“Emborz sejz zntigz, suz mzquinz de escrever zindz estz em bom estzdo e lhe prestz excelentes serviços se, como o senhor pode observzr, nzo tivesse umz dzs teclzs quebrzdzs. É fzto que restzm quzrentz e três normzis. Mzs bzstz que umz teclz nzo trzbzlhe normzlmente pzrz que hzjz diferençz com relzçzo z um trzbzlho bem rezlizzdo.”
Essa é claramente uma brincadeira. Para entender o que está escrito, basta substituir a letra “z” pela letra “a”. É verdade que ainda tem 43 letras boas, como diz o texto, mas…basta só uma delas errada para atrapalhar tudo. Talvez isso nos ajude a entender um pouco quanto “o pecado” torna a nossa vida mais difícil e menos feliz. No Segundo Domingo do Tempo Comum, encontramos um trecho do evangelho de João. Um outro João, o Batista, aponta a Jesus e o declara “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Temos assim uma referência antiga – o cordeiro pascal – e uma, absolutamente nova, aplicadas a Jesus. A consumação da carne do cordeiro na ceia ritual da Páscoa judaica era o memorial da saída do Egito e o sangue com o qual foram ungidos os dois umbrais e a viga da porta da casa dos israelitas (Ex 12,7). Para a fé cristã, expressa no evangelho de João, Jesus é o “novo” cordeiro, que imolado na cruz, uma vez por todas, libertou-nos da escravidão do pecado e da morte. O ressuscitado não morre mais. “A morte está vencida pelo Senhor da Vida”, cantamos na noite de Páscoa. A última palavra da história humana, portanto, não será aquela do pecado e da morte, mas do amor e da vida. Essa é a novidade que o evangelista João afirma chamando Jesus de o Cordeiro de Deus que “tira o pecado do mundo”.
Apesar de tantos sinais de violência e de morte que nos parecem dizer o contrário, a vitória final será da Vida; a raiz, a origem de todo mal – o pecado – está derrotado de uma vez por todas. A “Vida Nova” resplandece no rosto do Ressuscitado e se espalha na vida dos seus amigos e seguidores. Se “o pecado” era o afastamento de Deus e a infeliz disputa humana com ele, em Jesus, o Filho que o Pai não poupou, a humanidade reconhece quem é Deus de verdade. Com Jesus, ele se entrega em nossas mãos, não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva, porque Deus é Pai, é bondade, misericórdia e perdão. Essa “Vida Nova” já começou também para nós e tem nome: Espírito Santo, o Espírito do Senhor Ressuscitado. É com a força dele que nós podemos vencer os nossos pecados, tanto os pessoais como os que alimentamos juntos. Com efeito, o primeiro passo para vencer os nossos pecados é, justamente, enxergar onde, como, quanto e quando estamos errados. Somente se temos a coragem de nos deixar iluminar pela luz resplandecente do amor de Deus, o fogo luminoso do Espírito Santo, começamos a perceber a inutilidade do nosso mal, os frutos mortais do nosso egoísmo e da nossa indiferença. Junto com a compreensão dos nossos pecados, vem o desejo de mudar, de nos reaproximarmos de quem esquecemos ou apagamos: o próprio Deus, mas também os nossos irmãos mais pobres e desprezados nos quais Jesus se esconde. Para participar da vitória de Jesus sobre o mal e a morte não basta deixar os nossos pecados pessoais, precisamos também chegar às raízes das injustiças e de todas as causas de sofrimento, miséria e desumanização de tantos irmãos e irmãs. O Divino Espírito Santo não ilumina somente a nossa consciência para nos conduzir no fadigoso caminho da nossa conversão e santificação pessoal, ilumina também os povos, a história humana. Ele nunca deixa faltar evangelizadores e profetas, pessoas capazes de apontar caminhos novos. No entanto cabe a cada um de nós, lá onde vivemos, a fadiga da escuta, da busca, das escolhas, do reconhecimento dos sinais que Deus, na sua bondade, envia-nos.
Voltamos à máquina de escrever quebrada. Não dá para consertar? Se não conseguimos, ao menos sabemos que basta trocar a letra “z” pelo “a”. Sabemos por onde começar para que a Boa Notícia de Jesus possa ser entendida e acolhida. Nós ainda somos “mensagens” meio atrapalhadas, mas ele, o Senhor, não.
Fonte: Diocese de Macapá