Cultura

O Papa: o cristão deve ser aberto à Palavra de Deus e aos irmãos





Francisco concluiu o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico, pedindo para nos deixarmos "inspirar pela Palavra de Deus, pela vida de algumas testemunhas e pelo Magistério recente para cultivar a paixão pelo anúncio do Evangelho". Segundo o Papa, "também nós, que recebemos o Efatá do Espírito no Batismo, somos chamados a abrir-nos".

O Papa Francisco concluiu o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral, desta quarta-feira (13/12), realizada na Sala Paulo VI.

Durante este período, "nos deixamos inspirar pela Palavra de Deus, pela vida de algumas testemunhas e pelo Magistério recente para cultivar a paixão pelo anúncio do Evangelho", disse Francisco, recordando que o zelo apostólico "diz respeito a todos os cristãos, desde o início". No Batismo, o celebrante diz, tocando os ouvidos e os lábios do batizado: "O Senhor Jesus que fez os surdos ouvir e os mudos falar, te conceda que possas logo ouvir a sua palavra e professar a fé".

Jesus realiza um sinal prodigioso a um homem surdo. O evangelista Marcos descreve onde isso aconteceu: "No mar da Galileia. "O que esses territórios têm em comum?", perguntou o Papa. "O fato de serem predominantemente habitados por pagãos", respondeu. "Jesus é capaz de abrir os ouvidos e a boca, ou seja, o fenômeno do mutismo e da surdez na Bíblia é também metafórico e designa o fechamento aos apelos de Deus", disse ainda Francisco, ressaltando que "há uma surdez física, mas na Bíblia quem é surdo para a Palavra de Deus é mudo, pois não comunica a Palavra de Deus".

Somos chamados a abrir-nos

Outro sinal é indicativo: o Evangelho relata a palavra decisiva de Jesus em aramaico: Efatá significa “abre-te” que se abram os ouvidos e que se abra a língua. É um convite dirigido não tanto ao surdo-mudo, que não podia ouvi-lo, mas aos discípulos de então e de todos os tempos.

Também nós, que recebemos o Efatá do Espírito no Batismo, somos chamados a abrir-nos. “Abre-te”, diz Jesus a cada fiel e à sua Igreja: abre-te porque a mensagem do Evangelho precisa de ser testemunhada e anunciada! E isso faz pensar no comportamento do cristão. O cristão deve ser aberto à Palavra de Deus e ao serviço dos outros. Os cristãos fechados terminam sempre mal, pois não são cristãos, mas ideólogos, ideólogos do fechamento. O cristão deve ser aberto no anúncio da palavra e no acolhimento dos irmãos e irmãos.

Testemunhar e anunciar Jesus

Segundo o Papa, "este Efatá, abrir-se, é um convite a todos nós. No final dos Evangelhos, Jesus nos dá esse seu desejo missionário. Ir além, ir apascentar e pregar o Evangelho".

Irmãos e irmãs, sintamo-nos todos chamados, como batizados, a testemunhar e anunciar Jesus. Peçamos a graça, como Igreja, de poder realizar uma conversão pastoral e missionária. O Senhor, às margens do mar da Galileia, perguntou a Pedro se ele o amava e depois pediu-lhe que apascentasse as suas ovelhas.

Francisco convidou cada um a se perguntar: "Amo realmente o Senhor, a ponto de querer anunciá-lo? Quero ser sua testemunha ou contento-me em ser seu discípulo? Levo a sério as pessoas que encontro, levo-as até Jesus na oração? Desejo fazer algo para que a alegria do Evangelho, que transformou a minha vida, torne a deles mais bonita também?" "Pensemos nessas perguntas e sigamos adiante em nosso testemunho", concluiu.

 

-Apelo do Papa: Gaza no limite, não às armas e sim à paz

Após a Audiência Geral desta manhã, Francisco renovou seu apelo pelo fim do conflito em Israel e na Palestina e pediu "por um cessar-fogo humanitário imediato". O Papa incentivou as partes envolvidas a retomarem as negociações, e encorajou a um comprometimento urgente para fornecer ajuda humanitária à população de Gaza, "que está no limite".

"Renovo meu apelo por um cessar-fogo humanitário imediato e incentivo todas as partes envolvidas a retomarem as negociações, e peço a todos que se comprometam urgentemente a levar ajuda humanitária à população de Gaza, que está no limite. Há muito sofrimento ali! Que todos os reféns que viram esperança na trégua de alguns dias atrás sejam libertados: que esse grande sofrimento para israelenses e palestinos chegue ao fim. Por favor, não às armas, sim à paz". 

