Tudo o que o cristão faz como membro de Cristo, desta Igreja que é nossa mãe, deve ser missionário, evangelizador e, justamente por isso, deve estar intimamente ligado à realidade humana, às questões profundas do homem, deve ser "profundamente existencial".
Foi o que disse o Papa ao receber em audiência na manhã desta quinta-feira, 4 de janeiro, na Sala Clementina, no Vaticano, mais de 600 membros da Universidade Católica Santo Antônio de Múrcia, na Espanha, por ocasião de seus 25 anos de sua fundação.
Na breve saudação aos presentes, Francisco expressou sua alegria por recebê-los ressaltando este importante aniversário da instituição educacional e o recente falecimento de seu fundador José Luis Mendonza Pérez, que foi recordado por seu bispo como "um irmão, um crente, uma testemunha do amor de Deus, que quis passar fazendo o bem".
Essas são palavras bonitas, disse o Santo Padre, acrescentando que "ninguém é perfeito, mas todos somos capazes de amar, e ser lembrado por isso é o que nos aproxima de Deus e de sua misericórdia", ressaltou, destacando que o padre José Luis quis deixar como legado uma universidade "missionária, evangelizadora e profundamente existencial", nascida do coração da Igreja e "animada pela força do Amor de Deus".
Este é o meu desejo para todos vocês: que continuem a trabalhar a partir do coração da Igreja para levar Jesus Cristo a cada homem que se aproxima de suas salas de aula, de suas vidas, para formar pessoas capazes de aceitar Deus e dar testemunho d’Ele em qualquer esfera, construindo uma sociedade fraterna onde a Igreja seja percebida nas boas ações de seus membros. Obrigado pelo que fazem!
"Que Jesus os abençoe e que a Virgem da Misericórdia os proteja”, concluiu o Pontífice, pedindo aos presentes - como faz habitualmente - que não se esqueçam de rezar por ele.
- O Papa: a fraternidade é o fermento de paz que as periferias precisam
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (04/01), uma delegação francesa de jovens da Fraternité Missionnaire des Cités (Fraternidade Missionária das Cidades) por ocasião de sua peregrinação a Roma.
"Vocês vieram para se recarregar espiritualmente junto aos túmulos de São Pedro e São Paulo, para extrair das fontes vivas da Igreja o amor de Cristo que se doa incessantemente a todos os homens. Que o Espírito Santo, por meio do exemplo e da intercessão desses dois pilares da Igreja, reavive em vocês o zelo generoso e missionário da Igreja primitiva", ressalta o Papa no discurso entregue aos jovens da Fraternité Missionnaire des Cités.
Francisco recorda que "ainda estamos imersos na luz do Natal" e os convida "a contemplar o presépio". "Vemos um lugar simples e pobre, uma periferia, um subúrbio daquela época. Os pastores que vão ao berço são pessoas marginalizadas com má reputação. No entanto, é primeiramente a elas que o Evangelho da salvação é proclamado. São pobres, mas têm o coração disponível. Essa também é a experiência de vocês", frisa o Papa no texto.
"Vocês não precisam ir muito longe, em seu serviço no coração das cidades, para descobrir as periferias existenciais de nossas sociedades, que, na maioria das vezes, estão bem próximas, em seu bairro, na esquina de uma rua, no mesmo patamar. Cabe a vocês levar a mensagem que foi dada aos pastores: «Não tenham medo! Eu anuncio a vocês uma grande alegria para todo o povo». Portanto, não tenham medo de deixar sua segurança para partilhar a vida cotidiana de seus irmãos e irmãs. Entre eles, muitos têm o coração aberto e esperam, sem saber, pelo feliz anúncio", escreve Francisco.
O Papa os convida "a viverem generosamente a fraternidade nos bairros, a abrirem os corações, as mãos e os ouvidos para uma acolhida sincera".
“A fraternidade é o fermento de paz de que as periferias precisam: ela permite que cada um se sinta acolhido assim como é, e onde se encontra.”
Francisco exorta os jovens, em cada um de seus encontros, "a descobrir em seus irmãos a presença do Senhor Jesus e a mostrar a presença de um Deus compassivo, um Deus que quer se expressar e agir por meio de seus gestos, suas palavras, sua simples presença; um Deus paciente que se move no ritmo de cada pessoa, com suas feridas, suas rebeliões, sua raiva". "Sei também como a violência, a indiferença e o ódio podem, às vezes, marcar os bairros: hoje vocês têm a missão corajosa e necessária de levar a proximidade, a compaixão e a ternura de Deus às pessoas que muitas vezes são privadas de dignidade e de amor", conclui.
- Apoiar o desarme da linguagem e dar atenção aos rostos esquecidos, pede o Papa a comunicadores alemães
Por ocasião de seu 75° aniversário, uma delegação da Sociedade dos Publicistas Católicos da Alemanha ("Gesellschaft Katholischer Publizisten Deutschlands") foi recebida na manhã desta quinta-feira, 4, pelo Papa Francisco, que em seu discurso começou recordando que a comunicação ajuda a ser «membros uns dos outros» (Ef 4,25), "chamados a viver em comunhão em uma rede de relações em contínua expansão", o que é essencial na Igreja, "onde a ligação com a universalidade se desenvolve e se harmoniza em modo particular pelo ministério do sucessor de Pedro".
