Cultura

Papa: quando você testemunhou Jesus pela última vez?





Francisco rezou a oração mariana do Regina Coeli nesta Segunda-feira do Anjo (10), procurando tocar na consciência de todos aos questionar: diante da experiência das mulheres que encontraram o Cristo Ressuscitado e foram anunciá-Lo, "quando foi a última vez que testemunhei Jesus? Hoje, o que eu faço para que as pessoas que encontro recebam a alegria do seu anúncio?".

O Papa Francisco, nesta "Segunda-feira do Anjo" (10) após a Páscoa que recorda a aparição do anjo às mulheres que foram ao túmulo de Jesus, rezou a oração mariana do Regina Coeli para os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Da janela do seu escritório no Palácio Apostólico neste dia de feriado no Vaticano e na Itália, o Pontífice recordou que foram as discípulas as primeiras a testemunhar o Cristo Ressuscitado, motivadas pelo anjo do Senhor a não terem medo de encontrá-Lo e testemunhá-Lo com alegria.

Encontrar Jesus, testemunhando-O

"Poderíamos nos perguntar: por que elas?", questiona o Papa no Regina Coeli que, durante o período pascal substitui o Angelus: "por uma razão muito simples", afirma ele, "porque são as primeiras a ir ao sepulcro". Ao contrário de todos os discípulos, elas não ficaram em casa tristes pela história de Jesus que parecia ter terminado. Enfrentando o medo e com muita alegria, descreve o Evangelho (Mt 28,8) ao encontrarem o sepulcro vazio, as mulheres correm para dar aos discípulos o anúncio da Ressureição de Jesus:

“No momento em que vão fazer esse anúncio, Jesus vem ao seu encontro. Observemos bem isto: Jesus as encontra enquanto vão anunciá-Lo. É bonito isto: Jesus as encontra, enquanto vão anunciá-Lo. Quando nós proclamamos o Senhor, o Senhor vem a nós.”

"Às vezes pensamos que a maneira para estar perto de Deus seja aquela de mantê-Lo bem perto de nós; porque então, se nos expomos e falamos sobre isso, chegam os julgamentos, as críticas, talvez não saibamos responder a certas perguntas ou provocações, e então é melhor não falar sobre isso e se fechar: não, isso não é bom. Em vez disso, o Senhor vem enquanto O proclamamos. Você sempre encontra o Senhor no caminho do anúncio. Anuncia o Senhor e O encontrará. Busca o Senhor e O encontrará. Sempre em caminho, isso que as mulheres nos ensinam: encontra-se Jesus, testemunhando-O. Vamos colocar isso no coração: Jesus se encontra testemunhando-O." 

Proclamar Jesus como o mais belo presente

O Papa, então, dá um exemplo prático de quando se recebe a notícia de que uma criança nasceu: a primeira intenção é compartilhar com alegria entre os amigos já que, ao contá-la, tornamos a novidade ainda mais viva para nós mesmos:

"Se isso acontece por uma boa notícia, de todos os dias, ou de alguns dias importantes, acontece infinitamente mais por Jesus, que não é apenas uma boa notícia, e nem mesmo a melhor notícia da vida, não, mas Ele é a própria vida, Ele é 'a ressurreição e a vida' (Jo 11,25). Sempre que O proclamamos, não fazendo por propaganda ou proselitismo, aquilo não: anunciar é uma coisa, fazer propaganda e proselitismo é outra. O cristão anuncia, aquele que tem outro objetivo faz proselitismo e isso não é bom. Cada vez que O anunciamos, o Senhor vem ao nosso encontro com respeito e amor, como o mais belo presente para se compartilhar. Jesus habita ainda mais em nós cada vez que nós O anunciamos." 

"Quando se encontra Jesus", continua Francisco, "nenhum obstáculo pode nos impedir de proclamá-Lo". Basta pensar nas mulheres do Evangelho que, apesar dos medos e angústias, não guardaram a alegria da Páscoa e foram anunciá-la. Se, ao invés disso, guardamos para nós, alerta o Papa, "talvez é porque ainda não O encontramos verdadeiramente". E o Pontífice finaliza a oração mariana do Regina Coeli tocando a consciência de todos aos questionar:

“Irmãos, irmãs, diante da experiência das mulheres, nos perguntamos: me diz, quando foi a última vez que você testemunhou Jesus? Quando foi a última vez que eu testemunhei Jesus? Hoje, o que eu faço para que as pessoas que encontro recebam a alegria do seu anúncio? E ainda: alguém pode dizer: essa pessoa é serena, é feliz, é boa porque encontrou Jesus? Da cada um de nós, pode-se dizer isso? Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a sermos alegres anunciadores do Evangelho.”