Foi esse o apelo do Papa no final da Audiência Geral desta quarta-feira, 13 de dezembro, ao recordar que continua acompanhando "com grande preocupação e dor” o conflito entre israelenses e palestinos. Francisco também exortou para que não se esqueça de "pedir o dom da paz para as populações que estão sofrendo por causa da guerra, especialmente para Israel, a Palestina e a martirizada Ucrânia".

Memória litúrgica de Santa Luzia, celebrar a amizade e o testemunho cristão

Recordando que hoje a liturgia comemora Santa Luzia, virgem e mártir, Francisco destacou que "em algumas regiões da Itália e da Europa é costume trocar presentes nesta ocasião por causa da proximidade do Natal" e convidou todos "a dividir o dom da amizade e do testemunho cristão". 

Ao dirigir-se aos fiéis de língua portuguesa, o Papa encorajou os lusófonos a continuar a dar, com fé, o testemunho cristão na sociedade. "Deixai-vos guiar pelo Espírito Santo, para crescerdes repletos dos seus frutos. De bom grado abençoo a vós e aos vossos entes queridos", afirmou Francisco.

 

- Papa: a saúde melhorou, não penso em renunciar e gostaria de ir para a Bélgica

Francisco em conversa com a jornalista Valentina Alazraki para a emissora mexicana N+ no dia em que o México celebra Nossa Senhora de Guadalupe. O Pontífice revela que quer ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior: "O lugar está pronto, minha devoção é grande". E relembra seu vínculo "estreito" com Bento XVI: " Era uma pessoa humilde, uma grande pessoa. Eu o admiro".

Mais do que uma decisão ou uma revolução, é uma promessa que o Papa fez à Virgem Maria: "Quero ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maior. O lugar já está pronto". Francisco, que completará 87 anos no próximo dia 17 de dezembro, revela sua intenção à emissora mexicana N+, e explica que está trabalhando para simplificar o rito dos funerais dos pontífices, e esclarece que, embora haja pensamentos sobre a morte devido também à idade avançada que "chega tal como é", a ideia de renunciar não está nos planos. Pelo contrário, Jorge Mario Bergoglio revela o desejo de viajar à Bélgica em 2024, além de viagens "pendentes" à Polinésia e à sua terra natal, a Argentina.

Santa Maria Maior, local do futuro sepultamento

A entrevista foi conduzida pela renomada correspondente Valentina Alazraki, uma veterana de todos os vaticanistas, no dia em que o México celebra sua "mãe", Nossa Senhora de Guadalupe. A "Morenita" está de fato presente em toda a entrevista, durante a qual o Papa reitera a "grande devoção" a Nossa Senhora. Daí a escolha de Santa Maria Maior como local de seu futuro sepultamento, o que, por um lado, marca uma novidade histórica em relação aos Pontífices do passado, todos sepultados nas Grutas Vaticanas (o último foi Bento XVI, falecido em 31 de dezembro de 2022); por outro lado, reforça o vínculo com a Basílica liberiana, visitada 115 vezes desde o dia seguinte à sua eleição, 14 de março de 2013, antes e depois de cada viagem internacional, até o último dia 8 de dezembro, quando foi homenagear com uma "Rosa de Ouro" a Salus Populi Romani, o ícone mariano que a tradição diz ter sido pintado por São Lucas e que vela pelos habitantes da cidade. "É minha grande devoção. Minha grande devoção. E antes de ser Papa, quando estava em Roma, eu sempre ia lá nas manhãs de domingo, ficava lá por um tempo. Há um vínculo muito grande", diz Francisco.

