"Bem-vinda! Que prazer revê-la!"
Assim o Papa acolheu a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como “banco dos Brics”, Dilma Rousseff. A ex-mandatária do Brasil foi o primeiro chefe de Estado a ser recebido no Vaticano por Francisco após o início do seu ministério petrino e a anfitriã do Pontífice em 2013, quando esteve no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude.
Visivelmente emocionada, Dilma presenteou o Papa com o livro "Theodoro Sampaio. Nos sertões e na cidade", obra de Ademir Pereira dos Santos sobre o engenheiro civil, geógrafo, cartógrafo, historiador, etnógrafo, arquiteto e urbanista nascido em 1855, filho de uma escrava na zona rural de Santo Amaro da Purificação (BA).
Por sua vez, Francisco deu de presente a Dilma alguns de seus documentos, como a encíclica "Laudato si'" e a exortação apostólica "Laudate Deum", e uma escultura em bronze com as escritas "amar" e "ajudar". O Pontífice explicou o significado da obra, de que só é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo para ajudá-la a se levantar.
No final do encontro, o Pontífice disse: "Reze por mim, que eu rezo pela senhora".
- O Papa: o amor nos torna melhores, mais ricos e mais sábios, em todas as idades
“Quando vocês, avós e netos, idosos e jovens, estão juntos, quando se veem e se ouvem com frequência, quando cuidam uns dos outros, o amor de vocês é um sopro de ar puro que refresca o mundo e a sociedade e nos torna todos mais fortes, para além dos laços de parentesco”, disse Francisco ao receber em audiência na manhã deste sábado, 27 de abril, na Sala Paulo VI, no Vaticano, em clima de festa, avós, idosos e netos, um evento promovido pela Fundação “Età Grande”.
O encontro "A carícia e o sorriso", que teve a participação de numerosos personagens do mundo do espetáculo, reuniu representantes das duas gerações para promover a pessoa idosa e o seu papel no mundo de hoje.
É bom recebê-los aqui, avós e netos, jovens e idosos. Hoje vemos, como diz o Salmo, como é bom estarmos juntos (Sl 133). Basta olhar para vocês para perceber isso, pois há amor entre vocês, frisou o Papa, convidando os presentes a refletir sobre isso, sobre o fato de que o amor nos torna melhores, mais ricos e mais sábios, em todas as idades.
Primeiro: o amor nos torna melhores. Vocês também demonstram isso, que se tornam melhores reiprocamente ao se amarem. E digo isso a vocês como “avô”, com o desejo de compartilhar a fé sempre jovem que une todas as gerações. Eu também a recebi de minha avó, com quem aprendi pela primeira vez sobre Jesus, que nos ama, que nunca nos deixa sozinhos e que nos incentiva a estarmos próximos uns dos outros e a nunca excluirmos ninguém. Foi com ela que ouvi a história daquela família em que havia um avô que, por não comer mais bem à mesa e se sujar, foi mandado embora, colocado para comer sozinho. Não era uma coisa boa, na verdade, era muito ruim! Então, o neto ficou alguns dias mexendo em martelos e pregos e, quando seu pai perguntou o que ele estava fazendo, ele respondeu: “Estou construindo uma mesa para o senhor, para que possa comer sozinho quando ficar velho! Isso minha avó me ensinou, e nunca mais esqueci.
Não se esqueça disso também, observou o Pontífice, porque é somente estando juntos com amor, sem excluir ninguém, que se torna melhor, mais humano!
