Cultura

Papa Francisco: a guerra tira a humanidade, lutemos pela paz





No encontro com o CHARIS, Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica, o Papa recordou que este organismo católico "é chamado a ser uma voz que acompanha e que indica a todas as comunidades um caminho a ser percorrido em comunhão". Francisco recordou que "a guerra destrói também a memória dos passos dados em direção à paz. A guerra destrói tudo. Não faz outra coisa a não ser destruir".

O Papa Francisco recebeu, na tarde deste sábado (04/11), na Sala Paulo VI, no Vaticano, os participantes do encontro promovido pelo CHARIS, Serviço Internacional da Renovação Carismática Católica, criado pelo Pontífice, em 2019.

O evento do CHARIS intitulado "Chamados, transformados e enviados" teve início no último dia 2, e o ponto culminante foi o encontro com o Santo Padre.

Francisco manifestou satisfação de encontrar o organismo católico, depois do início efetivo de sua atividade como "organismo de serviço internacional para todas as expressões da renovação carismática católica".

Ouvindo e acolhendo tudo o que se desenvolveu nestes anos, a nível da “corrente de graça” que é a Renovação Carismática Católica, o CHARIS é chamado a ser uma voz que acompanha e que indica a todas as comunidades um caminho a ser percorrido em comunhão. O CHARIS é, por assim dizer, uma “janela” para o vasto e variado mundo da Renovação Carismática Católica.

Encontro com Jesus vivo, com a sua Palavra e o seu Espírito

Segundo o Papa, as pessoas que trabalham no CHARIS "têm a extraordinária oportunidade de “olhar” desta janela e olhar mais longe, de ir para além da experiência local e conhecer a riqueza daquilo que o Espírito Santo suscita em todos os lugares, em contextos culturais, sociais e eclesiais muito diversos. Também graças ao discernimento e à partilha desta multiplicidade de experiências e conhecimentos, CHARIS pode desenvolver o seu serviço, ajudando os grupos individuais a sair de uma certa estreiteza de visão e dando-lhes uma amplitude carismática e eclesial mais ampla".

O Papa recordou aos membros do CHARIS que os incentivou a "estender os chamados “Seminários de Vida Nova” a todos os lugares e para todos. Trata-se de momentos de “primeiro anúncio”, muito querigmáticos, que oferecem às pessoas a possibilidade de um encontro com Jesus vivo, com a sua Palavra e o seu Espírito, com a sua Igreja vivida como ambiente acolhedor, como lugar de graça, de reconciliação e de renascimento".

Promover, não controlar o carisma

A seguir, o Papa recordou dois aspectos presentes nos Estatutos do CHARIS.

O primeiro: a importância de «promover o exercício dos carismas não só na Renovação Carismática Católica, mas também na Igreja toda». "O serviço que o CHARIS pode prestar é o de promover os carismas e incentivá-los a colocar-se a serviço de toda a Igreja. "Promover, não controlar o carisma. E para promover o carisma, devemos seguir o Mestre na promoção do carisma: o Espírito Santo. Em particular, sejam sempre valorizados os carismas que servem à evangelização, à atividade missionária, especialmente para com aqueles que ainda não conhecem Jesus Cristo", disse ainda o Papa.

O segundo é o de «incentivar o aprofundamento espiritual e a santidade nas pessoas que vivem a experiência do Batismo no Espírito Santo». "Não se deve presumir que, uma vez recebido o Batismo no Espírito, já se é plenamente cristão. O caminho para a santidade deve progredir sempre, na conversão pessoal e na doação generosa de si mesmo a Cristo e aos outros, e não somente em vista do “bem-estar espiritual", sublinhou Francisco.

A verdadeira tarefa é servir

Queridos amigos, agradeço-lhes pelo seu serviço. Não se esqueçam de que a sua tarefa não é julgar quem é “autêntico carismático” e quem não o é. Em vez disso, vocês são chamados a oferecer apoio e conselho aos Pastores para acompanhar todos os grupos e realidades multiformes que se referem à Renovação Carismática.