A entidade reúne profissionais católicos da comunicação provenientes de vários setores, quer eclesiais como civis, e trabalha em favor do ecumenismo, do diálogo inter-religioso, a defesa da paz, da liberdade e da dignidade humana. Objetivos estes - frisou o Papa - "mais do que atuais!":
Quantos conflitos hoje, em vez de serem extintos pelo diálogo, são alimentados por notícias falsas ou declarações inflamadas que passam pela mídia! Por isso, é ainda mais importante que vocês, fortalecidos pelas raízes cristãs e pela fé vivida quotidianamente, "desmilitarizados" no coração pelo Evangelho, apoiem o desarmamento da linguagem.
O Santo Padre observa que na sociedade há uma necessidade urgente de "promover tons de paz e compreensão, construir pontes, estar disponíveis à escuta, exercer uma comunicação respeitosa para com os outros e as suas razões", e que também a Igreja necessita de uma comunicação "gentil e ao mesmo tempo profética".
Francisco então fez votos de que o conteúdo da carta por ele escrita em 2019 sobre o caminho sinodal empreendido pela Igreja na Alemanha, seja "mais conhecido, meditado e implementado", pois expressa dois aspectos que considera fundamental para não se perder: a dimensão espiritual e a dimensão universal:
Em primeiro lugar, cuidar da dimensão espiritual, isto é, a adaptação concreta e constante ao Evangelho e não aos modelos do mundo, redescobrindo a conversão pessoal e comunitária por meio dos Sacramentos e da oração, a docilidade ao Espírito Santo e não ao espírito do tempo. E depois a dimensão universal, católica, para não conceber a vida de fé como algo que diz respeito apenas ao próprio contexto cultural e nacional.
Faz bem, deste ponto de vista - disse o Papa - "a participação no processo sinodal universal":
Os comunicadores católicos têm um papel precioso a desempenhar em tais situações: fornecendo informações corretas, podem ajudar a esclarecer mal-entendidos e, sobretudo, evitar que esses surjam, ajudando a compreensão mútua e não as contraposições.
O Pontífice alerta, como já o fez em outras ocasiões, que uma Igreja que se ocupa principalmente de si mesma, "adoece de autorreferencialidade", por isso deve "sair" para levar a mensagem cristã a todos os contextos da vida:
A Igreja é missão, e os comunicadores católicos não podem deixar de envolver-se e permanecer, por assim dizer, "neutros" em relação à mensagem que transmitem. Gosto de lembrar, a este respeito, que a neutralidade dos mass-media é só aparente: só pode constituir um ponto de referimento quem comunica colocando-se a si mesmo em jogo.
Não obstante seja um país próspero e desenvolvido, na Alemanha também existem dificuldades, recordou o Papa, como o fenômeno da pobreza infantil, as famílias que não sabem como pagar as contas e a situação de muitos migrantes e refugiados, acolhidos em grande número. "Ali o Deus do amor espera a boa notícia da nossa caridade":
Espera os cristãos que saemm e vão ao encontro das pessoas marginalizadas. E por isso também são necessários comunicadores que destaquem as histórias e os rostos daqueles a quem poucos ou ninguém presta atenção. Quando vocês comunicarem, portanto, pensem sempre nos rostos das pessoas, especialmente dos pobres e simples, e partam deles, da sua realidade, dos seus dramas e das suas esperanças, mesmo que isso signifique ir contra a corrente e desgastar as solas dos seus sapatos.
Ao concluir, Francisco agradeceu pela presença e pelo trabalho dos comunicadores, pedindo que não esquecessem de rezar por ele.
- O Papa à revista São Francisco: pontes de paz para um mundo em guerra
Pontes! Fazer pontes". O Papa Francisco volta mais uma vez a convidar as pessoas a estenderem a mão em um momento histórico marcado por guerras em várias partes do mundo. Ele fez isso em uma entrevista concedida à revista San Francesco Patrono d'Italia, a revista mensal publicada pelos frades do Sacro Convento de Assis, cuja edição de janeiro está sendo publicada nestes dias. A ocasião foi uma audiência no Vaticano, no último dia 29 de dezembro, com o Ministro geral dos Frades Menores Conventuais, frei Carlos Trovarelli, o Custódio do Sacro Convento, frei Marco Moroni, e o diretor do Serviço de Comunicação do Sacro Convento, frei Giulio Cesareo.
