Cultura

Papa Francisco: através da arte é possível transmitir a fé, a esperança e a caridade





Neste sábado (13), o Papa recebeu em audiência, no Vaticano, os prefeitos das 15 cidades espanholas declaradas Patrimônio Mundial pela Unesco. Em seu discurso entregue aos participantes, o Pontífice aborda a importância da arte e enfatiza que “as situações históricas nos falam de homens e mulheres reais, de sentimentos autênticos, que devem ser lições de vida para nós, antes de serem peças de museu”.

O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, 13 de abril, o grupo 'Ciudades Patrimonio de la Humanidad' da Espanha. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, fundada em 1993 e composta por 15 cidades da península hispânica, representadas por seus prefeitos. O objetivo do grupo é atuar conjuntamente na defesa do patrimônio histórico e cultural dessas cidades, bem como na manutenção e valorização dos modos de vida necessários para seus centros históricos, por meio de projetos e propostas comuns, estabelecendo políticas de intercâmbio de experiências e enfrentando os desafios.

O Pontífice dirigiu uma saudação aos presentes e entregou-lhes o discurso preparado para a ocasião. No início do texto, ao expressar sua satisfação por recebê-los “nesta Cidade do Vaticano”, Francisco ressalta que todas as cidades ali representadas preservam um rico patrimônio “do qual somos os guardiões”, e completa: “É uma grande responsabilidade, mas também uma bela vocação”.

Uma arte autêntica

De acordo com o Papa, “o interesse pelo patrimônio não pode se limitar à esfera artístico-cultural”, mas deve ter uma perspectiva mais ampla, abrangendo a integridade da pessoa que recebe essa herança e dos povos que a transmitiram a nós:

“As situações históricas — com suas luzes e sombras — nos falam de homens e mulheres reais, de sentimentos autênticos, que devem ser lições de vida para nós, antes de serem peças de museu.”

Transmitir a fé e a justiça

Francisco enfatiza que se deve levar sempre em consideração os sofrimentos e os anseios das pessoas que, ao longo do tempo, construíram as cidades, fruto da mistura de culturas e civilizações. Outro aspecto importante, segundo o Santo Padre, presente nas construções, é a fé em Deus, que faz os corações baterem com paixão: 

“Peço ao Senhor que, junto com a beleza de suas cidades, lhes conceda a graça de transmitir a fé, a esperança e a caridade de seu povo. Que a contemplação dos diversos monumentos permita — tanto aos que ali vivem quanto aos que os visitam — refletir sobre a prudência e a força que os tornaram possíveis. Que eles se sintam desafiados pelas lições de justiça e temperança que cada situação histórica carrega.” 

Dessa forma, conclui Francisco, através de cada expressão cultural presente nas cidades, "falaremos de povos, de pessoas, de uma história que não é apenas contemplada, mas vivenciada, com um olhar para o passado e outro para o futuro, a fim de termos sempre as mãos no presente que nos questiona todos os dias".

 

- O Papa: em um mundo de armas e poucos nascimentos, trabalhemos pela dignidade da vida

Francisco recebe em audiência o Movimento Escoteiro Católico Italiano no 70º aniversário de sua fundação e se detém no inverno demográfico, no compromisso de construir uma sociedade justa e pacífica e na proteção do meio ambiente: somos "prisioneiros de estilos de vida e comportamentos que são tão egoisticamente surdos a todo apelo do senso comum quanto tragicamente autodestrutivos", precisamos de um "estilo sóbrio, respeitoso e frugal" como o dos escoteiros

Na manhã deste sábado (13/04), o Papa Francisco recebeu os Responsáveis pela Associação Nacional de Guias e Escoteiros Católicos Italianos por ocasião do 70° aniversário de fundação. Na ocasião, Francisco comentou os projetos símbolos que o grupo está trabalhando sob o título “Mais vida à vida”, ou seja: um berço térmico para o Centro de Acolhida em Lampedusa, uma carpintaria náutica na Zâmbia e o reflorestamento de um bosque na região italiana de Romagna. Francisco deteve-se em cada um destes pontos com algumas reflexões.

