O Papa recebeu em audiência, no Vaticano, nesta quinta-feira, 07 de março, os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que se reuniram em assembleia plenária.
Ao saudar os presentes, Francisco, que ainda está se recuperando de um resfriado, passou a palavra ao padre Pierluigi Giroli para a leitura do seu discurso.
"Muitos de vocês dedicaram suas vidas a cuidar das vítimas de abuso: é uma vocação corajosa, que vem do coração da Igreja e a ajuda a se purificar e crescer”, destaca o Pontífice no início do texto preparado para a ocasião, recordando o compromisso da Pontifícia Comissão que realiza um trabalho muito importante, também à luz da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium:
“Nos últimos dez anos, a tarefa de oferecer aconselhamento e consultoria e de propor as iniciativas mais apropriadas para a proteção de menores e pessoas vulneráveis expandiu-se consideravelmente, tornando-se mais definida, pois pedi a vocês que se concentrassem em ajudar a tornar a Igreja um lugar cada vez mais seguro para crianças e adultos vulneráveis."
Francisco, ao agradecer pela entrega do Relatório Anual sobre Políticas e Procedimentos de Proteção na Igreja, recorda que este material “não deve ser apenas mais um documento, mas deve nos ajudar a entender melhor o trabalho que ainda temos pela frente”:
“Diante do escândalo do abuso e do sofrimento das vítimas, podemos ficar desanimados, pois o desafio de reconstruir o tecido de vidas destruídas e curar a dor é grande e complexo. Mas nosso compromisso não pode falhar; na verdade, eu os incentivo a seguir em frente, para que a Igreja seja sempre e em todos os aspectos um lugar onde todos possam se sentir em casa e onde cada pessoa seja considerada sagrada.”
O Papa recorda que o ministério eclesial de proteção e a proximidade com as vítimas de abuso é uma realidade muito concreta, feita de escuta, intervenção, prevenção e ajuda:
“Todos nós somos chamados - especialmente as autoridades eclesiásticas - a conhecer diretamente o impacto do abuso e a nos deixar abalar pelo sofrimento das vítimas, ouvindo diretamente sua voz e praticando aquela proximidade que, por meio de escolhas concretas, as eleva, ajuda e prepara um futuro diferente para todos.”
“Não pode acontecer que as vítimas de abuso não sejam acolhidas e ouvidas, porque isso pode agravar muito o sofrimento delas”, sublinha o Santo Padre, enfatizando a importância de que isso seja feito com a ajuda de colaboradores competentes:
“Para desempenhar adequadamente esse serviço, devemos nos apropriar dos sentimentos de Cristo: sua compaixão, sua maneira de tocar as feridas da humanidade, seu Coração perfurado de amor por nós. [...] E nós também aprendamos isto: não podemos ajudar outra pessoa a carregar seus fardos sem colocá-los em nossos ombros, sem praticar a proximidade e a compaixão.”
Por fim, Francisco destaca a importância da proximidade da Comissão com as autoridades das igrejas locais para fortalecer o compartilhamento de boas práticas, verificar a adequação das medidas adotadas e apoiar os trabalhos de proteção e prevenção:
“Com o tempo, isso criará uma rede de solidariedade com as vítimas e com aqueles que promovem seus direitos, especialmente onde os recursos e a experiência são escassos. Suas observações nos manterão na direção certa, para que a Igreja continue a se empenhar com toda a força na prevenção do abuso, na firme condenação do abuso, no cuidado compassivo com as vítimas e no esforço constante para ser um lugar hospitaleiro e seguro. Obrigado pela perseverança e pelo testemunho de esperança que vocês oferecem.”
- Papa: as mulheres, "artífices do humano" são colaboradoras do Criador a serviço da vida
O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira, no Vaticano, as participantes, cerca de 160, da Conferência Internacional Mulheres na Igreja: artífices do ser humano.
"Preparei um discurso para os senhores, mas estou cansado e é um pouco difícil lê-lo. Por isso, pedi a este bom monsenhor [o padre rosminiano Pierluigi Giroli, da Secretaria de Estado] que o lesse em meu nome", afirmou Francisco.
