Cultura

O Papa: perceber a beleza do amor nos rostos das pessoas que caminham ao nosso lado





Francisco disse, em sua alocução, que o Evangelho deste domingo "nos ensina como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós". Segundo o Papa, "é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz".

O Papa Francisco conduziu a oração mariana do Angelus, neste domingo (05/03), lindo dia de sol na Cidade Eterna.

Os fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro acompanharam as palavras do Pontífice, no II Domingo da Quaresma, em que "é proclamado o Evangelho da Transfiguração: Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João ao monte e revela-se a eles em toda a sua beleza como Filho de Deus".

Francisco nos convidou a refletir um pouco sobre esta cena e a nos perguntar: "Em que consiste esta beleza? O que os discípulos veem? Um efeito espetacular? Não se sabe. Não é isso não. Veem a luz da santidade de Deus brilhar no rosto e nas vestes de Jesus, a imagem perfeita do Pai".

Revela-se a majestade de Deus, a beleza de Deus. Mas Deus é Amor, e por isso os discípulos viram com os próprios olhos a beleza e o esplendor do Amor divino encarnado em Cristo. Uma antecipação do paraíso. Eles tiveram uma antecipação do paraíso. Que surpresa para os discípulos! Eles tiveram a face do Amor diante de seus olhos por tanto tempo, e nunca tinham percebido como era lindo! Só agora eles percebem isso, e com tanta alegria, com imensa alegria.

"Jesus, na realidade, com esta experiência os está formando, os está preparando para um passo ainda mais importante", pois em breve "eles deverão saber reconhecer a mesma beleza Nele, quando subir na cruz e seu rosto for desfigurado".

"Pedro se esforça para entender: ele gostaria de parar o tempo, gostaria de colocar a cena em "pausa", ficar ali e prolongar essa experiência maravilhosa; mas Jesus não permite. De fato, a sua luz não pode ser reduzida a um "momento mágico"! Não é outra coisa. Assim, se tornaria uma coisa falsa e artificial que se dissolve na névoa dos sentimentos passageiros." "Ao contrário", disse ainda o Papa, "Cristo é a luz que orienta o caminho, como a coluna de fogo para o povo no deserto. A beleza de Jesus não aliena os discípulos da realidade da vida, mas lhes dá a força para seguir Ele até Jerusalém, até à cruz. A beleza de Cristo não é alienante, mas leva você adiante, não faz você se esconder. Vai adiante".

"Irmãos e irmãs, este Evangelho traça um caminho também para nós: ensina-nos como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós", disse ainda o Papa, acrescentando:

Com efeito, é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz. É na sua escola que aprendemos a perceber a mesma beleza nos rostos das pessoas que caminham todos os dias ao nosso lado: familiares, amigos, colegas, aqueles que cuidam de nós das mais variadas formas. Quantos rostos luminosos, quantos sorrisos, quantas rugas, quantas lágrimas e cicatrizes falam de amor ao nosso redor! Aprendemos a reconhecê-los e a encher o coração.

"Depois partimos, para levar aos outros a luz que recebemos, com obras concretas de amor, mergulhando-nos com mais generosidade nas tarefas quotidianas, amando, servindo e perdoando com mais ímpeto e disponibilidade. A contemplação das maravilhas de Deus, a contemplação do rosto do Senhor deve nos levar adiante a serviço dos outros", ressaltou Francisco.

A seguir, o Pontífice nos convidou a fazer as seguintes perguntas: "Sabemos reconhecer a luz do amor de Deus em nossa vida? Reconhecemo-la com alegria e gratidão no rosto das pessoas que nos amam? Procuramos ao nosso redor os sinais dessa luz, que nos enche o coração e o abre ao amor e ao serviço? Ou preferimos os fogos de palha dos ídolos, que nos alienam e nos fecham em nós mesmos? A grande luz do Senhor e a falsa luz artificial dos ídolos. O que eu prefiro?"

"Que Maria, que guardou no coração a luz de seu Filho, mesmo escuridão do Calvário, nos acompanhe sempre no caminho do amor", concluiu o Papa.

 

- Francisco: penso nos estudantes envolvidos no acidente na Grécia

Após a oração do Angelus, o Papa reza pelas famílias das vítimas da tragédia ferroviária de 1º de março e invoca o consolo de Nossa Senhora. Hoje, grandes manifestações de protesto contra o governo em Atenas.

Após a oração mariana do Angelus, deste domingo, (05/03), o Papa Francisco recordou as vítimas do acidente ferroviário na Grêcia.