Dramática diminuição da natalidade

Em primeiro lugar, “o berço nos lembra o amor pela vida que nasce. Vivemos em uma época de dramática diminuição da natalidade – continuou o Papa - em que o homem parece ter perdido o gosto de gerar e cuidar dos outros, e talvez até o gosto de viver. Francisco também destacou que “o berço nos fala do cuidado com a vida em todas as fases, especialmente quando o passar dos anos ou a aspereza do caminho tornam a pessoa mais vulnerável e necessitada”. E o fato da doação ser destinada ao Centro de Acolhimento e Primeiros Socorros de Lampedusa, porto onde chegam os migrantes que atravessam o Mediterrâneo, ressalta ainda mais “que o amor pela vida é sempre aberto e universal, desejoso do bem de todos, independentemente da origem ou de qualquer outra condição”.

Transformar dons de Deus em instrumentos do bem

Ao falar sobre a segunda iniciativa, a carpintaria, o Papa recordou que “em um mundo onde se fala tanto - e em demasia - sobre a fabricação de armas para a guerra, isso nos lembra que a nossa vocação nos manda à vocação fundamental do homem de transformar os dons de Deus não em meios de morte, mas em instrumentos do bem, no esforço comum de construir uma sociedade justa e pacífica, onde todos tenham a chance de uma vida digna”.

A exploração irresponsável e míope do planeta

Por fim, depois de lembrar que o respeito, o amor e o contato direto com a natureza são marcas registradas do Escotismo desde suas origens, o Papa destacou que todos os cuidados com a Casa Comum “são valores que precisamos muito hoje, pois nos vemos cada vez mais impotentes diante das consequências da exploração irresponsável e míope do planeta”. Acrescentando em seguida: “Nós, prisioneiros de estilos de vida e comportamentos que são tão egoisticamente surdos a qualquer apelo de bom senso quanto tragicamente autodestrutivos; insensíveis ao clamor de uma terra ferida, bem como à voz de tantos irmãos e irmãs injustamente marginalizados e excluídos de uma distribuição justa de bens. Diante disso, o estilo sóbrio, respeitoso e frugal dos escoteiros é um grande exemplo para todos!”.

Comunidade pronta para acolher

Francisco concluiu o encontro afirmando: “Incentivo a perseverar em sua jornada, semel scout semper scout, como diz seu lema. Continuem sendo uma comunidade aberta e atenta, pronta para acolher, ouvir e acompanhar aqueles que o Senhor coloca em seu caminho, profética ao anunciar com coragem o Evangelho e com vontade de sair de seu próprio círculo para encontrar outras pessoas, especialmente aquelas que habitam as periferias existenciais”.

 

- Decretos reconhecem milagre, martírio e virtudes heroicas

Espanha e Itália: países de proveniência de religiosas, um sacerdote e um leigo que tiveram reconhecidos martírio, milagre por sua intercessão ou virtudes heróicas

Neste sábado, 13 de abril, em audiência concedida a Sua Eminência o Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, o Papa Francisco autorizou o mesmo Dicastério a promulgar os Decretos relativos: 

- ao milagre atribuído à intercessão da Beata Elena Guerra, fundadora da Congregação das Oblatas do Espírito Santo, conhecida como Irmãs de Santa Zita, que nasceu em 23 de junho de 1835 em Lucca (Itália) e faleceu em 11 de abril de 1914. Elena Guerra foi beatificada por São João XXIII em 26 de abril de 1959.

- ao martírio dos Servos de Deus Gaetano Clausellas Ballvé, sacerdote diocesano, nascido em 5 de agosto de 1863 em Sabadell (Espanha) e morto por ódio à fé em 15 de agosto de 1936 perto da mesma localidade; e Antonio Tort Reixachs, leigo e pai de família, nascido em 28 de março de 1895 perto de Barcelona (Espanha) e morto por ódio à fé em dezembro de 1936 em Montcada (Espanha);

- às virtudes heroicas da Serva de Deus Teresa Lanfranco (nascida Annunziata Addolorata), religiosa professa da Congregação das Filhas de Santa Maria de Leuca, nascida em 24 de março de 1920 em Gallipoli (Itália) e falecida em 8 de junho de 1989 em Roma.

 Fonte: Vatican News