Cultura

O Papa, cristãos: agentes de reconciliação, próximos às vítimas de injustiça e guerras





Francisco recebeu a Delegação Ecumênica da Finlândia, por ocasião da festa do padroeiro Santo Henrique, e recordou o valor de nos imergir juntos "nas feridas dos necessitados". É o Batismo que nos pede para realizar "obras de justiça e gestos concretos de proximidade" aos mais vulneráveis.

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (19/01), no Vaticano, uma Delegação Ecumênica da Finlândia que veio a Roma para celebrar a festa de Santo Henrique.

Francisco disse que ficou feliz "em receber representantes não apenas luteranos e católicos, mas também ortodoxos e metodistas", agradeceu as palavras cordiais e as condolências expressas pela representante do grupo em relação à morte de Bento XVI, e pelo que evocou de sugestivo "através da imagem do Mar Báltico, fonte de vida ameaçada pela ação do homem, ponto de encontro dolorosamente afetado pelo clima de confronto causado pela feroz insensatez da guerra que é sempre uma derrota, sempre".

Praticar gestos concretos de proximidade 

O Papa retomou o que ela disse a propósito das águas, "que a nós cristãos recorda o dom da reconciliação recebido no Batismo". "Recentemente celebramos o Batismo do Senhor. Somos filhos reconciliados e por isso somos chamados a nos reconciliar cada vez mais entre nós, e a ser agentes de reconciliação no mundo", sublinhou Francisco.

É bonito ver tudo isso na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Nela, rezamos juntos o Credo niceno-constantinopolitano, professamos "um só batismo pelo perdão dos pecados", mas neste ano refletimos também sobre algumas palavras extraídas do livro do profeta Isaías: "Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça". Assim, ouvimos o eco do nosso Batismo que nos chama, como justificados pela graça, a realizar gratuitamente obras de justiça, a praticar gestos concretos de proximidade com quem é vítima de injustiça, descarte, de várias formas de opressão e, sobretudo, de guerras. Como testemunhas da fé em Cristo, que se imergiu na fragilidade da nossa condição humana, somos chamados a imergir-nos nas feridas dos necessitados. E fazer isso juntos.

É necessário um zelo ardente pela evangelização

Segundo o Papa, "na comunidade de todos os batizados, sabemos que de fato estamos unidos entre nós, aqui e agora, com cada irmã e irmão em Cristo, mas também às nossas mães e nossos pais na fé que viveram antes de nós. Da perfeita comunhão do Céu eles nos olham e nos convidam a caminhar juntos nesta terra. Santo Henrique, testemunha da fé, mensageiro da esperança e instrumento da caridade, é um deles. Com ele celebramos a comunhão ecumênica de todos os santos, conhecidos e desconhecidos, renascidos para uma nova vida das águas do Batismo. Em tudo reconhecemos como é grande a unidade que nos une e como é importante rezar juntos, trabalhar assiduamente e dialogar intensamente para superar as divisões e ser, segundo a vontade do Senhor, um na comunhão trinitária, para que o mundo creia".

Estamos certamente cientes disso, mas a consciência por si só não basta. É necessário alimentar uma verdadeira paixão, uma paixão que brota do amor à comunhão, do desejo de superar o contra testemunho dado pelas lacerações históricas entre os cristãos, que feriram a unidade do Corpo de Cristo. Hoje, sobretudo, é necessário um zelo ardente pela evangelização, porque anunciando juntos nos redescobrimos irmãos e irmãs; e compreendemos que não se pode difundir dignamente o nome de Jesus, que nasceu, morreu e ressuscitou por todos, sem testemunhar a beleza da unidade, sinal distintivo dos seus discípulos.

O Papa convidou a delegação ecumênica da Finlândia a pedir juntos "o dom de um renovado zelo apostólico, que nos faça redescobrir os outros fiéis como nossos irmãos e irmãs em Cristo, que nos faça sentir apóstolos reconciliados por Deus para nos reconciliar entre nós e nos tornarmos artífices da reconciliação para o mundo". Pediu também para rezar juntos, cada um na própria língua, o Pai-Nosso, "a oração dos filhos que, melhor do que qualquer outra, manifesta a realidade do nosso Batismo". Rezar "juntos, uns com os outros e uns pelos outros".

Mariangela Jaguraba

 

Papa Francisco aos budistas: juntos para curar as feridas do mundo

O Papa Francisco recebeu nesta manhã de quinta-feira (19/01), no Vaticano, uma delegação de budistas combojanos, assim como os representantes da sociedade civil.

“A pobreza e a falta de respeito pela dignidade dos marginalizados causam muito sofrimento e desânimo em nosso tempo; portanto, devem ser combatidos com processos concertados que promovam a consciência da fragilidade radical de nossos contextos ambientais”: foi o que disse o Papa Francisco recebendo nesta manhã de quinta-feira (19/01), no Vaticano, uma delegação de budistas combojanos, assim como os representantes da sociedade civil.

