Cultura

O Papa: abençoar as pessoas e não a união, a bênção não exige perfeição moral





Durante o encontro com os participantes da plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé o Santo Padre, dentre outras questões, enfatizou dois pontos sobre a Declaração Fiducia supplicans “mostrar concretamente a proximidade do Senhor e da Igreja” e que “não se abençoa a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram”.

"A missão do Dicastério para a Doutrina da Fé é ajudar o Romano Pontífice e os Bispos no anúncio do Evangelho em todo o mundo, promovendo e tutelando a integridade da doutrina católica sobre a fé e a moral, como a recebe do depósito da fé e resulta de um entendimento cada vez mais profundo do mesmo face às novas questões” foi o que disse o Papa Francisco, citando a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, na manhã desta sexta-feira, 26 de janeiro, para os participantes da plenária do Dicastério para a Doutrina da Fé.

Seção Doutrinal e Seção Disciplinar

Para que o Dicastério pudesse cumprir com a sua missão o Santo Padre recordou as mudanças feitas com o motu próprio Fidem Servare de 2022, com o qual “foram criadas duas Seções distintas dentro do Dicastério: a Seção Doutrinal e a Seção Disciplinar”. O Papa enfatizou “a importância da presença de profissionais competentes na Seção Disciplinar, para garantir a atenção e o rigor na aplicação da legislação canônica vigente, particularmente no tratamento de casos de abuso de menores por parte de clérigos, e para promover iniciativas de formação canônica para Ordinários e profissionais do direito” e que também insistiu “na urgência de dar mais espaço e atenção ao âmbito próprio da Seção Doutrinal, onde não faltam teólogos formados e pessoal qualificado, também para o trabalho no Ofício Matrimonial e nos Arquivos.” Papa Francisco afirmou que o Dicastério “se vê comprometido com a compreensão da fé em face das mudanças que caracterizam nosso tempo.”

Sacramentos, dignidade e fé

O Papa compartilhou com algumas reflexões com os participantes da plenária em torno de três palavras: sacramentos dignidade e fé:

Sacramentos: “nestes dias, vocês refletiram sobre o tema da validade dos Sacramentos. A vida da Igreja é nutrida e cresce graças a eles. Por essa razão, é necessário um cuidado especial dos ministros ao administrá-los e ao revelar aos fiéis os tesouros de graça que eles comunicam. Por meio dos sacramentos, os fiéis se tornam capazes de profecia e testemunho. E o nosso tempo tem uma necessidade particularmente urgente de profetas de vida nova e de testemunhas da caridade: amemos e façamos amar, portanto, a beleza e o poder salvífico dos Sacramentos!”

Dignidade: “como cristãos, não devemos nos cansar de insistir no ‘primado da pessoa humana e a defesa da sua dignidade, independentemente das circunstâncias’. Sei que vocês estāo trabalhando em um documento sobre esse assunto. Espero que ele possa nos ajudar, como Igreja, a estar sempre próximos ‘de todos aqueles que, sem proclamações, na vida concreta de cada dia, lutam e pagam pessoalmente para defender os direitos daqueles que não contam’ e garantir que, ‘perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras’.”

Fé: “(...) não podemos esconder o fato de que, em vastas áreas do planeta, a fé - como disse Bento XVI - "não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negada." É hora, portanto, de refletir novamente e com maior paixão sobre alguns temas: a proclamação e a comunicação da fé no mundo de hoje, especialmente para as gerações mais jovens; a conversão missionária das estruturas eclesiais e dos agentes pastorais; as novas culturas urbanas, com sua carga de desafios, mas também de questões de significado sem precedentes; finalmente e acima de tudo, a centralidade do querigma na vida e na missão da Igreja.”

A fé em Cristo Jesus

Francisco disse que “o que para nós é essencial, mais belo, mais atraente e, ao mesmo tempo mais necessário, é a fé em Cristo Jesus. Todos juntos, se Deus quiser, nós a renovaremos solenemente durante o próximo Jubileu e cada um de nós é chamado a proclamá-la a todos os homens e mulheres da Terra. Essa é a tarefa fundamental da Igreja, à qual dei voz precisamente na Evangelii gaudium.”

Uma ajuda no caminho de fé

Dando continuidade ao seu discurso o Papa fez uma menção a recente Declaração Fiducia supplicans: “a intenção das "bênçãos pastorais e espontâneas" é mostrar concretamente a proximidade do Senhor e da Igreja a todos aqueles que, encontrando-se em diferentes situações, pedem ajuda para continuar - às vezes para começar - um caminho de fé. Gostaria de enfatizar brevemente duas coisas: a primeira é que essas bênçãos, fora de qualquer contexto e forma litúrgica, não exigem perfeição moral para serem recebidas; a segunda é que, quando um casal se aproxima espontaneamente para pedi-la, não se abençoa a união, mas simplesmente as pessoas que juntas a solicitaram. Não a união, mas as pessoas, naturalmente levando em conta o contexto, as sensibilidades, dos lugares onde vocês vivem e as maneiras mais adequadas de fazê-lo.”

