Cultura

Papa: como Maria, acolher os grandes dons de Deus com admiração e simplicidade





Na solenidade da Imaculada Conceição, o Papa rezou a oração mariana do Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Francisco destacou a admiração pelas obras de Deus e a fidelidade nas coisas simples como as duas atitudes que permitiram a Maria manter seu coração livre do pecado.

Nesta sexta-feira (08/12), Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco voltou a rezar a oração mariana do Angelus da janela do Palácio Apostolico, após duas semanas em que, por recomendações médicas, a pronunciou na Capela da Casa Santa Marta.

Aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice destacou duas atitudes da Virgem Maria que lhe permitiram ter um coração totalmente livre do pecado. Em primeiro lugar, a surpresa quando ouve ser chamada de "cheia de graça":

“É uma atitude importante esta: saber se maravilhar diante dos dons do Senhor, nunca os considerando como óbvios, apreciar o seu valor, alegrar-se pela confiança e ternura que trazem consigo.”

O Papa sublinhou que “é também importante testemunhar esse maravilhamento diante dos outros, falando com humildade dos dons de Deus, do bem recebido, e não somente dos problemas cotidianos”. E convida os fiéis a uma reflexão:

“Podemos nos perguntar: eu sei me maravilhar com as obras de Deus? Às vezes acontece comigo de ficar maravilhado com isso e de compartilhar com alguém?” 

A fidelidade nas coisas simples

Maria, enfatiza o Santo Padre, é uma “uma jovem, que precisamente graças à sua simplicidade conservou puro aquele Coração Imaculado com o qual, pela graça de Deus, foi concebida”:

“Para acolher os grandes dons de Deus, é fundamental saber valorizar aqueles mais cotidianos e menos evidentes.”

“Sim" a Deus

Através da simplicidade, disse o Pontífice, a Virgem cultivou o imenso dom da sua Imaculada Conceição e acolheu as oportunidades de crescimento do seu tempo: a Palavra de Deus, a fé para a qual foi educada pelos pais, a generosidade e a prontidão com que se comportou. "Foi por meio da fidelidade quotidiana no bem que Nossa Senhora permitiu ao dom de Deus crescer nela; foi assim que ela se preparou para responder ao Senhor, para dizer “sim” a Ele com toda a sua vida”.

“Então nos perguntemos: eu acredito que o importante, nas situações de cada dia como no caminho espiritual, é a fidelidade a Deus? E, se acredito nisso, encontro o tempo para ler o Evangelho, para rezar, participar na Eucaristia e receber o Perdão sacramental, para fazer algum gesto concreto de serviço gratuito? São essas pequenas escolhas decisivas para acolher a presença do Senhor.”

“Que Maria Imaculada nos ajude a maravilhar-nos com os dons de Deus e a responder-lhe com a fiel generosidade de cada dia.”

 

- O Papa à Imaculada: trazemos sob o vosso olhar tantas mães que estão sofrendo

Francisco realizou o tradicional ato de devoção à Virgem diante do monumento dedicado a Nossa Sra. na Praça de Espanha. O Papa confiou à intercessão de Maria os povos oprimidos pela injustiça, pela pobreza, pela guerra e rezou pelos povos da Ucrânia, da Palestina e de Israel, "mergulhados novamente na espiral da violência". Primeiro, a parada na Basílica de Santa Maria Maior, onde o Pontífice prestou homenagem à Salus Populi Romani com a "Rosa de Ouro", um gesto que não era feito há 400 anos

O Papa deixou o Vaticano na tarde desta sexta-feira (08/12). Primeiro, Francisco foi à Basílica de Santa Maria Maior para um momento de veneração diante do ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, ocasião em que realizou um ato histórico: ofereceu a "Rosa de Ouro" ao ícone da Virgem Maria, um gesto acompanhado em oração pelos fiéis, peregrinos, religiosos e religiosas presentes. Diante da imagem, o Pontífice rezou em silêncio e, em seguida, se dirigiu até a Praça de Espanha, para o ato de veneração à Imaculada Conceição.

A Praça de Espanha estava repleta de fiéis romanos e turistas. O Papa foi recebido pelas autoridades municipais, entre elas o prefeito Roberto Gualtieri, e por seu vigário para a Diocese de Roma, cardeal Angelo Di Donatis. Em sua oração, feita aos pés do monumento dedicado a Nossa Senhora após ser depositado um cesto de rosas brancas, o Papa se dirigiu à Virgem dizendo: "Nós nos dirigimos a vós com nossos corações divididos entre a esperança e a angústia".

Pelos povos oprimidos pela guerra

Francisco pediu a Maria pelos povos oprimidos pela guerra, pela injustiça e pela pobreza:

Mãe, voltai vossos olhos de misericórdia para todos os povos oprimidos pela injustiça e pela pobreza, provados pela guerra; olhai para o atormentado povo ucraniano, para o povo palestino e para o povo israelense, mergulhados novamente na espiral da violência.

Pelas mães que sofrem por seus filhos

O Santo Padre pediu pelas mães que, por diferentes motivos, em tantas partes do mundo, sofrem por seus filhos:

Mãe Santíssima, trazemos aqui, sob vosso olhar tantas mães que, como vos ocorreu, estão sofrendo. Mães que choram seus filhos mortos pela guerra e pelo terrorismo. As mães que os veem partir para viagens de desesperada esperança. E também as mães que tentam libertá-los das amarras do vício, e aquelas que os assistem em uma doença longa e difícil.

