O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira, 8 de maio, a Congregação do Espírito Santo sob a proteção do Imaculado Coração de Maria, que celebra este ano os 175 anos de sua refundação. A fusão aconteceu em 10 de setembro de 1848 por vontade do beato Pio IX, onde se uniram dois institutos religiosos: a Congregação do Espírito Santo, fundada pelo jovem diácono Claude-François Poullart des Places em 1703, e a Sociedade dos Sagrado Coração de Maria, fundada pelo Venerável François Libermann em 1841.
Francisco iniciou seu discurso tomando como referência a passagem de Isaías: "Eis que faço uma coisa nova" (43,19), por espelhar, segundo o Pontífice, alguns valores fundamentais do carisma da família religiosa: coragem, abertura e abandono à ação do Espírito para que faça uma coisa nova.
E relembrando algumas passagens históricas vivenciadas pela Congregação, entre a coragem e o temor que atravessaram a primeira e segunda fundações, afirmou que "a Providência recompensou sua generosa e corajosa docilidade ao Espírito".
“Não há maior liberdade do que a de se deixar conduzir pelo Espírito. (Evangelii gaudium, 280)”
"Graças à sua disposição para mudar e à sua perseverança, vocês permaneceram fiéis ao espírito de suas origens: evangelizar os pobres, aceitar missões onde ninguém mais quer ir, preferir o serviço aos mais abandonados, respeitar os povos e as culturas, treinar o clero e os leigos locais para o desenvolvimento humano integral, tudo em fraternidade e simplicidade de vida e na assiduidade da oração. Por favor, esta é importante: rezem, não deixem a oração e não só a oração formal, bla bla bla bla... rezem! Rezem de verdade!"
Por fim, o Papa deixou um apelo aos espiritanos:
"É por isso que lhes digo: não renunciem à sua coragem e à sua liberdade interior, cultivem-na e façam dela uma característica viva de seu apostolado. Há tantos homens e mulheres que ainda precisam do Evangelho, não apenas nas chamadas "terras de missão", mas também no velho e cansado Ocidente. Olhem para cada um com os olhos de Jesus, que deseja encontrar todos - todos! Não esqueçam isto, todos, todos, todos! - aproximando-se especialmente dos mais pobres, tocando-os com suas mãos, fixando seu olhar no deles."
E desejando que os religiosos se deixem iluminar, orientar e impelir pelo Espírito, sem impor condições nem excluir ninguém, parabenizou-os, conferiu aos presentes a bênção apostólica e pediu orações.
- Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores
O Papa Francisco durante a audiência na última sexta-feira, dia 5 de maio, incentivou a Comissão a continuar com seus esforços para aprimorar as diretrizes e os padrões de conduta daqueles que estão a serviço da Igreja, para proteger a Igreja dos abusos sexuais.
O Santo Padre falou sobre o mandato ampliado da Comissão, que representa uma visão abrangente de como a Igreja pode se tornar um lugar cada vez mais seguro para todos. A Comissão sustenta que a visão e as promessas devem ser acompanhadas de mudanças verificáveis dentro da Igreja que possam demonstrar como os jovens e as pessoas vulneráveis não corram risco e que é necessário se empenhar para esta ao lado das pessoas atingidas pelos abusos sexuais.
Em seu discurso, o Papa Francisco reafirmou mais uma vez que a crise de abuso sexual é "particularmente grave para a Igreja", porque "prejudica sua capacidade de abraçar e testemunhar plenamente a presença libertadora de Deus". “A incapacidade de agir adequadamente para deter esse mal e ajudar suas vítimas manchou o nosso testemunho de amor a Deus ", disse ele. Ele também enfatizou que os "pecados de omissão", embora pareçam "menos reais", não são menos graves do que os pecados reais cometidos pelos abusadores. A Comissão acolheu as palavras do Santo Padre e sua confirmação do Motu Proprio Vos estis lux mundi como lei permanente.
Duarante a Assembleia plenária foram tomadas as seguintes decisões;
- Atualização das Diretrizes globais da Igreja, publicadas pela primeira vez em 2011 pela então Congregação para a Doutrina da Fé que necessitam de uma atenção às políticas de proteção em toda a Igreja (cfr. Praedicate Evangelium, artigo 78.2). A Estrutura de Diretrizes Universais da Comissão agora será submetida aos líderes da Igreja, aos grupos de vítimas e às outras partes interessadas por um período de comentários públicos antes da aprovação fina no curso do ano. (A esturutura universal das Diretrizes estára disponível no dia 31 de maio de 2023).
