O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 22, no Vaticano, os participantes da II Assembleia Plenária do “Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida”, acompanhados pelo Prefeito Kevin Joseph Farrell.
Ao saudar os numerosos presentes, o Papa agradeceu pelo trabalho, que realizaram ao longo dos anos, e o esforço que fizeram em suas áreas de competência: a vida cotidiana das pessoas, famílias, jovens, idosos, grupos associados de fiéis e, em geral, os leigos que vivem no mundo. A eles, Francisco disse: “Vocês pertencem a um Dicastério "popular", eu diria. Por isso, nunca percam o carácter de proximidade com as mulheres e os homens do nosso tempo”.
Partindo do tema desta II Assembleia do Dicastério: “Leigos e ministérios na Igreja sinodal”, o Papa explicou: “Quando se fala de ministérios, em geral, pensamos logo nos ministérios estabelecidos: leitor, acólito, catequista. Estes ministérios são caracterizados por uma intervenção pública da Igreja, um ato específico de instituição, e por certa visibilidade. Eles estão interligados ao ministério ordenado, por suas várias formas de participação em suas tarefas próprias”.
Porém, recordou Francisco, “os ministérios instituídos não esgotam a ação ministerial da Igreja, que, desde as primeiras comunidades cristãs, envolveu os fiéis”. E, retomando o tema da Assembleia, Francisco falou sobre a origem da ação ministerial na Igreja, aprofundando dois aspectos fundamentais: o Batismo e os dons do Espírito Santo. Sobre o Batismo, no qual o sacerdócio comum de todos os fiéis afunda suas raízes e se expressa nos ministérios, disse:
“A ação ministerial dos leigos não se funda no sacramento da Ordem, mas no Batismo, porque todos os batizados – leigos, celibatários, casados, sacerdotes, religiosos – são ‘christifideles’, os que acreditam em Cristo, são seus discípulos e, portanto, chamados a participar da missão que a Igreja lhes confia, mediante ministérios específicos”.
Falando sobre o segundo aspecto fundamental do ministério leigo, “os dons do Espírito Santo”, Francisco disse: “A ação ministerial dos fiéis e dos leigos, em particular, brota dos carismas que o Espírito Santo oferece ao Povo de Deus para sua edificação: o carisma é suscitado, primeiro, pelo Espírito; depois, a Igreja reconhece este carisma como serviço útil para a comunidade; por fim, o ministério específico é difundido aos demais.
Assim, acrescentou o Papa, a ação ministerial da Igreja não se reduz apenas aos ministérios instituídos, mas tem um campo bem mais vasto, como no caso de serviços temporários dos leigos, como a proclamação da Palavra ou a distribuição da Eucaristia.
Além disso, disse Francisco, os leigos podem desempenhar também várias tarefas, não só na Igreja, mas também nos ambientes onde vivem: entre as antigas e novas formas de pobreza, migração, que requer acolhida e solidariedade. Assim, o ministério se torna, além de um simples compromisso social, um lindo testemunho cristão.
Durante a Assembleia Plenária do Dicastério, os participantes refletiram também sobre alguns desafios da pastoral familiar: crise matrimonial, separações e divórcios. Aqui, o Santo Padre recordou que há ministérios fundados no Matrimônio, não apenas no Batismo e na Confirmação, como a missão educativa e evangelizadora da família. O espírito missionário intrínseco da vocação conjugal se expressa também fora da família, quando se torna "evangelizador de outras famílias”.
Estes são apenas alguns exemplos de ministérios leigos abordados pelo Papa Francisco, mas há outros serviços ministeriais, atribuições, ofícios, cuja finalidade é levar "os valores cristãos ao mundo social, político e econômico" do nosso tempo. Uma missão confiada, sobretudo, aos leigos, que têm a tarefa de “anunciar o Evangelho e transformar a sociedade”.
Por fim, o Papa concluiu seu discurso aos participantes da Assembleia do Dicastério, perguntando: o que estes ministérios têm em comum? E respondeu:
“Duas coisas: missão e serviço. Todos os ministérios são expressão da única missão da Igreja e formas de serviço aos outros... Na raiz do termo ministério, destaca-se a palavra ‘minus’ ou ‘menor’. Quem segue Jesus não tem medo de ser ‘inferior ou menor’ ao se colocar a serviço dos outros e, através deles, ao próprio Cristo. Assim, todo batizado descobre que é chamado a "iluminar , abençoar, animar, aliviar, curar, libertar".
Manoel Tavares
Fonte: Vatican News