Na alocução que precedeu a oração do Angelus, este XV Domingo do Tempo Comum, o Papa ateve-se ao Evangelho do dia, que nos apresenta a parábola do semeador.
A da "semeadura" é uma imagem muito bonita, que Jesus usa para descrever o dom da sua Palavra, disse Francisco.
Imaginemos uma semente: ela é pequena, quase invisível, mas produz plantas que dão frutos. A Palavra de Deus é assim; pensemos no Evangelho, um pequeno livro, simples e ao alcance de todos, que produz vida nova naqueles que o acolhem. Portanto, se a Palavra é a semente, nós somos o terreno: podemos recebê-la ou não. Mas Jesus, o "bom semeador", não se cansa de semeá-la com generosidade. Ele conhece o nosso terreno, sabe que as pedras da nossa inconstância e os espinhos dos nossos vícios podem sufocar a Palavra, mas sempre espera que possamos dar frutos abundantes.
O Santo Padre destacou que assim faz o Senhor e assim somos chamados também nós a fazer: a semear sem nos cansar. O Papa deu alguns exemplos, partindo dos pais.
Eles semeiam o bem e a fé nos filhos, e são chamados a fazer isso sem desanimar se, às vezes, eles parecem não entender ou apreciar seus ensinamentos, ou se a mentalidade do mundo "rema contra eles". A boa semente permanece, isso é o que importa, e ela criará raízes no devido tempo. Mas se, cedendo à desconfiança, eles desistirem de semear e deixarem seus filhos à mercê das modas e do celular, sem dedicar tempo a eles, sem educá-los, então o terreno fértil se encherá de ervas daninhas.
Em seguida, o Pontífice trouxe o exemplo dos jovens: eles também podem semear o Evangelho nos sulcos da cotidianidade. Por exemplo, com a oração: é uma pequena semente que não se vê, mas com a qual se confia tudo o que se vive a Jesus, e assim Ele pode fazê-la amadurecer. Mas também penso no tempo para dedicar aos outros, aos mais necessitados: pode parecer perdido, ao invés, é um tempo sagrado, enquanto as aparentes satisfações do consumismo e do hedonismo deixam de mãos vazias. E penso no estudo, que é cansativo e não satisfaz imediatamente, como a semeadura, mas é essencial para construir um futuro melhor para todos.
Por fim, trouxe o exemplo dos semadores do Evangelho, muitos bons sacerdotes, religiosos e leigos engajados na proclamação, que vivem e pregam a Palavra de Deus, muitas vezes sem sucesso imediato.
Nunca nos esqueçamos, quando proclamamos a Palavra, que mesmo onde nada parece estar acontecendo, na realidade o Espírito Santo está trabalhando e o reino de Deus já está crescendo, por meio e além de nossos esforços. Portanto, avante com alegria! Lembremo-nos das pessoas que plantaram a semente da Palavra de Deus em nossa vida: ela pode ter brotado anos depois de termos encontrado seus exemplos, mas isso aconteceu graças a elas!
Francisco concluiu lançando mais uma interrogação, pedindo a cada um que respondesse a si mesmo. Eu semeio o bem? Preocupo-me apenas em colher para mim mesmo ou também semeio para os outros? Lanço algumas sementes do Evangelho em minha vida cotidiana: estudo, trabalho, tempo livre? Fico desanimado ou, como Jesus, continuo a semear, mesmo que não veja resultados imediatos?
O Papa lembrou que este 16 de julho veneramos Maria sob o título de Nossa Senhora do Carmo, pedindo a ela que nos ajude a sermos semeadores generosos e alegres da Boa Nova.
- O Papa: JMJ é um “mundial” em que todos levantamos a “copa da fraternidade"
Com o time de Cristo, o jogo é disputado até o último minuto, não podemos nos distrair ou marcar gols contra. Devemos estar atentos e jogar como um grupo, seguindo as instruções do diretor técnico, ou seja, as pessoas que nos acompanham e nos orientam, para sermos melhores amigos de Jesus todos os dias. Foi o disse o Papa ao receber em audiência na manhã deste domingo, 16 de julho, na Sala Clementina, no Vaticano, um grupo de peregrinos da Arquidiocese de Córdoba, na Argentina, que participará da JMJ Lisboa 2023.
