Cultura

O Papa: os monges e monjas levam adiante a Igreja com a sua intercessão





Na catequese desta quarta-feira, o Papa citou São Gregório de Narek, Doutor da Igreja, como exemplo de intercessor pelos outros. Francisco disse que "o coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos".

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre as testemunhas do zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (26/04), realizada na Praça São Pedro.

"Começamos por São Paulo e, da última vez, vimos os mártires, que anunciam Jesus com a vida, a ponto de a entregar por Ele e pelo Evangelho", disse o Pontífice, ressaltando que "existe outro grande testemunho que atravessa a história da fé: o das monjas e dos monges, irmãs e irmãos que renunciam a si e ao mundo para imitar Jesus no caminho da pobreza, da castidade, da obediência e para interceder a favor de todos".

Segundo o Papa, "os monges são o coração pulsante do anúncio: a sua oração é oxigênio para todos os membros do Corpo de Cristo, é a força invisível que sustenta a missão".

"Não é por acaso", recordou Francisco, "que a padroeira das missões é uma monja, Santa Teresa do Menino Jesus" que entendeu que «só o amor impele os membros da Igreja à ação». Descobriu que «o amor abarca em si todas as vocações». «Ó Jesus, meu amor, finalmente encontrei a minha vocação. A minha vocação é o amor. No coração da Igreja, minha mãe, serei o amor», escreveu ela.

Este amor por todos anima a vida dos monges e traduz-se na sua oração de intercessão. A tal respeito, gostaria de citar como exemplo São Gregório de Narek, Doutor da Igreja. É um monge armênio, que viveu por volta do ano 1000 e nos deixou um livro de orações, no qual foi derramada a fé do povo armênio, o primeiro que abraçou o cristianismo; um povo que, apegado à cruz de Cristo, sofreu muito ao longo da história.

"São Gregório passou quase toda a sua vida no mosteiro de Narek. Ali aprendeu a perscrutar as profundezas da alma humana e, fundindo poesia e oração, alcançou o auge tanto da literatura como da espiritualidade armênia", disse ainda Francisco.

Segundo o Papa, "o aspecto que mais impressiona nele é exatamente a solidariedade universal de que é intérprete".

Entre os monges e monjas existe uma solidariedade universal. Qualquer coisa que acontece no mundo encontra lugar nos seus corações e eles rezam. O coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos.

Como Jesus, os monges e monjas "carregam sobre si os problemas do mundo, as dificuldades, as doenças e muitas coisas e rezam por eles. Estes são os grandes evangelizadores. Com a palavra, o exemplo, a intercessão e o trabalho cotidiano eles são ponte de intercessão para todas as pessoas e pelos pecados. Eles choram pelos seus pecados, porque todos somos pecadores, e choram pelos pecados do mundo e rezam e intercedem".

"Nos fará bem visitar um mosteiro porque ali se reza e trabalha. Cada um tem sua regra, mas ali as mãos estão sempre ocupadas com o trabalho e com a oração. Que o Senhor nos dê novos mosteiros, monges e monjas que levam adiante a Igreja com a sua intercessão", concluiu o Papa.

 

- O Papa: a vocação é dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria

"Vocação: graça e missão" é o tema da mensagem do Papa Francisco para 60° Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Segundo o Papa, "o dom da vocação é como uma semente divina que germina no terreno da nossa vida, abre-nos a Deus e abre-nos aos outros para partilhar com eles o tesouro encontrado".

Foi divulgada, nesta quarta-feira (26/04), a mensagem do Papa Francisco para o 60° Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no próximo domingo, 30 de abril, IV Domingo de Páscoa.

O Dia Mundial de Oração pelas Vocações foi instituído por São Paulo VI, em 1964, durante o Concílio Ecumênico Vaticano II.

