O Papa recebeu em audiência os membros das “Sentinelas da Sagrada Família”, uma rede de oração mariana fundada dez anos atrás com a vocação de apresentar a Nossa Senhora as intenções da Igreja e do mundo.
O Papa aprecia a simplicidade e a humildade do movimento, afirmando que o que se requer de uma sentinela poderia parecer até mesmo risível: rezar a cada dia uma dezena do Rosário. “É pouco aos olhos dos homens, mas é muito aos olhos de Deus se feito com fidelidade no tempo, com fé e com fervor e em espírito de comunhão entre vocês. Deus ama o que é pequeno e faz de modo que produza fruto.”
O movimento é composto somente por mulheres consagradas à Sagrada Família. Assim, disse Francisco, qualquer que seja seu estado de vida, “com Maria vocês são todas mães”, e apontou três características: o olhar materno para as realidades do mundo, a capacidade de guardar e meditar as coisas no coração e a ternura.
“O nosso mundo, assim como os nossos irmãos e irmãs, tem mais necessidade do que nunca de ternura: uma palavra que talvez alguém gostaria de tirar do dicionário! Como é duro às vezes hoje o mundo, implacável, surdo e indiferente aos sofrimentos e às necessidades do próximo. Maria foi ternura para Jesus, e o é para a Igreja e para o mundo”, assim concluiu o Papa, fazendo votos de que as sentinelas possam encarnar a ternura de Maria para a Igreja e para o mundo.
As sentinelas nasceram na Bélgica e agora estão presentes também na França, Grã-Bretanha, Luxemburgo, Espanha, Líbano, Colômbia, África e Antilhas. Na audiência com o Papa, participou a princesa Sibilla de Luxemburgo.
A cada mês, uma sentinela medita um Mistério da vida de Cristo. No mês seguinte, ela passa para o próximo Mistério. Os Mistérios são distribuídos de acordo com um programa que garante que, juntos, formem vários rosários.
-Francisco: estejam atentos ao autorreferencialismo e à mundanidade
O Papa Francisco recebeu no Vaticano, nesta quinta-feira, 11 de janeiro, uma delegação de membros do Instituto Secular dos Sacerdotes Missionários da Realeza de Cristo, por ocasião das celebrações dos 70 anos de sua fundação. Iniciado por padre Agostino Gemelli em 1953, não se trata de um instituto de religiosos, mas de sacerdotes diocesanos que vivem em diferentes localidades, em obediência ao seu bispo, através da consagração por meio dos votos de pobreza, obediência, castidade e apostolado, vivem a vocação clerical de acordo com o carisma do Instituto.
O Pontífice, em seu discurso entregue aos participantes, enfatiza o valor da secularidade na vida e no ministério sacerdotal. “A secularidade não é sinônimo de laicidade”, define o Papa, “a secularidade é uma dimensão da Igreja, chamada a servir e dar testemunho do Reino de Deus neste mundo. E a consagração vem para radicalizar essa dimensão, que claramente não é a única, mas é complementar àquela escatológica:
“A Igreja, cada pessoa batizada, está no mundo, é para o mundo, mas não é do mundo.”
“Portanto, se a secularidade é uma dimensão da Igreja, tanto os leigos quanto os clérigos são chamados a vivê-la e expressá-la, embora de maneiras diferentes. Cada um a realiza de acordo com sua própria condição na linha do mistério da Encarnação. Ao longo dos últimos decênios, vocês, sacerdotes, fizeram o seu caminho, experimentando essa sua identidade "em campo", enriquecida também pelo confronto com as irmãs e os irmãos missionários da Realeza de Cristo”.
Francisco recorda que o Instituto tem como base fundamental o carisma franciscano, que é o da pequenez, e deste modo, forma-os para o serviço humilde, disponível e fraterno. Segundo o Papa, este é o modelo da realeza de Cristo, “que consiste em servir, em doar generosamente, com solidariedade aos pobres e excluídos. Realeza e pequenez: em Cristo são uma coisa só, e São Francisco é testemunha disso”.
“Gosto de uma expressão usada em vossa oração ao Sagrado Coração de Jesus, que diz: "Sejamos solidários e amigos do povo, apóstolos da simpatia e da verdade, para que o Evangelho se torne o coração do mundo". "Apóstolos da simpatia e da verdade". Uma bela expressão, que vocês repetem todos os dias para confirmar o voto de apostolado, convencidos de que, unidos a Cristo no Espírito Santo, são apóstolos sobretudo com a própria humanidade, com aquelas virtudes humanas que o Concílio Vaticano II descreve: sinceridade, respeito pela justiça, fidelidade à palavra dada, bondade, discrição, firmeza de espírito, ponderação, retidão”, afirma o Santo Padre.
