Neste sábado (1°/07), o Papa Francisco agradeceu ao cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, S.J., pela conclusão de seu mandato como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e como presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, e nomeou para sucedê-lo nos mesmos cargos dom Víctor Manuel Fernández, atual Arcebispo de La Plata, na Argentina. Ele assumirá suas funções em meados de setembro de 2023.
O Pontífice enviou uma carta ao novo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, dom Víctor Manuel Fernández, na qual recorda que como novo Prefeito do mesmo Dicastério, confia a ele uma tarefa que considera muito valiosa. O objetivo central do Dicastério é proteger o ensinamento que brota da fé a fim de dar razão à nossa esperança, mas não como inimigos que apontam e condenam.
Francisco recorda ainda que o Dicastério que dom Víctor Manuel presidirá, em outros tempos, chegou a usar métodos imorais, explicando que foram épocas em que, em vez de promover o conhecimento teológico, foram perseguidos possíveis erros doutrinários. O Santo Padre espera do novo prefeito algo diferente.
Sublinhando que para as questões disciplinares, ligadas ao abuso de menores foi recentemente criada uma Seção específica com profissionais competentes, Francisco pede a dom Víctor para dedicar seu compromisso pessoal à finalidade principal do Dicastério que é guardar a fé.
Para não limitar o significado dessa tarefa, Francisco acrescenta que se trata de aumentar a inteligência e a transmissão da fé a serviço da evangelização, para que sua luz seja um critério para compreender o sentido da existência, especialmente diante das questões levantadas pelo progresso da ciência e pelo desenvolvimento da sociedade.
No texto o Papa afirma ainda que a Igreja precisa crescer em sua interpretação da Palavra revelada e em sua compreensão da verdade, sem que isso implique a imposição de uma única maneira de expressá-la. Esse crescimento harmonioso preservará a doutrina cristã de forma mais eficaz do que qualquer mecanismo de controle.
Francisco, falando da tarefa do novo prefeito disse que é bom que a mesma expresse que a Igreja incentiva o carisma dos teólogos e seu esforço de pesquisa teológica, desde que eles não se contentem com uma teologia de escritório, com uma lógica fria e dura que busca dominar tudo. Sempre será verdade que a realidade é superior à ideia. Nesse sentido, é necessário que a teologia esteja atenta a um critério fundamental: considerar inadequada qualquer concepção teológica que, em última instância, ponha em dúvida a onipotência de Deus e, especialmente, sua misericórdia.
No contexto dessa riqueza – destaca ainda o Papa na sua carta - a tarefa de dom Victor também implica um cuidado especial para garantir que os documentos de seu Dicastério e dos outros tenham um fundamento teológico adequado, sejam coerentes com o rico húmus do ensinamento perene da Igreja e, ao mesmo tempo, levem em conta o Magistério recente. Concluindo, Francisco pede que a Santíssima Virgem o proteja e cuide dele na sua nova missão e que dom Víctor não deixe de rezar por ele.
Dom Víctor Manuel Fernández nasceu em 18 de julho de 1962 em Alcira Gigena, Província de Córdoba (Argentina). Foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1986 para a diocese de Villa de la Concepción del Río Cuarto (Argentina).
Obteve o Mestrado em teologia com especialização bíblica na Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma) e posteriormente o doutorado em Teologia na Faculdade de Teologia de Buenos Aires.
De 1993 a 2000 foi pároco de Santa Teresita em Río Cuarto (Córdoba). Foi fundador e diretor do Instituto de Formação de Leigos e do Centro de Formação de Professores Jesús Buen Pastor na mesma cidade. Em sua diocese foi também formador do seminário, diretor de ecumenismo e diretor de catequese.
Em 2007 participou da V Conferência Episcopal Latino-Americana (Aparecida) como sacerdote representante da Argentina e, posteriormente, como membro do grupo de redação do documento final.