Pelas mulheres vítimas da violência

O olhar do Santo Padre voltou-se também para a situação de violência de que muitas mulheres são vítimas, confiando-as a Maria, como mulher:

Hoje, Maria, precisamos de vós como mulher para confiar-vos todas as mulheres que sofreram violência e aquelas que ainda são vítimas dela, nesta cidade, na Itália e em todas as partes do mundo. Vós as conheceis uma a uma, conheceis seus rostos. Enxugai, vos pedimos, suas lágrimas e as de seus entes queridos. E ajudai-nos a trilhar um caminho de educação e purificação, reconhecendo e combatendo a violência que se esconde em nossos corações e em nossas mentes e pedindo a Deus que nos livre dela.

Conversão do coração

Francisco concluiu sua oração pedindo a nossa Mãe Santíssima que nos mostre o caminho da conversão do coração:

“Mostrai-nos novamente, ó Mãe, o caminho da conversão, pois não há paz sem perdão e não há perdão sem arrependimento. O mundo muda se os corações mudarem; e cada um deve dizer: começando pelo meu. Mas somente Deus pode mudar o coração humano com sua graça: a graça na qual vós, Maria, estais imersa desde o primeiro momento.”

Antes de deixar a Praça de Espanha, o Santo Padre deteve-se ainda por alguns instantes a saudar alguns fiéis, peregrinos e turistas presentes, agentes das forças da ordem, voltando em seguida para o Vaticano.

- Papa: confiemos a Maria a paz na Ucrânia, Palestina e Israel

O convite do Papa, depois da recitação do Angelus, é unir-se a ele na oração a Nossa Senhora nesta Solenidade da Imaculada Conceição. “Peçamos paz, que os corações sejam pacificados, que haja paz!”. O pensamento dirige-se também aos membros da Acção Católica e ao jubileu da Diocese de Quebec, a primeira do Canadá.

Nesta Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, o Papa Francisco volta a encontrar os peregrinos reunidos na Praça São Pedro para o Angelus, fazendo sua reflexão e apelos da janela do apartamento pontifício. A melhora no seu quadro de saúde o permite também sair do Vaticano para rezar na Basílica Santa Maria Maior e na sequência na Piazza di Spagna, centro de Roma:

Peço a todos, especialmente aos fiéis de Roma, que se unam espiritualmente a mim nestes gestos de entrega à nossa Mãe, rezando em particular pela paz, pela paz na Ucrânia, pela paz na Palestina e em Israel, e em todas as terras feridas pelas guerras. Peçamos a paz, que os corações sejam pacificados, que haja paz!

As felicitações pelo Jubileu da Diocese de Quebec

Antes de anúnciar a primeira Jornada Mundial da Criança, em maio próximo, o Santo Padre saudou os fiéis da Diocese de Quebec, no Canadá, que no dia da Imaculada Conceição, sua padroeira, inauguram o Jubileu pelo 350º aniversário da sua fundação: 

Quebec foi a primeira diocese fundada no Canadá. Feliz Ano Jubilar e que a Virgem Maria vos acompanhe!

O encorajamento à Ação Católica 

O Pontífice, ao saudar afetuosamente os romanos e os peregrinos vindos da Itália e de vários países do mundo, dirige o seu pensamento aos membros da Ação Católica, que nestes dias renovam a sua adesão. O incentivo é que todos os membros, “das crianças aos idosos”, possam ser “pedras vivas na Igreja e bom fermento na sociedade”.

 
 
- O anúncio do Papa: no mês de maio, em Roma, a primeira Jornada Mundial das Crianças

No final do Angelus, Francisco anunciou a primeira edição, nos dias 25 e 26 de maio de 2024, da iniciativa promovida pelo Dicastério para a Cultura e a Educação: "Como Jesus, queremos colocar as crianças no centro".

A JMC, Jornada Mundial das Crianças na linha da JMJ, Jornada Mundial da Juventude, será realizada em Roma nos dias 25 e 26 de maio de 2024. O anúncio foi feito nessa sexta-feira (08/12),  com "alegria" pelo Papa Francisco no Angelus da Solenidade da Imaculada Conceição

A iniciativa responde à pergunta: que tipo de mundo queremos transmitir às crianças que estão crescendo? Como Jesus, queremos colocar as crianças no centro e cuidar delas.

Evento promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação

O evento, que contará com a presença de milhares de meninos e meninas de todo o mundo em Roma, é promovido pelo Dicastério para a Cultura e a Educação, que já havia oferecido seu apoio ao evento de 6 de novembro, "Aprendamos com as crianças", no qual o Papa esteve rodeado por 7.500 crianças dos cinco continentes na Sala Paulo VI. Um grande encontro com música e testemunhos que foi um prelúdio para o que será a JMC do próximo ano em Roma.

A proposta do pequeno Alessandro

A ideia de uma Jornada inteiramente dedicada aos mais pequeninos havia sido proposta ao Papa em julho por uma criança, Alessandro, de 9 anos, por ocasião do Popecast, o segundo podcast feito pela mídia vaticana com Francisco em vista da JMJ de Lisboa. " Gostei muito!", respondeu o Papa ao ouvir a mensagem de voz. "Podemos fazer com que seja organizado pelos avós. Uma boa ideia. Vou pensar sobre isso e ver como fazer".

 
Fonte: Vatican News