Nestes dias, o pensamento se voltou muitas vezes para as vítimas do acidente de trem na Grécia: muitos eram jovens estudantes. Rezo pelos defuntos. Estou próximo aos feridos, aos familiares. Que Nossa Senhora os conforte.

Pedido de perdão do premier Mitsotakis

O país recebeu um pedido de desculpas do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis. "Peço perdão aos familiares das vítimas". Estas são as palavras do chefe do Governo cinco dias depois da tragédia ferroviária, em Larissa, entre Tessalônica e Atenas, que provocou 57 mortos, atribuídos a erro humano e negligência, que se dirigiu hoje ao país, sobretudo, às famílias das vítimas da catástrofe, pedindo desculpas pelo acontecido e explicando que "na Grécia de 2023 não é possível que dois trens viajem em sentidos opostos na mesma linha e não seja notado por ninguém".

Grande manifestação em Atenas

Entretanto, os protestos continuam. Esta manhã, estudantes, ferroviários e funcionários públicos reuniram-se para um importante protesto contra o governo no centro da cidade, na praça Syntagma, em frente ao Parlamento, onde convergiram mais de sete mil pessoas e onde confrontos foram registrados entre policiais e manifestantes. Os parentes das vítimas se reuniram perto do local da tragédia. Foi adiada para este domingo a audiência do chefe da estação, de 59 anos, acusado de ter cometido o erro fatal que causou a colisão entre os dois trens.

 

 

Naufrágio em Cutro, Papa: "Que as viagens de esperança não se transformem em viagens de morte"

Como no domingo, 26 de fevereiro, dia da tragédia na costa da Calábria, Francisco expressou novamente sua dor no Angelus: "Que os traficantes de seres humanos sejam detidos, que não continuem dispondo da vida de tantos inocentes!"

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (05/03), o Papa Francisco recordou também tragédia ocorrida nas águas de Cutro, na Calábria, perto de Crotone, na Itália.

Rezo pelas numerosas vítimas do naufrágio, por seus familiares e pelos sobreviventes. Expresso o meu apreço e gratidão à população local e às instituições locais pela solidariedade e acolhimento destes nossos irmãos e irmãs e renovo o meu apelo a todos para que semelhantes tragédias não se repitam. Que os traficantes de seres humanos sejam detidos, que não continuem dispondo da vida de tantos inocentes! Que as viagens de esperança nunca mais se transformem em viagens de morte! Que as águas límpidas do Mediterrâneo não sejam mais ensanguentadas por acidentes tão dramáticos! Que o Senhor nos dê forças para entender e chorar.

No Angelus domingo passado, 26 de fevereiro, Francisco recordou a tragédia em Cutro, poucas horas depois do naufrágio. "Esta manhã soube com dor do naufrágio ocorrido na costa da Calábria, perto de Crotone. Já foram recuperados 40 mortos, entre os quais muitas crianças. Rezo por cada um deles, pelos desaparecidos e pelos outros migrantes sobreviventes. Agradeço aos que levaram ajuda e aos que estão dando acolhida. Que Nossa Senhora ampare estes nossos irmãos e irmãs", disse o Papa naquela ocasião.

 

O Papa: paz ao martirizado povo ucraniano

Depois do Angelus, Francisco recorda o quarto centenário do martírio de São Josafá e elogia o compromisso dos ucranianos em “acolher os compatriotas que fugiram da guerra”.

Depois de saudar os fiéis e peregrinos provenientes de vários países, após a oração mariana do Angelus deste domingo (05/03), o Papa saudou também a comunidade ucraniana de Milão que veio a Roma por ocasião do 4° centenário do martírio do Bispo São Josafá, "que deu a vida pela unidade dos cristãos".

Queridos amigos, louvo seus esforços para acolher seus compatriotas que fugiram da guerra. Que o Senhor, por intercessão de São Josafá, conceda a paz ao martirizado povo ucraniano.

Infelizmente, os ataques continuam em toda a Ucrânia, enquanto Bakhmut ainda está sob assédio dos russos que continuam sua tentativa de cercar a cidade, um centro industrial de importância estratégica e epicentro da guerra no leste da Ucrânia. As forças armadas ucranianas dizem ter repelido novos ataques. Ataques também a Kherson, onde o alarme antiaéreo disparou várias vezes esta manhã.

Por fim, o Papa saudou também os peregrinos da Lituânia, comunidade católica romena de Saragoça, na Espanha, os grupos paroquiais provenientes de Múrcia, Jerez de la Frontera, na Espanha, e de Tbilisi, na Geórgia, e os fiéis de Burkina Faso. Desejou a todos um bom domingo e pediu aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.

