Era 8 de dezembro de 1854. A Igreja proclamava a Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria como ponto fundamental e indiscutível da doutrina católica.
Um novo dogma de fé nascia. Pelas palavras da Bula Ineffabilis Deus, o Papa Pio IX sublinhava que a Mãe de Deus foi concebida sem mancha por um especial privilégio divino: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente e constantemente por todos os fiéis”.
A cada 8 de dezembro, dioceses do mundo inteiro prestam homenagem à Imaculada Conceição da Virgem Maria. A cidade de Roma atende a uma programação específica e repleta de veneração à Mãe de Deus nesse dia, remontando à fé, à tradição e à arte.
Era 17 de setembro de 1777 quando, na capital da Itália, durante ampliações do mosteiro das freiras da SS. Concepção de Santa Maria em Campo Marzio, foi descoberta uma antiga coluna em mármore cipollino, com 11,81 m de altura e 1,45 de diâmetro. Após o desenterramento da estrutura e diante de grande participação popular, foi criada sobre a coluna uma estátua de bronze da Virgem, sob os cuidados do arquiteto Luigi Poletti. O monumento foi inaugurado em 8 de dezembro de 1857 por Papa Pio IX na Piazza Mignanelli, com presença do embaixador espanhol da época.
Em 1953, quase um século mais tarde, por desejo de Pio XII começa a ser colocado um ramo de flores na base do monumento em cada 8 de dezembro. Surge então a tradição que se prolonga até nossos dias na agenda dos Pontífices, testemunhando a relação especial do Bispo de Roma com a sua cidade.
Vale citar que, como sinal de confirmação à verdade proclamada pelo Papa Pio IX, a Virgem Maria aparece em Lourdes, França, a uma jovem de 14 anos. Foi em 25 de março de 1858, na Festa da Anunciação, que a vidente Bernadette Soubirous ouviu atentamente as palavras de Maria, que dizia: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
O Catecismo da Igreja Catecismo cita no parágrafo 492: “Este esplendor de uma santidade de todo singular com que Maria foi enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, vem-lhe totalmente de Cristo. Ela foi remida dum modo mais sublime em atenção aos méritos de seu Filho”.
Em 8 de dezembro de 1958, o Papa João XXIII levou rosas brancas para Maria, detendo-se em oração na Basílica de Santa Maria Maior. Nesta quinta-feira, 8 de dezembro de 2022, o Papa Francisco repetirá o mesmo gesto, saindo às 15h15 do Vaticano para rezar diante do ícone da Salus Popoli Romani, para então se dirigir à Praça de Espanha para a tradicional homenagem diante da imagem da Virgem Maria colocada no alto da coluna. O momento de oração do Santo Padre na Praça de Espanha, às 16 horas, terá transmissão ao vivo, com comentários em português, do Vatican News.
Mas já nas primeiras horas deste dia 8, como manda a tradição, às 7h30 o Corpo de Bombeiros abre as comemorações na Praça de Espanha, colocando uma guirlanda de flores no braço da estátua mariana de bronze, em memória e homenagem aos 220 colegas que em 1857, liderados pelo arquiteto Luigi Poletti, ergueram a estátua do escultor Giuseppe Obici na coluna de mármore cipollino de 11,81 metros de altura, inaugurando o monumento. Certamente uma visão privilegiada no topo da estátua, que se lança mais às alturas do céu do que às planícies da terra, sob uma escada de 27 metros de altura.
Às 9h00 na Igreja da Santissima Trinità dei Monti, como se repete há mais de meio século, é celebrada uma Missa dedicada ao mundo do trabalho e às associações laicais. Uma procissão dos participantes seguirá até a Piazza Mignanelli, para a homenagem floral à Virgem.
Em várias línguas, o Pontífice proferiu mensagens referentes à Solenidade da Imaculada Conceição na última Audiência Geral. “Com os olhos voltados para a Virgem Maria sejam sempre ousados na promoção dos valores do espírito”. Convidou a “pedir a graça de procurar a vontade de Deus em tudo e acima de tudo”.
Disse ainda, em mais uma de suas catequeses sobre o discernimento: “Enquanto Eva se deixou seduzir pela desobediência a Deus, a Virgem Maria se deixou persuadir pelo Anjo a obedecer: ‘Faça-se em mim segundo a tua palavra". Assim ele se tornou a causa da nossa Salvação, dando-nos o Salvador... e era Natal! Como Maria, preparamos nossos corações para acolher e oferecer Jesus no Natal. Estes são os meus votos e também a bênção de Deus’”.
- Prefeito de Lviv entrega ao Papa uma cruz com o chumbo de projéteis
Há chumbo fundido de dois projéteis - extraídos dos corpos das vítimas da guerra - na pequena e simples cruz de madeira doada na manhã de quarta-feira (7) pelo povo de Lviv ao Papa Francisco. Ao entregá-la, o prefeito Andriy Sadovyy salientou que naquela cruz estão pregadas todas as pessoas que, na Ucrânia, estão morrendo e sofrendo. Com ele estava uma delegação de autoridades municipais, como o vice-prefeito e o assessor para as relações internacionais. Entre os presentes, também uma pulseira amarela que Francisco colocou em seu pulso.
"Pela carta que o Papa escreveu ao nosso povo ucraniano, em 24 de novembro, expressamos profunda gratidão esta manhã porque naquelas palavras reconhecemos a proximidade", disse o prefeito. Lviv "é uma cidade nobre, com uma tradição cultural, a poucos quilômetros da fronteira com a Polônia, que é um país da União Europeia. Hoje é uma cidade fronteiriça entre a guerra e a paz, um ponto de referência e de passagem para os muitos ucranianos que tiveram que deixar suas cidades, suas aldeias, que viram as suas casas destruídas nestes mais de 9 meses de bombardeio". Sim, acrescentou ele, "assim como estamos aqui agora, as bombas continuam caindo sobre o nosso povo".
O primeiro cidadão de Lviv não escondia a dor, mas tinha palavras de esperança e de renascimento. "Em sua carta, o Papa escreveu que ele também reza por nós, pelas autoridades da Ucrânia. Porque sobre nós paira o dever de governar em tempos trágicos e de tomar decisões clarividentes para a paz e para desenvolver a economia durante a destruição de tanta infra-estrutura vital, tanto na cidade como no campo".
Uma das emergências absolutas, apontou Sadovy, é "cuidar dos feridos, tentando salvar suas vidas". Por isso, as autoridades de Lviv também apresentaram ao Papa o projeto "Unbroken" (ininterrupto). O prefeito o descreveu da seguinte forma: "é um centro de reabilitação médica multifuncional para o apoio e cuidado de vítimas de guerra em toda a Ucrânia: muitas são crianças, jovens, que foram gravemente feridos nos bombardeios. Infelizmente, em algumas situações, as amputações têm que ser feitas e nem todos poderão viver uma vida plena novamente".
Unbroken "é um complexo para a produção de próteses e também um centro residencial para planejar uma reintegração na vida social e profissional para aqueles que foram vítimas das bombas. Em particular, para as crianças feridas e suas famílias, existe um espaço adaptado às suas necessidades". Mas e por que o nome "ininterrupto"? Porque a vida do povo, insistiu o prefeito, "não pode ser quebrada por esta invasão impiedosa. Porque ininterrupto é o fio da esperança para os ucranianos, mesmo aqueles que perderam família e amigos, que estão feridos ou perderam suas casas, perderam tudo". Mas "ininterrupta é também a oração do Papa pelo nosso povo. Sim, ininterrupta é a voz do Pontífice chamando pela paz".
Fonte: Vatican News