Obrigado por sua presença e por organizar e promover esse evento. Evento, disse o Papa que destaca particularmente o testemunho de santidade de dez mulheres. Gostaria de nomeá-las: Josephine Bakhita, Magdeleine de Jesus, Elizabeth Ann Seton, Maria MacKillop, Laura Montoya, Kateri Tekakwitha, Teresa de Calcutá, Rafqa Pietra Choboq Ar-Rayès, Maria Beltrame Quattrocchi e Daphrose Mukasanga.
Todas elas, em diferentes épocas e culturas, com estilos próprios e diferentes, e com iniciativas de caridade, educação e oração, deram provas de como o "gênio feminino" pode refletir de forma única a santidade de Deus no mundo. De fato, precisamente em épocas em que as mulheres eram mais excluídas da vida social e eclesial, "o Espírito Santo suscitou santas cujo encanto provocou novos dinamismos espirituais e importantes reformas na Igreja". Não só isso, mas eu também gostaria de "recordar tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que, cada uma a seu modo, sustentaram e transformaram famílias e comunidades com a força de seu testemunho".
E a Igreja precisa disso, - disse o Papa - porque a Igreja é mulher: filha, noiva e mãe, e quem mais do que a mulher pode revelar seu rosto? Ajudemo-nos mutuamente, sem forçar e sem rasgar, mas com cuidadoso discernimento, dóceis à voz do Espírito e fiéis em comunhão, a encontrar caminhos adequados para que a grandeza e o papel das mulheres sejam mais valorizados no Povo de Deus.
O Papa afimou: "vocês escolheram uma expressão específica para intitular sua conferência, chamando as mulheres de "artífices do humano". Essas são palavras que lembram ainda mais claramente a natureza de sua vocação: a de serem "artesãs", colaboradoras do Criador a serviço da vida, do bem comum e da paz. E eu gostaria de enfatizar dois aspectos dessa missão, relativos ao estilo e à formação".
Antes de tudo, o estilo. Estamos em uma época marcada pelo ódio, na qual a humanidade, que precisa se sentir amada, é frequentemente marcada pela violência, pela guerra e por ideologias que afogam os mais belos sentimentos do coração. E justamente nesse contexto, - continuou o Papa no seu discurso - a contribuição feminina é mais indispensável do que nunca: a mulher, de fato, sabe unir com ternura. Santa Teresa do Menino Jesus disse que queria ser o amor na Igreja. E ela tinha razão: a mulher, de fato, com sua capacidade única de compaixão, com sua intuição e com sua inclinação conatural para "cuidar", sabe ser, de modo eminente, para a sociedade, a "inteligência e o coração que ama e une", colocando amor onde não há amor, humanidade onde os seres humanos lutam para se encontrar.
Segundo aspecto: a formação. Vocês organizaram essa conferência com a colaboração de várias realidades acadêmicas católicas. E, de fato, no contexto da pastoral universitária, propor aos estudantes, além do estudo acadêmico da doutrina e da mensagem social da Igreja, testemunhos de santidade, especialmente de mulheres, encoraja-os a elevar o olhar, a ampliar o horizonte dos próprios sonhos e do próprio modo de pensar e a se dispor a seguir ideais elevados. Assim, a santidade pode se tornar uma linha educacional transversal em toda a abordagem do conhecimento. Por isso, espero que seus ambientes, além de serem lugares de estudo, pesquisa e aprendizado, lugares "informativos", sejam também contextos "formativos", onde vocês ajudem a abrir a mente e o coração à ação do Espírito Santo.
Uma última coisa - disse ainda Francisco - sobre o tema da formação: "no mundo, onde as mulheres ainda sofrem tanta violência, desigualdade, injustiça e maus-tratos - e isso é escandaloso, ainda mais para quem professa a fé no Deus "nascido de mulher" -, existe uma grave forma de discriminação, que está precisamente ligada à educação das mulheres. De fato, ela é temida em muitos contextos, mas o caminho para sociedades melhores passa justamente pela educação de meninas, moças e mulheres jovens, da qual o desenvolvimento humano se beneficia. Rezemos e nos comprometamos com isso!"
- Papa: nos estudos de Tomás de Aquino, a raiz do bem social do homem
O que o pensamento de um dos mais ilustres teólogos da história da Igreja tem a ver com o desenvolvimento das ciências sociais? Um investigador da relação entre fé e razão com as maneiras pelas quais as relações entre as pessoas são articuladas e crescem? Muito mais do que poderia parecer, e o Papa deixa isso claro escrevendo aos participantes de um workshop que a Pontifícia Academia de Ciências Sociais organizou nesta quinta (7) e sexta-feira (8) para discutir o tema "Ontologia Social e Direito Natural do Aquinate em Perspectiva. Aprofundamentos para e a partir das Ciências Sociais".
