Por ocasião das Jornadas da Pastoral Social de Buenos Aires deste ano, o Papa escreveu uma mensagem na qual destacou que, “a polarização corrói todas as tentativas de soluções e a única coisa que ela cria é o desconforto e a descrença". Neste contexto, "é imperativo recuperar nossa capacidade de diálogo; aproximarmo-nos, escutarmo-nos, conhecermo-nos e reconhecermo-nos mutuamente para encontrar pontos de contato que nos ajudem a transcender”, pois "para nos ajudarmos mutuamente, precisamos dialogar", disse Francisco.
As Jornadas da Pastoral Social, são organizadas pela Arquidiocese de Buenos Aires, que comemoram seu 25º aniversário este ano, reúne vários expoentes e líderes da sociedade civil. O Papa na mensagem enfatiza também "a necessidade e a importância deste costume saudável". De fato, "nos encontros tentamos discernir o presente e nos esforçamos para imaginar um futuro possível, e isto é urgente se considerarmos a situação mundial: as guerras, com sua ameaça nuclear; a recente pandemia e suas consequências em diferentes níveis; a crise ecológica e migratória; o aumento da cultura da exploração e do desperdício... problemas aos quais as situações locais poderiam ser acrescentadas".
Por trás dessas realidades, confidenciou o Pontífice, "como uma música de fundo, preocupo-me com o crescimento de polarizações e extremismos que nos impedem construir e nos encontrarmos em um ‘nós’ comum. Há tantos conflitos nos quais a retirada para as trincheiras, muitas vezes ideológica, impede que sejam resolvidos". Infelizmente, segundo o Papa, "pouco a pouco se corroeu o sentido de pertença capaz de quebrar a tirania da divisão e do confronto, para possibilitar, com todas as legítimas diferenças que possam existir, a convergência de vontades na busca do bem comum, que é muito mais do que a soma de bens individuais".
- Itália: Papa telefona a bispo de Asti e "se desculpa" pelo "incômodo" da visita à cidade
"Espero não desvendar um segredo vaticano, mas nesta manhã (o Papa) me telefonou de novo, pedindo perdão pelo incômodo que será gerado e pedindo se precisava de alguma coisa que era pra dizer. Esse me parece um sinal que ele realmente se importa com essa viagem, com essa vinda para cá", confidenciou o bispo de Asti, dom Marco Prastaro, logo no início de uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (15).
Já o prefeito de Asti, Maurizio Rasero, comentou que com a visita de Francisco à cidade no próximo final de semana - 19 e 20 de novembro - "o Papa está voltando para casa": uma viagem privada pelo aniversário de 90 anos da prima Carla Rabezzana, mas que está sendo aberta para abraçar uma inteira comunidade da Província de Asti, no norte da Itália. "O que era um sonho se transformou numa belíssima realidade", disse ainda o prefeito sobre uma ocasião "única que a cidade não vai mais viver e por isso o convite para vivê-la em unidade".
O governo municipal também confirmou que deve ser aprovada nesta quarta-feira (16) junto ao Conselho Municipal, por unanimidade, o conferimento de cidadania honorária por duas fortes motivações: pelo Papa ser "um homem de paz", já que todos os dias conclama aos valores que fazem parte do Estatudo de Asti; e por continuar "demonstrando seus fortes laços com Asti e o Piemonte, testemunhados pela continuidade dos seus contatos com a família e as instituições da região".
Se no sábado (19), então, a jornada será exclusivamente privada do Papa com os seus parentes, no domingo (20) será a vez do "encontro com a família de Asti", o que não acontece em nenhuma outra cidade no mundo, comentou novamente dom Marco Prastaro. Por volta das 10h30, hora local, o Papa deve encontrar a comunidade quando percorre, de papa-móvel, por quase dois quilômetros, as ruas da cidade até a Catedral de Nossa Senhora da Assunção para a missa pela Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A celebração começa às 11h na Itália, 7h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo dos canais do Vatican News e comentários em português, seguida da oração mariana do Angelus.
Dentro da igreja serão acolhidas 1200 "pessoas comuns", salientou o prefeito, pois o espaço realmente será destinado à comunidade. A própria Praça Catedral também estará organizada para receber os fiéis que poderão acompanhar a missa através de dois telões. Segundo os policiais, cerca de 6 mil pessoas são esperadas na região para a celebração com o Papa. Para se ter uma ideia, nesta terça-feira (15), em apenas 50 minutos, 1700 bilhetes foram solicitados pela plataforma própria para a ocasião.
Após a celebração, comentou o bispo, o Papa se desloca para o estádio para uma "saudação que não será oficial" por volta das 14h30 de domingo (29). Porém, antes de partir com o helicóptero, 1340 crianças e adolescentes com seu pais e professores, provenientes das escolas e das paróquias, farão um momento especial de despedida, com animação organizada pela Diocese de Asti.
Andressa Collet - Vatican News
- Istambul, o Papa: a violência não desencoraje o povo turco de construir a fraternidade
É "profunda" a dor expressa pelo Papa Francisco pelo atentado, em Istambul, que deixou oito mortos e mais de 80 feridos numa das ruas centrais da capital turca, no domingo 13 de novembro.
Num telegrama, assinado pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao núncio apostólico na Turquia, dom Marek Solczyński, o Papa envia seu pesar às famílias e amigos das vítimas e, assegurando "sua proximidade espiritual", reza "para que nenhum ato de violência desencoraje os esforços do povo turco para construir uma sociedade baseada nos valores da fraternidade, da justiça e da paz".
O Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, também expressou, nas últimas horas, "firme condenação" ao atentado e, de acordo com a mídia local, foi ao lugar do ataque para recordar as vítimas.
A explosão ocorreu às 16h20 locais do domingo, 13 de novembro, (10h20 em Brasília) e devastou a rua Istiklal Caddesi, no bairro Taksim, do lado europeu da cidade, um local de compras e de encontro social. As imagens circuladas imediatamente nas mídias sociais, algumas feitas por câmeras de vigilância, mostram o momento da explosão na rua pedonal, que aparentemente ocorreu no meio dos passantes.
No início da noite, o presidente Recep Tayyip Erdogan e seu vice, Fuat Oktay, tinham falado de uma mulher responsável pela bomba. Inicialmente pensava-se que fosse uma kamikase, mas em declarações à noite foi confirmado que a pessoa que colocou a bomba tinha sido presa. De acordo com informações da mídia, foi presa Ahlam Albashir uma cidadã síria que supostamente confessou ter sido treinada pelo partido curdo armado Pkk e pelas milícias curdas síria Ypg. O Ministro da Justiça, Bekir Bozdag, referiu-se a uma "bolsa" colocada num banco durante 40-45 minutos antes da explosão. Junto com a mulher, 46 pessoas foram presas nas últimas horas. Este número subiu para 50 nesta terça-feira (15/11), conforme anunciado pelo Ministro da Justiça turco, Bekir Bozdag.
Enquanto isso, as Forças Democráticas Sírias, guiadas pelos curdos, negam qualquer envolvimento no atentado. "As nossas forças não têm nenhuma ligação com o atentado de Istambul e rejeitamos as afirmações que nos culpam", disse Mazloum Abdi, chefe das Forças Democráticas Sírias, que guiam a coalizão militar no poder no nordeste da Síria.
Salvatore Cernuzio
Fonte: Vatican News