Francisco agradeceu pela visita, que visa consolidar a amizade duradoura como líderes religiosos comprometidos em melhorar a cooperação inter-religiosa.

Num momento em que a família humana e nosso planeta enfrentam graves ameaças, - recordou o Papa – “os senhores escolheram oportunamente a 'Conversão Ecológica' como tema para seu encontro”. Este é um sinal positivo da crescente sensibilidade e preocupação pelo bem-estar da Terra, a nossa Casa comum, e pelas importantes contribuições que, inspiradas pelas crenças religiosas e tradições espirituais, podem oferecer ao seu nobre país no caminho de cura social e reconstrução econômica após as crises sócio-políticas das últimas décadas, afirmou o Santo Padre.

Depois de sublinhar que a pobreza e a falta de respeito pela dignidade dos marginalizados causam muito sofrimento e desânimo em nosso tempo, Francisco disse que “há uma necessidade urgente de buscar, através do diálogo em todos os níveis, soluções integradas baseadas no respeito da fundamental interdependência entre a família humana e a natureza.

“Por esta razão, seguindo o caminho traçado por meus antecessores, continuei a insistir no cuidado de nossa Casa comum, um cuidado que é também "uma vocação ao respeito: respeito pela criação, respeito pelo próximo, respeito de si mesmo e respeito pelo Criador"”.

O Papa Francisco no seu discurso recordou que a conversão ecológica ocorre quando se reconhecem as raízes humanas da atual crise ambiental; “quando o verdadeiro arrependimento leva a desacelerar ou deter tendências, ideologias e práticas nocivas e desrespeitosas à criação; e quando as pessoas se comprometem a promover modelos de desenvolvimento que curem as feridas infligidas pela ganância, pela busca excessiva de ganhos financeiros, pela falta de solidariedade para com os vizinhos e pelo desrespeito ao meio ambiente”. A conversão ecológica destacou ainda o Papa visa "transformar em sofrimento pessoal o que está ocorrendo no mundo, e assim reconhecer qual é a contribuição que cada pessoa pode dar".

Francisco evidencia ainda que o diálogo revela a profunda riqueza que as respectivas tradições religiosas oferecem em apoio aos esforços para cultivar a responsabilidade ecológica. Seguindo os princípios que o Buda – disse o Papa - legou a seus discípulos (Pratimoksa), incluindo a prática chamada 'metta', que consiste em não prejudicar os seres vivos, e vivendo um estilo de vida simples, os budistas podem adquirir uma atitude de compaixão para com todos os seres, incluindo a terra, seu habitat. Por sua vez, os cristãos cumprem sua responsabilidade ecológica quando, como custódios confiáveis, protegem a criação, a obra que Deus confiou ao homem para que a cultivasse e a cuidasse.

O Santo Padre concluiu suas palavras dizendo estar certo de que o encontro com os membros do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso proporcionará uma oportunidade para explorar outras formas de promover a conversão ecológica através das iniciativas empreendidas pelo diálogo budista-cristão seja no Camboja, seja em toda a região.

Silvonei José 

 

Papa Francisco e o sorriso das crianças ucranianas acolhidas na Campânia

Trinta e um menores de Kyiv, Dnipro, Kherson, Karkiv, Zaporizhzhia, acolhidos pela comunidade de Teggiano-Policastro, encontraram o Papa Francisco no final da Audiência Geral de quarta-feira. Na Sala Paulo VI, informa o L'Osservatore Romano, também uma delegação da "Igreja Ortodoxa Anglicana" que veio por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e as religiosas de vários institutos femininos.

O que fazer e o que esperar para que possamos voltar a ouvir o maravilhoso efeito, não apenas sonoro, dos sorrisos das crianças ucranianas, que há quase onze meses ouvem apenas o som de armas e sirenes? Na última quarta-feira (18/01), na Sala Paulo VI, uma pequena grande demonstração foi feita pelos fiéis da Diocese italiana de Teggiano-Policastro e pelo pároco de uma pequena comunidade de Matera. Foi uma resposta concreta às palavras do Papa que, durante a saudação aos fiéis de língua italiana - fazendo sua a "dor pungente dos familiares" - voltou a fazer um "forte apelo a todas as consciências" depois das imagens e testemunhos do ataque de foguetes do último sábado, em Dnipro, no qual pelo menos 45 pessoas morreram, incluindo algumas crianças. É um dos eventos mais sangrentos desde o início da guerra na Ucrânia.