A relação com Bento XVI

Em seguida, explica que, "com o mestre de cerimônias", preparou o rito do funeral do Papa: "Simplificamos muito". O último funeral foi o de Bento XVI, em 5 de janeiro, na Praça de São Pedro. Foi justamente sobre o relacionamento com seu predecessor, por dez anos Papa Emérito, que Francisco falou na entrevista, poucos dias antes do primeiro aniversário de sua morte. "Meu relacionamento com o Papa Bento XVI era muito próximo. Às vezes eu o consultava. Ele, com grande sabedoria, me dava sua opinião, mas dizia "decida você", deixava nas minhas mãos. E sempre me ajudava. Muito generoso neste aspecto". Francisco descreve como uma "graça" ter sido capaz de "se despedir" de seu antecessor, depois de ter sido informado por um enfermeiro que estava mal e de ter pedido orações por ele durante a última audiência geral em 2022. "Fui vê-lo", conta Francisco, "ele estava lúcido, mas não conseguia mais falar e segurou minha mão, assim. Foi muito bonita aquela despedida. Foi muito bonita. E depois de três dias ele morreu. Bento era um grande homem, um homem humilde e simples que, quando percebeu suas limitações, teve a coragem de dizer chega. Eu admiro esse homem".

O Papa diz que na verdade não "notou" que Bento se foi, no sentido de que sua partida também foi um pouco como os últimos anos de sua vida no Mosteiro Mater Ecclesiae: discreta, silenciosa, natural. "Eu não me dei conta. Às vezes vou rezar nos túmulos dos papas e passo pelo dele. Mas não percebi que ele partiu, como nas vezes em que me aconselhava, eu não percebia que havia outra pessoa me aconselhando. Ele tinha aquela sabedoria de fazer as coisas com liberdade. É a mesma coisa de antes. Eu o tinha perto anteriormente e agora o tenho longe, mas com uma naturalidade muito grande".

“Ainda não estou pensando em renunciar”

Como em outras ocasiões, o Papa afirma não descartar a possibilidade de um dia seguir os passos de Bento, no entanto, este não é o momento. Há um ano, em outra entrevista à ABC, Francisco revelou que, no início de seu pontificado, havia entregue - como é de praxe - uma carta de renúncia em caso de impedimento médico ao então Cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. Essa carta permanece onde está: "Não pensei a respeito e vi a coragem de Bento quando percebeu que não conseguia, preferiu dizer basta, e isso é bom para mim como exemplo e peço ao Senhor que, em um determinado momento, eu possa dizer basta, mas quando Ele quiser".

Velhice e condições de saúde

Ao ser questionado se é verdade, como afirmam alguns críticos, que após a morte de seu antecessor, o Papa se tornou "mais severo" e, ao mesmo tempo, os seus detratores "mais virulentos, mais ferozes", Francisco responde com uma piada: "Não, algumas pessoas precisam de receber um...". E faz a comparação com os pais em seu relacionamento com os filhos: "Às vezes é necessário um sermão, mas as pessoas são muito boas aqui. Eu sou complicado e às vezes um pouco impaciente e eles me aturam.... As pessoas na Cúria são muito boas". "Mas agora é menos rigoroso com eles", observa Alazraki. "É que até os avós melhoram, isso faz parte do envelhecimento da vida."

A propósito da "velhice", o Papa - recentemente acometido por uma bronquite, operado duas vezes nos últimos dois anos no Hospital Gemelli - admite a fragilidade de sua saúde, mas reafirma seu estado. "Sinto-me bem, sinto-me melhor", declara, mas "preciso que rezem pela minha saúde", porque "a velhice não vem por si mesma", "não se inventa, apresenta-se tal como é". Por outro lado, "é preciso saber como aceitar os dons da velhice" e "que também se pode fazer isso muito bem a partir de outra perspectiva". "Às vezes", revela o Papa, "me dizem que sou imprudente porque tenho vontade de fazer coisas e me movimentar". Este é um sinal de que "estou muito bem".

Próximas viagens

A bronquite forçou o cancelamento da viagem a Dubai no início de dezembro para o Cop28. "É verdade", admite o Papa Francisco, "que todas as viagens agora são repensadas. As mais distantes estão sendo repensadas. São os limites, não é? O limite que faz perceber que tudo aqui acaba e outra coisa começa. A velhice faz você amadurecer muito, é bonito".

