O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado, 15, na Sala Paulo VI, no Vaticano, um grupo de peregrinos da diocese de Crema, norte da Itália.
Em sua saudação inicial, Francisco agradeceu a presença dos numerosos fiéis, de modo particular os diversos Arcebispos, Bispos, sacerdotes missionários, seminaristas birmaneses e autoridades civis.
A audiência de hoje estava prevista desde a Beatificação do Padre Alfredo Cremonesi, natural de Crema, missionário e mártir na Birmânia, atual Myanmar, uma terra conturbada, pela qual o Papa convidou a rezar pelo dom da paz.
Este é um ano especial, disse Francisco, por ocasião dos 70 anos do martírio do Beato Alfredo, ocorrido em 7 de fevereiro de 1953, em Donoku, sobre o qual disse:
“Naquela aldeia montanhosa, o Padre Cremonesi trabalhou durante a maior parte de sua vida, onde voltou várias vezes, apesar dos milhares de dificuldades e perigos, para estar ao lado daquele povo e construir e reconstruir o que a guerra e a violência continuavam a destruir. É impressionante a tenacidade com a qual este missionário exerceu seu ministério, sem poupar esforços pelo bem daquele rebanho a ele confiado, cristãos e não cristãos, católicos e não católicos.”
Em sua obra apostólica, continuou o Papa, Padre Cremonesi encarnou, de maneira exemplar, as sólidas virtudes que recebeu em sua cidade de Crema: piedade vigorosa, doação generosa, vida simples, fervor missionário, comunhão, amor e caridade, sobretudo, com os mais necessitados, e educação dos jovens.
O Padre Cremonesi, recordou o Papa, não se deixou intimidar nem desanimar pelas incompreensões e violentas oposições, até seu último respiro pela rajada de metralhadoras. Esta violência extrema não deteve seu espírito combatente e tampouco calou a sua voz. De fato, a sua voz continuou a ressoar nos missionários que prosseguiram seu trabalho. Aqui, Francisco citou diversos nomes de homens intrépidos, mas, de modo particular, uma frase que escreveu sobre o espírito missionário:
“Nós, missionários, não somos nada. A nossa obra é a mais misteriosa e maravilhosa que um homem pode fazer: ver a conversão das almas é o maior milagre dos milagres.”
Estas palavras, continuou Francisco, são o resumo de algumas características importantes do missionário, sobre as quais os convido a refletir e praticar: a humilde consciência de ser um pequeno instrumento nas grandes mãos de Deus; a alegria de realizar um "trabalho maravilhoso", unindo os irmãos e irmãs a Jesus; admiração pelo que o Senhor faz naquele que o encontra e acolhe. Enfim, humildade, alegria e admiração, três lindos sinais do nosso apostolado.
O Papa Francisco concluiu suas palavras exortando os peregrinos da diocese de Crema a seguir o maravilhoso exemplo de vida do Beato Alfredo Cremonesi em suas comunidades paroquiais, sem jamais esquecer que “o verdadeiro tesouro da Igreja somos todos nós: pobres diante de Deus, mas ricos do seu amor infinito, do qual somos testemunhas e missionários”.
- Papa à obra social da Igreja na Espanha: em nossa pequenez, somos testemunhas de Jesus
O Papa Francisco recebeu mais de 150 pessoas da Fundação "Madre de la Esperanza de Talavera de la Reina", proveniente da cidade de Toledo, na Espanha. A audiência neste sábado (15) pela manhã foi na Sala Clementina onde o Pontífice aproveitou para parabenizar pelo aniversário de 50 anos de fundação da obra social que conta hoje com mais de 400 pessoas que trabalham em prol de deficientes intelectuais para oferecer um futuro de dignidade, desenvolvimento pessoal e inclusão na sociedade. O grupo estava acompanhado de dom Francisco Cerro Chaves, arcebispo de Todelo, além de familiares, profissionais, voluntários e benfeitores da instituição. "Nada menos que 50 anos unidos para trabalhar e crescer juntos", disse Francisco, "é uma coisa muito bonita".
O Papa recordou em discurso a Via Sacra que a Fundação promove todos os anos, comparando-a ao "caminho da vida": é preciso muita preparação e ajuda mútua, além de pedir ao Senhor a coragem para peregrinar com a imagem de Cristo para que possa ser contemplado:
“E assim vocês levam Jesus aos outros, mesmo se não se dão conta, e o levam com os seus gestos, com as suas canções. E é bonito que, em nossa pequenez, podemos ser testemunhas de Jesus, missionários da sua misericórdia, missionários do seu amor!”
O Papa, ao confirmar que inclusive viu uma foto da Via-Sacra em que os fiéis carregam um "Jesus priosioneiro", percebeu também que Cristo estasva de mãos amarradas e que tinha uma cruz bordada em um pequeno escapulário.
"Jesus se veste assim porque percebemos que muitos irmãos e irmãs ao nosso redor não se sentem capazes de fazer as coisas como os outros, e acreditam que suas mãos estejam amarradas. Mas não é verdade! Todos juntos, com Jesus, podemos fazer muitas coisas boas. Desta forma, vocês são as mãos de Jesus quando trabalham juntos. Vocês são também os seus pés, a sua voz, o seu Coração, quando vocês saem para compartilhar com os outros a alegria de tê-lo encontrado."
Já a cruz bordada e colorida, disse o Papa, "convida vocês a sonharem com a ressurreição", com a grande alegria que vem de Jesus para nos mostrar o caminho para o céu:
"E a nossa cruz - isto é, o esforço, a paciência, a labuta - resulta em uma bonita obra de arte, cheia de cor e esperança que, acesa em nossos corações, nos dá a força e nos encoraja a seguir em frente. Que esse seja o nosso propósito, pelo menos para os próximos 50 anos: trabalhar juntos e agradecer, cheios de alegria, porque Jesus nos escolheu para esta grande missão."
Fonte: Vatican News