Cultura

Papa no Perdão Celestino: humildade e mansidão para testemunhar a misericórdia





“Todos podemos experimentar um ‘terremoto da alma’, que nos coloca em contato com a própria fragilidade, limitações e miséria. Nessas circunstâncias, pode-se aprender a mansidão, que junto com a humildade levam a guardar e testemunhar a misericórdia”. Palavras do Papa Francisco na homilia deste domingo (28) na cidade de L’Aquila por ocasião do “Perdão Celestino”

Na Basílica de Collemaggio em L’Aquila, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na segunda etapa da sua visita pastoral neste domingo, 28 de agosto. Aos falar aos fiéis na sua homilia o Papa iniciou recordando que os Santos são uma fascinante explicação do Evangelho. Pois suas vidas, disse Francisco, são o ponto privilegiado a partir do qual podemos vislumbrar a boa nova que Jesus veio proclamar, ou seja, que Deus é nosso Pai e todos somos amados por Ele. Este é o coração do Evangelho, e Jesus é a prova deste Amor, de sua encarnação, de seu rosto.

A grandeza de Celestino V

“Hoje celebramos a Eucaristia em um dia especial para esta cidade e esta Igreja: o Perdão Celestino”. Lembramos erroneamente a figura de Celestino V como "aquele que fez a grande recusa", segundo a expressão de Dante na Divina Comédia; mas Celestino V não era o homem do "não", ele era o homem do "sim". “De fato”, explica ainda Francisco, “não há outra maneira de realizar a vontade de Deus a não ser assumindo a força dos humildes”.

A força dos humildes

“A humildade”, disse, “não consiste em nos desvalorizarmos, mas naquele realismo saudável que nos faz reconhecer nosso potencial e também nossas misérias. Partindo precisamente de nossas misérias, a humildade nos faz desviar o olhar de nós mesmos e voltar nosso olhar para Deus, Aquele que pode fazer tudo e também obtém para nós o que não podemos ter por nós mesmos”.

“A força dos humildes é o Senhor, não as estratégias, os meios humanos, as lógicas deste mundo”

“Neste sentido”, pondera o Papa, “Celestino V foi uma corajosa testemunha do Evangelho, porque nenhuma lógica de poder poderia prendê-lo e administrá-lo. Nele admiramos uma Igreja livre das lógicas do mundo e testemunhamos plenamente o nome de Deus que é a Misericórdia.

A misericórdia

Há muitos século que L’Aquila, mantém vivo o dom que o próprio Papa Celestino V lhe deixou. “É o privilégio de lembrar a todos que com a misericórdia, e somente com a misericórdia, a vida de cada homem e de cada mulher pode ser vivida com alegria”.

“Misericórdia é a experiência de sentir-se acolhido, restaurado, fortalecido, curado, encorajado. Ser perdoado é experimentar aqui e agora o que mais se aproxima da ressurreição. O perdão vai da morte à vida, da experiência da angústia e da culpa à da liberdade e da alegria”

Compreender a dor dos outros

Falando aos presentes que sofreram por causa do terremoto de 2009, Francisco recordou que “aqueles que sofreram devem ser capazes de valorizar seu próprio sofrimento, devem compreender que na escuridão que viveram, também lhes foi dado o dom de compreender a dor dos outros”. Recordando aos presentes:

“Vocês podem cuidar da misericórdia porque sofreram a experiência da miséria”

Refletindo que “todos na vida, sem necessariamente experimentar um terremoto, podem, por assim dizer, experimentar um ‘terremoto da alma’, que os coloca em contato com sua própria fragilidade, suas próprias limitações, sua própria miséria”. “Nesta experiência", disse, "pode-se perder tudo, mas também se pode aprender a verdadeira humildade. Nessas circunstâncias, a pessoa pode se deixar enfurecer pela vida, ou pode aprender a mansidão”.

