Cultura

Papa: esporte com perspectiva integral, na competição e na vida





A Federação Italiana de Voleibol foi recebida pelo Papa nesta manhã de segunda-feira (30) no Vaticano. No seu discurso o Papa deu algumas indicações aos atletas usando termos de uma partida de voleibol. “É importante uma perspectiva integral que combine a técnica com a possibilidade de dar o melhor de si, tanto na atividade competitiva como na vida”

Na manhã desta segunda-feira (30) o Papa Francisco recebeu no Vaticano os membros da Federação Italiana de Voleibol. Após os agradecimentos, o Papa recordou que o esporte deve estar sempre a serviço do indivíduo e da sociedade, não de interesses ou lógicas de poder, por isso é importante uma perspectiva integral que combine a técnica com a possibilidade de dar o melhor de si, tanto na atividade competitiva como na vida.

E discorreu usando termos usados em uma partida de voleibol propondo algumas indicações.

Saque: tomar iniciativas

Antes de tudo, o saque, que é o primeiro lance do jogo. "No jogo", disse Francisco, "como na vida diária, é preciso tomar a iniciativa, assumir a responsabilidade, envolver-se. Nunca ficar parados! O esporte pode ajudar muito a superar a timidez e a fragilidade, a amadurecer na própria consciência, a ser protagonista, sem nunca esquecer que "a dignidade da pessoa humana constitui o objetivo e a medida de toda atividade esportiva".

Recepção: receber com humildade

Ao saque corresponde a recepção. "Assim como é preciso estar pronto para receber a bola a fim de direcioná-la para uma determinada área, é importante estar disposto a receber sugestões e ouvir, com humildade e paciência. Não se torna um campeão sem um guia, sem um treinador disposto a acompanhar".

Levantamento: sempre há alguém para servir

Depois tem o levantamento, o passe para o companheiro que tem a tarefa de finalizar a ação. Nunca se está sozinho, sempre há alguém para servir. Não há apenas a dimensão individual, mas uma é parte de um grupo: todos são chamados a contribuir para que se possa vencer juntos. Os jogadores de uma equipe são como os membros de um corpo: São Paulo diz que "se um membro sofre, todos os membros sofrem juntos; e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele". "Decisiva é certamente a ação de ataque", continua o Papa, "que permite marcar pontos e construir a vitória. O esporte deve promover a competitividade saudável, sem sucumbir à tentação de vencer pisando nas regras.

Bloqueio: sair da materialidade

Opondo-se ao ataque, se faz o bloqueio. Esta palavra nos faz pensar nos muros em vários lugares do mundo, um sinal de divisão e fechamento, da incapacidade dos homens de dialogar, da presunção daqueles que pensam que podem se salvar. Em vez disso, no vôlei, quando se faz um bloqueio, salta-se para enfrentar a cortada do adversário: este gesto nos ajuda a pensar na palavra em um sentido positivo. Saltar para cima significa sair do chão, da materialidade e, portanto, de todas aquelas lógicas comerciais que minam o espírito esportivo. O dinheiro e o sucesso nunca devem diminuir o elemento de jogo, de diversão". Em seguida ainda acrescentou: "E é por isso que eu o recomendo tanto: nunca deixar a dimensão amadora do esporte. O esporte ou é amador ou não é esporte. Isto deve ser bem guardado, bem, porque com isto vocês guardam também o seu coração". Por fim o Papa concluiu saudando os presentes e convidando “a serem sempre testemunhas de justiça e lealdade”.

Jane Nogara 

 

- O Papa: Ordem de Malta, as obras devem ser um sinal da caridade de Cristo

Ao receber em audiência os participantes do Capítulo Geral da Ordem Hospitaleira, Francisco sublinhou o atual compromisso no testemunho do Evangelho e na assistência aos doentes e aos pobres: "Ao se aproximarem com compaixão e ternura, vocês se identificam com Jesus, o Bom Pastor, o Bom Samaritano".

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (30/01), na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Ordem Soberana Militar de Malta.