Não só isso, mas você também se torna mais rico. Nossa sociedade está repleta de pessoas especializadas em muitas coisas, ricas em conhecimento e meios úteis para todos. Se, no entanto, não houver compartilhamento e cada um pensar apenas em si mesmo, toda a riqueza se perderá, tornando-se, de fato, um empobrecimento da humanidade. E esse é um grande risco para o nosso tempo: a pobreza da fragmentação e do egoísmo. Pensemos, por exemplo, em algumas das expressões que usamos: quando falamos de “mundo dos jovens”, de “mundo dos velhos”, de “mundo disso e daquilo”... Mas o mundo é apenas um! E é composto de muitas realidades que são diferentes justamente para que possam se ajudar e se complementar: gerações, povos e todas as diferenças, se harmonizadas, podem revelar, como as faces de um grande diamante, o maravilhoso esplendor do homem e da criação. Isso também é o que o fato de vocês estarem juntos nos ensina: não deixar que a diversidade crie fendas entre nós! Não pulverizar o diamante do amor, o mais belo tesouro que Deus nos deu.
Às vezes ouvimos frases como “pense em você!”, “não precise de ninguém!”. Essas são frases falsas, que enganam as pessoas, fazendo-as acreditar que é bom não depender dos outros, fazer por si mesmas, viver como ilhas, enquanto essas são atitudes que apenas criam muita solidão, continuou o Santo Padre.
E isso nos leva ao último aspecto: ao amor que nos torna mais sábios. Queridos netos, seus avós são a memória de um mundo sem memória, e “quando uma sociedade perde a memória, está acabada”. Ouça-os, especialmente quando eles lhe ensinarem, por meio de seu amor e testemunho, a cultivar os afetos mais importantes, que não são obtidos pela força, não aparecem pelo sucesso, mas preenchem a vida.
Por fim, antes de despedir-se, o Santo Padre deixou-lhes uma forte exortação. Procurem seus avós e não os marginalize, para o próprio bem de vocês: “A marginalização dos idosos (...) corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice”. Vocês, por outro lado, aprendem a sabedoria do seu forte amor, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem a necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: isso os ajudará a saborear a vida como um relacionamento.
- Francisco: com Deus no coração, fertilizamos de esperança terras estéreis
Na manhã deste sábado (27/04) o Papa Francisco recebeu a comunidade do Seminário de Burgos, na Espanha em audiência no Vaticano. Durante o encontro Francisco destacou que “ter Deus em nós nos enche de paz, uma paz que podemos comunicar, que podemos levar a todos os povos e lugares”.
Aos bispos, sacerdotes e seminaristas de Burgos o Papa disse que admirava o fato de estarem sendo formados em um lugar do mundo que talvez fosse impensável para muitos; uma terra rica em história e tradição, com pessoas vigorosas "por causa do clima e dos costumes", mas que é considerada "la España vaciada", a Espanha vazia. E explicou: “Ao refletir sobre o motivo pelo qual Deus nos levou ao lugar onde estamos, é bom lembrar a passagem de São Lucas em que Jesus envia seus discípulos "para onde [ele] estava indo" (Lc 10, 1). É um bom critério para o discernimento”, disse ainda:
“Jesus me quer nesta terra vazia para enchê-la de Deus, ou seja, para torná-lo presente entre meus irmãos, para construir comunidade, construir Igreja, Povo”
E acrescentou que este propósito pode ser realizado “se formos um grupo heterogêneo que conhece a acolhida e o enriquecimento recíproco. Sem caridade para com Deus e para com os irmãos, sem caminhar "dois a dois", - como diz o evangelista - não podemos levar Deus”.
Depois falou sobre a necessidade de “mostrar ao Senhor a disponibilidade absoluta ‘implorando’ que nos envie, mesmo que pareçamos pouco em comparação com a obra -a messe- que é tão grande”. Concluindo seu pensamento o Papa recomendou aos presentes para entregarem-se, e confiarem :
“Que o vazio no nosso coração seja feito apenas para acolher Deus e nosso irmão, esta seria a terceira, libertando-nos das falsas seguranças humanas”
Por fim disse: “Ter Deus em nós nos enche de paz, uma paz que podemos comunicar, que podemos levar a todos os povos e cidades, que podemos desejar para todos os lugares”. Acrescentando, “dessa forma, enchereis com vossa luz os campos que agora parecem estéreis, fertilizando-os com esperança”.
Fonte: Vatican News