Cultura

Artigo de Dom Pedro José Conti: Jesus, pessoa-fonte





Reflexão para o Natal do Senhor | 25 de Dezembro 2022 – Ano “A” 

Santo Alberto Magno escreveu: “Existem homens e mulheres-vaso…que têm e retêm, porém, não dão, não compartilham; a água pode estancar e corromper-se. Existem as pessoas-canal, vala, tubo…em que o líquido passa através delas…porém, sem se reter, esvaziando-se totalmente. E têm as pessoas-fonte…que se dão sem nunca se esvaziar; elas oferecem ao sedento sua água, seu caudal…sem diminuí-lo, porque mana sempre. Jesus Cristo pertence ao terceiro grupo: É fonte inextinguível. É água que mata a sede. É água que acalma a febre. A água que restabelece o caminhante fatigado, suado, estressado. A água que refresca, limpa e dá novos brios para prosseguir… Jesus é o manancial que mana constantemente para o bem da humanidade. Sua água nos ajuda enormemente a viver melhor nossa vida e a fazer com que os demais também a vivam”.

Chegamos ao dia de Natal, com todas as suas tradições e formalidades, emoções e memórias. Por muitas razões, o Natal cria uma “atmosfera” diferente do resto do ano. Repetimos gestos, trocamos votos de felicidade, mas sempre tem algo novo. Também quem não acredita, quem não celebra o nascimento de Jesus, vive, a seu modo, os dias de Natal, porque só o Natal é “mágico”! O Menino Jesus com o seu nascimento nos dá a sensação que algo velho, passado, e que podemos sempre recomeçar, quase um renascer. Tudo isso é bonito e nos alegra. Precisamos de esperança, de coragem para abrir novos caminhos, mudar e jogar fora tanta bagagem “velha” que nos incomoda e que carregamos inutilmente.

Nos encontros das nossas famílias temos a possibilidade de sorrir novamente a todos, de abraçar e olhar nos olhos aqueles e aquelas com os quais, ao longo do ano, só falamos pelo celular, às pressas, para resolver questões urgentes. Nos dias de Natal parece que o tempo se torna mais longo, que podemos nos dar o luxo de jogar fora conversas, sem a escravidão do relógio. Tudo isso é muito bom. Somos verdadeiramente  humanos somente quando nos comunicamos; por isso precisamos escutar e ser ouvidos, trocar ideias, sentimentos, anseios e preocupações. Nas conversas com os amigos lembramos de promessas feitas no ano anterior, de algum compromisso esquecido, de acordos que nunca saíram do papel. Isso também é interessante, porque serve para reconhecer o que, sinceramente, consideramos importante e o que não passa de palavreado ocasional. O Natal é tudo isso e muito mais; marca a vida de cada um, deixa a memória de lugares e pessoas, daqueles com quem estávamos no ano anterior e agora, talvez, não estejam mais conosco. Natal é também saudade, recordações. No entanto, temos certeza que estamos celebrando o Natal de Jesus ou simplesmente nos deixando envolver pelo “clima” do momento, pelas luzes, as ofertas especiais, as ceias e os presentes? Não tenho medo de afirmar que, para nós que nos consideramos cristãos, o Natal deve ter algo diferente porque deve ser, em primeiro lugar e antes de tudo o mais, o Natal de Jesus. Cabe a nós, em todos os momentos e em todas as oportunidades, lembrarmos quem estamos festejando: a mensagem, a vida, a pessoa daquele que agora, criança, contemplamos deitado na manjedoura, mas, um dia, levantaremos os olhos para vê-lo pregado na cruz e, depois, reconhecê-lo ressuscitado e vivo para sempre. É nosso compromisso colocar Jesus no lugar certo na festa do seu Natal. De outra forma, podemos vibrar por mil emoções natalinas, mas sem o verdadeiro festejado.

É Jesus a “fonte” das palavras de paz que trocamos no Natal, das felicidades que nos desejamos uns aos outros. É ele a fonte dos gestos de bondade e de solidariedade do Natal. É ele a fonte que nos faz sentir melhores quando perdoamos, abraçamos, socorremos. Os dias de Natal vão passar, mas Jesus deve continuar a ser a fonte do amor que transforma as vidas, coloca o bem onde o mal parecia dominar, espalha alegria onde tudo era triste e desanimado. Com Jesus, fonte de vida nova, nós podemos aprender a ser também pessoas-fontes, que não seguram para si, mas doam sempre, doam tudo, por amor. Como fez Jesus. Feliz Natal para todos!

Por Dom Pedro José Conti

 

Fonte: Diocese de Macapá