"Certamente Santo Tomás não cultivou as ciências sociais como as entendemos hoje", observa Francisco, mas, no entanto, com seus estudos, foi um precursor delas, e isso porque para ele era evidente, e afirma isso na Summa, que a pessoa, como criatura de Deus, representa "o que há de mais nobre em todo o universo". E como, em nível do pensamento, o Aquinate sustentava que Deus é "a verdade e a luz que ilumina todo o entendimento" e que, portanto, não possa haver "nenhuma contradição fundamental entre a verdade revelada e aquela descoberta pela razão", segue-se que "os bens espirituais precedem aqueles materiais e que o bem comum da sociedade precede aquele dos indivíduos".
Francisco destaca, por exemplo, a atenção que o Doctor Angelicus dedica às questões de justiça, especialmente nos Comentários, o que deixa clara a sua "influência na formação do pensamento moral e jurídico moderno". O Aquinate, recorda o Papa, afirma "a dignidade intrínseca e a unidade da pessoa humana" - tanto as virtudes do corpo como as "da alma racional" - que lhe permitem distinguir entre o verdadeiro e o falso e entre o bem e o mal". É aquela que Santo Tomás chama de "inteligência de Deus", ou seja, a "capacidade inata" de um homem "de discernir e de ordenar ou dispor os atos para seu fim último por meio do amor", também conhecida como "lei natural".
E é aí que reside a modernidade do autor daeSumma, já que hoje - afirma Francisco - é essencial dar uma nova consideração a essa, como o Aquinate a chama, "inclinação natural para conhecer a verdade sobre Deus e para viver em sociedade", a fim de, acrescenta o Papa, "moldar o pensamento e as políticas sociais de forma a promover, em vez de impedir, o autêntico desenvolvimento humano dos indivíduos e dos povos". A confiança de Tomás em uma lei natural escrita no coração do homem pode oferecer, insiste Francisco, "percepções novas e válidas para o nosso mundo globalizado, dominado pelo positivismo jurídico e pela casuística", mesmo que - ele reconhece - "continue a buscar bases sólidas para uma ordem social justa e humana".
Como pensador cristão, Tomás de Aquino reconhece a ação da "graça redentora" trazida por Jesus na ação humana, que, além de seus benefícios espirituais, tem, observa Francisco, "ricas implicações" para a compreensão da dinâmica de "uma ordem social sólida fundada na reconciliação, na solidariedade, na justiça e no cuidado mútuo". Nesse ponto, o Papa cita Bento XVI em apoio, que na Caritas in Veritate afirmou que o homem e a mulher, como objetos do amor de Deus, tornam-se, por sua vez, sujeitos da caridade, chamados a refletir essa caridade e a tecer redes de caridade a serviço da justiça e do bem comum. Uma dinâmica de "caridade recebida e doada" que - ele observa - deu origem à Doutrina Social da Igreja", cujo objetivo é explorar como "os benefícios sociais da Redenção podem se tornar visíveis na vida de homens e mulheres".
Francisco conclui com um pensamento afinado com a Quaresma para reiterar que a reflexão deve sempre ser combinada com uma demonstração prática do amor cristão. "Durante estes anos de meu pontificado", escreve ele, "procurei privilegiar o gesto do lava-pés", que é "sem dúvida um símbolo eloquente das bem-aventuranças" de Jesus e "de sua expressão concreta nas obras de misericórdia". Porque "Jesus sabia que, quando se trata de inspirar o coração humano, os exemplos são mais importantes do que um fluxo de palavras".
- Papa sobre Concerto pela Paz em Madri: talento e generosidade de artistas ajudam vítimas de guerra
O Papa Francisco divulgou nesta quinta-feira (7) uma mensagem em vídeo que será transmitida no próximo sábado (9) durante a primeira edição do Concerto pela Paz, promovido pela rede espanhola de rádios "Cadena 100" da Conferência Episcopal Espanhola, considerada a segunda emissora de rádio musical mais escutada na Espanha. Com sede em Madri, há mais de 30 anos a programação é dirigida a uma audiência familiar, de jovens e adultos.
