Aos presentes na Praça São Pedro para o Angelus e àqueles que o acompanhavam pelos meios de comunicação, o Papa apresentou seus melhores votos pelo novo ano que se inicia, dirigindo-se em particular ao presidente da República italiana, Sergio Matarella - a quem agradeceu pelas felicitações – e pedindo prosperidade para o povo italiano.
Recordando então este Dia Mundial da Paz instituído por Paulo VI em 1968, dedicado à reflexão e oração pela paz no mundo, Francisco foi taxativo em afirmar que “sentimos ainda mais forte e intolerável o contraste da guerra que na Ucrânia e em outras regiões semeia morte e destruição. Todavia – encorajou – não percamos a esperança, porque temos fé em Deus, que em Jesus Cristo abriu-nos o caminho da paz”.
“A experiência da pandemia – acrescentou - nos ensina que ninguém pode se salvar sozinho, mas que juntos podemos percorrer caminhos de paz e de desenvolvimento. Em todo o mundo, em todos os povos sobe o grito “Não à guerra! Não ao rearmamento!”, que os recursos sejam destinados ao desenvolvimento, saúde, alimentação, educação, trabalho."
Entre as numerosas iniciativas pela paz e solidariedade promovidas pelas comunidades cristãs, o Santo Padre recordou a Marcha nacional realizada no sábado em Altamura, com 4 caravanas que levaram solidariedade à Ucrânia.
O Papa também agradeceu à presença de numerosos membros da Comunidade de Santo Egídio, “vindos também este ano para testemunhar seu empenho pela paz em todas as terras, aqui e em muitas cidades do mundo. Obrigado!”.
Francisco então saudou duas bandas provenientes da Virgínia e do Alabama, os jovens do Movimento Regnum Christi da Europa e América, bem como os demais grupos e comunidades presentes, concluindo com o tradicional:
A todos desejo um bom domingo e um bom ano. Não se esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo!
- Aprendamos de Maria a linguagem da maternidade: cuidar dos outros
"Unamo-nos todos juntos, com um só coração e uma só alma, ao dar graças a Deus pelo dom da vida de Bento XVI."
No primeiro Angelus do ano, o pensamento de Francisco se voltou ao Papa emérito, invocando a intercessão de Maria, que hoje celebramos como Mãe de Deus. E convidou todos os fiéis a se unirem “com um só coração e uma só alma” para agradecer a Deus “pelo dom deste fiel servidor do Evangelho e da Igreja”.
Em sua alocução, o Papa se deteve sobre a maternidade de Maria e sua “linguagem típica”, isto é, a ternura do cuidar. Com efeito, depois de levar no ventre por nove meses o dom de um misterioso prodígio, as mães continuam a colocar os seus filhos no centro de todas as atenções.
“Irmãos e irmãs, como todas as mães, Maria leva em seu ventre a vida e assim nos fala sobre o nosso futuro. Mas ao mesmo tempo nos recorda que se quisermos realmente que o novo ano seja bom, se quisermos reconstruir a esperança, precisamos abandonar as linguagens, os gestos e as escolhas inspiradas pelo egoísmo e aprender a linguagem do amor, que é cuidar. Ou seja, cuidar é uma nova linguagem.”
Eis o convite do Papa então a cuidar: cuidar da nossa vida, do nosso tempo, da nossa alma; cuidar da criação e do ambiente em que vivemos; e, mais ainda, cuidar do próximo, daqueles que o Senhor colocou ao nosso lado.
“Olhando para Nossa Senhora com o Menino ali, cuidando do Menino, aprendamos também nós a cuidar dos outros, inclusive de nós mesmos, cuidando da saúde interior, da vida espiritual, da caridade.”
É justamente esta a exortação contida na mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado neste 1 de janeiro: perante as crises pessoais e sociais que vivemos, perante a tragédia da guerra, somos chamados enfrentar os desafios do nosso mundo com responsabilidade e compaixão.
“Imploremos a Maria Santíssima, Mãe de Deus, que nesta época poluída pela desconfiança e pela indiferença, nos torne capazes de compaixão e cuidado, capazes de comover-se e de parar diante do outro, sempre que for necessário.”
Fonte: Vatican News