Ao concluir o discurso Francisco agradeceu a todos e os incentivou “incentivo a seguir em frente com a ajuda do Senhor.”

 

 

- Papa: sem oração, a ação apostólica da Igreja torna-se mundana

Francisco, ao receber a delegação responsável pela Rede Mundial de Oração do Papa, nesta sexta-feira (26/01), de modo espontâneo agradeceu pelo trabalho da Obra Pontifícia confiada à Companhia de Jesus, e recordou que “qualquer ação, mesmo que seja apostólica, sem oração, é apenas uma questão de negócios”.

“Muito obrigado pela visita. Aprecio muito o vosso trabalho, que é um trabalho eclesial e que nasceu dentro da Companhia de Jesus”. Com estas palavras, de maneira espontânea e em espanhol, Francisco iniciou a audiência com a delegação responsável pela “Rede Mundial de Oração do Papa”, nesta sexta-feira, 26 de janeiro.

O sentido de todo apostolado 

O Pontífice recordou que “no trabalho apostólico de um fiel, de um diácono, de um sacerdote, de uma pessoa consagrada, de um bispo, se bem realizado, sente-se fortemente a necessidade de oração, de intercessão”, e sublinhou:

"A ação por si só, embora apostólica, sem oração, é uma questão de negócios. O que dá sentido ao apostolado é a oração."

Oração, o primeiro dever do cristão 

Francisco então usou como exemplo um episódio bíblico que chama sua atenção, quando Pedro diz aos apóstolos depois que instituíram os diáconos: "e quanto a nós, ou seja, aos bispos, cabe a oração e a proclamação da palavra". 

“O primeiro dever de um bispo é rezar. O primeiro dever de um cristão é rezar. Oração. Caso contrário, corremos o risco de nos tornarmos uma instituição puramente comum, mundana. Ou uma instituição política." 

Ao concluir seu breve discurso, o Papa agradeceu novamente a Obra Pontifícia “pelo que fazem para apoiar a mística da oração na Igreja, entre todos os leigos e também entre as pessoas consagradas ou ordenadas.”

Rede Mundial de Oração do Papa

A Rede Mundial de Oração do Papa é uma Obra Pontifícia confiada à Companhia de Jesus, com um Diretor Mundial nomeado pelo Santo Padre. Tem como missão sensibilizar e mobilizar os cristãos, a partir de uma relação pessoal com Jesus, e todos os homens e mulheres de boa vontade, para os desafios do mundo e da missão da Igreja que o Santo Padre expressa nas suas intenções mensais de oração.

A fundação vaticana que tem como objetivo mobilizar os católicos perante os desafios da humanidade e a missão da Igreja por meio da oração, com intenções confiadas pelo Papa. Fundado como Apostolado da Oração no século XIX por iniciativa dos jesuítas, hoje está presente em 89 países e conta com a adesão de mais de 22 milhões de católicos.

 

- O Papa a católicos e ortodoxos: combater a falta de paz, trabalhar pela comunhão

No dia seguinte ao encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no Hemisfério Norte, Francisco recebeu no Vaticano os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais. Este encontro é uma ocasião para reafirmar a importância de prosseguir no caminho rumo à plena unidade através de três diálogos: o da caridade, o da verdade e o da vida.

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (26/01), na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.

«Que a graça e a paz sejam abundantes para vocês». Com estas palavras da Primeira Carta de São Pedro, o Santo Padre "agradeceu-lhes pela presença e pelo compromisso de caminhar juntos nos caminhos da unidade, que também são caminhos de paz".

"Apoiados pelos santos e mártires que nos acompanham unidos do céu, rezamos e trabalhamos incansavelmente pela comunhão e para combater a falta de paz em muitas partes da Terra, incluindo várias regiões de onde vocês vêm", disse Francisco.

A presença dos jovens alimenta a esperança

“Hoje é para mim uma alegria dupla em recebê-los, pois neste 20° aniversário de sua Comissão vocês quiseram ser acompanhados por uma delegação de jovens sacerdotes e monges das Igrejas Ortodoxas Orientais. Assim, a presença dos jovens alimenta a esperança e a oração orienta o caminho!”

A seguir, o Papa recordou as visitas, ao Vaticano, no ano passado, de Sua Santidade Tawadros, Sua Santidade Baselios Marthoma Mathews III e Sua Santidade Aphrem. Visitas que horaram o Pontífice.

Para Francisco, "essas visitas são preciosas, pois permitem que o 'diálogo da caridade' ande de mãos dadas com o 'diálogo da verdade' que esta Comissão conduz. Desde os primeiros tempos da Igreja, essas visitas, bem como a troca de cartas, delegações e presentes, têm sido sinais e meios de comunhão; essa Comissão observou isso no documento intitulado «O exercício da comunhão na vida da Igreja primitiva e suas repercussões em nossa busca de comunhão hoje»".

"Teologia em ação"

Segundo o Papa, "esses gestos, arraigados no reconhecimento do único Batismo, não são meros atos de cortesia ou diplomacia, mas têm um significado eclesial e podem ser considerados verdadeiros lugares teológicos. Como afirmou São João Paulo II na Encíclica Ut unum sint: «O reconhecimento da fraternidade [...] vai muito além de um simples ato de cortesia ecumênica e constitui uma afirmação básica de eclesiologia»".

