O Papa Francisco, entre a série de audiências na manhã desta segunda-feira (25), recebeu uma delegação de 20 pessoas do Conselho Latino-americano do Ceprome, o Centro de Pesquisa e Formação para a Proteção do Menor. O grupo participa desde sábado (23) da assembleia anual em Roma, "uma feliz coincidência" de encontros, antecipou o Pontífice em discurso.
Outra curiosidade, acrescentou o Papa, é que a audiência no Vaticano aconteça em pleno 25 de setembro, "data em que, por uma antiga tradição, celebra-se, em um pequeno santuário da Espanha, a memória de um menino mártir", San Cristóbal de La Guardia, que viveu uma tragédia quando criança que acabou sendo associada à do próprio Cristo. E mais: ele aparece vestido como Jesus nas suas representações, o que fez o Pontífice lembrar do trecho do Evangelho sobre o Juízo Final: "Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mt 25:40).
"Como o mundo mudaria se estivéssemos convencidos de que cada um dos pequenos que encontramos é um reflexo da face de Deus! Se víssemos no sofrimento de cada criança, de cada pessoa vulnerável, um traço impresso no véu com o qual Verônica enxugou o rosto de Cristo!"
A própria equipe de profissionais de distintas disciplinas e países do Ceprome, como do próprio Brasil, procura trabalhar nessa direção ao promover cursos e capacitações, formar convênios com universidades e centros de estudos, oferecer acompanhamentos psicológicos e consultoria institucional vinculados com a prevenção e o cuidado dos mais vulneráveis e para tornar a Igreja um lugar cada vez mais seguro para todos, especialmente para as crianças e os adolescentes. Um trabalho "cada vez mais adequado para erradicar o flagelo dos abusos, tanto na Igreja quanto no mundo", confirmou o Papa, já que "os abusos que afetaram a Igreja são um pálido reflexo de uma triste realidade que envolve toda a humanidade".
“Alguns podem dizer: 'ah, não são tantos assim, então'. Se fosse apenas um, já seria escandaloso, apenas um, e são mais de um... Acredito de pocdf dizer que a Igreja tem avançado muito nesse caminho e que não deixará de fazê-lo, e isso graças a pastores proféticos, um cardeal, que foi capaz de pegar uma 'batata quente' como era Boston naquela época, e ir em frente, sem se preocupar com o dinheiro, mas sim com as pessoas e as crianças feridas. [...] Acredito que posso dizer que a Igreja avançou bastante nisso, e não deixará de fazê-lo.”
Grande parte desse mérito das conquistas dentro da Igreja também pode ser atribuído a esforços como os do Ceprome, esperando que sejam refletidos na sociedade, incentivando outras instituições para promover "essa cultura do cuidado", recordou o Papa. E a partir da imagem do menino mártir da Espanha, "que identifica cada um dos pequenos com o próprio Cristo", Francisco alertou para "que nossos esforços não se limitem à mera aplicação de protocolos, mas que os confiemos a Jesus na oração", sabendo reconhecer o sofrimento causado e acolhendo o irmão na dor, rezando pela conversão dos pecadores e desesperados.
Ao final da sua intervenção, saindo do discurso oficial, o Papa Francisco fez questão de alertar para o grave perigo da pornografia infantil que também está fazendo as crianças de vítimas:
“Não quero terminar sem chamar a atenção para um problema que é muito grave no âmbito dos abusos: as gravações de pornografia infantil que, lamentavelmente, pagando uma pequena taxa, já podem estar no telefone. Onde essa pornografia infantil está sendo feita? Em que país se faz? Ninguém sabe. Mas é a criminalidade colocada a serviço de todos por meio dos seus celulares. Por favor, vamos falar sobre isso também. Porque essas crianças que estão sendo filmadas são vítimas, vítimas sofisticadas dessa sociedade de consumo. Não se esqueçam desse ponto que me preocupa muito.”
- No Twitter, Papa exorta fiéis a agir e cuidar dos outros em mensagem inspiradora
O Papa Francisco compartilhou mensagem em seu Twitter, nesta segunda-feira (25), instando os fiéis a não se refugiarem na complexidade dos problemas e a abandonarem a mentalidade de "não há nada a fazer". Em um chamado à ação, o líder da Igreja Católica exortou a união entre o culto a Deus e o cuidado com o próximo.
“A #PalavradeDeus convida-nos a não nos escondermos atrás da complexidade dos problemas, do “não há nada a fazer”, e exorta-nos a unir o culto a Deus e o cuidado do homem. A Sagrada Escritura nos foi dada para sairmos ao encontro dos outros e nos debruçarmos sobre as suas feridas”, escreveu.
O Santo Padre enfatizou que a Sagrada Escritura, além de um livro sagrado, também é uma orientação para que as pessoas saiam ao encontro dos outros e se envolvam com empatia em suas dificuldades, como forma de se aproximar do divino.
Esta mensagem de Francisco ecoa seu compromisso contínuo com a solidariedade e a responsabilidade social, destacando a importância de uma fé ativa no mundo de hoje. Suas palavras inspiradoras ressoam em um momento em que desafios globais complexos, como a pandemia e as mudanças climáticas, pedem uma resposta conjunta e a disposição de cuidar uns dos outros.
A mensagem do Papa serve como um lembrete oportuno de que a fé não é apenas uma crença, mas uma ação que deve impactar positivamente a vida daqueles que a praticam.
Fonte: Vatican News