"Desde o fim da Segunda Guerra Mundial até hoje, o mundo não parou de fazer guerras em todos os lugares: vemos bem a Palestina e a Ucrânia porque estão perto de nós", explicou o Pontífice. "Há tanta crueldade, muitas pessoas na prisão por motivos políticos, por isso peço pontes de paz. Essa é a graça que devemos pedir a São Francisco e vocês, franciscanos, devem ajudar a construir essas pontes". Aos frades de hoje, seguidores do “pobrezinho”, o Bispo de Roma pede, em particular, que sejam "apóstolos da reconciliação e do perdão", "que deem testemunho do perdão, da bondade". Isso é o oposto de um provérbio genovês que o Papa cita: "Frae Pigghia o sta in convento, frae Dà o no ghe sta drento" (tradução: Frei Piglia está no convento, Frei Dà não está mais lá dentro).
Um franciscano", explicou o Papa, "deve ser muito acolhedor no sacramento da reconciliação, perdoando tudo. O Senhor não se cansa de perdoar, Francisco tinha um grande coração e também ele não se cansava de dar o perdão". Para o Pontífice, que escolheu levar o nome do santo de Assis, "São Francisco é especial: ele imitou Cristo de uma maneira especial. Todos os santos, todos os cristãos querem imitar o Senhor, mas ele entrou para a história como aquele que quis imitar Jesus Cristo até o fim, com humildade e bondade. Ele é o santo da humildade e da bondade".
O Papa o define como "o santo que põe todos de acordo", "o santo da paciência", "ele tinha tanta paciência com os frades!", comenta. De fato, de acordo com o Papa Francisco, o pobrezinho "não pede nada e se oferece a todos". Pensando no santo de Assis, o Pontífice expressou uma alegria particular pela colocação, este ano, na Praça São Pedro, de um presépio proveniente de Greccio: "foi a sua intuição e, por isso, Francisco é um santo universal, que mostra como imitar Jesus Cristo".
- Nomeações para o Brasil
Nesta quinta-feira (04/01), o Papa Francisco nomeou bispo da Diocese de São João da Boa Vista (SP) o pe. Eugênio Barbosa Martins, ex-superior geral da Congregação do Santíssimo Sacramento.
Pe. Eugênio Barbosa Martins nasceu em 5 de setembro de 1960, em Araguari, Diocese de Uberlândia (MG). Concluiu os estudos de Filosofia na Faculdade São Bento em São Paulo (SP) e de Teologia no Instituto Teológico São Paulo (ITESP), em São Paulo (SP).
Fez a profissão religiosa em 25 de janeiro de 1984 na Congregação do Santíssimo Sacramento (Sacramentinos) e recebeu a ordenação sacerdotal em 24 de janeiro de 1988.
Desempenhou os seguintes cargos: promotor vocacional e formador do Aspirantado e Postulantado em Belo Horizonte (MG) (1988-1996); mestre de noviços em Uberaba (MG) (1999-2002); pároco da Ressurreição em Uberaba (MG) (1997-2002); superior provincial (2002-2010); ecônomo provincial (2010-2011); pároco de Nossa Senhora da Boa Viagem em Belo Horizonte (MG) (2006-2011); presidente da Conferência Latino-Americana dos Sacramentinos e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB seção Belo Horizonte).
De 2011 a 2023 foi Superior Geral da Congregação do Santíssimo Sacramento em Roma.
O Papa nomeou também nesta quinta-feira (04/01), bispo da Diocese de Catanduva (SP), dom José Benedito Cardoso.
Dom José Benedito Cardoso nasceu em 12 de setembro de 1961, em Angatuba, Diocese de Itapetininga (SP). Concluiu os estudos de Filosofia no Seminário São Carlos Borromeu, em Sorocaba, (SP) e os de Teologia no Instituto Teológico São Paulo (ITESP) em São Paulo. Obteve o Mestrado em Direito Canônico pela Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo em São Paulo (SP). Cursou Direito nas Faculdades Integradas de Itapetininga (SP).
Em 23 de novembro de 1986 recebeu a ordenação sacerdotal e foi incardinado na Arquidiocese de Sorocaba. Com a criação da Diocese de Itapetininga em 1998, desmembrada de Sorocaba, foi incardinado na nova circunscrição.
Desempenhou os seguintes cargos: pároco do Bom Jesus em Alambari (SP) e vigário paroquial de Nossa Senhora dos Prazeres em Itapetininga (SP) (1987); chanceler diocesano (1998-2010); reitor do Seminário Diocesano (2004-2006), vigário geral (2012-2019); pároco de São Roque em Itapetininga (1988-2019); membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores; coordenador diocesano de Liturgia; professor de Direito Canônico; vigário judicial e presidente do Tribunal Diocesano; defensor do Vínculo e juiz do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Sorocaba.
Em 23 de janeiro de 2019, foi nomeado Bispo titular de Castel Minore e Auxiliar de São Paulo, recebendo a ordenação episcopal no dia 15 de março seguinte. Até o momento, foi Vigário Episcopal da Região da Lapa da Arquidiocese de São Paulo.
Na Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi Bispo Referente para as Comunidades Eclesiais de Base, para a Comissão de defesa da vida, para a Pastoral da Terra e para os Religiosos.
Dentro da CNBB é membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia.
Fonte: Vatican News