Cultura

Carta de Papa Francisco à Conferência na ONU: não devemos temer o debate sobre a água





Para demostrar sua preocupação e proximidade, e como agradecimento pela iniciativa do evento, o Papa Francisco escreve uma carta aos organizadores da Conferência da Água.

A Conferência da água da Organização das Nações Unidas está acontecendo em Nova York, de 22 a 24 de março, com o objetivo de levantar os pontos para o desenvolvimento da agenda de compromissos na busca de um desenvolvimento sustentável, incluindo os que estão presentes na Agenda 2030.

A carta do Papa

 

O Pontífice ainda recordou o longo tempo transcorrido desde a instauração do Dia Mundial da Água – há trinta anos atrás – ressaltando que “os dados sobre o acesso a esse recurso indispensável, as consequências das mudanças climáticas, as crescentes desigualdades, entre outras questões, são preocupantes e trágicas”. Sendo de conhecimento dos participantes do evento, Francisco apela: “devemos unir esforços, envolvendo toda a comunidade internacional no trabalho conjunto e na criação de consensos que permitam o desenvolvimento integral da humanidade.” 

Ao final, na carta datada em 14 de março, Francisco reafirma a esperança de que a Conferência seja o início, de fato, de um conjunto de atores que garantam o acesso a este recurso natural universal, o Papa agradece e incentiva: “Não podemos temer o debate, devemos crescer com ele, por nós e pelas gerações futuras.” E, como de costume, conclui pedindo orações. 

 

- Nova York: "Água e Esperança" na conferência da ONU sobre água

No artigo de Marcelo Figueroa, do jornal vaticano L'Osservatore Romano, a reflexão sobre a carta do Papa Francisco enviada nesta quinta-feira (23) à Conferência das Nações Unidas sobre a Água que termina nesta sexta (24), em Nova York.

O Papa Francisco, em uma carta aos organizadores, expressou "a sua proximidade, o seu apoio e o seu acompanhamento no evento 'Água e Esperança: experiências e desafios para a promoção do desenvolvimento sustentável e do cuidado da nossa casa comum', que se realiza no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre a Água em Nova York de 22 a 24 de março". O Santo Padre prossegue dizendo: "presto homenagem às organizações que se reuniram para buscar vozes comuns: a Fundação de Funcionários da Saúde para a Formação e o Desenvolvimento (FUTRASAFODE), a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), a Associação de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS), a Associação das Universidades Jesuítas da América Latina (AUSJAL), o Programa Universitário Amazônico (PUAM), o Conselho Nacional de Obras de Saneamento da Água (ENOHSA) e o Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro (IDGCE)".

"Água e Esperança: experiências e desafios para a promoção do desenvolvimento e do cuidado da casa comum" é o título do evento que se realiza como parte da conferência acima mencionada. A FUTRASAFODE foi a estrutura institucional a partir da qual foram apresentadas as diferentes visões sobre o tema. Essa fundação nasceu com a certeza de que a água é por natureza um direito fundamental e que o trabalho é o motor para o crescimento das nações dentro do marco da sua soberania e do respeito aos povos e à diversidade. Inspirou a criação do Instituto Universitário da Água e do Saneamento, a fim de aprofundar o conhecimento científico, a formação profissional, a ética e a gestão da água com vistas ao pleno acesso de todos os povos a esse direito fundamental reconhecido pelas Nações Unidas em 2010.

Na sua carta, o Papa Francisco acrescentou: "este encontro particular, além de muitos outros propostos por centenas de organizações, juntamente com as sessões plenárias, os diálogos temáticos e a todas as atividades previstas, deve ser o curso de um rio de esperança que garantirá que os acordos alcançados se tornem concretos diante dos urgentes desafios que o planeta enfrenta".

Os palestrantes propõem a criação de um espaço de diálogo onde as experiências setoriais e territoriais sejam enriquecidas com a atividade acadêmica, política, religiosa e comunitária, a fim de sugerir soluções e criar os elementos e as condições fundamentais para a concepção de estratégias que permitam fazer frente a cenários futuros. Os eixos temáticos são: água e desenvolvimento; água e mudança climática; o papel do Estado na proteção do direito humano à água; os povos originais e o direito humano à água.

O Papa Francisco conclui a sua carta, datada de 14 de março, salientando que "devemos unir nossos esforços, envolvendo toda a comunidade internacional no trabalho conjunto e na criação de consensos que permitam o desenvolvimento integral da humanidade. Espero que a Conferência sobre a Água seja o eixo que conecta as soluções que o mundo precisa para que, garantindo o pleno acesso à água e ao seu saneamento, possamos dar cumprimento universal ao direito à água, que é nada menos que o direito à vida, ao futuro e à esperança. Obrigado por este encontro, pelo compromisso, pela luta e pelos acordos. Não podemos temer o debate, devemos crescer com ele, por nós e para as gerações futuras. Que Deus, nosso Senhor, os abençoe. Rezo por vocês, não se esqueçam de fazer isso por mim".

Fonte: Vatican News