“Nesse sentido, estou convencido de que o "diálogo da caridade" não deve ser entendido apenas como uma preparação para o "diálogo da verdade", mas como uma "teologia em ação", capaz de abrir novas perspectivas para o caminho de nossas Igrejas. Num momento em que, graças a Deus, as relações entre nós estão se intensificando, parece-me que é bom reler nosso tecido de relações, desenvolvendo uma "teologia do diálogo na caridade".”

A seguir, o Papa recordou que a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais realizou sua primeira reunião no Cairo em janeiro de 2004. Desde então, tem se reunido quase todos os anos e adotou três importantes documentos de natureza eclesiológica, que refletem a riqueza das tradições cristãs copta, siríaca, armênia, malankara, etíope, eritreia e latina.

Esse "diálogo, que reúne tantas riquezas, foi enriquecido pelo pensamento da unidade na diversidade, como atesta o primeiro documento que vocês redigiram: ele diz que, «arraigada na diversidade dos contextos culturais, sociais e humanos, a Igreja assume diferentes expressões teológicas da mesma fé e diferentes formas de disciplinas eclesiásticas, ritos litúrgicos e patrimônios espirituais em todas as partes do mundo. Essa riqueza mostra de maneira ainda mais esplêndida a catolicidade da única Igreja»".

Outra característica do diálogo da Comissão Mista "é a constante preocupação pastoral, ilustrada pelo último documento sobre «Os Sacramentos na Vida da Igreja». "Nesse sentido, a recente iniciativa de organizar visitas anuais e recíprocas de estudo para jovens sacerdotes e monges merece ser continuada", disse ainda Francisco, recordando que "quatro delegações de jovens sacerdotes e monges ortodoxos orientais já vieram a Roma para conhecer melhor a Igreja Católica, a convite do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e uma delegação de jovens sacerdotes católicos foi a Etchmiadzin, no ano passado, a convite da Igreja Apostólica Armênia". "Envolver os jovens na aproximação de nossas Igrejas é um sinal do Espírito, que rejuvenesce a Igreja na harmonia, inspirando caminhos de comunhão, doando sabedoria às novas gerações e profecia aos idosos. Que esse "diálogo da vida" continue sob o sinal do Espírito! E não nos esqueçamos de que a harmonia é criada pelo Espírito Santo", sublinhou.

“Diálogo da caridade, diálogo da verdade, diálogo da vida: três maneiras inseparáveis de proceder no caminho ecumênico que a sua Comissão promove há vinte anos. Vinte anos: esta é a idade da juventude, a idade em que são feitas escolhas decisivas.”

Que este aniversário seja, portanto, uma oportunidade para louvar a Deus pelo caminho percorrido, recordando com gratidão aqueles que contribuíram para ele com a competência teológica e a oração, e que renove também a convicção de que a plena comunhão entre as nossas Igrejas não é apenas possível, mas urgente e necessária "para que o mundo creia".

Entrega a Maria, Mãe de Deus e nossa

"Como a fase atual de seu diálogo diz respeito à Virgem Maria no ensinamento e na vida da Igreja, proponho que confie seu trabalho a ela, a Santa Mãe de Deus e nossa Mãe", concluiu o Papa.

 

-Francisco envia mensagem à idosa de 107 anos que encontrou na JMJ em Lisboa

A mensagem de vídeo, para a sra. Maria da Conceição Brito Mendonça, nascida no dia das aparições de Fátima, em 13 de maio de 1917, foi gravada pelo cardeal português, dom Américo Manuel Alves Aguiar, bispo de Setúbal, durante a audiência com o Papa na manhã desta sexta-feira, 26 de janeiro.

Na manhã desta sexta-feira, 26 de janeiro, o Papa Francisco recebeu no Vaticano o cardeal português, dom Américo Manuel Alves Aguiar, bispo de Setúbal. Foi um encontro oportuno para relembrar a Jornada Mundial da Juventude que ocorreu no último ano.

Um dos momentos emocionantes que marcou a visita do Santo Padre à capital portuguesa foi um encontro em 4 de agosto de 2023, na Nunciatura Apostólica, onde o Papa recebeu Maria da Conceição Brito Mendonça, nascida no dia das aparições de Fátima, em 13 de maio de 1917.

Durante essa ocasião, Francisco recebeu da idosa um rosário. Hoje, durante o encontro com dom Américo, o Pontífice enviou uma mensagem em vídeo para a Sra. Maria da Conceição, mencionando o presente que recebeu:

"Senhora Maria da Conceição, eu ainda tenho o seu rosário. Aos 107 anos, você está forte e segue em frente, não desanime, continue fazendo os rosários, continue rezando o rosário, continue sustentando a Igreja com a sua oração e com a sua alegria. Que o Senhor a abençoe e que a Virgem Maria cuide de você. E reze por mim, não se esqueça."    

 

Fonte: Vatican News