Esporte

Messi não precisou ser Maradona, só precisou ser Messi: campeão, decisivo, capitão e gênio





Camisa 10 faz dois gols na final da Copa e finalmente conquista o tão sonhado título

No maior palco possível, na despedida, na última chance de ganhar a Copa do Mundo, Lionel Messi não precisou ser Diego Maradona. Na histórica e dramática vitória nos pênaltis sobre a França, após um empate por 3 a 3 na prorrogação, Messi precisou ser Messi: campeão, artilheiro, capitão, gênio e, desde agora e para sempre para os argentinos, também deus. 

Messi foi soterrado por abraços no círculo central assim que Gonzalo Montiel converteu o pênalti decisivo contra a França. Quando conseguiu se livrar dos companheiros que o cercavam, todos ajoelhados no gramado sagrado do Lusail, Messi caminhou sozinho. Parou em frente à torcida da Argentina, mandou beijos para a multidão, ergueu os dois braços e fez o sinal típico de quem diz "acabou". 

Acabou a espera de 36 anos sem título mundial, acabaram as dúvidas sobre o tamanho de Lionel Andres Messi Cuccittini na história do futebol mundial. O troféu de 36,8 centímetros de altura e seis quilos de ouro puro, beijado pelo craque na premiação, finalmente deixou de ser uma miragem para Messi. 

Para conquistar o título que lhe faltava, para preencher o espaço vazio que tanto incômodo gerava, Messi teve que esperar até sua quinta e última Copa do Mundo. E teve que entregar a maior atuação de uma carreira de 1.002 jogos, incontáveis recordes batidos, títulos e prêmios individuais. 

O camisa 10 precisou fazer tudo. De trás para frente: foi o primeiro argentino a cobrar seu pênalti – e logo depois que Mbappé havia convertido a primeira cobrança para a França. Na prorrogação, após o 2 a 2 no tempo normal, foi dele o gol que desempatou o jogo e iludiu o mundo durante alguns minutos. 

Quando tudo parecia perdido, no mesmo segundo tempo da prorrogação em que Mario Goetze matou o sonho argentino em 2014, Lionel Messi fez o que havia feito poucas vezes na final da Copa do Mundo. Messi correu. 

Correu, invadiu a pequena área da França, aproveitou o rebote de Lloris no chute de Lautaro Martínez e usou seu pé direito, o pé "ruim" – o pé que ele ainda não havia usado nesta Copa, para deixar o placar em 3 a 2 para a Argentina. 

Parecia um roteiro superior ao de 1986, quando a Argentina também fez 2 a 0 na final contra a Alemanha, também cedeu o empate, e Maradona sacou um passe mágico para Burruchaga fazer 3 a 2 e garantir o segundo título Mundial da Argentina. Em Doha, Messi fez ele próprio o terceiro gol. 

Mas o outro 10 em campo, Kylian Mbappé, empataria de novo e mandaria a decisão para os penais.

Ao longo do tempo normal, o gênio precisou de pouco para fazer muito. Pouco espaço, pouco tempo. Só o suficiente para receber um passe que vinha na altura do joelho, dominar com a parte interna do pé esquerdo, e passar com o peito do mesmo pé esquerdo, na medida perfeita para Julian Alvarez, que disparava pela direita, quase em cima da linha lateral. 

Tudo isso de costas para o gol, com Varane às suas costas, Upamecano tentando chegar, Rabbiot em dúvida, Tchouameni perdido, Hernández atrasado, a França inteira atordoada com o gênio. Alvarez de primeira para Mac Allister, de primeira para Di Maria, de primeira para o gol: 2 a 0. 

O primeiro gol argentino no jogo também havia sido dele. Quando Di Maria foi derrubado por Dembelé, aos 21 minutos do primeiro tempo. Messi manteve-se alheio a tudo. Pôs a bola debaixo do braço enquanto franceses protestavam com o árbitro e argentinos protestavam contra os protestos dos franceses. 

Assim que a confusão se dissipou, pôs a bola na marca, deu oito passos para trás e bateu com a precisão habitual, à esquerda de Lloris, que se lançou para o lado errado. Primeiro jogador da história a anotar em todas as fases eliminatórias da Copa do Mundo. Depois da corrida e da deslizada na grama, Messi sumiu, desapareceu, engolido pelos colegas de time. 

Depois que Mbappé revolucionou o jogo com dois gols, aos 35 e aos 36 minutos do segundo tempo, Messi precisou resgatar a Argentina de novo. No último lance do tempo normal, obrigou o goleiro francês Hugo Lloris a fazer uma defesa difícil num chute de longe. Na prorrogação, foi sempre a única rota da Argentina para o ataque. 

Sua simples presença no campo sempre foi suficiente para causar pânico entre seus marcadores. Não se abalou nem quando Mbappé fez cada um de seus três gols. O muro humano azul e celeste atrás do gol reconheceu. "Messi, Messi", a multidão curvava o corpo para a frente, os braços estendidos para a frente. A reverência total, o agradecimento sincero. Desde hoje, e para sempre, para eles Messi também é deus.

 

- Messi puxa fila com a taça em saída de estádio, e argentinos provocam: "P... jornalistas"

Festa pelo tricampeonato mundial seguiu pela zona mista, e nenhum atleta conversou com a imprensa; nem mesmo o camisa 10, que tinha ida prevista para entrevista coletiva

A festa não para. Os jogadores da Argentina prosseguiram com as comemorações pelo tricampeonato mundial na zona mista do estádio Lusail, depois da vitória nos pênaltis contra a França, neste domingo. A celebração contou com Messi carregando o troféu da Copa do Mundo e ofensas a jornalistas. 

Com Messi à frente, jogadores da Argentina passam pela zona mista fazendo festa com a taça 

Messi puxou a fila, descalço, e foi acompanhado por quase todo o elenco campeão do mundo. Diante dos jornalistas, os atletas entoaram um grito que direciona ofensas aos profissionais de imprensa, que acabaram ignorados nos pedidos de entrevistas. Messi, porém, cumprimentou um dos jornalistas. 

Jogadores da Argentina fazem festa na área de imprensa após título mundial 

– E não me importa o que digam, esses p... jornalistas, que vão para a p... que pariu – cantaram Messi e companhia. 

A consagração do craque: a trajetória do Messi na Copa do Mundo 2022 

A saída pela zona mista ainda fez Messi dar um "bolo" nos jornalistas que o aguardavam para a entrevista coletiva pós-jogo. Somente o técnico Lionel Scaloni conversou com a imprensa depois do tricampeonato. 

O elenco argentino se encaminhou para o ônibus rumo à concentração, localizada na Universidade do Catar. 

O título deste domingo significou o fim de um jejum de 36 anos sem conquistas de Copa do Mundo. A Argentina agora está apenas atrás de Alemanha e Itália (quatro troféus cada) e Brasil (cinco).

Fonte: GE