O Papa Francisco celebrou a missa, na Basílica de São Pedro, na tarde desta terça-feira (12/12), por ocasião da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina.
A primeira coisa que "nos vem à mente é a imagem da Virgem impressa na tilma". "É a imagem da primeira discípula, da mãe dos fiéis, da própria Igreja, que fica impressa na humildade daquilo que somos e temos, que não vale muito, mas que será algo grande aos olhos de Deus e está impresso na tilma", disse o Papa em sua homilia.
Segundo Francisco, "a Virgem pede a Juan Diego que faça um pequeno trabalho, colha algumas flores", frisou o Papa, acrescentando:
As flores, no misticismo, significam as virtudes que o Senhor infunde no coração, não são obra nossa. O ato de colhê-las nos revela que Deus quer que aceitemos esse dom, que perfumemos nossa frágil realidade com obras de bem, eliminando o ódio e o medo.
As palavras da Virgem de Guadalupe: "Não estou eu aqui, que sou sua mãe?", adquirem um novo sentido. De acordo com o Papa, "esse "estar" da Virgem deve ficar permanentemente impresso nessas pobres roupas, perfumadas por virtudes recolhidas num mundo que parece incapaz de produzi-las. Virtudes que preenchem a nossa pobreza na simplicidade dos pequenos gestos de amor, que iluminam a nossa tilma, sem nos darmos conta, com a imagem de uma Igreja que carrega Cristo no seu seio".
A imagem, a tilma, as rosas, esta é a mensagem, por mais simples que seja, além da certeza de que Ela é minha mãe, que está aqui e essa mensagem nos defende de tantas ideologias sociais e políticas com que tantas vezes se usam esta realidade guadalupeana para fundamentar-se, justificar-se e ganhar dinheiro. A mensagem de Guadalupe não tolera ideologias de nenhum tipo. Somente a imagem, a tilma, as rosas.
- Carta do Papa às pessoas que trabalham na SPE: "foram feitos muitos progressos"
"Somos todos responsáveis pela preservação do patrimônio para garantir os recursos necessários para continuar o caminho também para aqueles que virão depois de nós". Assim escreveu o Papa na carta enviada nos últimos dias às pessoas que trabalham na Secretaria para a Economia, agora publicada no site do dicastério.
Francisco havia anunciado isso durante a audiência com os funcionários da SPE na segunda-feira, 13 de novembro. "Olhando para trás e observando a situação atual", escreveu o Papa, "não posso deixar de ver os muitos avanços que foram feitos. Por isso, agradeço a vocês, pois realizam um serviço delicado e complexo. Muito apreço foi recebido pelo trabalho realizado para dotar a Santa Sé com os instrumentos para garantir que seu patrimônio seja destinado à missão, evitando os riscos de cair nos erros do passado que todos nós conhecemos". Francisco citou o cardeal George Pell, o primeiro prefeito da SPE, e seu sucessor, o padre Juan Antonio Guerrero.
"O que foi feito", diz a carta, "não deve nos fazer pensar que o caminho da reforma econômica terminou. Pelo contrário, ele apenas começou" e a Secretaria para a Economia "foi chamada a promover, em seu próprio âmbito, um movimento de constante mudança para melhor". Reforma, explica o Papa, "não significa mudança para mostrar que necessariamente fazemos as coisas de modo diferente do passado. A mudança é uma renovação que é funcional e proporcional às necessidades. Portanto, em alguns casos é radical, em outros casos é uma adaptação do que já é bom: e os efeitos dessas mudanças devem ser monitorados porque podem ser feitas escolhas que depois precisam ser corrigidas".
Francis convida a equipe da SPE a imaginar o serviço a ser prestado pensando "no papel de um pai em relação a um filho.... E é um trabalho delicado, porque até mesmo as melhores intenções de um pai podem se traduzir em um comportamento que deve ser evitado: ser autoritário em vez de inspirar confiança; temido em vez de respeitado e reconhecido; exercer o poder em vez de tomar decisões, sentindo a responsabilidade de proteger o bem comum; preservar o dinheiro sem um fim em vez de usá-lo para que a missão possa crescer e florescer, esquecendo que a Igreja é pobre porque tudo o que possui não é para si mesma, mas para usá-lo onde for necessário de maneira desinteressada".