Mariangela Jaguraba 

 

O Papa a "Donne Chiesa Mondo": coração, mente, mãos, é assim a linguagem das mulheres

Francisco recebeu em audiência a direção da revista mensal de L'Osservatore Romano que destaca a contribuição da ação e do pensamento das mulheres na vida da comunidade eclesial: "Sempre leio a revista com prazer porque gosto, gosto deste desafio que já se encontra no título".

"A mulher tem a capacidade de ter três linguagens juntas: a da mente, a do coração e a das mãos. Ela pensa o que sente, sente o que pensa e faz, faz o que sente e pensa. Não estou dizendo que todas as mulheres o fazem, mas elas têm essa capacidade, elas têm. Isso é ótimo. Este é o cerne do breve mas intenso discurso que o Papa Francisco proferiu à redação de Donne-Chiesa-Mondo (Mulheres, Igreja, Mundo) na audiência realizada, na manhã deste sábado (04/03), na Sala dos Papas da Residência Apostólica. A ocasião foi dada pelo décimo aniversário da revista mensal de L'Osservatore Romano e pelo quarto aniversário, com o próximo número de maio, da atual comissão coordenada por Rita Pinci que, em nome de toda a redação, dirigiu-se ao Santo Padre destacando a beleza do trabalho em equipe: "Trabalhamos todos juntos, nós que vemos aqui hoje e as pessoas que por diversos motivos não puderam vir: a diretoria, a redação, nossos dois gráficos... somos um grupo bonito e trabalhamos com muito interesse, paixão e também alegria. O nosso é um grupo intercultural e inter-religioso. Entre nós existem aqueles que creem e os que não creem, somos mulheres de diferentes credos e confissões, mães de família e mulheres sem filhos, docentes, funcionárias, operárias, jornalistas, escritoras... e esse é um ponto forte do nosso jornal".

O Papa agradeceu à coordenadora e, dirigindo-se a todos os presentes, sublinhou o seu prazer pela leitura do jornal: "Leio Donne-Chiesa-Mondo, desde o tempo da coordenação da professora Scaraffia: sempre o leio, porque gosto, gosto deste desafio que já se encontra no título". E depois acrescentou: "As mulheres têm uma capacidade de gerir e pensar que é totalmente diferente de nós e também, eu diria, superior a nós, de outra forma. Vemos isso também no Vaticano: onde colocamos as mulheres, as coisas mudam imediatamente", continuou. "Vemos isso no dia a dia, muitas vezes eu vi isso quando passava de ônibus, elas fazendo fila para visitar os filhos e as mulheres lá na prisão: a mulher que nunca deixa o filho, nunca! Eu me lembro de um bom sindicalista, já falecido, que me disse que aos 20-21 anos entregou-se à boa vida e morava com a mãe, ambos pobres, e ele dormia na entrada da pequena casa. Pela manhã ele, ainda embriagado da noite anterior, via a mãe que saia do quarto, parava, olhava para ele com ternura e ia trabalhar, como empregada doméstica, por um salário mínimo. Foi aquele olhar 'forte e manso que um dia tocou meu coração e eu mudei', me disse ele. Aquele homem se tornou um grande sindicalista".

Das confidências pessoais à reflexão geral, o passo é breve: "As mulheres, mulheres: usamos o feminino como algo de descarte, de jogo, de brincadeira" e depois novamente uma recordação, precisa, concreta: "Uma vez perguntei a Von der Leyen: 'Diga-me, senhora: a senhora é médica e tem sete filhos, para os quais telefona todas as tardes; me diga: como conseguiu desbloquear aquela oposição do Relatório da União Europeia sobre a Europa durante a Covid, a questão do Benelux e algum outro país que se opôs, como a senhora fez?' Ela olhou para mim e em silêncio começou a gesticular com as mãos de forma laboriosa, eu olhava para ela com atentamente, observando suas mãos e no final ela disse: 'Como nós, mães, fazemos'." É assim, é outra estrada, é outra categoria de pensamento, mas não só pensamento: pensamento, sentimento e obras". Eis então a referência às palavras citadas sobre as "três linguagens da mulher": mente, coração e mãos', antes de concluir: "Por isso, gosto de ler e encorajar este jornal mensal, e não é uma espécie de feminismo clerical do Papa, não! É abrir a porta para uma realidade, uma reflexão que vai além. Por isso, eu lhes agradeço muito e agora as saúdo uma por uma”.

L'Osservatore Romano

 

Fonte: Vatican News