O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (19/04), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de seis mil alunos da Rede Nacional de Escolas para a Paz, acompanhados por seus professores.
Francisco iniciou o seu discurso agradecendo a todos os presentes "por este caminho rico de ideias, iniciativas, formação e atividades que visam promover uma nova visão do mundo". Agradeceu também pelo entusiasmo na busca do bem "em meio a situações dramáticas, injustiça e violência que desfiguram a dignidade humana".
Obrigado porque com paixão e generosidade vocês se comprometem a trabalhar na “obra do futuro”, vencendo a tentação de uma vida centrada apenas no hoje, que corre o risco de perder a capacidade de sonhar alto. Hoje, mais do que nunca, é necessário viver com responsabilidade, ampliando os horizontes, olhando para frente e semeando a cada dia as sementes de paz que amanhã poderão germinar e dar frutos.
A seguir, o Pontífice recordou que em setembro próximo se realizará, em Nova York, a Cúpula do Futuro convocada pela ONU para abordar os grandes desafios globais deste momento histórico e assinar um “Pacto para o Futuro” e uma “Declaração sobre as gerações futuras”. "Este é um evento importante, e a contribuição de vocês também é necessária para que não fique apenas “no papel”, mas se concretize e se realize por meio de caminhos e ações de mudança", disse o Papa aos estudantes e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz.
“Vocês são chamados a ser protagonistas e não espectadores do futuro. A convocação desta Cúpula Mundial, de fato, nos lembra que todos nós somos chamados a construir um futuro melhor e, acima de tudo, que devemos construí-lo juntos!”
Não podemos simplesmente delegar nossas preocupações ao "mundo vindouro" e a resolução de seus problemas às instituições designadas e àqueles com responsabilidades sociais e políticas específicas. É verdade que esses desafios exigem competências específicas, mas é igualmente verdade que eles nos dizem respeito, tocam a vida de todos e exigem de cada um de nós uma participação ativa e um compromisso pessoal.
Segundo Francisco, "num mundo globalizado, onde todos somos interdependentes, não é possível proceder como indivíduos que cuidam apenas de seu próprio “jardim”: em vez disso, é necessário trabalhar em rede e formar rede, conectar-nos, trabalhar em sinergia e harmonia. Isto significa passar do eu ao nós: não 'eu trabalho para o meu bem', mas 'nós trabalhamos para o bem comum, para o bem de todos'".
De acordo com o Papa, "os desafios de hoje e, sobretudo, os riscos que, como nuvens escuras, pairam sobre nós, ameaçando o nosso futuro, tornaram-se também globais. Dizem respeito a todos nós, questionam toda a comunidade humana, exigem a coragem e a criatividade de um sonho coletivo que anime o compromisso constante, para enfrentar juntos as crises ambientais, econômicas, políticas e sociais que atravessa o nosso planeta".
Segundo o Pontífice, este "é um sonho que exige estar acordado, não dormindo! Sim, porque é realizado trabalhando, e não dormindo; andando pelas ruas, e não deitado no sofá; usando bem os meios de informação, e não perdendo tempo nas redes sociais. Então, ouçam bem, esse tipo de sonho se realiza rezando, ou seja, junto com Deus, e não apenas com as nossas próprias forças".
Queridos alunos e professores, vocês colocaram duas palavras-chave no centro do seu compromisso: paz e cuidado.
“São duas realidades ligadas entre si: a paz não é apenas o silêncio das armas e a ausência de guerra; é um clima de benevolência, confiança e amor que pode amadurecer numa sociedade fundada em relações de cuidado, em que o individualismo, a distração e a indiferença dão lugar à capacidade de prestar atenção ao outro, de o ouvir nas suas necessidades fundamentais, para curar suas feridas, de ser para ele ou para ela instrumentos de compaixão e cura.”
Este é o cuidado que Jesus tem pela humanidade, em particular pelos mais frágeis, e do qual o Evangelho nos fala muitas vezes. Do “cuidado” recíproco nasce uma sociedade inclusiva, fundada na paz e no diálogo.
Francisco pediu aos alunos e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz para que "sejam artesãos da paz" neste tempo ainda marcado pela guerra, "que sejam protagonistas da inclusão; num mundo dilacerado por crises globais, que sejam construtores do futuro, para que a nossa Casa comum se torne um lugar de fraternidade".
A seguir, o Papa acrescentou:
“Pensem nas crianças que estão na guerra, pensem nas crianças ucranianas que se esqueceram de sorrir... Rezem por essas crianças, coloquem em seus corações as crianças que estão na guerra. Pensem nas crianças de Gaza, metralhadas, que passam fome. Pensem nas crianças.”
Por fim, Francisco convidou os alunos e professores da Rede Nacional de Escolas para a Paz a fazerem um pouco de silêncio para pensar nas crianças ucranianas e nas crianças de Gaza.
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"Um encontro de corações confirmados no amor evangélico", disse o presidente dos Bispos da Puglia, dom Giuseppe Satriano, à Rádio Vaticano – Vatican News sobre a audiência com o Papa Francisco, no âmbito da visita ad Limina, realizada na manhã de quinta-feira, 18 de abril.
O acolhimento de Francisco, o seu amor, a sua atenção e a sua escuta, que se manifestaram a cada um dos bispos, são um dom que se renova: "O encontro, afirmou dom Satriano, foi rico de luz, nos deu esperança e nos confirmou na fé". A visita ad Limina é isso, especialmente no mundo "vertiginosamente acelerado" de hoje, em que não faltam "situações cansativas" no desempenho do ministério episcopal, sublinhou o presidente dos bispos. No encontro com o Papa, também emergiu aquele "perfume evangélico semeado na história de cada um de nós e das nossas realidades".
Dom Satriano destacou a religiosidade popular da Puglia: é o "valor a mais ainda hoje com o qual olhar para o futuro com esperança", disse ele. "O Papa nos abençoou, mas acima de tudo nos animou, no mundo que nos esmaga e que é difícil de acompanhar". O principal conforto que os prelados levaram consigo no final do dia foi a força que o Papa transmitiu na simplicidade. Isso nos relança em nossa vida cotidiana", concluiu.
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Anos de experiência "fizeram sentir a necessidade" de uma série de mudanças no sistema judiciário do Vaticano e "na dignidade profissional e no tratamento econômico dos magistrados ordinários do Tribunal e da Promotoria de Justiça". O Papa explica brevemente no início de sua Carta apostólica em forma de um Motu próprio, publicada nesta sexta-feira (19/04), a decisão de fazer mudanças em certos aspectos do trabalho nos tribunais do Vaticano.
Francisco estabeleceu as novas normas em 6 artigos, começando pelo término de trabalho dos magistrados ordinários aos 75 anos, e para os cardeais juízes o limite para deixar o cargo é fixado aos 80 anos. No entanto, o Papa pode ordenar a permanência no cargo além desses limites.
Em conformidade ao "princípio da imutabilidade do juiz e para garantir a racional duração do processo" – lê-se no Motu proprio – o Pontífice, para o ano judiciário em que o presidente cessar o cargo, pode nomear um presidente adjunto que assume o cargo no momento em que o presidente deixa de exercê-lo. Afirma-se ainda que o Papa "pode, a qualquer momento, dispensar do serviço, mesmo que temporariamente, os magistrados que, devido à incapacidade comprovada, não puderem desempenhar suas funções".
Os artigos subsequentes especificam os termos relativos à remuneração, verbas rescisórias e aposentadoria. Também é dada atenção à parte do trabalho dos magistrados referente à responsabilidade civil.
Fonte: Vatican News