- Com base na Estrutura das Diretrizes Universais, a Comissão começou a trabalhar em uma Ferramenta de Verificação, solicitada pelo Papa Francisco em abril de 2022 durante audiência à Comissão. Esse instrumento servirá para avaliar a adequação das diretrizes de proteção das igrejas locais.
- Em consonância com as indicações do Papa Francisco sobre como enfrentar as desigualdades de proteção dentro da Igreja, a Comissão estabeleceu um Fundo composto pelas contribuições das Conferências Episcopais para oferecer programas de desenvolvimento de capacidade para para garantir maior acesso à formação e assistência às vítimas, seus familiares e às comunidades nas regiões mais pobres do mundo. (Acordo de Cooperação com a Conferência Episcopal Italiana). A Comissão aprovou um protocolo que protege esse Fundo e regulamenta o uso dos fundos doados como parte de um programa de capacitação chamado Memorare. [Protocolo de Desembolso Financeiro]. O primeiro acordo para um programa piloto foi assinado com a Igreja em Ruanda [Memorando de entendimento com Ruanda].
- A plenária examinou o acordo de parceria com a Fundação GHR, compartilhado pela primeira vez com a Comissão em dezembro de 2022, que administra um programa para fornecer consultores regionais especializados em proteção. Uma parceria semelhante foi estabelecida em 2020 entre a GHR e o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, para auxiliar a resposta da Igreja à pandemia da COVID-19. Com a Comissão, a GHR supervisiona o recrutamento, a contratação e o pagamento direto dessa equipe regional. Todos os consultores estavam presentes na Plenária e na audiência com o Santo Padre [Lista do pessoal e dos consultores].
- A Comissão revisou o quadro de referências do Relatório Anual sobre as políticas e procedimentos de proteção na Igreja, solicitado pelo Papa Francisco em abril de 2022 e reiterado em sua última audiência. O plano adota uma metodologia de planejamento centrado no ser humano que se centraliza no modo com o qual as necessidades das vítimas e sobreviventes podem ser priorizadas e enfrentadas nos mecanismos de prestação de contas da Igreja, com o objetivo de oferecer propostas ao Santo Padre sobre como resolver as lacunas.
- A Comissão discutiu o modo como responder prontamente à solicitação do Santo Padre, em seu discurso à Comissão, de guiar a Igreja no combate aos males do abuso infantil on-line.
- A Comissão aprovou um plano estratégico de cinco anos que identifica objetivos, metas e indicadores de desempenho para medir os progressos e prestar contas às partes interessadas. [Resumo do Plano Estratégico].
- Em conformidade ao acordo de cooperação recentemente assinado, a Comissão se reuniu com o Dicastério para a Evangelização dos Povos para promover os objetivos de proteção através do trabalho do escritório do Vaticano que supervisiona a vida da Igreja em mais da metade do território mundial.
[Memorandum de troca de informações]. A Plenária encomendou um estudo aprofundado sobre a questão da vulnerabilidade em suas várias formas, a fim de dotar as entidades da Igreja com medidas sólidas para combater esse setor emergente dos abusos.
O Presidente da Comissão, cardeal Sean O' Malley, OFM, declarou: "Esses desenvolvimentos representam uma importante mudança para uma direção mais focada no impacto para a Comissão. Às vezes, essa nova direção foi ao mesmo tempo íngreme e veloz para todos nós, refletindo a urgência dos desafios. Esse ritmo acelerado nos últimos seis meses causou dores crescentes, pois tentamos responder às necessidades de curto e longo prazo. Em nossa plenária, fizemos alguns ajustes em função da nossa metodologia de trabalho, a fim de esclarecer nossas diferentes funções e criar um sentido de pertença comum ao nosso mandato e à nossa responsabilidade coletiva para a sua implementação. O Santo Padre nos pediu muito e estamos todos comprometidos em realizá-lo. Buscamos os recursos necessários para responder adequadamente e estamos confiantes no plano que definimos e nas pessoas que trabalham conosco".
* A publicação dos documentos indicados entre parênteses foi aprovada para a distribuição pela Assembleia e, salvo indicação em contrário, serão publicados no site da Comissão nos próximos dias.
- Papa recebe em audiência o novo embaixador da Colômbia junto à Santa Sé
O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta segunda-feira (8), o novo embaixador da Colômbia junto à Santa Sé, Alberto Ospina Carreño. Com a apresentação das cartas credenciais ao Pontífice, ele começa a sua missão no Vaticano.
Como informa o boletim diário da Sala de Imprensa da Santa Sé, o empresário nasceu em 26 de maio de 1946, é casado e tem um filho. Formado em Engenharia Industrial pela Universidad de America e em Administração pela Universidad de los Andes - ambas em Bogotá, na Colômbia -, Alberto é pós-graduado em Alta Administração pela Inalde Business School, uma escola de negócios da Universidad de La Sabana, que o indicou ao 'Prêmio Alunos - Obra e Vida Empresarial' por ser artífice de desenvolvimento do setor da construção.
