da alegria de uma fé ativa na caridade, da desenvoltura de uma Igreja que sabe captar os sinais do nosso tempo e responder às necessidades de quem mais precisa.
“Repito: devemos levar a todos a carícia da misericórdia de Deus, especialmente a quem tem sede de esperança, a quem se vê obrigado a viver à margem, ferido pela vida, ou por algum erro cometido, ou pelas injustiças da sociedade, que sempre vem em detrimento dos mais frágeis.”
"Audácia, coragem, capacidade de começar, capacidade de arriscar", insistiu o Papa, levando a todos o carinho da misericórdia de Deus. Neste sentido, a mensagem em particular aos sacerdotes, que são "minstros do Sacramento da Penitência":
Por favor, perdoem tudo, perdoem tudo. E quando as pessoas vierem se confessar, não perguntar “mas, como?…”, nada. E se vocês não são capaz naquele momento de compreender, sigam em frente, o Senhor entendeu. Mas por favor, não torturem os penitentes. Dizia-me um grande cardeal, que foi penitenciário, era bastante conservador, mas quando confrontado com a penitência, ouvi-o dizer: «Quando uma pessoa vem ter comigo e sinto que tem dificuldade em dizer as coisas, digo: 'Entendi, vá em frente'. Eu não entendi, mas Deus entendeu." Isto, no Sacramento da Reconciliação. Por favor, que não seja uma sessão de tortura. Por favor, perdoem tudo, tudo. E perdoem sem causar sofrimento, perdoem abrindo o coração à esperança. Peço isso a vocês, sacerdotes. A Igreja precisa de perdão e vocês são os instrumentos para perdoar. A todos.
"A audácia de uma fé ativa na caridade, vocês a herdaram de sua história", disse ainda o Papa, convidando os sacerdotes e consagrados veroneses a não cederem ao desânimo: "Sejam audaciosos na missão, saibam ainda hoje ser uma Igreja que está próxima, que cura as feridas, que testemunha a misericórdia de Deus".
É desta maneira que a barca do Senhor, no meio das tempestades do mundo, pode salvar muitos que de outra forma correm o risco de naufragar.
“As tempestades, como sabemos, não faltam nos nossos dias; muitas delas têm suas raízes na avareza, na ganância, na busca desenfreada de satisfazer o próprio eu e se alimentam de uma cultura individualista, indiferente e violenta.”
O Papa agradeceu aos sacerdotes e religiosos por entregarem "suas vidas ao Senhor e pelo seu compromisso com o apostolado". "Sigamos em frente com coragem! Temos a graça e a alegria de estarmos juntos no navio da Igreja, entre horizontes maravilhosos e tempestades alarmantes, mas sem medo, porque o Senhor está sempre conosco, e é Ele quem tem o leme, quem nos guia, quem nos sustenta", concluiu.
- Papa às crianças: não tenham medo de ir contracorrente para fazer o bem
O segundo encontro do Papa no âmbito de sua Visita Pastoral a Verona neste sábado (18/05) foi com as crianças e adolescentes na Praça da Basílica de São Zeno. Estava previsto um discurso, mas o Papa decidiu dialogar, conversar com os pequenos.
A primeira pergunta das crianças era como se pode ouvir o chamado para seguir Jesus. O Papa respondeu com exemplos, afirmando que “vemos no Evangelho Jesus que chama os discípulos que não eram perfeitos, eram pessoas comuns, e eu, sendo uma criança, uma criança comum, como posso ouvir o chamado de Jesus?”. Francisco continua: “Diga-me uma coisa: quando você está com o papai, com a mamãe, com os avós, você se sente bem? [Todos respondem: Sim!] e lá você sente que tem amor: o amor do papai, da mamãe, do vovô, da vovó. Quando você faz uma boa ação, por exemplo, se tiver dois doces (um), dê um para o outro, ou se vir uma pessoa necessitada e lhe der uma esmola, você se sente bem? [Todos respondem: Sim! Muito!]”. Depois disso Francisco disse às crianças: “Muy bien... e quando você, por exemplo, conta uma mentira, você se sente bem? [Todos respondem: Não!] Bravo, bravo... e quando você briga com seu irmão e irmã, você se sente bem? [Resposta: Não!]”. Portanto, esclarecendo às crianças disse: “Vocês viram que são capazes de sentir, sentir-se bem, sentir-se mal se ouvirem ou fizerem algo”.
“Quando Jesus fala - ouçam bem isso - quando Jesus fala, ele nos faz sentir bem, nos faz sentir alegria em nossos corações. Vocês entenderam? Sim! Agora eu pergunto: quando Jesus fala, como nos sentimos? Eles respondem: Bem! [...] E assim somos capazes de ouvir o chamado de Jesus....”
Na segunda pergunta as crianças querem saber como podem ser sinais de paz no mundo, assim como foram os discípulos de Jesus. O Papa responde novamente com um exemplo prático de sinal de paz. Vocês querem ser um sinal de paz, diz o Papa, e as crianças respondem afirmativamente. E o Papa continua: “Mas se você brigar com seu companheiro, seu colega de escola, você será um sinal de paz?” Logo as crianças respondem não, e o Pontífice pede que repitam e eles afirmam com força não!!
“Devemos ser um sinal de paz, compartilhar parece bom, ouvir os outros, brincar com os outros, mas não brigar com os outros... vamos dizer juntos: Devemos ser um sinal de paz!”
A última pergunta foi feita por adolescentes que querem saber como manter a fé nos momentos difíceis e não ter medo de fazer escolhas contracorrente. Francisco diz que é uma pergunta difícil... porque temos que superar momentos duros por exemplo a morte de familiares e manter a fé ou ir contracorrente fazendo maldade, roubando porque nos levam a isso. O que fazer? Francisco depois de interrogá-los eles mesmos responderam ‘ouvindo o coração e tendo coragem’ e o Papa conclui:
“Bravo, bravo! É assim que eu gosto... ouçam-me: não tenham medo de ir contracorrente se quiserem fazer uma coisa boa, entenderam? [Eles respondem: Sim!]”
