A Missa presidida pelo Papa Francisco no Estádio Vélodrome no meio da tarde foi a última atividade pública da sua curta visita a Marselha onde, pela manhã, foram concluídos os trabalhos dos Encontros Mediterrâneos, iniciativa que levou o Pontífice à cidade francesa. Concluída a Celebração Eucarística, o Papa regressou à sacristia para deixar as vestes litúrgicas aproximadamente às 17h45. Após meia hora, o traslado de carro ao Aeroporto Internacional de Marselha, a pouco mais de 28 km de distância.
No aeroporto, Francisco foi recebido em frente ao pavilhão de honra pelo presidente da República Emmanuel Macron e sua esposa e untos foram ao salão Hélène Boucher para um encontro privado que durou alguns minutos. No final, o Papa e Macron passaram pela Guarda de Honra dirigindo-se lado a lado até o avião, saudando as delegações presentes. O Papa foi o último a embarcar no avião da ITA Airways, que decolou às 19h28 com destino ao aeroporto Roma-Fiumicino.
Mesmo com a brevidade do voo, está prevista a habitual coletiva de imprensa com jornalistas. Imediatamente após chegar ao Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, Francisco retornará ao Vaticano.
oltam à mente as últimas palavras dirigidas ao Papa pelo arcebispo de Marselha, cardeal Jean-Marc Aveline, no final da Missa no estádio: "Obrigado, Santo Padre! Marselha, e com ela toda a França, nunca mais esquecerá o imenso presente que nos deste." E a gratidão de Francisco pela “calorosa acolhida” recebida: “Queridos irmãos e irmãs, levarei no coração os encontros destes dias”.
- Missa em Marselha: "Ser cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”
O último evento da visita do Papa a Marselha foi a Celebração Eucarística no Estádio da cidade, Vélodrome. Segundo autoridades locais, os presentes eram cerca de 50 mil, entre eles o presidente francês Emmnauel Macron.
A liturgia escolhida foi a Missa votiva da Bem-aventurada Virgem Maria da Guarda. Com efeito, a homilia do Papa foi inspirada na cena narrada pelo evangelista Lucas, da visita de Maria à prima Isabel.
“Nestas duas mulheres, Maria e Isabel, desvenda-se a visita de Deus à humanidade: uma é jovem e a outra idosa, uma é virgem e a outra estéril; e, contudo, ambas estão grávidas de modo «impossível». Esta é a obra de Deus na nossa vida: torna possível mesmo aquilo que parece impossível”, afirmou o Pontífice.
Francisco então convidou os fiéis a se questionarem se acreditamos que Deus está agindo na nossa vida. Um modo para discernir se temos ou não esta confiança no Senhor é o “salto de alegria da fé”, o mesmo que deu o menino “quando Isabel ouviu a saudação de Maria”.
“Quem crê, quem reza, quem acolhe o Senhor salta de alegria no Espírito”, acrescentou o Papa. Saltar de alegria significa ser “tocado por dentro”, sentir que algo se move no nosso coração.
“É o contrário de um coração insensível, frio, que se tranca na indiferença e se torna impermeável, que endurece, insensível a tudo e a todos, inclusive ao trágico descarte da vida humana, que hoje é rejeitada em tantas pessoas que emigram, bem como em muitos bebês não nascidos e em muitos idosos abandonados.”
Ao contrário, quem é gerado para a fé, reconhece a presença do Senhor e dá um salto de alegria não só perante a vida, mas também perante o próximo.
De fato, no mistério da Visitação, a visita de Deus não se realiza através de eventos celestes extraordinários, mas na simplicidade de um encontro, no abraço terno entre duas mulheres, no cruzamento de duas gravidezes cheias de maravilha e esperança.
“Recordemo-lo sempre, mesmo na Igreja: Deus é relação e visita-nos muitas vezes através dos encontros humanos, quando sabemos abrir-nos ao outro, quando há um salto de alegria pela vida de quem passa diariamente por nós e quando o nosso coração não fica impassível e insensível perante as feridas de quem é mais frágil.”
Neste sentido, prosseguiu o Papa, as cidades metropolitanas e muitos países europeus como a França são um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos.
“Aprendamos de Jesus a sentir frémitos por quem vive ao nosso lado, aprendamos Dele, que experimenta saltos de misericórdia diante da carne ferida daqueles que encontra”, exortou.
O Papa ainda mencionou os muitos “saltos de alegria” que a França proporcionou ao mundo, com sua rica história de santidade, de cultura, de artistas e de pensadores.
É disto de que precisamos hoje, de um novo salto de fé, de caridade e de esperança, de redescobrir o gosto do compromisso pela fraternidade: “Queremos ser cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”.
“Peço a Notre Dame de la Garde que vele pela vossa vida, guarde a França e a Europa inteira e nos faça saltar de alegria no Espírito”, concluiu Francisco.
- Papa expressa sua gratidão ao povo francês
Ao final da Missa, o Santo Padre dirigiu seus agradecimentos aos mais de 50 mil peregrinos que acompanharam a celebração eucarística no último dia de sua visita à cidade francesa.
Francisco expressou a sua gratidão pelo caloroso acolhimento que recebeu, bem como por todo o trabalho e os preparativos realizados: “agradeço ao Senhor Presidente da República e, através dele, dirijo uma saudação cordial a todos os franceses e francesas”.
O Papa também se dirigiu a toda a Igreja marselhesa, e disse abraçar suas comunidades paroquiais e religiosas, as suas numerosas instituições escolares e as suas obras sociocaritativas. “Esta Arquidiocese foi a primeira, no mundo, a ser consagrada ao Coração de Jesus: em 1720, durante uma epidemia de peste. Nas vossas fibras, está inscrita a possibilidade de serdes sinais da ternura de Deus, inclusive na atual 'epidemia da indiferença', obrigado pelo vosso amável e decidido serviço, que testemunha a proximidade e a compaixão do Senhor”, ressaltou o Pontífice.
O Santo Padre saudou de maneira particular, os fiéis vindos de Nice, que sobreviveram ao terrível atentado de 14 de julho de 2016. “Recordamos com uma oração quantos perderam a vida naquela tragédia e em todos os atos terroristas perpetrados em França e no mundo inteiro".
Francisco convidou todos a rezarem pela paz, recordando-se da Ucrânia: "não nos cansemos de rezar pela paz nas regiões devastadas pela guerra, especialmente pelo martirizado povo ucraniano”.
O Papa ainda dirigiu uma saudação repleta de carinho aos doentes, às crianças e aos idosos: “faço menção especial também das pessoas em dificuldade e todos os trabalhadores desta cidade. No porto de Marselha, trabalhou Jacques Loew, o primeiro padre operário da França” recordou o Pontífice, evidenciando que a dignidade dos trabalhadores deve ser respeitada, promovida e tutelada.
Por fim o Santo Padre disse que levará em seu coração os encontros destes dias. “Que Notre Dame de la Garde vele sobre esta cidade, mosaico de esperança, sobre todas as suas famílias e sobre cada um de vós!”, e finalizou pedindo, no idioma francês, o seu costumeiro pedido: “Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim”.
Fonte: Vatican News