O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 10 de fevereiro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, os empresários e representantes da Confederação de Artesãos, provenientes de toda a Itália.
Em seu discurso, o Papa recordou a importância desta Associação, que nasceu em 1946, após a Segunda Guerra Mundial. Seu objetivo foi o de contribuir para o renascimento e o desenvolvimento da economia nacional.
Nas últimas décadas, explicou Francisco, o artesanato passou por transformações notáveis, passando de pequenas instituições a empresas, que produzem materiais e prestam serviços até em grande escala. O uso das tecnologias aumentou o alcance do setor, mas, o importante é que não acabem por substituir a imaginação do homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As máquinas produzem, com velocidade excepcional, mas as pessoas inventam!
Sobre esta Associação, que valoriza o engenho e a criatividade humana, o Papa comparou seu trabalho a três membros do corpo: mãos, olhos e pés. Quanto àsmãos, afirmou:
“O trabalho manual torna o artesão partícipe da obra criadora de Deus. Fazer não é a mesma coisa que produzir, mas coloca em jogo a capacidade criativa, que une a habilidade das mãos, a paixão do coração e as ideias da mente. Suas mãos criam muitas coisas e os tornam colaboradores de Deus. Por isso, agradeçam ao Senhor pelo dom das mãos e pelas suas obras”.
Porém, disse Francisco, nem todos têm esta sorte, devido à ociosidade ou ao desemprego, situações humanas que precisam ser levadas em consideração. Às vezes, as empresas buscam funcionários e se não os encontrar, tentem oferecer emprego às categorias mais frágeis: jovens, mulheres e migrantes. Aqui, o Papa agradeceu a contribuição das empresas que tentam abater os muros da exclusão dos que têm deficiências graves, incapacitados, marginalizados e explorados. É preciso reconhecer sempre a dignidade do trabalhador e da trabalhadora.
A seguir, Francisco explicou a importância dos olhos no trabalho humano:
“O artesão tem uma visão original da realidade. Ele tem a capacidade de reconhecer uma obra-prima mesmo em uma matéria inerte: um bloco de mármore, para o artesão, representa um móvel; um pedaço de madeira, para um artesão, representa um violino, uma cadeira, uma moldura! O artesão é o primeiro a compreender o destino da beleza de um material. Tudo isso leva o homem a se aproximar do Criador”.
Neste sentido, Francisco recordou o Evangelho de Marcos, onde Jesus é definido como “carpinteiro”: o filho de Deus era artesão e aprendeu este ofício com São José, na oficina de Nazaré. Ele viveu vários anos entre os cinzéis e ferramentas de carpintaria, onde aprendeu a dar valor às coisas e ao trabalho. Hoje, os artesãos nos ajudam a ter uma visão diferente da realidade; ajudam a reconhecer o valor e a beleza da matéria que Deus colocou em nossas mãos.
Por fim, o Santo Padre explicou a função dos pés no trabalho do homem:
“O artesanato é um meio para trabalhar, desenvolver a imaginação, melhorar os ambientes, as condições de vida e os relacionamentos. Eis porque, para mim, vocês são artesãos da fraternidade, como a parábola do Bom Samaritano, que nos recorda a arte das boas relações e da partilha. Com nossos pés vamos ao encontro dos que caem no caminho. Com o nosso trabalho, permitimos a eles de caminhar conosco como companheiros de viagem. Quando damos um passo em direção ao nosso irmão, tornamo-nos artesãos de uma nova humanidade”.
Francisco concluiu seu discurso encorajando os presentes a ser artesãos da paz, em um tempo em que as guerras causam vítimas e os pobres não são ouvidos. E os exortou: “Deixem que suas mãos, olhos e pés sejam sinais de uma humanidade criativa e generosa“.
- O Papa: ordem e segurança tendo sempre no coração o bem de todos
O Papa Francisco recebeu em audiência, neste sábado (10/02), os dirigentes e funcionários da Inspetoria de Segurança Pública junto ao Vaticano.
Em seu discurso, Francisco agradeceu-lhes "pelo trabalho fiel e paciente" que realizam com o qual "garantem a todos aqueles que vêm ao Vaticano, da Itália e do exterior, a oportunidade de viver momentos de fé e oração, como peregrinos, ou simplesmente de lazer, como turistas, em uma atmosfera serena de ordem e segurança. Esse é um compromisso delicado, que merece ainda mais apreço porque é realizado diariamente, todos os dias e noites do ano". "Muito obrigado", disse o Papa.
“Também gostaria de agradecer a vocês, juntamente com suas famílias, pela disponibilidade e capacidade de adaptação com que garantem a minha segurança e a de meus colaboradores de trabalho nas viagens e deslocamentos por Roma e outras localidades italianas, muitas vezes assumindo horários e necessidades logísticas inconvenientes e desconfortáveis: obrigado de coração!”
Segundo Francisco, o trabalho de segurança "tem muitas implicações, composto de prevenção paciente, vigilância no terreno, gestão de situações imprevistas, por vezes perigosas, na maioria dos casos abordadas de forma discreta e sem chamar a atenção. Um trabalho que exige coragem, tato, nervos de aço, atenção e compreensão das necessidades e criticidades de quem pede a sua ajuda e também de quem torna sua intervenção necessária devido a comportamentos problemáticos de vários tipos".
São João XXIII disse que a tarefa dos funcionários da Inspetoria de Segurança Pública "é árdua, que exige grandes qualidades morais e, sobretudo, dedicação e sacrifício para a realização do bem comum". Por isso, São João XXIII os definiu como "bons servidores da comunidade humana e artífices da paz na sociedade".
"São palavras cheias de significado que expressam bem tanto as expectativas quanto os ideais aos quais vocês se inspiram", frisou o Papa.
O bem comum e a paz na sociedade não se improvisam e não florescem sempre espontaneamente. As luzes e as sombras de nossa natureza humana, limitada e ferida pelo pecado, implicam a necessidade de que haja aqueles que, diante do mal, não fiquem parados observando, mas assumam a responsabilidade de intervir, proteger as vítimas e reconduzir os transgressores à ordem, tendo sempre no coração o bem de todos.
"Talvez seja por esse compromisso que os 'carros azuis' da Polícia italiana "muitas vezes se tornam um ponto de referência para muitas outras necessidades menos institucionais, mas não menos importantes a nível humano, das quais vocês também cuidam: desde o pedido para obter informações, aos pequenos imprevistos, ou a quem recorre a vocês para expressar um desconforto, ou porque, sentindo-se marginalizado, procura um pouco de compreensão e empatia. Sim, porque as pessoas sabem que "onde há uma farda, pode-se confiar". E isso é muito importante", ressaltou Francisco.
"Portanto, renovo meus agradecimentos a vocês e os abençoo. Abençoo também suas famílias, confiando-os à intercessão de Maria Santíssima e de São Miguel Arcanjo, seu Padroeiro. Rezo por vocês, e vocês, por favor, não se esqueçam de rezar por mim", concluiu.
Fonte: Vatican News