O Papa explica que "a lealdade à missão e a prudência são as virtudes que devem acompanhá-los em seu trabalho, na gestão de cada questão, pois as muitas responsabilidades que lhes são confiadas os expõem ao risco de pequenos e grandes erros que devem ser evitados. Um dos grandes erros é um hábito: a primazia do formal sobre o real. Vocês devem ter a capacidade de ouvir e serem ouvidos, de colocarem-se à disposição daqueles que recorrem a vocês, por suas experiências, profissionalismo e a técnica econômica e jurídica para implementar as iniciativas de que compõem a missão. O esforço constante deve ser o de apoiar essas iniciativas, tendo o cuidado de reconduzi-las, não à regra e à técnica como fins em si mesmas, não à vontade arbitrária dos responsáveis por decidir ou autorizar, mas ao bem comum".
"Mas é preciso também ter sempre", acrescenta Francisco, "a lealdade de dizer não quando o que lhe é representado ou o que vocês encontram nos controles trai a missão, quando o interesse individual de alguns prevalece sobre o coletivo, quando as regras são violadas ou artificialmente contornadas para perseguir fins estranhos aos da Santa Sé e da Igreja... Lealdade significa nunca se tornar cúmplice, mesmo que seja apenas fingindo não ver, mesmo que seja apenas por não querer decepcionar as amizades que, em uma comunidade de trabalho como a Santa Sé, são estabelecidas e é bom que sejam estabelecidas".
Portanto, é "uma questão de trabalhar com a coragem de fazer escolhas responsáveis que também não populares". A Santa Sé, reconhece o Pontífice, "todos os anos tem um déficit significativo. De fato, toda a organização é para a missão e as fontes de financiamento são limitadas. Mas sabemos que, se houver um déficit, isso significa que uma parte do patrimônio é corroída e isso compromete o futuro. Essa é a razão pela qual é necessária uma reviravolta. Essa consciência deve ser adquirida em todos os níveis de nossa comunidade: todos somos responsáveis pela preservação do patrimônio para garantir os recursos necessários para continuar o caminho também para aqueles que virão depois de nós". Isso "exige que nos libertemos da rigidez e nos coloquemos à disposição, com sinceridade, para a atualização. Com honestidade e prudência, isso pode ser alcançado".
"Devemos cuidar do patrimônio", conclui Francisco, "quando estivermos em condições de poupá-los, e também devemos investi-los com cuidado, de maneira ética, para que os frutos da administração sejam divididos igualmente e todos tenham o que realmente precisam. Os investimentos não devem ter nem o objetivo de especulação nem o de acumulação. Os orçamentos e as verbas não devem ser um exercício contábil estéril, mas devem representar o esforço de acompanhar a missão de todos, distribuindo os recursos de acordo com as necessidades reais, até mesmo, às vezes, pedindo que alguém dê um passo atrás ou compartilhe as entradas com os outros".
- Onde conservar as cinzas dos defuntos? Duas respostas do Dicastério para a Doutrina da Fé
Será possível predispor um lugar sagrado "para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos", ou seja, um cinerário comunitário onde as cinzas individualmente consideradas são depositadas. É o que afirma o Dicastério para a Doutrina da Fé em resposta a duas perguntas do arcebispo de Bolonha, norte da Itália, Matteo Zuppi, sobre o tema da cremação dos fiéis defuntos. A segunda resposta afirma que a autoridade eclesiástica também pode considerar e avaliar o pedido dos membros da família para manter uma "parte mínima" das cinzas de uma pessoa falecida em um local significativo para a história da pessoa que morreu.