 

- Francisco: invoquemos o dom da paz, especialmente para a Ucrânia

Em suas saudações ao final da oração do Regina Coeli, o Papa Francisco renovou seu pedido de orações pela paz, especialmente pela Ucrânia. Depois de uma noite em que soaram alarmes de mísseis em várias partes do país, preocupa a notícia de um vazamento, nas redes sociais, de documentos confidenciais do Pentágono, sobre a guerra no país do Leste Europeu.

Após a oração do Regina Coeli, nesta Segunda-feira do Anjo (10/04), na Oitava da Páscoa, o Papa Francisco recordou os vinte e cinco anos do 'Acordo de Sexta-feira Santa ou de Belfast', "que pôs fim à violência que assolou a Irlanda do Norte durante décadas".

Com espírito de gratidão, peço ao Deus da paz que o que foi alcançado naquela passagem histórica seja consolidado em benefício de todos os homens e mulheres da Ilha da Irlanda.

A seguir, Francisco desejou mais uma vez uma Feliz Páscoa a todos, romanos e peregrinos de vários países: "Cristo ressuscitou; ele realmente ressuscitou". O Pontífice saudou os adolescentes das paróquias de Vigevano, as crianças de Pisa e as de Appiano Gentile. Agradeceu também a todos aqueles que nestes dias enviaram a ele votos de Feliz Páscoa. "Estou especialmente grato pelas orações. Por intercessão da Virgem Maria, que Deus recompense a cada um com seus dons", disse Francisco, acrescentando:

Desejo a todos que vivam na alegria da fé estes dias da Oitava da Páscoa, na qual se prolonga a celebração da Ressurreição de Cristo. Perseveremos em invocar o dom da paz para o mundo inteiro, especialmente para a querida e martirizada Ucrânia.

Por fim, desejou a todos uma Feliz segunda-feira do Anjo e pediu a todos para não se esquecerem de rezar por ele.

 

- O Papa: espero que a paz seja consolidada na Irlanda do Norte

Celebra-se, neste 10 de abril, o 25º aniversário do Acordo da Sexta-feira Santa, que pôs fim à violência que ensanguentou a Irlanda do Norte durante muito tempo. A recordação do Papa Francisco no Regina Coeli, desejando a consolidação da paz na ilha.

Depois da oração do Regina Coeli, o Papa Francisco saudou os fiéis presentes na Praça São Pedro e recordou um aniversário que fala de paz.

Celebra-se hoje, o 25º aniversário do Acordo de Sexta-feira Santa ou Belfast, que pôs um fim à violência que assolou a Irlanda do Norte durante décadas. Com espírito de gratidão, peço ao Deus da paz que o que foi alcançado naquela passagem histórica seja consolidado em benefício de todos os homens e mulheres da Ilha da Irlanda.

O Acordo de Belfast

O Acordo da Sexta-feira Santa foi assinado em Belfast em 10 de abril de 1998, Sexta-feira da Paixão, pelos governos do Reino Unido e da Irlanda, com a aprovação da maioria dos partidos políticos da Irlanda do Norte, com exceção do Partido Unionista Democrático. Em 23 de maio seguinte, o acordo foi submetido a referendo que ratificou a sua aprovação popular pelos eleitores da Irlanda do Norte.

Isso encerrou quase trinta anos de conflito na Irlanda do Norte entre católicos republicanos e independentistas, de um lado, e protestantes unionistas pró-britânicos, de outro. Uma guerra civil sangrenta que causou mais de 3.700 mortos, deixando uma ferida profunda e, em parte, ainda aberta na sociedade.

A emenda à Constituição

Em 10 de abril de 1998, os eleitores da República da Irlanda também votaram pela mudança de sua Constituição, em linha com o acordo: ao aprovar a 19ª emenda à Constituição, foi de fato possível mudar o texto dos artigos originais 2 e 3 (que reivindicavam a unidade da ilha sob o governo de Dublin) numa declaração contendo a aspiração a uma Irlanda unida por meios pacíficos. O acordo entrou em vigor em 2 de dezembro de 1999.

Fonte: Vatican News