Cultura

Dia Mundial do Migrante: o apelo do Papa por um futuro mais inclusivo e fraterno





"Comprometemo-nos todos em construir um futuro mais inclusivo e fraterno", foi o apelo do Papa ao final do Angelus deste domingo, Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.

Neste domingo, a Igreja celebra o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, sobre o tema “Construir o futuro com os migrantes e os refugiados”. A data foi recordada pelo Papa Francisco ao final da missa celebrada em Matera por ocasião do encerramento do Congresso Eucarístico Nacional.

"Renovemos o compromisso para edificar o futuro segundo o desígnio de Deus: um futuro em que cada pessoa encontre o seu lugar e seja respeitada; em que os migrantes, os refugiados, os deslocados e as vítimas do tráfico humano possam viver em paz e com dignidade. Para que o Reino de Deus se realize comeles, sem excluídos."

Em seu apelo, o Pontífice recordou que é também graças aos migrantes que as comunidades podem crescer em nível social, econômico, cultural e espiritual; e a compartilha das diversas tradições é fonte de enriquecimento para o Povo de Deus.

“Comprometemo-nos todos em construir um futuro mais inclusivo e fraterno!”

"Os migrantes devem ser acolhidos, acompanhados, promovidos e integrados", concluiu o Papa.

 

- Papa na cidade de Matera: quem adora a Deus não é escravo de ninguém

Francisco encerrou o Congresso Eucarístico Nacional em Matera com a celebração da missa e a participação de milhares de fiéis. Comentando a parábola do pobre Lázaro, o Pontífice advertiu para a "religião do ter e do aparecer": "Só o Senhor é Deus e todo o resto é dom do seu amor".

Na manhã deste domingo, o Papa Francisco foi à cidade de Matera, na região da Basilicata (sul da Itália), encerrar o 27º Congresso Eucarístico Nacional, que teve como tema "Voltemos ao sabor do pão - Por uma Igreja eucarística e sinodal".

A missa foi celebrada no Estádio Municipal “XXI de setembro”, com a participação de cerca de 12 mil fiéis, e a homilia do Pontífice foi centralizada no tema da Eucaristia de acordo com o Evangelho de hoje: a parábola do rico e do pobre Lázaro.

A primazia de Deus na Eucaristia

De um lado, a opulência e a ostentação da riqueza; do outro, um pobre que jaz à porta à espera de um miolo de pão para matar a sua fome. Para o Papa, esta contradição nos recorda a primazia de Deus presente na Eucaristia.

O rico não está aberto à relação com Deus porque pensa somente em satisfazer suas necessidades. Não tem um nome, só um adjetivo – rico – porque identidade é dada pelos bens que possui. “Como é triste também hoje esta realidade, quando confundimos o que somos com o que temos”, afirmou Francisco.

“É a religião do ter e do aparecer, que com frequência domina o cenário deste mundo, mas no final nos deixa com as mãos vazias.”

Ao contrário, o pobre tem um nome, Lázaro, que significa “Deus ajuda”, e mesmo em sua condição de pobreza, pode manter íntegra a sua dignidade porque vive na relação com Deus.

Eis, portanto, o desafio que a Eucaristia oferece em nossa vida: adorar a Deus e não a si mesmo. Colocar Ele no centro e não a própria vaidade. Recordar que só o Senhor é Deus e todo o resto é dom do seu amor.

“Recordemo-nos disto: quem adora a Deus não se torna escravo de ninguém. É livre!”

Porque quando adoramos Jesus presente na Eucaristia recebemos um olhar novo sobre a nossa vida e o valor da vida não depende daquilo que consigo exibir. Sou um filho amado, abençoado por Deus. O Papa então convida a redescobrir a oração de adoração, pois esta nos liberta e nos restitui a nossa dignidade de filhos.

Eucaristia, sacramento do amor

Mas além da primazia de Deus, a Eucaristia nos chama ao amor dos irmãos. “Este Pão é, por excelência, o Sacramento do amor.” É Cristo que se oferece e se parte por nós e pede que façamos o mesmo com os irmãos.

O rico do Evangelho não cumpre esta tarefa. Só no fim da vida, quando o Senhor inverte as sortes, é que ele se dá conta de Lázaro, mas Abraão lhe diz:  “há um grande abismo entre nós”. E foi o rico quem escavou este abismo durante a vida terrena e que permanece na vida eterna.

“O nosso futuro eterno depende desta vida presente”, advertiu Francisco, e é doloroso ver que esta parábola ainda se manifesta nos dias de hoje através das injustiças, das disparidades, da distribuição desigual dos recursos da terra, dos abusos dos poderosos contra os mais fracos. Todos os dias se escava um abismo que gera marginalização e que não pode nos deixar indiferentes.

“E hoje, então, juntos reconheçamos que a Eucaristia é profecia de um novo mundo, é a presença de Jesus que nos pede para nos comprometermos para que se realize uma efetiva conversão: da indiferença à compaixão, do desperdício à compartilha, do egoísmo ao amor, do individualismo à fraternidade.”

O sonho de uma Igreja eucarística

Assim sonhamos a Igreja, acrescentou o Papa: eucarística. Feita de mulheres e homens que se oferecem como pão para quem vive na solidão e na pobreza. Uma Igreja que se ajoelha diante da Eucaristia, mas sabe também curvar-se com compaixão diante das feridas de quem sofre. “Porque não existe um verdadeiro culto eucarístico sem compaixão pelos muitos ‘Lázaros’ que também hoje caminham ao nosso lado.”

Francisco conclui repetindo o tema do Congresso Eucarístico: Voltemos ao sabor do pão, porque só Jesus sacia a nossa fome e pode curar as injustiças que ainda se consomem no mundo.

“Voltemos a Jesus, adoremos Jesus, acolhamos Jesus. Porque Ele vence a morte e sempre renova a nossa vida.”

 

- Mianmar, Ucrânia e Camarões nas orações do Papa

Desde o início da guerra, Francisco fala com frequência sobre a martirizada população ucraniana. Neste domingo, acrescentou dois apelos por Mianmar e Camarões.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Ao final da missa celebrada em Matera, por ocasião do encerramento do Congresso Eucarístico nacional, o Papa rezou o Angelus com os fiéis presentes no estádio municipal da cidade. Antes da oração mariana, agradeceu pelo acolhimento recebido e a todos que organizaram e participaram do evento.

À Virgem Maria, Mulher eucarística, o Pontífice confiou o caminho da Igreja na Itália e invocou a sua materna intercessão pelos necessitados mais urgentes do mundo. De modo especial, citou Mianmar, Ucrânia e Camarões:

A respeito de Mianmar, recordou que há mais de dois anos o país sofre com graves confrontos armados e violências, que causaram muitas vítimas e deslocados. "Esta semana, chegou-me o grito de dor pela morte de crianças numa escola bombardeada. Parece que virou moda atacar escolas. Que o grito destes pequenos não permaneça inaudito! Essas tragédias não devem acontecer!", exortou.

Desde o início da guerra, a Ucrânia é sempre lembrada pelo Papa: "Maria, Rainha da Paz, conforte o povo ucraniano e obtenha aos líderes das Nações a força de vontade para encontrar imediatamente iniciativas eficazes que conduzam ao fim da guerra".

Por fim, Francisco se uniu ao apelo dos Bispos de Camarões pela libertação de oito pessoas sequestradas na Diocese de Mamfe, entre os quais cinco sacerdotes e uma religiosa. "Rezo por eles e pelas populações da província eclesiástica de Bamenda: o Senhor doe paz aos corações e à vida social daquele querido país."

Bianca Fraccalvieri 

Fonte: Vatican News