A Sala Paulo VI recebeu na manhã desta segunda-feira (29), cerca de 150 crianças de todas as nações do continente africano que vieram celebrar, junto com o Papa Francisco, o Dia da África, comemorado na última quinta-feira, 25 de maio. E, assim como quis demonstrar carinho e interesse com as crianças polonesas no idioma delas na primeira audiência do dia no Vaticano, o Pontífice começou a saudação ao grupo proveniente da África, dizendo "Bonjour! Good morning!". Os pais e também alguns embaixadores também participaram do encontro e foram saudados pelo Papa, que também agradeceu pelo trabalho que realizam em vista do crescimento humano e espiritual.
Ao comemorar juntos o Dia da África, "símbolo da luta de todo o continente pela libertação, desenvolvimento e progresso econômico e social, bem como pela valorização e aprofundamento do patrimônio cultural", Francisco recordou as crianças de que elas representam essa "rica diversidade cultural" e foi além:
“Convido vocês a ter a audácia de serem 'diferentes', a dar testemunho da beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da coragem, do perdão, da luta pela justiça e pelo bem comum, do amor pelos pobres, da amizade social (cf. Exortação Apostólica Christus vivit, 36).”
Tudo isso, motivou o Papa, porque uma das riquezas da África é a inteligência aguçada dos seus jovens: "realmente, vocês são inteligentes, inteligentes!", acrescentou Francisco espontaneamente ao texto escrito, enaltecendo o compromisso deles com os estudos para que possam contribuir para o desenvolvimento humano e integral da sociedade. Sobretudo em tempos como os de hoje em que a África enfrenta "enormes desafios, como o terrorismo, a má governança, a corrupção, o desemprego em massa dos jovens, a migração, os conflitos intercomunitários, a crise climática e alimentar", disse o Pontífice ao recordar inclusive a preocupante situação vivida por crianças-soldados e por aquelas vítimas de todos os tipos de conflitos.
"Nesse contexto, vocês podem se sentir impotentes e desanimados e dizer a si mesmos que o futuro é sombrio e sem perspectivas. Mas vocês são jovens, carregam dentro de si muitos talentos, cultivam grandes ambições, têm grandes sonhos: sigam os grandes sonhos! Queridos amigos, é isso que eu gostaria de dizer a cada um de vocês: 'nunca desistir dos seus sonhos, nunca enterrar definitivamente uma vocação, nunca desistir. Continua sempre a buscar, no mínimo, formas parciais ou imperfeitas de viver o que, em seu discernimento, reconhece como uma vocação autêntica' (ibid., 272)."
Outra conselho do Papa, é se deixar "iluminar pelo testemunho dos mais velhos". O diálogo com os idosos, como Francisco tem insistido em vários discursos, dá forças para seguir em frente. Através da sabedoria dos avós, as novas gerações conseguem crescer com raízes fortes, havendo mais coragem para enfrentar os desafios:
“Pensemos a um dos grandes desafios da vida: a luta pela paz. Vocês sabem muito bem que estamos passando por momentos difíceis, com a nossa humanidade em perigo. Estamos correndo um grande perigo. Portanto, vivam a paz ao seu redor e dentro de vocês. Sejam embaixadores da paz para que o mundo possa redescobrir a beleza do amor, da convivência, da fraternidade e da solidariedade.”
- Papa aos barnabitas: ser criativos, mas com a fidelidade ao Evangelho, a exemplo do fundador
Por ocasião do 125º aniversário da canonização de Santo Antônio Maria Zaccaria e no contexto da preparação de dois importantes Capítulos Gerais, o Papa recebeu na manhã desta segunda-feira na Sala do Concistório cerca de 80 Clérigos Regulares de São Paulo (CRSP), os barnabitas.
Partindo da expressão do fundador: "Vocês devem correr como loucos! Correr para Deus e para os outros", mas - observou - "não ser loucos que correm, que é outra coisa", Francisco sublinhou três aspectos desta exortação tipicamente paulina: a relação com Cristo, o zelo apostólico e a coragem criativa.
