Cultura

Papa: dom e perdão são a essência da glória de Deus





"A glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida (...). E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando".

"Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor (...). Dom e perdão são a essência da glória de Deus."

Chegamos ao V Domingo da Quaresma. E ao nos aproximarmos da Semana Santa, o Papa nos recorda que Jesus diz-nos algo importante no Evangelho: que na Cruz veremos a sua glória e a do Pai.

Para Deus, a glória é amar até dar a vida

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro para o Angelusdominical, Francisco pergunta "como é possível que a glória de Deus se manifeste precisamente ali, na Cruz?". "Poder-se-ia pensar que isto acontece na Ressurreição, não na Cruz, o que é uma derrota, um fracasso", observa, mas ao invés disso, hoje Jesus, falando da sua Paixão, diz que "chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado". Mas, que exatamente Ele quer nos dizer ao afirmar isso?

Ele quer dizer-nos que a glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor. E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando os seus crucificadores.

Verdadeira glória de Deus feita de dom e perdão

Da Cruz, “cátedra de Deus” - disse o Santo Padre - "o Senhor ensina-nos que a verdadeira glória, aquela que nunca se apaga e nos faz felizes, é feita de dom e perdão":

Dom e perdão são a essência da glória de Deus. E são para nós o caminho da vida. Dom e perdão: critérios muito diferentes do que vemos ao nosso redor, e também em nós, quando pensamos na glória como algo a ser recebido mais do que dado; como algo a ser possuído em vez de oferecido. Mas a glória mundana passa e não deixa alegria no coração; nem mesmo leva ao bem de todos, mas à divisão, à discórdia, à inveja.

Quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus

E então, o Papa propõe que nos perguntemos:

Qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros pelo meu valor, pelas minhas capacidades ou pelas coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o de Jesus Crucificado, o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida? Recordemo-nos, de fato, que quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus.

Que a Virgem Maria, que seguiu com fé Jesus na hora da Paixão - disse ao concluir - nos ajude a ser reflexos vivos do amor de Jesus.

 

- Haiti: alivio do Papa pela libertação de um professor e de 4 religiosos

O Papa Francisco recordou após a oração do Angelus deste domingo o drama dos sequestros na Haiti e pediu para continuar a rezar pelas populações devastadas pela guerra.

Após a oração mariana do Angelus neste V Domingo da Quaresma o Papa anunciou que "soube com alívio de que no Haiti foram libertados um professor e quatro religiosos que haviam sido sequestrados em 23 de fevereiro". Francisco pediu então a libertação de outras pessoas sequestradas:

“Solicito a libertação o mais rápido possível de outros dois religiosos e de todos os que ainda estão sequestrados nesse amado país, que sofre com tanta violência. Apelo a todos os atores políticos e sociais para que abandonem todos os interesses particulares e se comprometam, em um espírito de solidariedade, com a busca do bem comum, apoiando uma transição pacífica em direção a um país que, com a ajuda da comunidade internacional, seja dotado de sólidas instituições capazes de restaurar a ordem e a tranquilidade entre seus cidadãos”.

Em seguida Francisco pediu para “continuarmos a rezar pelas populações devastadas pela guerra, na Ucrânia, na Palestina e em Israel, no Sudão do Sul. E não nos esqueçamos da Síria, - acrescentou o Papa - um país que vem sofrendo muito com a guerra há muito tempo".

Nas saudações finais o Papa dirigiu seu pensamento a todos aqueles que vieram para a oração do Angelus de Roma, da Itália e de muitas partes do mundo. Em particular, o Santo Padre saudou os estudantes espanhóis da rede de residências universitárias  "Camplus", os grupos paroquiais de Madri, Pescara, Chieti, Locorotondo e a paróquia de San Giovanni Leonardi, de Roma. Saúdou ainda a Cooperativa Social São José de Como, as crianças de Perugia, os jovens de Bolonha a caminho da Profissão de Fé e os crismandos de Pavia, Iolo di Prato e Cavaion Veronese.

Deu as boas-vindas aos participantes da Maratona de Roma, uma tradicional celebração do esporte e da fraternidade.

“Também neste ano, por iniciativa da Athletica Vaticana, muitos atletas estão envolvidos no "revezamento solidário", tornando-se testemunhas da partilha. E desejo a todos um bom domingo. “Por favor, - concluiu - não se esqueçam de rezar por mim”.

A situação no Haiti

As palavras do Santo Padre lançam uma luz sobre a dramática situação no Haiti. No dia 11 de março passado, os Irmãos do Sagrado Coração, em uma declaração, expressaram alívio pela libertação de quatro de seus membros: "A luta ainda não terminou", declarou a Congregação, "porque os Irmãos Pierre Isaac Valmeus e Adam Montclaison Marius ainda estão sequestrados”.

Por trás do sequestro está a sombra de grupos criminosos que estão realizando vários sequestros para fins de extorsão, com o objetivo de obter um resgate pela libertação. A situação no país é particularmente tensa: o primeiro-ministro Ariel Henry renunciou nos últimos dias, concordando em dar lugar a uma autoridade de transição, enquanto as gangues agora têm controle quase total da capital.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), "o surto de violência desde o final de fevereiro" piorou a situação já dramática, com 362.000 haitianos forçados a fugir de suas casas, 160.000 somente em Porto Príncipe.

Os missionários salesianos também falaram de uma situação infernal no site "Misiones Salesianes" e, apesar de tudo, continuam tentando cuidar da população: "a situação no Haiti é caótica. Não há palavras para descrevê-la. Estamos vivendo um inferno. Nós salesianos, por enquanto, estamos bem, mas não conseguimos realizar nenhuma atividade desde 29 de fevereiro, quando essa situação começou". "As gangues", continua a declaração, "estão saqueando delegacias de polícia e tudo o que encontram, empresas, lojas... querem tomar o Palácio Nacional, o aeroporto", escrevem os missionários. Na capital, Porto Príncipe, há tiroteios entre as gangues e com a polícia, e os sequestros estão na ordem do dia".

 

Fonte: Vatican News