O cardeal Zuppi, diante do "aumento da escolha de cremar o falecido" e de dispersar as cinzas na natureza, também para "não deixar que prevaleçam as razões econômicas, sugeridas pelo menor custo da dispersão, e dar indicações para o destino das cinzas, uma vez expirado o prazo para a sua preservação", desejando "corresponder não só ao pedido dos familiares, mas sobretudo à proclamação cristã da ressurreição dos corpos e do respeito devido a eles", apresentou estas questões. A primeira: "Levando em conta a proibição canônica de espalhar as cinzas de uma pessoa falecida - semelhante ao que acontece nos ossuários - é possível predispor um local sagrado definido e permanente para a acumulação e preservação comunitária das cinzas de pessoas batizadas falecidas, indicando para cada uma delas os dedos pessoais?". E a segunda: "Pode-se permitir que uma família guarde parte das cinzas de um familiar em um lugar significativo para a história do falecido?"
O Dicastério, em um texto assinado pelo cardeal prefeito Victor Fernandez e aprovado pelo Papa em 9 de dezembro, responde afirmativamente. Em primeiro lugar, lembra que, de acordo com a Instrução Ad resurgendum cum Christo 2016 (nº 5), "as cinzas devem ser mantidas em um lugar sagrado (cemitério), e também em uma área especificamente dedicada a esse fim, desde que tenha sido designada para esse fim pela autoridade eclesiástica". As razões para essa escolha são citadas, a saber, a necessidade de "reduzir o risco de remover o falecido da memória e das orações dos parentes e da comunidade cristã" e evitar "o esquecimento e a falta de respeito", bem como "práticas inconvenientes ou supersticiosas".
Em seguida, é lembrado: "Nossa fé nos diz que seremos ressuscitados com a mesma identidade corporal que é material", embora "essa matéria será transfigurada, liberada das limitações deste mundo. Nesse sentido, a ressurreição será nesta carne em que vivemos agora". Mas essa transformação "não implica a recuperação das partículas idênticas de matéria que formavam o corpo". Portanto, o corpo ressuscitado "não consistirá necessariamente dos mesmos elementos que tinha antes de morrer. Não se tratando de uma simples revivificação do cadáver, a ressurreição pode ocorrer mesmo que o corpo tenha sido totalmente destruído ou disperso. Isso nos ajuda a entender por que em muitos cemitérios as cinzas dos falecidos são mantidas todas juntas, sem mantê-las em lugares separados".
Em seguida, o Dicastério ressalta que "as cinzas do falecido procedem de restos materiais que fizeram parte do percurso histórico vivido pela pessoa, a ponto de a Igreja ter um cuidado e uma devoção especiais pelas relíquias dos Santos. Esse cuidado e essa memória também nos levam a uma atitude de respeito sagrado" em relação às cinzas, que "guardamos em um lugar sagrado e adequado para a oração".
Portanto, o Dicastério responde a Zuppi que "é possível predispor de um lugar sagrado, definido e permanente, para a acumulação e conservação comunitária das cinzas dos batizados falecidos, indicando para cada um os dados pessoais para não dispersar a memória nominal". A Igreja, por conseguinte, admite a possibilidade de depositar as cinzas em um lugar comum, como acontece com os ossuários, mas preservando a memória nominal de cada um dos falecidos individualmente. Por fim, afirma-se que, excluindo todo e "qualquer tipo de equívoco panteísta, naturalista ou niilista", em conformidade com as normas civis, se as cinzas do falecido forem mantidas em um local sagrado, a autoridade eclesiástica "pode considerar e avaliar um pedido de uma família para preservar devidamente uma parte mínima das cinzas de seu parente em um local significativo" para sua história.
Em resposta a uma pergunta da mídia vaticana, o Dicastério explicou que a intervenção e a avaliação da autoridade eclesiástica não são apenas canônicas, mas também de natureza pastoral, para ajudar a família a discernir quais escolhas fazer, levando em conta todos os fatores.
Considerando que algumas legislações não permitem que as cinzas do falecido sejam divididas, o Dicastério acrescentou que a segunda pergunta surgiu de um diálogo entre bispos de diferentes países, aos quais o cardeal Zuppi deu voz, e considerou a possibilidade de um ponto de vista teológico e não civil, como foi posteriormente esclarecido na resposta.
Fonte: Vatican News