Cultura

O Papa: sede misericordiosos, próximos dos pobres, com a caridade de Jesus





Exorto vossas paróquias e comunidades a serem exemplares na prática das obras de misericórdia e a estarem próximas de todos, especialmente das famílias, dos jovens, dos doentes, dos idosos e dos pobres, com a caridade de Jesus. Isso também exige que sejamos administradores responsáveis da criação, sabendo que o cuidado com os outros e o cuidado com nossa casa comum estão intimamente ligados: foi a premente exortação de Francisco aos peregrinos da Arquidiocese de Ozamiz, nas Filipinas

Faço votos de que os outros eventos e celebrações previstos para o Jubileu inspirem todos os membros da comunidade arquidiocesana a aprofundar a consciência do chamado batismal para viver sempre como discípulos fiéis do Senhor. Dessa forma, alimentada pela pregação da Palavra de Deus e pela celebração dos Sacramentos, a Igreja em Ozamiz poderá contribuir para a propagação do Reino de Deus, um Reino de justiça, unidade e paz. Foram os auspícios do Papa aos peregrinos da Arquidiocese de Ozamiz, nas Filipinas, que estão celebrando o 50º aniversário da atual Arquidiocese com uma peregrinação mariana na Europa, um grupo de 120 pessoas.

Ao recebê-los em audiência na manhã desta sexta-feira (17), na Sala Clementina, no Vaticano, Francisco disse ser justo celebrar esse vosso Jubileu de ouro desse modo, com uma peregrinação.

A peregrinação a santuários é uma clara expressão de confiança em Deus. Os peregrinos levam em seus corações sua fé, sua história, alegrias, ansiedades, esperanças e orações pessoais. Penso na história bíblica de Ana, a mãe do profeta Samuel. Ela foi ao santuário de Siloé com tristeza, mas ao mesmo tempo com humilde confiança, para pedir a Deus a dádiva de um filho. Lá o Senhor ouviu sua oração e concedeu seu desejo.

A Virgem Maria, a primeira discípula missionária

O Santo Padre prosseguiu em sua saudação aos peregrinos filipinos ressaltando que nos santuários encontramos o terno amor do Pai que tem misericórdia de todos. E essa misericórdia muitas vezes se manifesta a nós por meio de nossa santa Mãe, Maria, que nos ensina a acolher Deus em nossa vida e que, justamente por ser mãe, sabe como colocar nossas necessidades diante de Jesus, como fez com os esposos em Caná.

“Gosto do fato de que o gesto de Maria, aquele que a representa como ela é, é apontar para Jesus. Em Caná, o que ela disse? 'Fazei o que Ele vos disser'. Maria nunca aponta para si mesma, Maria sempre aponta para o Senhor. É um gesto de mãe, e generoso, porque ela nunca quis se colocar no centro, sempre o Senhor.”

O Pontífice manifestou sua alegria por esta ser uma peregrinação mariana e fez votos de que eles possam deter-se em oração em vários santuários dedicados a Nossa Senhora. "É Maria, de fato, que nos mostra que ser discípulo de Jesus implica sempre ouvir sua palavra, meditá-la no coração e depois levá-la aos outros, como aprendemos quando ela vai visitar sua parente idosa Isabel. Podemos dizer que a Virgem Maria foi a primeira discípula missionária", enfatizou.

Caminhar juntos em solidariedade fraterna

Espero que esta peregrinação ajude cada um de vós a ser como ela: discípulos missionários transformados pelo encontro com o Senhor e renovados no zelo de testemunhar sua presença, sua compaixão e seu amor.

A esse propósito, disse o Papa, "exorto vossas paróquias e comunidades a serem exemplares na prática das obras de misericórdia e a estarem próximas de todos, especialmente das famílias, dos jovens, dos doentes, dos idosos e dos pobres, com a caridade de Jesus. Isso também exige que sejamos administradores responsáveis da criação, sabendo que o cuidado com os outros e o cuidado com nossa casa comum estão intimamente ligados".

Francisco concluiu deixando aos peregrinos filipinos uma premente exortação: "Ao olhar para o futuro, encorajo-vos a caminhar juntos em solidariedade fraterna, ouvindo uns aos outros e, acima de tudo, ouvindo o Espírito Santo, que guia a Igreja no discernimento de percursos novos e criativos para a proclamação do Evangelho".

 

-Papa recebe migrante que perdeu esposa e filha mortas no deserto

 

O camaronês perdeu sua família em julho deste ano, depois de ser detido e levado de volta ao deserto entre a Líbia e a Tunísia pelas autoridades tunisianas. Junto a outras 30 pessoas, sem água e com um calor de 50o graus, o grupo se separou e sua esposa e filha acabaram não resistindo às duras condições.

 

No final da tarde desta sexta-feira, 17 de novembro, o Papa na Casa Santa Marta recebeu o senhor Mbengue Nyimbilo Crepin, mais conhecido como Pato, que perdeu a mulher Matyla e a filha Marie, de seis anos, na viagem rumo à Itália.

 

Natural de Camarões, Pato estava acompanhado pelo padre Mattia Ferrari, que, como capelão, participou de muitas missões de resgate da "Mediterranea Saving Humans". Com eles, estavam alguns migrantes e colaboradores de associações e realidades comprometidas com o acolhimento e integração de refugiados, que de várias maneiras ajudaram a facilitar a chegada de Pato à Itália, e o Cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

 

Pato perdeu sua família em julho deste ano, depois de ser detido e levado de volta ao deserto entre a Líbia e a Tunísia pelas autoridades tunisianas. Junto a outras 30 pessoas, sem água e com um calor de 50o graus, o grupo se separou e sua esposa e filha acabaram não resistindo às duras condições.

 

Em um clima de comoção por sua história, o Papa Francisco ouviu palavras de gratidão pelo encontro e relatos dolorosos das milhares de pessoas que sofrem em sua tentativa de chegar à Europa. 

 

David, do Sudão do Sul, que trabalha ao lado de prisioneiros em campos de detenção no norte da África, agradeceu ao Papa por seu encorajamento e pronunciamentos em favor dos migrantes: "O senhor não nos dá apenas um sonho, o senhor nos acolhe".

 

Ao cumprimentá-los, depois de ouvir suas palavras, o Papa Francisco se dirigiu a Pato, com um pensamento por sua esposa e filha: "Rezei muito por elas". Agradeceu aos presentes por seu compromisso e lembrou o privilégio de ter nascido em lugares onde se pode estudar, trabalhar: "O privilégio é uma dívida", disse ele, "o que vocês fazem não é um bônus, é um dever". 

 

Por fim, antes de se despedir, o Papa Francisco rezou pelos presentes, pedindo ao Senhor que cuide daqueles que "trabalham para os outros", daqueles que não puderam vir, dos que estão em campos de detenção e "dos muitos, muitos que sofrem".

 

Fonte: Vatican News