Ao dar as boas-vindas aos presentes, Francisco ressaltou que eles, como tantos outros milhares de jovens que estão a caminho de Portugal nestes dias, estão dando vida ao lema que nos une: como Maria, vocês se levantaram, deixaram para trás o que conheciam - suas famílias, seus confortos - e partiram apressadamente ao encontro dos outros.
De fato, ao referir-se à grande experiência que queles estão prestes a viver em Lisboa, o Santo Padre perguntou:
Vocês se deram conta de que estão se preparando para "jogar um mundial"? Esse "mundial" é muito especial, trata-se de um encontro amistoso em que não há vencedores ou perdedores, mas todos nós ganhamos. Sim, porque quando saímos de nós mesmos e encontramos os outros, quando compartilhamos - ou seja, quando damos o que temos e estamos abertos para receber o que os outros nos oferecem - quando não rejeitamos ninguém, então somos todos vencedores e podemos erguer juntos "a taça da fraternidade". Como isso é necessário em nosso tempo!
Aludindo a estes dias de peregrinação deles na Cidade Eterna, o Pontífice frisou que eles, antes do início da JMJ, podem ver em Roma as pegadas de muitos cristãos que seguiram Cristo até o fim, de muitos santos que deram suas vidas por Ele em diferentes momentos da história.
Queridos jovens, eu os encorajo a viver intensamente este "mundial", esta Jornada Mundial da Juventude, que os enriquecerá com uma grande diversidade de rostos, culturas, experiências, diferentes expressões e manifestações de nossa fé. Mas, acima de tudo, vocês poderão experimentar profundamente o anseio de Jesus: que sejamos "uma só coisa" para que o mundo creia, e isso os ajudará a dar testemunho da alegria do Evangelho a tantos outros jovens que não encontram o sentido da vida ou que perderam o caminho a seguir.
Francisco concluiu desejando a todos jogar uma boa partida, confiando-os à proteção de Nossa Senhora, e marcando encontro com eles, proximamente, em Lisboa.
- Francisco: o Senhor livre a família humana do flagelo da guerra
Após a oração mariana do Angelus este 16 de julho, XV Domingo do Tempo Comum, o Papa quis recordar "que há oitenta anos, em 19 de julho de 43, alguns bairros de Roma, especialmente São Lourenço, foram bombardeados". O trágico aniversário foi para o Pontífice a ocasião, mais uma vez, para renovar o "não" à guerra e à perda da memória histórica.
"Infelizmente, até hoje essas tragédias se repetem. Como isso é possível? Será que perdemos nossa memória? Que o Senhor tenha piedade de nós e liberte a família humana do flagelo da guerra. Em particular, pedimos pelo querido povo ucraniano que está sofrendo tanto".
Esta, de fato, a oração de Francisco, que também recordou a solícita proximidade com as vítimas demonstrada na época pelo Pontífice, que visitou as ruínas, os mortos e os feridos, cercado pelos romanos que o aplaudiram gritando paz.
O venerável Papa Pio II quis ir para o meio do povo chocado...
Somente no bairro romano de São Lourenço houve 717 mortos e 4 mil feridos, mas na cidade o número de mortos foi muito maior: 3 mil mortos e 11 mil feridos nos bairros Tiburtino, Prenestino, Casilino, Labicano, Tuscolano e Nomentano, que também foram bombardeados. Conforme testemunhado no local do Museu Histórico da Libertação, na Rua Tasso, 10 mil casas foram destruídas e 40 mil cidadãos ficaram sem-teto. Esse foi o primeiro bombardeio sobre Roma, no bairro San Lorenzo, em 19 de julho de 1943.
Fonte: Vatican News