"Esta providencial iniciativa visa ajudar os membros do Povo de Deus a responder, pessoalmente e em comunidade, ao chamado e à missão que o Senhor confia a cada um no mundo de hoje, com as suas feridas e as suas esperanças, os seus desafios e as suas conquistas", sublinha Francisco no texto.

"Vocação: graça e missão" é o tema proposto pelo Papa, este ano, para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, "uma preciosa ocasião para redescobrir, maravilhados, que o chamado do Senhor é graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, é empenho de partir, sair para levar o Evangelho".

 A vocação é como uma semente divina que germina

"No decurso da nossa vida, este chamado, inscrito nas fibras do nosso ser e portador do segredo da felicidade, alcança-nos, pela ação do Espírito Santo, de maneira sempre nova, ilumina a nossa inteligência, infunde vigor na vontade, enche-nos de admiração e faz arder o nosso coração. Às vezes irrompe até de forma inesperada", escreve o Papa.

A seguir, Francisco conta o que aconteceu com ele, em 21 de setembro de 1953, quando sentiu o impulso de entrar na igreja e se confessar. "Aquele dia mudou a minha vida, dando-lhe uma fisionomia que dura até hoje. A fantasia de Deus que nos chama é infinita. A sua iniciativa e dom gratuito esperam a nossa resposta", ressalta ele.

Segundo o Papa, "a vocação é uma «combinação entre a escolha divina e a liberdade humana», uma relação dinâmica e estimulante que tem como interlocutores Deus e o coração humano. Assim, o dom da vocação é como uma semente divina que germina no terreno da nossa vida, abre-nos a Deus e abre-nos aos outros para partilhar com eles o tesouro encontrado. Esta é a estrutura fundamental daquilo que entendemos por vocação: Deus chama amando, e nós, agradecidos, respondemos amando".

Não há vocação sem missão

"O chamado de Deus inclui o envio. Não há vocação sem missão. E não há felicidade e plena autorrealização sem oferecer aos outros a vida nova que encontramos. O chamado divino ao amor é uma experiência que não se pode calar", sublinha Francisco.

De acordo com o Papa, "a missão comum a todos nós, cristãos, é testemunhar com alegria, em cada situação, por atitudes e palavras, aquilo que experimentamos estando com Jesus e na sua comunidade, que é a Igreja. E traduz-se em obras de misericórdia materiais e espirituais, num estilo de vida acolhedor e sereno, capaz de proximidade, compaixão e ternura, em contracorrente à cultura do descarte e da indiferença. Fazer-nos próximo como o bom samaritano permite-nos compreender o «núcleo» da vocação cristã: imitar Jesus Cristo que veio para servir e não para ser servido".

Portanto, é necessário fazer uma "profunda experiência com Jesus". "Temos um ícone evangélico desta experiência nos dois discípulos de Emaús. Estes, depois do encontro com Jesus ressuscitado, confidenciavam um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Podemos ver neles o que significa ter «corações ardentes e pés a caminho». É o que desejo também para a próxima Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, que aguardo com alegria e que tem como lema: «Maria levantou-se e partiu apressadamente». Que cada um e cada uma se sinta chamado a levantar-se e partir apressadamente, com coração ardente!", escreve o Papa.

Levar a vida a todos os lugares

"O termo Igreja vem de Ekklesía, palavra grega que significa assembleia de pessoas chamadas, convocadas, para formar a comunidade dos discípulos e discípulas missionários de Jesus Cristo. Na Igreja, somos todos servos e servas, segundo diversas vocações, carismas e ministérios", recorda Francisco.

O Papa ressalta que "a vocação é dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria. Que as iniciativas de oração e animação pastoral ligadas a este Dia reforcem a sensibilidade vocacional nas nossas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas associações e nos movimentos eclesiais".

"Que o Espírito do Ressuscitado nos faça sair da apatia e nos dê simpatia e empatia, para vivermos cada dia regenerados como filhos de Deus-Amor e sermos, por nossa vez, geradores no amor: capazes de levar a vida a todos os lugares, especialmente onde há exclusão e exploração, indigência e morte. Que deste modo se alarguem os espaços de amor e Deus reine cada vez mais neste mundo", conclui.

