Andrea Assaf é uma jornalista especializada em assuntos vaticanos, com obra publicada em diversos órgãos de comunicação. Divide os seus dias e o seu trabalho jornalístico entre os Estados Unidos e a Itália. Acompanha os Papas desde João Paulo II, tendo grande conhecimento e experiência acumulada por algumas décadas de trabalho jornalístico especializado. Explica: ‘Há algum tempo que desejava que existisse uma obra com uma seleção de citações inspiradoras do Papa Francisco que pudesse trazer consigo nos transportes, durante o dia de trabalho ou em momentos de lazer’. Aí está.
Os textos escolhidos são apresentados sob o chapéu de grandes temas: ‘Esperança e Alegria’, ‘Fé e Oração’, ‘Igreja e Evangelização’, ‘Amor e Verdade’, ‘A Viagem da Vida’, ‘Família’, ‘Construir um Mundo Melhor’, ‘Escutar Deus’, ‘Humildade e idolatria’, ‘Perdão e Graça’, ‘Dignidade Humana, Sofrimento e Solidariedade’, ‘As Lições da Cruz’.
Ressalto algumas das frases que mais marcaram a minha leitura: ‘proteger a criação, proteger cada homem e cada mulher, cuidar deles com ternura e amor é abrir um horizonte de esperança. É deixar um raio de luz irromper por entre as nuvens negras; é trazer o calor da esperança’ (p.17). ‘Ter fé não significa não ter dificuldades, mas ter força para as enfrentar sabendo que não estamos sós’ (p.33). ‘Que a Igreja seja lugar da misericórdia e esperança em Deus, onde todos se sintam acolhidos, amados, perdoados e encorajados. A Igreja deve ter as portas abertas para que todos possam entrar. E nós temos de sair por essas portas e proclamar o Evangelho’ (p.51).
‘Prefiro uma Igreja magoada, dorida e suja porque andou pelas ruas do que uma Igreja doente porque está confinada e agarrada à sua própria segurança. Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro de tudo e que acaba presa num emaranhado de obsessões e formalidades’ (p.56). ‘Um evangelizador nunca deve parecer alguém que acabou de vir de um funeral’ (p.67).
‘É isto que vos peço: sede pastores com ‘cheiro a ovelha’, fazei disso uma realidade, como pastores no meio do vosso rebanho, como pescadores de homens’ (p.70).
‘Não consigo imaginar um cristão que não sabe sorrir. Sejamos testemunhos alegres da nossa fé’ (p.86). ‘Não somos cristãos em part-time, apenas em certos momentos, em certas circunstâncias, em certas decisões; ninguém pode ser cristão desta forma – somos cristãos a tempo inteiro! Totalmente! (p.96).
‘Quero repetir estas três palavras: por favor, obrigado, desculpa. Três palavras essenciais!’. (p.125). ‘Podemos fazer muito pelo bem dos mais pobres, dos fracos e dos que sofrem, para promover a justiça e a reconciliação, para construir a paz’ (p.154).
‘A guerra arruína tudo, até os laços entre irmãos. A guerra é irracional, o seu único plano é espalhar a destruição: ela procura crescer destruindo’ (p.158).
‘Sempre que encontramos outra pessoa apaixonada aprendemos alguma coisa nova sobre Deus’ (p.167). ‘O Senhor está a bater à porta dos nossos corações. Será que penduramos um letreiro na porta a dizer ‘não incomodar’?’ (p.170).
‘Se alguém tiver a resposta para todas as questões – essa é a prova de que Deus não está com ele. Significa que ele é um falso profeta que usa a religião para si próprio’ (p.187).
‘Quando uma Bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.’ (p.195).
‘Como o Bom Samaritano, que não tenhamos vergonha de tocar nas feridas dos que sofrem, mas tentemos sará-las com verdadeiros atos de amor’ (p.232).
‘Sede membros ativos! Entrai ao ataque! Jogai pelo campo fora, construí um mundo melhor, um mundo de irmãos e irmãs, um mundo de justiça, de paz, de fraternidade, de solidariedade. Jogai sempre ao ataque!’ (p.237).
A autora termina com um desejo: ‘Que este livro permita que levemos connosco o Papa Francisco nas nossas viagens diárias como confidente, companheiro de jornada e guia’ (p.12).
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- O Papa recebe os bispos da Úmbria, convite a estar perto do povo de Deus
"O encontro com o Santo Padre foi - não hesito em dizer - uma graça para o nosso povo, para o nosso ministério, mas é uma graça que certamente será convertida em bênção para as nossas dioceses." Foi o que disse o presidente dos bispos da Úmbria, dom Renato Boccardo, ao Vatican News a propósito do encontro, nesta segunda-feira, 18 de março, do Papa Francisco com os bispos italianos da Úmbria em visita ad limina. "Quase duas horas de encontro" em que o Pontífice deixou os prelados à vontade, convidando-os a "falar livremente e dizer o que queriam compartilhar", disse dom Boccardo. E assim cada bispo falou sobre a situação de sua comunidade, pedindo ao Papa algumas indicações concretas sobre como proceder no anúncio do Evangelho.
Entre as recomendações do Papa aos bispos italianos estão as "quatro proximidades" que um bispo deve observar, aquelas que Francisco recomenda a todos os bispos que encontra: proximidade a Deus, porque "o bispo deve, antes de tudo, ser um homem de oração"; proximidade aos irmãos no episcopado; proximidade aos sacerdotes, porque o bispo deve ser pai e irmão de cada um dos sacerdotes, preciosos colaboradores no ministério episcopal. Por último, mas não menos importante, dom Boccardo enfatizou a proximidade ao povo de Deus: "O Papa recordou como São Paulo, falando ao seu discípulo Timóteo, referiu-se à fé que ele recebeu de sua mãe e de sua avó. Depois, segundo dom Boccardo, o Papa disse: 'Nós recebemos a fé do povo cristão, de nossas famílias, e por isso devemos garantir a nossa proximidade. Ao saudar os prelados, Francisco pediu-lhes para transmitir aos sacerdotes seu afeto, sua proximidade e seu agradecimento pela dedicação ao 'ministério cotidiano'".
