“Estou comovido com as muitas mensagens recebidas nestas horas e expresso a todos a minha gratidão pela proximidade e oração.”
Este é o tuíte do Papa Francisco divulgado nesta quinta-feira, 30 de março, após transcorrer uma noite tranquila no hospital Policlínico Gemelli de Roma onde se encontra internado desde a tarde da última quarta-feira, 29, por causa de uma infecção respiratória.
Orações pela recuperação de Jorge Mario Bergoglio foram recitadas em todo o mundo desde que a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou a notícia de sua hospitalização. A Diocese de Roma escreveu num comunicado: "A Igreja de Roma expressa todo o seu afeto e proximidade ao seu Bispo, o Papa Francisco, e assegura sua oração incessante, ainda mais forte neste momento de dificuldade, desejando-lhe uma rápida recuperação".
A presidência da Conferência Episcopal Italiana, em nome dos bispos italianos, assegura "a oração coral das igrejas na Itália" e ao "desejar ao Santo Padre uma rápida recuperação", "confia os médicos e o agentes de saúde ao Senhor para que, com profissionalismo e dedicação, cuidam dele e de todos os pacientes".
"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se une a todas as pessoas que, nestes dias, se encontram em oração pela saúde do Papa Francisco. Que a Virgem Mãe Aparecida interceda junto ao Bom Deus para que fortaleça sempre mais o Santo Padre na condução da Igreja", ressalta a nota, assinada pelo presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte, pelo arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, 1º vice-presidente, pelo arcebispo de Cuiabá, dom Mário Antônio da Silva, 2º vice-presidente, e pelo bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro, dom Joel Portella Amado, secretário-geral.
O presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), dom Miguel Cabrejos Vidarte, arcebispo de Trujillo, Peru, também enviou uma mensagem, pedindo pela saúde do Papa Francisco.
O Celam convida "nossos irmãos no episcopado e, com eles, todo o Santo Povo fiel de Deus que peregrina na América Latina e no Caribe, para que neste Tempo de Quaresma em que nos preparamos para a celebração da Semana Santa, intensifiquemos nossas orações pelas intenções do Papa Francisco e por sua saúde”, sob a intercessão de “nossa Mãe Santíssima, Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira deste continente”.
Além do mundo eclesial, votos de uma rápida recuperação se multiplicam nas redes sociais também do mundo político e do entretenimento. Não faltou o pensamento do presidente italiano, Sergio Mattarella, que durante o evento da Liga do Fio de Ouro, ponto de referência, na Itália, para a assistência, educação, reabilitação de pessoas surdas-cegas e psicossensoriais com múltiplas deficiências, disse: "Este é um lugar onde o desconforto se transforma em oportunidade e o sofrimento se transforma em solidariedade. Portanto, é o melhor lugar para enviar, nesta manhã, os votos mais intensos e afetuosos ao Papa Francisco, com votos de plena recuperação da saúde”.
- Papa: para a paz duradoura, nada de guerras e armas
“Viver, falar e agir sem violência não é render-se, não é perder nem renunciar a nada. É aspirar a tudo.”
Assim Francisco inicia o vídeo do Papa de abril com a nova intenção de oração confiada a toda a Igreja Católica, através da Rede Mundial de Oração do Papa. O apelo, gravado antes do Pontífice ser internado no Hospital Gemelli por causa de uma infecção respiratória, foi divulgado nesta quinta-feira (30).
No próximo 11 de abril completam-se 60 anos da publicação da encíclica Pacem in Terris escrita pelo Papa João XXIII e que tem como subtítulo “Sobre a paz entre os povos que deve ser fundada na verdade, na justiça, no amor e na liberdade”. No vídeo deste mês, o Papa Francisco renova essa mensagem e denuncia com força:
"Como afirmou São João XXIII há 60 anos, na Encíclica Pacem in Terris, a guerra é uma loucura, está para além da razão. Qualquer guerra, qualquer confronto armado, acaba sempre numa derrota para todos. Desenvolvamos uma cultura da paz. Recordemos que mesmo nos casos de legítima defesa, a paz é o objetivo. E que uma paz duradoura só pode ser uma paz sem armas."