As viagens estão sendo reconsideradas, mas o desejo continua o de realizar três no próximo ano: Bélgica, Polinésia e Argentina. A primeira na Bélgica é " certa", diz Francisco, convidado pelo Rei Philippe e pela Rainha Mathilde na audiência de 14 de setembro. As outras duas estão "pendentes": "Veremos como as coisas vão se desenvolver". É a primeira vez que o Papa fala publicamente sobre a Polinésia, enquanto já havia mencionado a ideia de retornar à sua terra natal em quase todas as entrevistas que concedeu no ano passado. O recém-eleito presidente Javier Milei também o convidou por meio de uma conversa telefônica após sua vitória eleitoral. Em resposta a uma pergunta a respeito das expressões sobre o Papa usadas pelo próprio presidente no passado, Francisco disse: 'Na campanha eleitoral, as coisas são ditas em tom de brincadeira, eu digo entre aspas: são ditas de maneira séria, mas são coisas provisórias, coisas que servem para chamar um pouco de atenção, mas que depois desaparecem por si mesmas. É preciso distinguir muito entre o que um político diz na campanha eleitoral e o que ele realmente faz depois, porque é depois que chega o momento da concretização e das decisões".

- Papa Francisco: organização criminosa e Evangelho são irreconciliáveis

O Pontífice enviou uma mensagem dirigida aos participantes da conferência organizada na Universidade Lumsa, em Roma, para recordar o 30º aniversário da morte e o 10º aniversário da beatificação de padre Pino Puglisi, assassinado pela máfia em Palermo, sul da Itália, em 1993. Seu testemunho, lembra, "deu frutos e nos proporcionou muitas obras de bem e de paz". Por fim, a oração do Santo Padre pelo povo da Ucrânia, de Israel e da Palestina

"A total irreconciliabilidade entre toda e qualquer organização criminosa, máfia, camorra ou 'ndrangheta e o Evangelho" foi reiterada pelo Papa Francisco em uma mensagem dirigida ao reitor da Universidade Lumsa, em Roma, Francesco Bonini, e aos palestrantes da conferência "a voz do sangue", organizada na terça-feira, 12 de dezembro, em Roma, para recordar o trigésimo aniversário do martírio de padre Pino Puglisi, que foi assassinado pela máfia em Palermo, na Sicília, sul da Itália, em 15 de setembro de 1993, em frente à sua casa, e o décimo aniversário de sua beatificação. A iniciativa, promovida pela Universidade Lumsa em conjunto com a Fundação vaticana cardeal Salvatore De Giorgi, demonstra, escreve o Papa, o quanto é caro ao coração o testemunho de tantos sacerdotes que, como o padre Puglisi, "todos os dias, sem alardes, sem buscar os holofotes, lutam contra o crime apenas com uma vida aderente aos ensinamentos do Evangelho".

Uma testemunha misericordiosa do amor do Pai

"Um bom sacerdote, uma testemunha misericordiosa do amor do Pai, no bairro Brancaccio, em Palermo, onde era pároco", o padre Puglisi "queria tirar seu povo, sobretudo os jovens, das garras da máfia". Por isso, desde a forte advertência contra a máfia pronunciada por São João Paulo II no Vale dos Templos de Agrigento, em 9 de maio de 1993, "a Igreja jamais se cansará de reiterar com força", enfatiza Francisco, recordando a homilia pronunciada na esplanada de Sibari, em 21 de junho de 2014, que "aqueles que em suas vidas seguem esse caminho do mal, como os mafiosos, não estão em comunhão com Deus: estão excomungados!"

O convite para orar pelos povos sem paz

O testemunho, o martírio e o sangue derramado pelo padre Puglisi, conclui o Papa, "se tornaram verdadeiramente uma semente que, nos trinta anos que se seguiram à sua morte, deu frutos e nos proporcionou muitas obras de bem e de paz". Essa paz, acrescenta, "que falta a tantos irmãos e irmãs que trazemos no coração, como as populações da Ucrânia, de Israel e da Palestina", pela qual o Pontífice nos convida a jamais nos cansarmos de rezar.

 

- Francisco: trabalho é dignidade e esperança, emprego precário desumaniza

Na mensagem que o Papa Francisco dirige aos participantes do “LaborDì”, dia de formação e informação sobre o trabalho promovida em Roma pelas ACLI, o drama da falta de emprego e os riscos do trabalho precário e desumanizante. Daí o convite a um compromisso comum para projetar o futuro para além das contraposições: é necessário "compreender a riqueza dos jovens e dos seus sonhos".