Uma forte relação com o Senhor Jesus, começou dizendo, marcou a vida de Santo Zaccaria desde sua juventude, "num sério caminho de crescimento, em particular na meditação da Palavra de Deus com a ajuda de dois bons religiosos", o que "o conduziu primeiro ao empenho catequético, depois ao sacerdócio e finalmente à fundação religiosa". Uma relação que "é fundamental também para nós" na corrida para a meta, envolvendo nela as pessoas que nos foram confiadas". Mas, alertou o Santo Padre, "o anúncio não é proselitismo", mas "partilha de um encontro pessoal (...) que mudou a nossa vida! Sem isso, nada temos a anunciar, nem um destino para o qual caminhar juntos." E ilustra com uma experiência:
Eu tive uma experiência ruim com isso em um encontro de jovens alguns anos atrás. Saía da sacristia e havia uma senhora, muito elegante, muito, (...), com um menino e uma menina. E esta senhora, que falava espanhol, disse-me: "Padre, estou feliz porque converti estes dois: este vem de tal e esta vem de tal". Eu fiquei chateado, sabe?, e disse: "Não converteste nada, faltaste com o respeito com essa gente: não os acompanhou, fez proselitismo e isso não é evangelizar". Ela estava orgulhosa por ter convertido! Tenham o cuidado de distinguir bem a ação apostólica do proselitismo: nós não fazemos proselitismo. O Senhor nunca fez proselitismo.
Então a segunda indicação, também ela essencial: correr em direção aos outros. Com efeito, ressaltou Francisco, se na nossa vida de fé perdemos de vista o horizonte do anúncio, "acabamos por nos fechar em nós mesmos e a atrofiar-nos nas terras desérticas da autorreferencialidade". É como um atleta que se prepara continuamente para a grande corrida de sua vida sem partir jamais. Assim, cedo ou tarde começa a se deprimir, o entusiasmo desaparece." Nós, "não queremos nos tornar discípulos tristes" - afirmou com veemência o Papa, que faz uma pergunta:
Será que existe dentro de mim aquele verme da tristeza? Às vezes eu, religioso, religiosa, leigo, deixo que aquele verme entre aí? Alguém dizia que um cristão triste é um triste cristão. É verdade! Mas a tristeza não deve entrar em nós, consagrados, e se alguém sentir essa tristeza, dirija-se imediatamente ao Senhor e peça luz e peça a algum irmão ou irmã para ajudá-lo a sair dela.
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" é uma determinação que Jesus coloca nas próprias raízes da Igreja, o que foi confirmado por São Paulo quando diz: "Ai de mim se não evangelizar", "não havia lugar para tristeza, ele queria continuar (...). Ai de nós se não anunciarmos a Cristo!":
Por isso, encorajo-vos a avançar na direção indicada pelo vosso carisma: "Levar por toda a parte o Espírito vivo de Cristo". O Espírito "vivo" de Cristo é aquele que conquista o coração, que não te faz permanecer sentado numa poltrona, mas te faz sair ao encontro dos irmãos, com uma mochila leve e um olhar cheio de caridade. Levai este Espírito por toda a parte, não excluindo ninguém e também abrindo-vos a novas formas de apostolado, num mundo em mudança que precisa de mentes flexíveis e abertas, de caminhos de busca compartilhados, para identificar os modos adequados para transmitir sempre o único Evangelho.
Por fim, o terceiro aspecto: “correr como loucos", "que não é o mesmo que loucos que correm - frisou: é diferente – isto é a coragem criativa". E "não se trata tanto de desenvolver sofisticadas técnicas de evangelização", mas "de não parar diante das dificuldades e olhar além dos horizontes do hábito e da vida tranquila, do “sempre foi feito assim":
Santo Antônio Maria - recordou o Santo Padre - teve essa coragem, dando vida a instituições novas para o seu tempo: uma congregação de reforma do clero numa época em que muitos eclesiásticos se acostumaram a uma vida confortável e abastada; uma congregação religiosa feminina não enclausurada, dedicada à evangelização, numa época em que a vida consagrada era prevista apenas em clausuras para mulheres; uma congregação de missionários leigos empenhados ativamente no anúncio, numa época em que dominava um certo clericalismo:
Eram todas realidades novas - ele foi criativo, mas com a fidelidade ao Evangelho - essas realidades não existiam antes. O fundador entendeu que elas poderiam ser úteis para o bem da Igreja e da sociedade, e por isso as inventou e as defendeu diante dos que não compreendiam seu significado e oportunidade, a ponto de vir a Roma prestar contas delas. E também nisto há um ensinamento importante, porque não exerceu a sua criatividade fora da Igreja: fê-lo dentro dela, aceitando correções e advertências, procurando explicar e ilustrar as razões das suas escolhas e guardando a comunhão na obediência.
