Creio em Deus libertador de todo o que oprime.
Creio em Jesus Cristo, irmão nosso,
solidário com os sofredores.
Creio no vento do Amor,
Espírito que transforma homens e mulheres
em artistas do Reino.
Creio na comunhão dos que constroem a paz.
Creio nas comunidades sem cercas,
na confraria dos sonhadores,
na inspiração dos poetas que acalentam o nosso cotidiano,
às vezes sofrido, tornando-o mais belo e mais feliz.
Creio na ternura dos homens,
na força das mulheres,
na sabedoria das crianças.
Creio na ressurreição dos corpos oprimidos,
quando soprados pela doçura do amor,
transforma exércitos de ossos secos
em comunidades solidárias.
Creio nos sinais de tua presença libertadora
Em nosso dia-a-dia. Amém. (Inês de França Bento)
Encontrei este “Credo Pascal”. Achei bonito e que valia a pena partilhá-lo. Penso que não serão as grandes explicações a nos ajudar a acreditar na Ressurreição de Jesus. Será aquilo de melhor que temos em nossos corações e que, muitas vezes, esquecemos de ter, ou não o deixamos sobressair. É verdade que vivemos momentos difíceis nas nossas vidas pessoais e no mundo inteiro.
Parece que a humanidade esteja à beira de alguma loucura coletiva, que guerra, morte e destruição sejam a solução de problemas agigantados pelos nossos medos de perder bens que, afinal, nunca serão nossos. Somos meros administradores, por um tempo limitado, das dádivas que recebemos nesta vida. No entanto brigamos como se pudéssemos ser um dia os donos do mundo.
Outros, muitos, vivem na diversão, na ilusão do consumo e das aparências, perdidos na superficialidade da própria existência. Tudo para não parar e refletir: quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Evidentemente, se puder, cada um é livre de gastar o tempo de sua vida como quiser, correndo atrás dos próprios sonhos e ambições.
Contudo é deste abismo de não-sentido, de solidão e individualismo, que Jesus veio nos salvar. Ele não desceu da cruz, como o desafiaram aos gritos os chefes, os soldados e o povo que passava na hora da paixão (Lc 23,35-36; Mt 27,39-40). Porque o Filho de Deus não veio para salvar a si mesmo, mas para nos ajudar a dar um novo e grande sentido às nossas vidas. Veio para nos salvar da indiferença, do vazio, da escravidão do medo da morte (Hb 2,15).
Jesus gastou toda a sua vida “fazendo o bem” (At 10,38) para tornar as pessoas mais felizes, mais solidárias e fraternas. Ele escolheu ir até o fim, até a morte de cruz, porque o Deus Pai que ele nos fez conhecer é somente amor e doação e não pede ou guarda nada para si. Por isso o Filho com a sua obediência realizou também a sua entrega total, plenamente confiante no projeto amoroso do Pai com a humanidade. Essa capacidade de fazer o bem está no coração de cada pessoa que decida ser “humana” solidária com os irmãos, não é privilégio dos cristãos.
No entanto o nosso compromisso é ser testemunhas da novidade da Páscoa de Jesus, da vitória da Vida e do Amor sobre a morte, o ódio e a exclusão. Não tenhamos medo de “libertar” o melhor que está em nós, tenhamos fome e sede de Justiça, sejamos construtores de Paz.
Desejo uma Feliz Páscoa para todos e todas!
Por Dom Pedro José Conti
Fonte: Diocese de Macapá