- Exéquias do cardeal Cordes: uma vida dedicada aos jovens, aos leigos e à caridade
A missa de exéquias do cardeal Paul Josef Cordes, alemão e presidente emérito do Pontifício Conselho "Cor Unum", falecido em 15 de março aos 89 anos, após vários problemas de saúde, foi celebrada na tarde desta segunda-feira, 18 de março, na Basílica de São Pedro. Vinte e sete cardeais se fizeram presentes na celebração, incluindo o vice-decano Leonardo Sandri e o secretário de Estado Pietro Parolin, além de alguns bispos, como dom Udo Markus Bentz, arcebispo de Paderborn, diocese de origem do cardeal Cordes, e também alguns padres alemães, incluindo o pároco de Kirchhundem, onde será realizado o sepultamento. No final da missa, o Papa presidiu o rito da "Ultima Comendatio et Valedictio".
Foi o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, quem presidiu o funeral, que contou com a presença dos membros do Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé, acompanhados pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, vários familiares (incluindo o sobrinho Reinhard Baumgardt) e as quatro Memores Domini que assistiram o cardeal até o fim de seus dias.
Uma figura amada e respeitada especialmente pelos jovens aos quais Cordes dedicou atenção desde os tempos em que fundou o Centro São Lourenço, de onde surgiu a iniciativa de organizar um encontro internacional da juventude em Roma na solenidade do Domingo de Ramos de 1984, pequeno embrião do que viriam a ser posteriormente, por vontade de João Paulo II e impulsionado pelo cardeal Eduardo Pironio, as JMJ (Jornadas Mundiais da Juventude). Respeitado e amado também pelos membros do Caminho Neocatecumenal e da Renovação Carismática, aos quais Wojtyla sempre lhe pediu para acompanhar o apostolado "ad personam". Amado e respeitado, por fim, pelos colaboradores do Pontifício Conselho para os Leigos, do qual foi vice-presidente, e depois do Cor Unum, e pela atenção que sempre teve às necessidades dos mais frágeis, aos quais - escreveu o Papa no telegrama de condolências do último sábado - "comunicou o amor e a ternura de Cristo". O cardeal Cordes, enfatizou Francisco, "não poupou esforços para testemunhar a paterna solicitude do Papa pelos mais pobres".
Um serviço à Santa Sé e à Igreja relembrado, passo a passo, pelo cardeal Re em sua homilia, que começou recordando os últimos dias de vida de Cordes: "Enquanto suas energias diminuíam, ele acolheu a morte com grande serenidade, dando prova de uma espiritualidade genuína". "A alma do cardeal Cordes está agora nas mãos de Deus", acrescentou Re, destacando como "para o cristão, a realidade da morte é a passagem deste mundo para a casa do Pai, para desfrutar da imensidão de seu amor". É esse amor que levou o jovem Paul Josef a interromper seus estudos de medicina para entrar no Seminário Maior de Paderborn. Uma mudança de perspectiva pela qual ele mesmo dizia dever a uma freira franciscana conhecida por sua família, Irmã Candida de Olpe, que por anos rezou para que ele se tornasse padre, sem que ele soubesse.
Cordes foi ordenado sacerdote na diocese de Paderborn em 1961; dez anos depois se formou em Teologia Dogmática na Universidade de Mainz e, alguns meses depois, foi nomeado secretário da Comissão Pastoral da Conferência Episcopal Alemã. Com este cargo, começou a colaborar com associações, movimentos espirituais e várias instituições eclesiásticas na Alemanha. "Essa experiência permitiu que ele desse uma boa contribuição ao Sínodo das dioceses da República Federal da Alemanha realizado em 1972", lembrou Re. Quando, em 1975, Paulo VI o nomeou bispo auxiliar de Paderborn, Cordes escolheu "Deus Fiel" como lema episcopal porque, dizia, "Deus é sempre fiel e a fidelidade de Deus nos obriga a ser também nós fiéis". "Nos vários cargos que lhe foram confiados, foi sempre animado por um espírito de fidelidade a Deus, à Igreja e ao Papa", destacou o decano do Colégio Cardinalício.
Re então lembrou o trabalho na Cúria Romana, o compromisso com o mundo jovem, em contato com várias Associações Juvenis e Movimentos Espirituais, a ideia de criar um centro "para ajudar espiritualmente os jovens que passavam por Roma". Depois, o papel de liderança no "Cor Unum", durante o qual "com grande zelo se ocupou da coordenação das organizações humanitárias da Igreja. Foram numerosas as missões no mundo que lhe foram confiadas para levar a caridade e a solidariedade do Papa", lembrou o decano em sua homilia. Foi Bento XVI, em 2007, quem o criou cardeal. E Cordes, em seu testamento espiritual, escreveu: "Um olhar retrospectivo de fé sobre minha história me convence de que ela não foi determinada por acaso ou por minha intervenção... Pude experimentar as palavras do cardeal Dopfner: 'Deus está aqui para mim, está aqui para nós'. Na hora da despedida, gostaria de deixar esta certeza aos meus companheiros de viagem. Resta-me pedir-lhes perdão pelas ofensas e pedir-lhes suas orações para que eu possa alcançar a bem-aventurança eterna na vida trinitária de Deus".