Francisco concluiu recordando um último valor importante para os assim chamados "colégios", ou seja, as diferentes realidades barnabitas: a importância do trabalho conjunto:
Fazer junto. Com efeito, a comunhão na vida e no apostolado é de fato o primeiro testemunho que sois chamados a dar, sobretudo num mundo dividido por lutas e egoísmos. Está escrito no DNA da vida cristã e do apostolado: "Para que todos sejam um" (Jo 17,21), como rezou o Senhor. Afinal, a própria palavra “colégio” indica exatamente isso: escolhidos para estar juntos, o colégio para viver, para trabalhar, para rezar, para sofrer e para se alegrar juntos, como uma comunidade. Portanto, queridos irmãos e irmãs: "Corram como loucos, para Deus e para os outros, mas juntos!".
- Papa a crianças com câncer da Polônia: lembrem-se de que Jesus está sempre com vocês!
A semana do Papa Francisco começou com a leveza das crianças, já que as duas primeiras audiências desta segunda-feira (29), no Vaticano, eram destinadas ao encontro delas. Na sala adjacente da Sala Paulo VI, o Pontífice recebeu um grupo de mais de 50 pequenos pacientes em tratamento de câncer com seus acompanhantes, provenientes da Clínica de Oncologia da cidade polonesa de Wrocław. Em seguida foi a vez de encontrar as cerca de 150 crianças de várias nações africanas, por ocasião do Dia da África, celebrado na última quinta-feira, 25 de maio.
No primeiro encontro com o grupo polonês, Francisco teve o auxílio do tradutor a quem se dirigiu logo no começo da saudação, quando falou da alegria ao receber as crianças no Vaticano: "como se diz 'muito obrigado, bem-vindo' em polonês?". Obviamente com a dificuldade do "dziękuję bardzo" e "witamy", o Papa foi diretamente ao assunto, encorajando pacientes, pais, cuidadores e profissionais a serem "apóstolos do amor de Deus" na Igreja e no mundo. Levar esse testemunho da alegria do amor de Deus aos outros, apesar das dificuldades no caminho de quem convive com o câncer, porque "precisam se curar, superar a doença ou conviver com a doença, e isso não é fácil":
“Quantas vezes na vida nos encontramos na situação de não ter forças para continuar. Mas vocês nunca estão sozinhos! Jesus está sempre perto e lhes diz: 'Vai, vai, vai em frente! Eu estou com você'. 'Pego você pela mão', diz Jesus, como quando vocês eram crianças aprendendo a dar os primeiros passos. Queridas crianças, Jesus está sempre ao nosso lado para nos dar esperança. Sempre, mesmo nos momentos da doença, mesmo nos momentos mais dolorosos, mesmo nos momentos mais difíceis: o Senhor está ali!”
E não só Ele, continuou o Papa, mas uma legião do bem formada pelos familiares, médicos e amigos que ajudam a seguir em frente. "Pensem na mãe de vocês, que deu à luz, e ao seu pai", reforçou Francisco, recordando o quanto "Deus os ama". Além disso, convidando todos a rezar uma Ave Maria juntos para recordar de Nossa Senhora, Francisco disse para lembrar também dela, da sua constante ternura maternal:
“Se alguém se vê sozinho e se sente abandonado, não esqueçamos que Nossa Senhora está sempre perto, especialmente quando sentimos o peso da doença com todos os seus problemas: ela está ali perto, como esteve ao lado do seu Filho Jesus quando todos o abandonaram. Maria está sempre presente, ao nosso lado, com a sua ternura maternal.”
Fonte: Vatican News