De 2008 a 2009 foi Decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica da Argentina e Presidente da Sociedade Teológica Argentina.
De 2009 a 2018 foi reitor da Pontifícia Universidade Católica da Argentina.
Em 13 de maio de 2013 foi nomeado Arcebispo pelo Papa Francisco.
Participou, como membro, nos Sínodos dos Bispos de 2014 e 2015 sobre a família, nos quais também fez parte dos grupos de redação.
Na Assembleia de 2017 da Conferência Episcopal Argentina foi eleito Presidente da Comissão Episcopal de Fé e Cultura (Comissão Doutrinal).
Em junho de 2018 assumiu o cargo de Arcebispo de La Plata.
Foi membro do Pontifício Conselho para a Cultura e Consultor da Congregação para a Educação Católica. Atualmente é membro do Dicastério para a Cultura e a Educação.
Entre livros e artigos científicos, tem mais de 300 publicações, muitas das quais traduzidas para várias línguas. Esses escritos mostram uma importante base bíblica e um esforço constante de diálogo da teologia com a cultura, a missão evangelizadora, a espiritualidade e as questões sociais.
- Francisco encontra Delegação ecumênica de Constantinopla: cristãos juntos pela paz
Francisco agradeceu pela presença, saudando de modo especial o patriarca Bartolomeu. A Santa Sé retribui o gesto, enviando à Turquia uma delegação por ocasião da festa de Santo André, irmão de São Pedro, em 30 de novembro.
Já em seu discurso, o Pontífice expressou sua alegria pelo bom êxito da 15ª sessão plenária da Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa, que se realizou recentemente em Alexandria, no Egito.
Na ocasião, foi debatido como se desenvolveu no Oriente e no Ocidente a relação entre sinodalidade e primazia no segundo milênio. Para Francisco, isto pode contribuir para a superação de argumentos polêmicos. O que é certo, disso o Papa, é que não é possível pensar que as mesmas prerrogativas que o Bispo de Roma tem em relação à sua Diocese sejam estendidas às comunidades ortodoxas. E quando as Igrejas estiverem plenamente unidas, a forma com a qual o Bispo de Roma exercitará o seu serviço de comunhão na Igreja em nível universal será fruto da relação inseparável entre primazia e sinodalidade.
Estas questões, todavia, acrescentou o Papa, não nos devem fazer esquecer que a unidade é dom do Espírito e que Nele deve ser buscada. “Rezemos ao Espírito sem nos cansar, invoquemo-Lo uns para os outros! E compartilhemos fraternalmente o que levamos no coração: dores e alegria, fadigas e esperanças.”
Uma preocupação comum, sem dúvida, é a paz, especialmente na martirizada Ucrânia. Uma guerra, disse o Papa, que deixa evidente que todas as guerras são só “desastres, desastres totais”: para os povos, para as cidades e para a criação, como demonstra a destruição da barragem de Nova Kakhovka.
“Como discípulos de Cristo, não podemos nos resignar à guerra, mas temos o dever de trabalhar juntos pela paz”, exortou Francisco, pedindo “esforços criativos” para imaginar e realizar percursos de paz.
A paz, assim como a unidade, é um dom a implorar ao Senhor. Mas em contrapartida, requer uma atitude da parte do homem. A paz não é só ausência de guerra, mas nasce do coração humano. Interesses pessoais, comunitários, nacionais e até mesmo religiosos devem ser deixados de lado.
O único remédio é aquele proposto por Jesus: a conversão do coração. “Se a nossa vida não anuncia a novidade deste amor, como podemos testemunhar Jesus ao mundo?”, questiona o Papa. Serviço e renúncia de si são os antídotos aos egoísmos e fechamentos.
O Pontífice concluiu pedindo ao Senhor que, por intercessão dos Santos Pedro, Paulo e André, este encontro possa ser um passo a mais no caminho rumo à unidade visível na fé e no amor.
Fonte: Vatican News