O testemunho dos mártires foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Praça São Pedro, com a participação de milhares de fiéis.
Francisco deu continuidade ao ciclo sobre o zelo apostólico, detendo-se desta vez não em uma pessoa singular como São Paulo, mas na multidão dos mártires: homens e mulheres das mais diversas idades, línguas e nações, que deram a vida por Cristo.
Depois da geração dos Apóstolos, foram eles as "testemunhas" por excelência do Evangelho. O primeiro foi Santo Estêvão, lapidado fora das muralhas de Jerusalém. Os mártires, porém, advertiu o Papa, não devem ser vistos como "heróis" que agiram individualmente, como flores despontadas num deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja.
De fato, participando assiduamente na celebração da Eucaristia, os cristãos sentem-se impelidos pelo Espírito a organizar a sua vida sobre a base daquele mistério de amor, ou seja, como o Senhor Jesus deu a sua vida por eles, assim também eles podiam e deviam dar a vida por Ele e pelos irmãos. "Os mártires amam Cristo na sua vida e O imitam na sua morte."
À imitação de Cristo e com a sua graça, os mártires fazem com que a violência recebida de quem recusa o anúncio do Evangelho se torne uma ocasião suprema de amor, que vai até ao perdão dos próprios algozes. "É interessante isto: os mártires perdoam sempre os algozes."
Embora o martírio seja pedido a poucos, "todos, porém, devem estar dispostos – diz o Concílio Vaticano II – a confessar a Cristo diante dos homens e a segui-Lo no caminho da cruz em meio das perseguições que nunca faltarão à Igreja".
Assim os mártires mostram-nos que todo cristão é chamado a dar testemunho com a sua vida, embora não chegue ao derramamento do sangue, fazendo de si mesmo um dom a Deus e aos irmãos.
O Pontífice voltou a repetir que os mártires são mais numerosos no nosso tempo do que nos primeiros séculos e citou o Iêmen como terra de martírio, lembrando as religiosas, os religiosos e os leigos que ali perderam a vida recentemente.
“Portanto, oremos para não nos cansarmos de dar testemunho do Evangelho até em tempos de tribulação. Que todos os santos e santas mártires sejam sementes de paz e de reconciliação entre os povos, por um mundo mais humano e fraterno, à espera que se manifeste plenamente o Reino dos céus, quando Deus será tudo em todos.”
Bianca Fraccalvieri
- Francisco: perseverar nas orações à Ucrânia, que suporta terríveis sofrimentos
O testemunho de uma "multidão dos mártires: homens e mulheres das mais diversas idades, línguas e nações, que deram a vida por Cristo", depois da geração dos Apóstolos, foi enaltecido pelo Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (19). Um caminho da cruz, aquele feito pelos mártires que seguem Cristo e o Evangelho, que também é um convite a todo cristão a "dar testemunho com a sua vida", até em tempos de tribulação, como acontece com a guerra na Ucrânia há mais de um ano, país que foi novamente lembrado pelo Pontífice ao final da catequese:
“O pensamento, enfim, como de costume, vai aos jovens, aos doentes, aos idosos e aos recém-casados. A todos desejo que, ao sair da Cidade Eterna e voltando aos seus respectivos ambientes de vida, levem o testemunho de um renovado compromisso de fé laboriosa, contribuindo, assim, para fazer brilhar no mundo a luz do Cristo Ressuscitado. E perseveremos na proximidade e na oração pela querida e martirizada Ucrânia, que continua suportando terríveis sofrimentos.”
As últimas notícias da linha de frente dizem respeito a ordens recebidas por russos para executar 20 crianças e também civis em Bakhmut e Soledar durante a invasão na Ucrânia, segundo revelações de uma organização russa de direitos humanos, a Gulagu.net, que luta contra a corrupção e a tortura na Rússia. Eles seriam dois ex-comandantes do Grupo Wagner, uma organização mercenária privada russa que luta na Ucrânia e foi designada pelo Departamento do Tesouro dos EUA como uma importante organização criminosa transnacional, que teria dado ordens "para aniquiliar toda a gente". Os dois soldados contaram que explodiram uma fossa com mais de 50 prisioneiros feridos e de ter "limpado" edifícios residenciais matando todos, inclusive menores.
Enquanto isso, na frente diplomática, segundo declarações do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, Moscou estaria interessada em negociações, estabelecendo interesses. A declaração surgiu do encontro com o chanceler Mauro Viera em reunião fechada no Itamaraty, em Brasília, na segunda-feira (17).
A viagem do emissário de Moscou ao Brasil faz parte da densa teia que Lula - que acaba de voltar de Pequim - está tecendo com os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para um plano de paz mediado por um grupo dos chamados "países amigos" para o conflito ucraniano, como reiterado pelo próprio Vieira, que voltou a criticar as "sanções unilaterais" contra Moscou.
Fonte: Vatican News