O Pontífice saudou os membros do novo Conselho Soberano, eleitos durante o Capítulo Geral que foi concluído. "Fiquei feliz em saber que as pessoas nomeadas em 3 de setembro para o governo provisório encontraram a confiança da grande maioria dos capitulares. Provenientes de diferentes realidades territoriais dos cinco continentes, manifestaram satisfação e deram confiança a quem “transportou” a Ordem rumo a este novo percurso, para aplicar fielmente a nova Carta Constitucional e o novo Código Militense ", disse o Papa.

Unidos para testemunhar a fé e a pertença à Ordem

Também fico feliz em saber que houve um bom debate sobre os assuntos abordados. Certamente não faltou a dialética, mas, como escrevi na mensagem que lhe enviei no início do Capítulo Geral, o caminho a seguir é aquele que nos vem diretamente de Cristo: ut unum sint, para que o mundo creia. Cada vez mais unidos para testemunhar a fé e a pertença à Ordem; cada vez mais coerentes com a cruz octogonal que vocês orgulhosamente usam. Estou certo de que na eleição do Grão-Mestre vocês encontrarão uma guia segura, garante da unidade de toda a Ordem, na fidelidade ao Sucessor de Pedro e à Igreja.

A seguir, Francisco falou a propósito do Capítulo dos Professos, que precedeu o Capítulo Geral, em que foi abordado o tema da "reconstituição, segundo a inspiração original, da vida comunitária e da plena observância do voto solene de pobreza". Também foi avaliado "concretamente as modalidades para sustentar a vida comunitária e o compromisso que a Ordem assume a esse respeito". O Papa os parabenizou e disse que considerou "justa e prudente a decisão de não obrigar à vida comunitária aqueles que, ao fazerem a profissão, sabiam não ser obrigados, e a afirmar ao mesmo tempo que todos são convidados a abraçá-la. Portanto, quem faz a profissão solene a partir de agora, consciente de que se isso implica a vida comunitária, assumirá a obrigação com plena liberdade". O Papa apreciou "a decisão de reabrir um noviciado" e espera que "em breve outros possam entrar. Para manter vivas tantas obras meritórias, é necessário rezar para que o Senhor envie 'bons operários'".

Identificar-se com Jesus, o Bom Samaritano

A seguir, o Papa se deteve sobre os termos que qualificam a Ordem Soberana Militar de Malta. Soberana. "Trata-se de uma soberania muito singular, assumida ao longo dos séculos e confirmada pela vontade dos Papas. Ela permite a vocês de realizarem gestos generosos e exigentes de solidariedade, fazendo-se próximos aos mais necessitados, sob a proteção jurídica diplomática internacional".

Militar. "Para a defesa dos peregrinos e lugares santos, assim como da cristandade, a sua Ordem escreveu páginas gloriosas. Hoje, esses gestos dão lugar ao diálogo inter-religioso. Além disso, a fé em Cristo e o seguimento Dele os comprometem no testemunho do Evangelho e na luta contra tudo o que se opõe a ele."

Hospitaleiro. "A Ordem tem origem no serviço que o Beato Geraldo oferecia aos peregrinos de Jerusalém. Naquele lugar, Geraldo, com os primeiros frades, acolhia os peregrinos e os necessitados, proporcionando-lhes também os cuidados médicos de que necessitavam, e isso se encontra hoje na pluralidade de suas obras", disse ainda o Papa, recordando a necessidade de reconhecer em cada doente "o rosto sofredor de Cristo, seja qual for a sua origem, nacionalidade ou crença religiosa", segundo "as três modalidades do Senhor: proximidade, compaixão e ternura". "Ao se aproximarem com compaixão e ternura, vocês se identificam com Jesus, o Bom Pastor, o Bom Samaritano".

Por fim, a propósito das obras, Francisco disse que elas "devem ser bem organizadas, devem ser bem administradas, mas acima de tudo devem ser um sinal da caridade de Cristo".

Mariangela Jaguraba

Fonte: Vatican News