“Toda vez que outubro se aproxima o coração vai apertando de felicidade e amor à mãezinha” relatou Maria Silva, devota. Segundo ela, “os dois anos que não teve o Círio foram muito difíceis, pois acompanhar pela televisão não é a mesma sensação de fé e devoção, mas esse ano Deus quis e a Nazinha permitiu, que caminhasse com ela”, afirmou.
Com o tema: “Maria de Nazaré, intercedei por nós: Sem paz não temos alegria; sem amor não temos vida”, o Círio de Nazaré em 2022, reuniu cerca de 250 mil pessoas pelas ruas de Macapá. O bispo da diocese dom Pedro José Conti, ressaltou a importância desse tema. “Escolhemos um tema que lembrasse os dois anos da pandemia, pedindo à Deus que ele nos faça, como fez naquele tempo na galileia, enquanto faltou vinho. É esse desejo de crer que Jesus sempre atende ao pedido da mãe que nós também acreditamos. Esse círio nos traz esperança, esperança para todo o povo, onde possamos criar um mundo novo”, disse.
O Círio de Nazaré teve o percurso realizado em cerca de 1h30, saindo do Santuário Nossa Senhora de Fátima, bairro Santa Rita, em direção à Catedral Histórica São José, no bairro central, passando pelas principais ruas da capital. O trajeto todo é organizado por voluntários, que durante três meses passaram por formações e momentos de espiritualidade para exercer suas funções.
Durante o percurso, a berlinda foi conduzida por uma corda, lugar de demonstração de sacrifícios e agradecimentos por graças alcançadas. “Estar aqui é a forma mais branda de agradecer a intercessão de nossa senhora”, o promesseiro da corda, Alexandre Sanches. Segundo ele, “depois de dois anos sem poder estar caminhando com a mãezinha, esse ano é a oportunidade de agradecer pela saúde pela vida. Pedindo que sempre nos ampare e possa conceder as graças que nós, seus filhos, precisamos”.
O Vigário paroquial da Paróquia Santa Cruz, padre Ronilton Souza, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, participou pela primeira vez do Círio de Macapá. “É com muita alegria que estou aqui, servir a Maria com esse povo todo cheio de fé, nos motiva a seguir em frente. Nossa senhora foi a primeira discípula de Jesus e junto com ela todos nós somos chamados à fidelidade com o senhor. Também peço a Deus o dom da perseverança e que possamos seguir firmes”.
O empresário Altair Pereira, devoto de Nossa Senhora, falou também sobre o que Círio significa. “Esse ano a retomada do Círio é uma verdadeira dadiva de Deus, além de termos passado por diversos problemas, os promesseiros, com certeza estavam sentindo muita falta disso e nós, devotos, também precisamos deste calor de mãe”, afirmou.
Para Rosangêla França, destacou o Círio como um momento de gratidão. “É momento de agradecer a Deus, após esses dois anos, esse círio se torna muito significativo. Nossa senhora sempre está conosco, essa gratidão e vontade de estarmos juntos é indescritível”.
| MACAPÁ (AP) |Por Angley Pantoja (Pascom)
Fonte: Diocese de Macapá
- Círio de Nazaré: cerca de 250 mil fiéis retornam às ruas de Macapá e percorrem quilômetros pela fé
O trajeto de quase 4 quilômetros da tradicional procissão do Círio de Nazaré foi marcado por demonstrações de agradecimento, fé e amor ao próximo através dos fiéis e voluntários. Cerca de 250 mil pessoas prestigiaram a passagem da imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas da capital do Amapá neste domingo (9), segundo a Diocese de Macapá.
Nem a sensação térmica elevada tirou o ânimo dos fiéis que puderam voltar às ruas para demonstrar devoção e gratidão à Virgem de Nazaré. Em 2020 e 2021, a procissão não foi realizada em função da pandemia de Covid-19.
O dia foi de pedir e celebrar histórias de pessoas que acreditam terem recebido alguma graça na saúde, na família, ou em outras áreas depois de pedirem à santa.
A procissão reuniu milhares de féis saindo do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Santa Rita, até a bicentenária Igreja de São José de Macapá, no Centro da capital.
Entre as histórias de dádivas recebidas está a de Patrícia Monteiro, de 42 anos. Ele contou que participou do Círio para agradecer por uma cura.
"Em 2012, eu tive uma gastrite muito forte que estava quase me matando e eu nunca fiz endoscopia. Pedi pra Nossa Senhora e fui curada. A promessa foi vir na corda e graças a Deus consegui minha bênção", contou Patrícia.
A gerente de atendimento Adria Marlena, 32 anos, manteve a tradicional demonstração de fé da família, que desde a avó participa da procissão com uma mini berlinda da imagem.