A manifestação de caráter beneficente vai unir artistas e fãs num canto único pela paz, em um mundo marcado por conflitos e guerras. O concerto pretende, assim, criar experiências para a construção de pontes entre diferentes culturas. E o Papa Francisco compreendeu muito bem o propósito da iniciativa espanhola:
"Queridos irmãos e irmãs, diante de tantas vítimas, destruição, lágrimas em tantos povos devastados pela guerra - penso na martirizada Ucrânia, mas também na Palestina, em Israel - agradeço a vocês pela iniciativa deste Concerto de Paz."
A mensagem em espanhol do Papa, além de ser divulgada pela Cadena 100, também está sendo veiculada pela rádio COPE, outra emissora dos bispos espanhóis, e será transmitida durante o concerto beneficente do sábado (9) no WiZink Center, a partir das 20h, horário local, que já está com os ingressos esgotados. Os fundos arrecadados com o evento serão destinados à Associação "Manos Unidas" ("Mãos Unidas", na tradução livre), uma ONG da Igreja Católica na Espanha que trabalha pelo países em desenvolvimento, em particular, para aliviar o impacto da guerra nas comunidades afetadas através de ajuda humanitária e a reconstrução dos locais.
O Pontífice agradeceu várias vezes no vídeo a solidariedade de todos, especialmente daqueles que "generosamente" estarão ajudando as mais de 200 famílias afetadas pela guerra na Cisjordânia e em Jerusalém, ou seja, cerca de mil pessoas. Segundo o projeto, os fundos arrecadados com o concerto irão auxiliar na compra e distribuição de produtos de necessidades básicas, como cobertores, agasalhos e calçados, aquecedores, bolsas de água quente e água. Para os pequenos: fraldas, mamadeiras, chupetas, artigos de higiene e leite infanti, além de material escolar para as crianças que, no contexto da guerra, continuam indo à escola todos os dias.
A iniciativa parte do Patriarcado Latino de Jerusalém, instituição da Igreja Católica responsável pelo cuidado às comunidades católicas na Palestina, Jordânia, Israel e Chipre, bem como pelos migrantes e solicitantes de asilo e pelos católicos de língua hebraica. No contexto da guerra, eles conduzem as intervenções humanitárias nas comunidades católicas palestinas.
O Papa Francisco, assim, reconheceu a força da rádio e da música em favor dos mais vulneráveis:
“Agradeço aos artistas que combinaram talento com tanta generosidade para ajudar vítimas inocentes, mas, acima de tudo, porque demostraram que a arte e a música podem se tornar mensageiras, se tornar instrumento de paz para construir pontes. Obrigado por não olhar para o outro lado, obrigado por se comprometer com aqueles que estão sofrendo diretamente os efeitos das guerras.”
- Francisco recebe em audiência o presidente de Montenegro
Durou 30 minutos a conversa privada na manhã desta quinta-feira, 7 de março, entre o Papa Francisco e Jakov Milatović, Presidente de Montenegro recebido em audiência no Palácio Apostólico do Vaticano. Das 8h15 às 8h45, o Chefe de Estado dialogou com o Pontífice na Biblioteca do Palácio Apostólico; em seguida, encontrou-se com o cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, acompanhado por dom Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais.
De acordo com um comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano, "durante os cordiais colóquios na Secretaria de Estado, foram evidenciadas as boas relações existentes entre a Santa Sé e Montenegro e foram abordadas questões de interesse comum, com destaque na contribuição positiva da comunidade católica local para a sociedade montenegrina, bem como algumas questões em aberto nas relações entre a Igreja e o Estado". "Posteriormente", informa a nota, "algumas questões atuais foram analisadas, incluindo o caminho de Montenegro e de outros países dos Bálcãs Ocidentais rumo à integração total na União Europeia, bem como os conflitos em Israel, na Palestina e na Ucrânia".
No momento da troca de presentes, o Papa ofereceu ao Presidente de Montenegro uma escultura de bronze intitulada "Diálogo entre Gerações",volumes de documentos papais, a Mensagem para a Paz deste ano, o livro sobre a Statio Orbis de 27 de março de 2020, editado pelo LEV, e o volume sobre O Apartamento da Audiência Papal, editado pela Prefeitura da Casa Pontifícia. Por sua vez, o presidente presenteou o Papa com uma representação da Virgem Maria em crochê, feita com as técnicas do artesanato típico montenegrino.
Fonte: Vatican News