Por fim o Papa saúda as crianças agradecendo e convidando todos a rezar o Pai Nosso.
- O Papa concede o culto litúrgico de Guido de Montpellier com o título de Beato
"O exemplo de Guido de Montpellier, um homem absolutamente único em sua humilde vida espiritual, obediência e serviço aos pobres, sempre nos atraiu e inspirou. Acreditamos, portanto, que chegou o momento de ele ser apresentado de maneira especial à Igreja de Deus, à qual ele continua a falar por meio de sua fé e obras de misericórdia". Com o Motu proprio intitulado Fide Incensus, publicado hoje, 18 de maio, o Papa Francisco concedeu às ordens, congregações e comunidades inspiradas no carisma de Santo Espírito em Sassia, o culto litúrgico com o título de Beato do religioso francês Guido de Montpellier, fundador dos Hospitalários do Santo Espírito e da Confraria do Espírito Santo para o cuidado de crianças pobres e doentes em particular.
A decisão do Pontífice é o resultado dos "louváveis julgamentos" expressos por seus predecessores em relação à "santidade de vida" de Guido de Montpellier, e também dos "numerosos pedidos constantemente encaminhados por cardeais, bispos, religiosos e, acima de tudo, por ordens, congregações e institutos inspirados na Regra e na vida de Guido, bem como por leigos, que se dirigiram à Santa Sé para conferir honras litúrgicas a Guido de Montpellier". Considerando os "excelentes méritos" do religioso, o Papa decidiu, portanto, "para o bem das almas", conceder esse "sinal especial de graça".
Guido de Montpellier, segundo o documento, está inscrito no catálogo dos Beatos: sua memória, com a Liturgia das Horas e a Celebração Eucarística, será colocada no dia 7 de fevereiro; será obrigatória para as ordens, congregações e institutos do Santo Espírito em Sassia, bem como para os institutos inspirados no carisma do irmão Guido.
Em Fide incensus, o Papa recorda a vida e a obra desse homem que, como escreveu Pierre Saunier, era "inflamado de fé, ardente de caridade, tão piedoso e amoroso com os pobres a ponto de honrá-los como mestres, venerá-los como patronos, amá-los como irmãos, cuidar deles como filhos e, por fim, venerá-los como imagem de Cristo". Nascido na segunda metade do século XII, em Montpellier, em uma família rica, Guido, ainda jovem, começou a servir os mais necessitados, fundando uma casa-hospital para eles nos arredores da cidade francesa. Uma obra de misericórdia que, desde o início, confiou ao Espírito Santo. Logo encontrou muitos seguidores, inspirados no seu exemplo: nasceu uma comunidade de homens e mulheres, leigos e eclesiásticos.
Lotário di Segni, o futuro Papa Inocêncio III, conheceu as obras de Guido durante seus estudos na França e, uma vez eleito papa, deu-lhes seu apoio com a bula Hiis precipue (1198), com a qual pediu a todos os bispos que apoiassem suas iniciativas. Nesse mesmo ano, o hospital de Montpellier passou a estar sob a jurisdição direta da Santa Sé e o Papa confirmou a regra monástica preparada por Guido para sua comunidade, que, além do hospital de Montpellier, já contava com dez outros locais semelhantes no sul da França e dois em Roma.
Com outra bula, Cupientes pro plurimis, emitida em 1201, a igreja de Sancta Maria in Saxia em Roma (hoje a igreja de Santo Espírito em Sassia), juntamente com a domus hospitalis, fundada pelo próprio Inocêncio III entre 1198 e 1201, foi confiada aos cuidados de Guido de Montpellier e seus companheiros. Guido - escreve o Papa Francisco no Motu proprio - tinha como objetivo de sua obra "abraçar o homem na sua totalidade, na alma e no corpo, e se estendia dos menores aos mais idosos... O ideal de ajudar a todos tornou-se particularmente concreto no cuidado de recém-nascidos abandonados e crianças indesejadas. Além da assistência material e espiritual às mães solteiras e às prostitutas, no Hospital de Santo Espírito em Sassia, foi construída uma das primeiras rodas dos expostos onde bebês enjeitados podiam ser deixados anonimamente sob os cuidados da comunidade”. Nessa domus hospitalis, as crianças abandonadas recebiam, assim, uma oportunidade de desenvolvimento integral.
Guido também "não se limitava apenas a ajudar aqueles que vinham até ele, mas incentivava seus irmãos e irmãs a saírem pelas ruas em busca dos necessitados". Um serviço incondicional aos pobres ao qual o religioso unia a contemplação religiosa do amor de Deus. Em 1204, o Papa Inocêncio III, com a bula Inter opera pietatis, reconfirmou a nova ordem e a sua jurisdição sobre o hospital romano junto à igreja Sancta Maria in Saxia, tornando-a a casa geral de toda a ordem.
Irmão Guido faleceu em Roma, no início de 1208. Sua memória como "humilde e modesto servidor dos pobres" foi preservada "silenciosamente" durante os quatro séculos seguintes em mosteiros e hospitais que viviam de acordo com as regras elaboradas por ele. E as sucessivas gerações de irmãs e irmãos "lembraram-se dele na oração diária e no cumprimento fiel do carisma de sua ordem". Sua obra continua ainda hoje a dar "numerosos e bons frutos", graças às comunidades religiosas que ajudam incansavelmente os pobres. Daí a decisão do Papa de conceder o culto com o título de Beato.
Fonte: Vatican News