 

Francisco: gratidão à Extensão Católica dos EUA pela missão junto aos vulneráveis

O Papa recebeu uma delegação da "Catholic Extension Society", no Vaticano, e aproveitou para agradecer o trabalho desenvolvido para consolidar a fé católica em comunidades pobres dos Estados Unidos: uma missão feita através do apoio financeiro, da doação de bolsas de estudo, da criação de novos líderes e capacitação de ministros. Sincera gratidão por "cuidar das necessidades dos pobres e vulneráveis", disse ele.

Na manhã desta quarta-feira (26), além do compromisso com a tradicional Audiência Geral na Praça São Pedro, o Papa Francisco encontrou uma delegação da "Catholic Extension Society", liderada pelo arcebispo de Chicago, o cardeal Blase Joseph Cupich. A missão da Extensão Católica, desde a fundação em 1905, é promover uma Igreja em saída ao atender as comunidades religiosas mais remotas dos Estados Unidos, como as de fronteira - na época, inclusive por meio de trens e com capelas motorizadas. Atualmente, mais de 15 milhões de católicos de dioceses pobres do país são beneficiados pela Sociedade, com subsídios para reformar e construir igrejas, bolsas de estudo para líderes emergentes e capacitação dos ministérios.

Na saudação, o Pontífice demonstrou "sincera gratidão" por essa missão "de cuidar das necessidades dos pobres e vulneráveis". Uma contribuição de nível eclesial e civil, reforçou o Papa, como foi "a reconstrução de Porto Rico após os furacões e terremotos que devastaram a ilha nos últimos anos". O reconhecimento, mais uma vez, também foi dirigido, em especial, à Irmã Norma Pimentel, ganhadora do Prêmio "Spirit of Francis", "pelo serviço que faz a tantos homens, mulheres e crianças que chegam à fronteira sul dos Estados Unidos - esa frontera es caliente caliente - em busca de um futuro melhor". 

A sinodalidade que dá voz aos vulneráveis

Ao trabalhar na edificação da Igreja, dando "voz àqueles que muitas vezes não têm voz", o Papa afirmou ser um testemunho da "dignidade dada por Deus a cada pessoa", sobretudo neste momento importante de percurso comum em busca da sinodalidade:

"Ouvir e incluir as experiências e perspectivas de todos, especialmente daqueles que se encontram à margem da sociedade, enriquece a vida e o ministério eclesial; pois a Igreja é como uma grande tapeçaria, composta de muitos fios individuais que provêm de diferentes povos, línguas e culturas diferentes, mas que são tecidos em unidade pelo Espírito Santo".

A gratidão da Igreja pela caridade fraterna

O Papa se demonstrou muito feliz pela "preocupação em colocar no centro da ação pastoral da Igreja aqueles que são frequentemente vítimas da atual 'cultura do descarte'; dessa forma, a voz deles pode ser ouvida" e a sociedade acaba sendo fortalecida e renovada. Enfim, veio o encorajamento para continuar a expressar o 'estilo de Deus' no trabalho que realizam na América:

"O estilo de Deus nunca é distante, desapegado ou indiferente. Pelo contrário, é um estilo de proximidade, compaixão e ternura. Este é o estilo de Deus: cercanía, compasión y ternura. Dios va así, eso es lo estilo que tiene. Desejo que o serviço de vocês sempre reflita estas qualidades: proximidade, compaixão e ternura - cercanía, compasión y ternura -, mostrando que o Senhor se aproxima de nossas vidas, que é movido pela compaixão por aqueles que se encontram em situações difíceis, que o seu amor nos chama a nos relacionarmos com Ele e a vermos o nosso próximo como um verdadeiro irmão ou irmã."

Fonte: Vatican News