O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (17/04), na Sala dos Papas, no Vaticano, uma delegação da Comunidade das Bem-aventuranças pelo seu 50° aniversário de fundação. A Comunidade foi fundada, na França, em 1973.
O Pontífice não proferiu o seu discurso previsto, mas o entregou aos membros da Comunidade das Bem-aventuranças. Disse apenas as seguintes palavras: "Obrigado por esta visita, obrigado por este testemunho. As outras coisas eu digo ali, no texto. Sigam em frente com coragem! Ver uma família assim com uma esperança, isso é muito importante. Ir adiante com coragem e com um sorriso! Obrigado"!
No discurso entregue, Francisco ressalta que o carisma da comunidade, "que nasce do impulso da Renovação Carismática Católica, é um dom para a Igreja e para o mundo", ressaltando que "a experiência pentecostal e a dimensão escatológica foram centrais nele desde as origens". Segundo o Papa, graças à experiência pentecostal e à dimensão escatológica, esse carisma "ainda se expande e se manifesta através da vida no Espírito, a comunhão dos estados de vida e o apostolado".
A "vida de oração é a fonte de sua comunhão fraterna, que se inspira na fonte Trinitária e permite a cada um realizar-se na sua vocação específica", escreve ainda o Papa. A comunidade realiza um apostolado "vasto e variado" e a sua "presença em alguns Santuários da França, Hungria, Itália e Costa do Marfim e o serviço dos sacerdotes nas paróquias são uma oportunidade importante de testemunho".
"Vocês apoiam vários projetos humanitários nos países em desenvolvimento, como o acolhimento de menores em dificuldade, assistência a crianças desnutridas ou deficientes, ajuda a famílias desfavorecidas e mães solteiras, distribuição de refeições e assistência médica. Nesses contextos de pobreza, vocês também administram um hospital, uma clínica, um centro de oftalmologia e uma clínica dentária", sublinha Francisco no texto.
"Tudo isto é motivo de ação de graças a Deus, especialmente pelo seu compromisso a serviço das pessoas mais frágeis e marginalizadas numa sociedade poluída pela cultura do descarte. É bom saber que na maioria das casas localizadas no Ocidente vocês organizaram centros de escuta para quem se encontra em dificuldade e que este serviço também se estende às prisões. É importante que aqueles que sofrem e se sentem sozinhos encontrem lugares onde possam ser acolhidos e ouvidos, e vocês dão a sua contribuição com generosamente", sublinha o Papa.
A seguir, Francisco lembra outro aspecto do apostolado da Comunidade das Bem-aventuranças: as missões ocasionais realizadas no verão nos lugares onde as pessoas vão de férias. Isso "demonstra abertura às necessidades dos jovens e disponibilidade a levar a Palavra de Deus a todos os lugares e circunstâncias", ressalta.
O Papa recorda os encontros internacionais realizados pela Comunidade das Bem-aventuranças em Lourdes e Lisieux, "ocasiões importantes de renovação espiritual que oferecem a oportunidade de partilhar experiências com cristãos de todo o mundo". Lembra também "as peregrinações à Terra Santa e a outros lugares de fé", ressaltando que "essas viagens levam a aprofundar ou por vezes a descobrir as raízes da fé e a fortalecer a relação com Deus".
Por fim, agradece à Comunidade pelo serviço que presta à Igreja e ao mundo e pela "contribuição valiosa ao diálogo inter-religioso, a promoção da paz e a defesa dos direitos humanos". O Papa convida a comunidade a encarnar "o dom do amor fraterno, que é a base do nosso ser cristão. Eis a força da vida consagrada: a partilha da vida fraterna, a oração e o serviço ao próximo".
Convido-os a prosseguir e perseverar em sua missão com zelo e sem medo, a testemunhar a fé com alegria e esperança, e a permanecer sempre abertos e dóceis à guia do Espírito Santo: Ele é o Protagonista na vida da Igreja e na evangelização. Encorajo-os a manter seu compromisso com a formação das novas gerações e com o diálogo inter-religioso, em particular com os nossos irmãos e irmãs muçulmanos.
- Igrejas Orientais, introduzido um limite de idade para eleição de líderes
Uma mudança no Código dos Cânones das Igrejas Orientais que havia sido solicitada "há algum tempo", como se intitula o documento papal. É a mudança solicitada por "alguns Patriarcas, arcebispos-mor e bispos" e aceita pelo Papa, que estabeleceu com uma carta apostólica na forma de motu proprio para excluir "do voto deliberativo ao completar os oitenta anos os Bispos membros do Sínodo dos Bispos".
O texto assinado por Francisco explica no início que foram "as dificuldades que surgiram nos Sínodos dos Bispos das Igrejas Patriarcais e Arquiepiscopais Maiores, devido ao número de Bispos eméritos que neles participam com voz ativa, especialmente na eleição dos Bispos e Chefes e Padres das respectivas Igrejas sui iuris" que deram origem a esta mudança normativa. Dificuldades que, portanto, levaram as hierarquias dessas Igrejas a solicitar a norma que Francisco estabeleceu no documento assinado no domingo e divulgado esta segunda-feira, 17 de abril, que altera os cânones 66, § 1, 102, 149 e 183 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais.
A carta apostólica especifica que a nova normativa, em vigor daqui a de um mês, "não se aplicará" aos "Patriarcas, Arcebispos-Mor, Bispos eparquiais e Exarcas ordenados Bispos" atualmente em exercício "mesmo que tenham completado os oitenta anos de idade".
Fonte: Vatican News