O Papa os convidou a estarem "vigilantes para não caírem na tentação dos jogos de poder e de influência, rejeitando o desejo de se destacar e comandar. A verdadeira terefa é servir. É uma boa coisa deixar espaço para as novas gerações de líderes e empenhar-se constantemente na formação de jovens, entre os quais surgirão futuros líderes".

A guerra destrói tudo. Tira a humanidade

A seguir, o Papa recordou:

Por ocasião do nosso primeiro encontro, em junho de 2019, fizemos um momento de silêncio rezando pela paz, recordando o encontro no Vaticano dos Presidentes do Estado da Palestina e do Estado de Israel. A guerra destrói também a memória dos passos dados em direção à paz. Olhemos para esta orquestra que está fazendo um grande esforço pela paz. Olhemos para esta oliveira, aqui, um sinal de paz.

“A guerra destrói tudo, tudo. Tira a humanidade. Outro dia, 2 de novembro, fui celebrar a missa no Cemitério de Guerra; ao entrar, observei nos túmulos as idades dos caídos: todos jovens, entre 20 e 30 anos. Ela destrói a juventude, não faz outra coisa a não ser destruir. Por favor, lutemos pela paz. Não deixemos que essa memória da paz seja roubada!”

O Papa concluiu, pedindo para rezar "em silêncio pela paz. Obrigado. Que Nossa Senhora os guarde na alegria do serviço".

 

- O Papa aos bispos franceses: olhar para o Mediterrâneo para defender a dignidade humana

Francisco enviou uma mensagem, assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, à Conferência Episcopal Francesa por ocasião de sua Assembleia Geral. No texto, o convite a ajudar a sociedade “a promover e defender a vida humana através de leis justas e a praticar a fraternidade, fermento de paz para o nosso mundo”.

Continuemos a olhar para o Mediterrâneo, a fim de receber dele "as lições surpreendentes e muitas vezes dolorosas que nos dá". Esta é uma das passagens da mensagem do Papa, assinada pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, dirigida a dom Éric de Moulins-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF), enviada por ocasião da Assembleia Geral da CEF. Na mensagem, lida na sexta-feira, 3 de novembro, Francisco assegura a todos os prelados “a sua comunhão, a sua oração e o seu apoio fraterno na busca de um serviço cada vez mais missionário ao povo santo de Deus”, encorajando-os para que o Espírito Santo seja o “protagonista” do seu trabalho “num espírito sinodal em harmonia com a Igreja universal”, pois “só Ele é capaz de criar harmonia respeitando a diversidade das vozes”. O convite é para “anunciar com alegria a Boa Nova da Salvação a todos, nas periferias existenciais da França, mantendo o olhar fixo em Cristo”.

O objetivo é a defesa da dignidade humana

Francisco, pensando na sua visita a Marselha nos dias 22 e 23 de setembro passado, indica como ele, naquela ocasião, “pode saborear o dinamismo da Igreja na França” e exorta os bispos “a olharem para o Mediterrâneo e a receberem dele as lições surpreendentes, e muitas vezes dolorosas, que nos dá" a fim de que, tendo o "mandamento do amor fraternal como bússola e a defesa da dignidade humana, muitas vezes ameaçada, como objetivo", se possa ajudar a sociedade" a promover e defender a vida humana através de leis justas e a praticar a fraternidade, fermento de paz para o nosso mundo”.

Uma Igreja profética olha para o futuro

Na mensagem, que recorda a recente criação de dois cardeais (no consistório de 30 de setembro passado, Christophe Pierre, núncio apostólico nos Estados Unidos, e François Bustillo, bispo de Ajaccio na Córsega ndr.) e a publicação da Exortação apostólica do Papa (C'est la Confiance ndr.) pelos 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, o Papa convida o episcopado francês a “confiar sempre no Senhor” e a não se deixar “desanimar pelos desafios”, mas correndo o risco de permanecer uma Igreja profética, que sempre olha para o futuro”. O Papa conclui, pedido para “reacender” nos corações e nos corações do clero, “muitas vezes colocado à prova nestes tempos difíceis, o fogo da missão e a luz da Esperança”, para poder retribuir aos “contemporâneos este impulso de fé, esperança e caridade”.

Fonte: Vatican News