"Minha mãe acompanhava minha avó no Círio, mas a minha avó faleceu há 10 anos e ela continuou vindo no Círio, ornamentando e trazendo a imagem. A gente acompanhava ela, sempre carregando a imagem. Ela teve que ir pra França em 2021, e me passou a missão. Então eu tô dando prosseguimento à promessa dela", explicou.
Teve também quem realizou o sonho de ter a casa própria, como o advogado e servidor público Leônidas Fernandes Júnior, 28 anos. Ele queria essa conquista antes dos 30 anos de idade. Júnior conseguiu e acredita que foi por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.
"Foi um pedido feito em 2020, quando a gente entrou na pandemia, mas graças a Deus concretizei meu sonho e agora tô vindo agradecer Nossa Senhora por essa benção que eu desejei tanto em minha vida. O objetivo era antes dos 30 anos conseguir minha casa própria, e hoje ela me abençoou com essa oportunidade de eu poder estar debaixo do meu teto. Ela representa a esperança", contou Leônidas.
Os voluntários nas ruas deram apoio aos fiéis com a distribuição de água e outros alimentos para dar hidratação e ajudar com a imunidade. Entre eles estava o devoto João Carvalho, 28 anos, que colabora há 4 anos no Círio em agradecimento por saúde.
"Eu tive problema no pulmão, pedi a Nossa Senhora que não fosse nada grave, e graças a ela e a Deus não foi nada grave. Com fé e por tradição, eu venho entregar a água há 4 anos. Sempre vim pro Círio, e são 2 edições entregando água. A imagem tá chegando ali e tô ficando nervoso. Faço isso com muito amor no coração", disse o voluntário.
Quem também colaborou foi paraense Marivaldo. Ele se mudou para Macapá, não deixou de celebrar a santa considerada Rainha da Amazônia e distribui água há 25 anos na procissão amapaense.
"A gente começou com uma cuba pequena e hoje já distribuímos dois caminhões com 6 mil garrafas de água mineral. Pra nós isso é uma demonstração de fé, e uma realização pra toda a nossa família. Pra mim isso é como se fosse um dia muito especial que eu tenho que fazer enquanto eu tiver vida e saúde", descreveu Marivaldo.
Ao lado da imagem, os Guardas da Berlinda têm um trabalho essencial. Eles se organizam e participam do Círio com meses de antecedência. Mas nada se compara à emoção de poder trabalhar no segundo domingo de outubro.
O cirurgião dentista Marcelo Mendes, de 37 anos, é um desses voluntários. Ele participa do Círio desde a adolescência, mas este ano teve uma experiência diferente: em 2021, ele teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e encarou a procissão para agradecer pelo que considera ter sido um milagre.
"Ser voluntário representa uma paz pra mim. Estou há 23 anos no Círio, essa obra de Deus. Aos 37 anos passei por um milagre de Deus. Tive um AVC, passei dois meses intubado, e graças a Deus, Maria me trouxe de volta, e eu vim de novo, como prometi pra Deus e pra ela, voltando a trabalhar, como sempre fiz e aqui estou", falou.
Os quase 4 quilômetros do trajeto foram percorridos este ano em pouco mais de duas horas. A Diocese de Macapá estimou, conforme a comissão de Defesa Social, que 250 mil pessoas participaram da programação deste domingo.
A edição deste ano trouxe o tema "Maria de Nazaré, intercedei por nós: sem paz não temos alegria, sem amor não temos vida".
O bispo da Diocese de Macapá, dom Pedro José Conti, disse que se surpreendeu com o reencontro proporcionado pelo Círio.
"Eu acredito que foi surpreendente porque todos aguardavam essa procissão. Teve bastante participação, acima das nossas expectativas. Não é o número que nos interessa, é ser uma manifestação exterior que também é bom, é alegria, é a vontade de estar juntos depois de 2 anos de pandemia. É um sinal de fé e de esperança", comentou.
Ele destacou ainda que considera que o Círio deste ano foi um recomeço e um pedido de paz para o mundo.
"Nós trabalhamos pra que este Círio fosse para recomeçar a vida das nossas comunidade, na nossa igreja, a vida do nosso povo, que precisa ter esperança e acreditar num futuro. Todos temos medo, não é só a dificuldade financeira, mas também o trabalho, a paz no mundo. Vivemos sem dúvida momentos difíceis, também de violência, de indecisão, ou de decisão já que temos as eleições. Desejo que o povo possa confiar, que encontre ânimo para planejar um futuro mais humano, fraterno e solidário, entregamos tudo isso ao coração maternal de Maria, que interceda por todos nós", finalizou Dom Pedro Conti.
Fonte: g1 AP - Rafael Aleixo, Fabiana Figueiredo e Daian Andrade