Aquela frase de 60 anos atrás, citada por Francisco na mensagem que acompanha sua intenção de oração, está mais atual do que nunca, como estão os testemunhos deixados por algumas das pessoas que plantaram sementes de paz no século passado: São João XXIII, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Santa Teresa de Calcutá. No vídeo do Papa deste mês, as imagens em preto e branco aparecem no meio de cenas de destruição causadas pela violência atual: desde a guerra da Ucrânia às do Oriente Médio, passando por confrontos e tiroteios, incluindo os países mais ricos, como os Estados Unidos. Ainda que não tenham faltado testemunhas, definitivamente, o mundo ainda não aprendeu a lição fundamental de que "qualquer guerra, qualquer confronto armado, acaba sendo uma derrota para todos".
Um artigo da Anistia Internacional publicado sobre dados e estatísticas do uso de armas entre 2012 e 2016, apresenta uma amostra do que significa uma cultura de violência: por exemplo, mais de 500 pessoas morrem diariamente pela violência armada e em média mais de 2 mil ficam feridas; além disso, 44 % dos homicídios no mundo são cometidos com armas de fogo. Isso está diretamente relacionado com a indústria das armas: 8 milhões de armas portáteis são produzidas a cada ano. E no que diz respeito ao conflito armado, a Ação contra a violência armada (Action on Armed Violence, AOAV) adiantou que o panorama de 2023 não parece ser nada animador: os novos confrontos, particularmente a invasão russa na Ucrânia e as explosões na Ásia, somam-se aos conflitos e lutas armadas que estão acontecendo na África e no Oriente Médio, entre outros.
O único caminho possível para frear esta investida é buscar e colocar em marcha, tanto em nível local como internacional, caminhos de diálogo real e assumir “a não violência” como “um guia para o nosso agir”. Esta mensagem faz eco ao que adiantou o Papa João XXIII há 60 anos: “A violência jamais fez outra coisa que destruir, não edificar; inflamar as paixões, não acalmá-las; acumular ódio e destruição, não ajudar a confraternizar os adversários, levando os homens e os partidos à dura necessidade de reconstruir tudo lentamente, depois de dolorosas provas, sobre destroços da discórdia”.
O vídeo do Papa de abril, assim, é um forte chamado para construir uma cultura de paz com um forte 'não' à violência, à guerra e às armas:
“Façamos da não violência, tanto na vida quotidiana como nas relações internacionais, um guia para o nosso agir. E rezemos por uma maior difusão da cultura da não violência, que implica a diminuição do uso de armas, tanto por parte dos Estados como dos cidadãos.”
O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, comentou a mensagem de Francisco: “frente à violência do nosso tempo, o Papa propõe um mês para rezar ‘por uma maior difusão de uma cultura da não violência’. A paz entre os povos começa, de fato, na parte mais concreta e íntima do coração, quando encontro o outro na rua, seu rosto, seu olhar, sobretudo o que vem de outro lugar, o que não fala como eu e não tem a mesma cultura, o que é diferente nas suas atitudes e o que chamamos 'estrangeiro'. A guerra e o conflito começam aqui e agora, em nossos corações, cada vez que permitimos que a violência substitua a justiça e o perdão. O Evangelho nos mostra que a vida de Jesus revela o verdadeiro caminho da paz e nos convida a segui-lo. É neste espírito que somos chamados a nos 'desarmarmos’, no sentido de ‘desarmar’ nossas palavras, nossas ações, nosso ódio. Rezemos, pois, como nos convida o Papa Francisco para que ‘façamos da não violência, tanto na vida cotidiana quanto nas relações internacionais, um guia para o nosso agir’”.
Fonte: Vatican News