"LaborDì: um canteiro de obras para gerar trabalho" é uma iniciativa promovida pelas ACLI de Roma (Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos) em sua segunda edição este ano. O evento se realiza nesta quarta-feira, 13 de dezembro, envolvendo cerca de 1.200 estudantes de 20 escolas e 45 organizações e empresas no Auditório da Técnica da capital. O objetivo do dia é colocar os jovens em contato com o mundo empresarial, fornecer informação e formação através de 80 oficinas e centenas de entrevistas. O evento "LaborDì" conta com o patrocínio da Diocese de Roma, Roma Capital, Cidade Metropolitana de Roma Capital, Região do Lácio, Câmara de Comércio de Roma, Unindustria e Manager Itália.​

O trabalho entre sensação de vazio e corrida febril

O trabalho é um tema muito querido ao Papa Francisco. Na mensagem dirigida aos participantes, ele tenta imaginar os sentimentos vividos hoje pelos jovens diante do mundo do trabalho e utiliza a imagem do canteiro de obras para destacar dois dos seus aspectos contrastantes: "A sensação de vazio" e a "correria febril". O primeiro aspecto faz pensar na ausência de trabalho, uma ferida na dignidade das pessoas que as priva de planeamento, mas também exprime o "equilíbrio precário" a que muitos estão condenados pela falta de um trabalho "suficientemente estável". O Papa sublinha:

Diante dessa sensação de vazio, muitos, desorientados e desmotivados, desistem e vão para outro lugar, mas isso, além de causar amargura, constitui uma derrota, porque recursos não faltam e devem ser utilizados para realizar sonhos concretos, como o de um trabalho estável e duradouro, de uma família a formar, de um tempo para dedicar gratuitamente aos outros no voluntariado.

Vencer a precariedade e a insegurança

Francisco pensa em particular nos jovens que veem os anos passarem com a sensação de nunca alcançar a meta desejada.

Contratos a prazo, trabalhos de breve duração que impedem de planejar a vida, baixos rendimentos e baixa proteção parecem as paredes de um labirinto do qual não se consegue encontrar saída. Queridos jovens, é necessário como o pão alguém que os pegue pela mão e os ajude a vencer esta precariedade e este sentimento de vazio, tirando-os da areia movediça da insegurança.

Cuidado com a mercantilização do trabalho

O segundo aspecto sugerido pela imagem do canteiro de obras é a "correria febril" que costuma estar presente onde uma obra é realizada. A correria febril retrata o imperativo da produtividade e as demandas cada vez mais exigentes que caracterizam grande parte do trabalho atual, um "trabalho esmagador". O Papa o descreve assim:

Pressão constante, ritmos forçados, estresse que provoca ansiedade, espaço relacional cada vez mais sacrificado em nome do lucro a todo custo. É o trabalho "mercantilizado", que cresce em nosso contexto, dominado por um mercado que se torna cada vez mais acelerado e complexo para ser competitivo. (...) um trabalho desumanizado, em que as tecnologias modernas, como a inteligência artificial e a robótica, ameaçam substituir a presença do homem.

O trabalho produz confiança e esperança

Além disso, o Papa não esquece a "questão escandalosa e preocupante da falta de segurança no trabalho" que ainda causa muitas vítimas. Apesar de tudo isto, Francisco exorta os participantes da iniciativa ACLI a "não perderem a esperança", sublinhando que o próprio trabalho, o sentir-se útil aos outros, produz esperança.

A esperança, de fato, não é um otimismo que depende das circunstâncias, mas uma confiança que se gera através da construção comprometida e participativa do bem comum. O trabalho, portanto, é protagonista da esperança, é a principal forma de nos sentirmos ativos no bem como servidores da comunidade, porque cuidar dos outros é a melhor maneira de não nos preocuparmos com coisas inúteis.

Superar as oposições para planejar o futuro juntos

O Papa Francisco sublinha o valor da generatividade que "LaborDì" contém em si, o trabalho deve de fato gerar vida e, por fim, o desejo do projeto de criar "ligações duradouras" entre aqueles que procuram trabalho e aqueles que podem ajudar os jovens a aproveitar as oportunidades do seu território e a adquirir as ferramentas necessárias. A mensagem termina com o convite a um compromisso comum, o único capaz de abordar as grandes questões da natalidade, da crise ambiental e do trabalho na Itália:

De fato, "LaborDì" envolve a Igreja, o mundo da educação, as instituições, o terceiro setor, os sindicatos, as associações, os empresários e as empresas, que precisam compreender a riqueza dos jovens e dos seus sonhos. Como é importante pensar e planejar o trabalho juntos, sem oposições ideológicas e isolamentos estéreis: não à lógica da torcida, mas a da colaboração dará frutos.

 

Fonte: Vatican News