Cultura

Em decisão histórica, Papa permite voto de mulheres em Sínodo dos Bispos





Novas regras também ampliam participação de leigos no principal colegiado deliberativo da Igreja Católica

O Vaticano anunciou, nesta quarta-feira, que o Papa Francisco vai permitir que mulheres votem no próximo Sínodo dos Bispos, em um movimento inédito que pode abrir caminho para maior inclusão feminina nas decisões internas da Igreja Católica, uma causa defendida pelo Pontífice ao longo de seu papado. Francisco também aumentou o número de leigos que vão participar do Sínodo, em outubro, que é o principal colegiado de deliberação da Igreja. 

O Sínodo dos Bispos é uma instituição permanente de aconselhamento do Papa que reúne bispos de todo o mundo, em encontros periódicos para discutir e votar propostas sobre orientações da Igreja que são enviadas para deliberação do Papa. O tema do evento deste ano gira em torno do estímulo ao maior envolvimento dos fiéis nas questões da Igreja. 

As novas regras, publicadas nesta quarta-feira em um documento sobre o próximo Sínodo, marcam uma mudança histórica nas normas da Igreja católica. Pelo documento, a maior parte dos participantes ainda é formada por bispos, mas o Papa adicionou 70 integrantes além deles, com orientação de que 35 sejam mulheres e que a presença de jovens seja incentivada. O texto determina que, por serem integrantes, “eles terão o direito a voto". 

Além disso, cinco freiras vão se juntar aos 5 padres que também podem votar como representantes de ordens religiosas. Nos Sínodos passados, as mulheres puderam apenas atuar como auditoras. 

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As mudanças vêm ao encontro de manifestações do Papa em defesa da ampliação do poder decisório de mulheres, assim como do estímulo à integração de leigos nos assuntos da Igreja. Francisco também nomeou mulheres para cargos na Cúria Romana — o órgão central de governo da Igreja. Em 2021, o Papa fez uma alteração no regulamento da Igreja para permitir que mulheres pudessem fazer a leitura da Bíblia nas missas e distribuir a comunhão nas missas. 

O direito de voto era uma reivindicação antiga das mulheres na Igreja Católica. No encontro de 2018, ocorreram protestos pela ampliação do papel delas, com a entrega de uma petição com mais de nove mil assinaturas ao secretariado do Sínodo. 

— (A mudança) É resultado de longa militância e ativismo — comemorou Kate McElwee, integrante de um grupo que defende o direito de mulheres na Igreja.

 

Fonte: OGlobo com New York Times