O Papa ainda pede que a fidelidade a esta vocação preserve os sacerdotes de duas tendências hoje muito difundidas: o autorreferencialismo e a mundanidade.
“Nenhum de nós é completamente imune a elas. É preciso que vocês reconheçam isso e reajam com a graça do Senhor. Que Nossa Senhora e São Francisco de Assis os ajudem e os acompanhem do céu”.
Francisco também manifesta a sua alegria com a presença de um sacerdote do Instituto proveniente do continente Africano, em sintonia com a tendência dessa realidade missionária que, nos últimos tempos, vem incluindo novos membros, especialmente sacerdotes da Guiné, Burundi, Ruanda e outros países africanos. O Papa recorda ainda da criação, em Burundi, de um centro de formação que leva o nome de Dom Courtney, o núncio apostólico que foi assassinado ali enquanto trabalhava arduamente pela pacificação nacional, em 28 de dezembro de 2003.
- Francisco confirma a eleição do novo arcebispo da Igreja Siro-Malabar
A arquieparquia de Ernakulam-Angamaly, a maior e mais antiga Igreja siro-malabar da Índia, onde há divisões e protestos por causa de uma disputa sobre a direção em que a missa é celebrada pelos padres, o que também exigiu a intervenção direta do Papa, tem um novo arcebispo: Mar Raphael Thattil, até então bispo de Shamshabad, dos siro-malabares. O sínodo local de bispos, que se reuniu em Mount Saint Thomas, Kakkanad-Kochi (em Kerala), o elegeu e pediu - conforme previsto no Código das Igrejas Orientais - a confirmação do Papa.
Francisco aceitou a decisão e, em uma carta, expressou seus "votos fraternos" ao novo "pai e superior" dessa "amada" Igreja sui iuris, assegurando-lhe que rezasse para que "seguindo o exemplo de seus veneráveis predecessores, possa se esforçar para oferecer um ministério pastoral generoso e frutífero ao rebanho agora confiado aos seus cuidados". Na mensagem, o Papa também pede que "se lembre de modo especial dos pobres e dos mais necessitados" e invoca o Espírito Santo para que "favoreça a unidade, a fidelidade e a missão da Igreja Siro-Malabar", para que "cresça e floresça sob sua orientação paternal".
Ao anunciar a confirmação dessa nomeação, foi declarado que o bispo Bosco Puthur, emérito de São Tomé Apóstolo de Melbourne dos siro-malabares, continua seu trabalho como administrador apostólico ad nutum Sanctae Sedis da Arquieparquia de Ernakulam-Angamaly, até novo comunicado. Puthur foi nomeado pelo Papa em 7 de dezembro passado, no mesmo dia da renúncia do Arcebispo Maior anterior, cardeal George Alencherry. O Papa, em uma carta publicada na ocasião, agradeceu-lhe por seus serviços prestados ao longo dos anos na promoção da fraternidade.
O Santo Padre também enviou, em 7 de dezembro, uma mensagem de vídeo aos fiéis de Ernakulam-Angamaly, pedindo-lhes que ponham fim às divisões, à oposição e até mesmo aos episódios de violência que também afetaram o delegado papal, o jesuíta Dom Cyril Vasil', enviado pelo Papa há dois anos para resolver a disputa na arquieparquia e depois enviado novamente em 12 de dezembro de 2022 para representá-lo em Kerala.
Especificamente, em Ernakulam-Angamaly, vários fiéis rejeitam a celebração de acordo com a forma litúrgica decidida pelo Sínodo Siro-Malabar em 2021. A disputa se concentra na direção em que os sacerdotes celebram a missa durante a consagração, ou seja, se de frente para a comunidade ou, como decidido pelo Sínodo, para o altar. Francisco, na mensagem de vídeo, esclareceu que as verdadeiras razões são outras, e chamou as motivações por trás dessa contenda de "mundanas" que "não têm nada a ver com a celebração da Eucaristia e da Liturgia". Em seguida, o Papa lançou um apelo à unidade e à não adesão àqueles que pressionam pela desobediência de dentro ou de fora da Igreja - incluindo os sacerdotes - e, acima de tudo, para que não se transformem em uma "seita" e, assim, forcem o Santo Padre a chegar a "sanções".
É nesse contexto que chega o novo arcebispo. Thattil, nascido em Trichur em 1956, sacerdote desde 1980, com doutorado em Direito Canônico Oriental pelo Pontifício Instituto Oriental de Roma, ocupou vários cargos ao longo de sua vida nas esferas acadêmica, jurídica e eclesiástica. Eleito bispo auxiliar de Trichur pelo Sínodo dos Bispos em 18 de janeiro de 2010, foi ordenado bispo em 10 de abril de 2010. Em 2013, o Papa Francisco o nomeou Visitador Apostólico para os fiéis da Igreja Siro-Malabar que residem na Índia fora de seu próprio território. Em 10 de outubro de 2017, foi nomeado o primeiro bispo da recém-formada eparquia de Shamshabad. É fluente em malaiala e inglês e conhece os idiomas italiano e alemão.