No campo profissional, foi presidente do Grupo Alfa S.A. (1973 - 2013), uma empresa colombiana de mais de 60 anos de fundação dedicada à produção e comercialização de revestimentos de pisos e materiais de construção em geral, com presença na América Latina e Estados Unidos. O engenheiro industrial também participa dos seguintes Conselhos de Administração na Colômbia: Grupo Alfa S.A.; Universidad de la Sabana, em Bogotá; Inalde Business School, em Bogotá; Zona Franca La Cayena S.A., em Baranquilla.
Em abril deste ano, Alberto Ospina Carreño, como informam os canais sociais da Embaixada da Colômbia junto à Santa Sé, já se encontrou com dom Paulo Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, e também recebeu os bispos do país que participavam de visita ad Limina Apostolorum no Vaticano. Na oportunidade, dom Francisco Javier Múnera Correa, arcebispo de Cartagena, chegou a agradecer a gentileza do acolhimento, desejando 'tudo de melhor' ao novo embaixador "na gestão que irá realizar junto à Santa Sé, levando adiante tarefas muito importantes para o serviço que o país precisa". Tarefas que, segundo o prelado, são comuns também para a Conferência Episcopal e a Igreja na Colômbia, "pelo bem da nossa pátria, pela paz, pela reconciliação, pelos temas da mobilidade humana, pelo respeito e pela dignidade de todas as pessoas no cuidado da casa comum".
- Francisco e Tawadros juntos para o 50º aniversário do encontro entre Paulo VI e Shenouda III
O Patriarca Tawadros II, Papa de Alexandria e chefe da Igreja copta ortodoxa do Egito, chega na terça-feira, 9 de maio, a Roma para uma visita de seis dias. Nos dias 10 e 11 de maio, conforme o tuíte da Secretaria de Estado, o Patriarca comemorará junto com o Papa Francisco o quinquagésimo aniversário do encontro histórico de seus predecessores, São Paulo VI e Papa Shenouda III, ocorrido em maio de 1973.
Nesta ocasião, o Patriarca Tawadros participará da audiência geral na quarta-feira, 10 de maio. Na quinta-feira, 11 de maio, terá um encontro privado com o Papa Francisco, com quem fará um momento de oração, e depois irá ao Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O Patriarca também se encontrará com os fiéis da comunidade copta residentes em Roma, para os quais celebrará uma Liturgia Eucarística no domingo, 14 de maio, na Basílica Papal de São João de Latrão.
Numa entrevista à mídia vaticana em abril passado, o padre Hyacinthe Destivelle, membro do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, ilustrou esta importante visita, definida como "um marco" no caminho ecumênico. Padre Destivelle recordou a Declaração Conjunta assinada pelo Papa Montini e pelo Patriarca Shenouda em 10 de maio de 1973, que serviu "de modelo para acordos semelhantes com as outras Igrejas Ortodoxas Orientais, que reconhecem os três primeiros Concílios". Ele sublinhou que esta visita também se realiza 10 anos após o primeiro encontro entre Francisco e Tawadros.
No centro do encontro de oração do dia 11 de maio estará o tema do ecumenismo do sangue, em memória dos tantos mártires das diversas confissões cristãs: "Para o Papa Francisco - disse Padre Destivelle - o sangue dos mártires é semente de unidade. Os mártires já estão reunidos no céu, diz sempre o Papa, não são mortos porque são católicos, ortodoxos ou protestantes, mas porque são cristãos. Então eles já estão reunidos na glória de Deus porque sofreram pelo nome de Cristo. O sangue dos mártires grita mais alto que as nossas divisões".
A Igreja copta ortodoxa do Egito, informa o tuíte da Secretaria de Estado, é uma das realidades mais importantes no panorama eclesial do Oriente Médio, onde, nos últimos tempos, as comunidades cristãs enfrentam situações de grande dificuldade.
Para esta ocasião, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos publica um livro comemorativo intitulado “A Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa. 50º Aniversário do Encontro entre o Papa Paulo VI e o Papa Shenouda III (1973-2023)”. O livro, lê-se no site do Dicastério, contém os principais documentos que testemunham a aproximação entre a Igreja Católica e a Igreja Copta Ortodoxa a partir do Concílio Vaticano II, precedidos por um prefácio comum do Papa Francisco e do Papa Tawadros II. Publicado pela Livraria Editora Vaticana, é o terceiro volume da nova série "Ut Unum Sint" do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Fonte: Vatican News