A iniciativa da Diocese de Teggiano-Policastro

As crianças vêm de Kyiv, Dnipro, Kherson, Karkiv, Zaporizhzhia e, uma vez que chegaram à Itália, pediram imediatamente para poder encontrar o Papa Francisco. Foram trinta e um menores presentes na manhã de quarta-feira, na Sala Paulo VI, acolhidos pela Diocese italiana de Teggiano-Policastro desde segunda-feira, 9 de janeiro. Algumas delas perderam os pais na guerra, outras não os veem há meses porque foram presos. Cinco educadoras ucranianas também chegaram com as crianças, duas das quais viram seus maridos caírem nas mãos do Exército russo. Uma delas entregou ao Papa uma lista das pessoas capturadas. O Pontífice, levando primeiro o papel ao coração, assegurou a sua oração.

A iniciativa da diocese da Campânia foi explicada pelo padre Martino De Pasquale, diretor da Caritas local e pároco de Postiglione, na província de Salerno. As crianças vão passar um período de férias - até o próximo domingo, 22 de janeiro - na diocese que aderiu a um programa de solidariedade promovido pela Caritas italiana em colaboração com o Ministério do Trabalho, que prevê o acolhimento e acompanhamento de menores ucranianos. "Levamos as crianças para conhecer as belezas naturais do nosso território, as escavações de Pompeia, as grutas de Pertosa e os templos de Paestum", disse o pe. Martino, ressaltando que, mesmo por um período limitado de tempo, as crianças "voltaram a correr, brincar e sorrir, reencontrando aquela alegria perdida há meses". E depois, acrescentou, "ficaram comovidas quando ouviram a notícia de que se encontrariam com o Papa e tirariam uma foto com ele".

Ajuda econômica ao povo ucraniano

"Quando Francisco na homilia da missa de 25 de dezembro disse: 'Deus não quer aparência, mas concretude. Não deixemos passar este Natal sem fazer algo de bom', como comunidade paroquial nos sentimos imediatamente chamados". Assim, pe. Giuseppe Ditolve, pároco de San Giuseppe Lavoratore em Pisticci Scalo, na província de Matera, descreveu a motivação que deu início à arrecadação de apoio econômico de solidariedade para o povo ucraniano. A comovente iniciativa contou com a plena participação de toda a comunidade, afirmou pe. Ditolve, que entregou a contribuição diretamente nas mãos do Pontífice. O pároco explicou que “no momento em que propôs a arrecadação da missa da noite e do dia de Natal para o povo e em particular para os menores ucranianos, a resposta foi total”. "A esperança para as crianças, adolescentes e jovens do país martirizado", acrescentou, "é que em breve possam voltar a sorrir".

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Coincidindo com o início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, esteve presente na, Sala Paulo VI, uma delegação da "Igreja Ortodoxa Anglicana", guiada pelo primaz, arcebispo Thomas Gordon. Com ele os bispos Luis Miguel Perea, Rosendo Usuga Higuita e Henry Danilo Bonilla, respectivamente representantes na Itália, Colômbia e Equador, e o bispo missionário para a América Latina Joshua Gilliam. "É uma grande honra, antes de ser uma grande oportunidade, para nós estarmos diante do Papa Francisco, um grande promotor da paz", foram as primeiras palavras do arcebispo Gordon, seguidas pelas do bispo Perea que, num ótimo italiano, disse que "temos a consciência de que todos nós cristãos somos irmãos, e que independentemente das 'coisas exteriores', o mesmo sangue corre em nossas veias".

Alguns institutos femininos encontram o Papa

Em 17 de janeiro, foi aberto o ano jubilar por ocasião do centenário de fundação. Na quarta-feira, 18 de janeiro, uma delegação de cerca de cinquenta religiosas veio em audiência para receber a bênção do Papa. São as Oblatas do Amor Divino, instituto fundado em Monreale, em 17 de janeiro de 1923, pela serva de Deus Margherita Diomira Crispi, de quem em dezembro passado o Papa reconheceu as virtudes heroicas. Elas trabalham, assim como na Itália, principalmente na Sicília e depois, a partir de 1930, em Roma, e na França, também em muitos países da América Central e do Sul. Elas estão celebrando nestes dias - de 15 a 23 de janeiro - o décimo sexto capítulo geral e por isso participaram da Audiência Geral. São religiosas da Companhia de Maria, instituto fundado em 1841 em Verona pelo padre Antonio Provolo. Muitas deles estão ativas em alguns países da América do Sul (Paraguai, Bolívia e Argentina) e seu compromisso missionário, em particular, é voltado para crianças deficientes, especialmente as que sofrem de surdez. As novas provinciais das Filhas de Maria Auxiliadora, provenientes de todos os continentes, exceto da Oceania, estão em Roma para participar, de 9 a 21 de janeiro, de um curso de formação para aprofundar sua missão e receber indicações de orientação espiritual. Assim nos disse irmã Chiara Cazzuola, madre geral das religiosas salesianas desde outubro de 2021, que as guiou na Sala Paulo VI.

Fabrizio Peloni

Fonte: Vatican News