- Papa: experiência interior de Santa Rosa se propagou como uma luz que ilumina
O Papa recebeu em audiência no Vaticano na manhã desta quinta-feira, 11, uma delegação de 250 membros da Confraria "Facchini ("carregadores") di Santa Rosa" de Viterbo, distante pouco mais de 100 quilômetros de Roma.
Não obstante de fundação relativamente recente, as raízes da Confraria remontam ao ano de 1258, quando o corpo incorrupto de Santa Rosa foi transladado em procissão no dia 4 de setembro da Igreja de Santa Maria in Poggio (hoje chamada "della Crocetta") para o então Mosteiro das Clarissas de São Damião, hoje Santuário de Santa Rosa. E precisamente para recordar a transladação, o Papa Alexandre IV instituiu a Festa de Translação do Corpo de Santa Rosa que se perpetuou no tempo e chegou até nossos dias.
As raízes da sua história - escreveu o Papa no discurso não lido, mas entregue à delegação - remetem-nos aos tempos em que a Santa viveu em Viterbo, onde viveu uma experiência mística que a tornou promotora de devoção e de vitalidade cristã para toda a cidade. Desde muito jovem fez a escolha pela pobreza absoluta e pela dedicação à caridade, e foi uma verdadeira liderança, envolvendo muitos outros com o seu amor a Jesus, a ponto de se tornar uma presença incômoda para as autoridades, que a exilaram juntamente com família dela. Uma “santa agitada”, poderíamos dizer, mas pelo Espírito Santo, tanto que sua experiência interior não pode permanecer escondida, mas se difundiu como a luz de uma lâmpada que ilumina toda a casa.
Precisamos de santos assim, ainda hoje, sublinhou Francisco, "pessoas que não se sentam no sofá de pantufas mas que, ardentes do desejo incontrolável de viver e anunciar o Evangelho, com paixão tornam-se contagiosos na santidade".
O Papa recorda que durante a celebração da festa, os "carregadores" transportam uma "máquina" [Macchina di Santa Rosa] com cerca de 3 metros de altura, pesando 500 quilos, sobre a qual é colocada uma imagem da Santa, explicando:
Trata-se de um sinal espetacular, que catalisa toda a cidade em torno de si e que atrai multidões de peregrinos e visitantes de todo o mundo, a tal ponto que desde 2013 a 'macchina di Santa Rosa' foi reconhecida pela UNESCO como “patrimônio imaterial da humanidade”.
O Santo Padre chamou a atenção dos presentes de que seu serviço vai muito além, porque "ao mostrar a todos com o “Translado” o quão grande é o exemplo de Santa Rosa, por meio dela vocês dão a conhecer o Evangelho de Jesus":
Eis o mais importante: dar a conhecer o Evangelho por meio de Santa Rosa; e fazê-lo juntos, unidos e solidários, vivendo os seus valores com “fé, força e vontade”, “respeito e humildade”, porque, em procissão e na vida, ninguém consegue realizar sozinho tão grande feito, precisamente como dizem os estatutos e como recorda um dos lemas que cantais juntos durante a caminhada: «Semo tutti den sentimento».
Ao concluir, o Papa também agradeceu "pelas numerosas atividades assistenciais, culturais e morais" realizadas pela Confraria, concretizando na vida das pessoas, especialmente das mais necessitadas, aquilo que representam por ocasião da Festa: "Encorajo-vos a manter viva esta tradição e abençoo-vos do fundo do meu coração. E recomendo, não se esqueçam de rezar por mim."
"Oh, Deus, fonte viva de eterna juventude, nós de damos graças pelos dons de luz e de amor que semeastes na vida de Santa Rosa, esplêndida flor da cidade de Viterbo. O encanto puro da idade e o ardor intenso de seu jovem coração são um tesouro precioso, que fascina a todos, pequenos e grandes, e desperta um empenho para aqueles que desejam viver, amar e esperar. Pequena grande Santa Rosa, ao longo da via perfumada de sua vida exemplar queremos caminhar: acompanhe os nossos passos por um itinerário coerente de fé, solidariedade, e paz". (Dom Lorenzo Chiarinelli, ex-bispo de Viterbo, nascido em 16 de março de 1935 em Concerviano e falecido em 3 de agosto de 2020 em Rieti)
Fonte: Vatican News