“Humildade e mansidão, portanto, são as características de alguém cuja tarefa é guardar e testemunhar a misericórdia”

Servir e não ser servido

Por fim o Papa recordou a todos os presentes:

“O cristão sabe que sua vida não é uma carreira à maneira deste mundo, mas uma carreira à maneira de Cristo, que dirá de si mesmo que veio para servir e não para ser servido (cf. Mc 10, 45). Enquanto não compreendermos que a revolução do Evangelho reside neste tipo de liberdade, continuaremos a testemunhar guerras, violência e injustiça, que nada mais são do que o sintoma externo de uma falta de liberdade interior. Onde não há liberdade interior, egoísmo, individualismo, se sobrepõem interesse próprio e opressão".

Jane Nogara

 

No Angelus, o Papa reza pelo Paquistão e pela Paz

Antes da oração do Angelus que seguiu a Santa Missa por ocasião do Perdão Celestino em L'Aquila, o Papa Francisco assegurou sua proximidade com às populações do Paquistão afetadas por inundações e invocou a Nossa Senhora o perdão e a paz para o mundo inteiro

Depois da conclusão da Santa Missa por ocasião da sua visita pastoral à cidade de L'Aquila neste domingo (28) o Papa Francisco pronunciou algumas palavras para a oração do Angelus, seguido pelo rito de abertura da Porta Santa no Perdão Celestino.

Paquistão

Recordando a tragédia das inundações no Paquistão disse aos presentes:

“Neste lugar, que sofreu uma grave calamidade, quero assegurar minha proximidade às populações do Paquistão afetadas por inundações de proporções desastrosas. Rezo pelas muitas vítimas, pelos feridos e pelos deslocados, e para que a solidariedade internacional seja rápida e generosa”.

Paz

E concluiu afirmando:

“E agora invoquemos Nossa Senhora para que, como eu disse no final da homilia, possa alcançar o perdão e a paz para o mundo inteiro. Rezemos pelo povo ucraniano e por todos os povos que sofrem por causa das guerras. Que o Deus da paz reavive nos corações dos líderes das nações o sentido humano e cristão da piedade, da misericórdia. Maria, Mãe de misericórdia e Rainha da paz, rogai por nós!”.

 

 

-Papa abre a Porta Santa, inicia Jubileu celestino

Aberto em L'Aquila o Perdão Celestino V. Francesco é o primeiro Pontífice a presidir o rito na Basílica de Santa Maria di Collemaggio, que marca o início da "Perdonanza". Os fiéis poderão obter a Indulgência Plenária recitando o Credo, o Pai Nosso e a oração segundo as intenções do Papa, e aproximando-se da Confissão e da Comunhão Eucarística

É o som das trombetas que anuncia o início do Jubileu celestino. É palpável a emoção dos fiéis e peregrinos reunidos em torno da basílica de Collemaggio onde, depois de uma manhã cinzenta, o sol apareceu radiante. Entre os presentes estão também alguns detentos das prisões de Abruzzo. É também a eles que se quer oferecer a possibilidade de se deixar abraçar pelo perdão de Deus.

Francisco, o primeiro Pontífice a abrir a Porta Santa, envolto pelo pluvial, bate por três vezes nas portas da antiga passagem com um ramo de oliveira, que o primeiro cidadão de L'Aquila lhe entregara pouco antes, e o horizonte da misericórdia se abre aos fiéis. Nos rostos a alegria pelo acontecimento histórico. Há sete mil pessoas lotando o gramado de Collemaggio. Renova-se mais uma vez a Indulgência que Celestino V concedeu em 1294 àqueles que, com o coração contrito, visitassem e rezassem na Basílica das Vésperas de 28 de agosto às do dia seguinte.

O rito de abertura do 728º Perdão Celestino começa com a Ladainha dos Santos, que acompanham a procissão com o Papa, o arcebispo de L'Aquila, o cardeal Giuseppe Petrocchi, os demais concelebrantes e o prefeito da cidade Pierluigi Biondi. Em seguida, o cardeal Petrocchi dá a admoestação para iniciar o rito penitencial com a anexa Indulgência anexa, concedida por São Pedro Celestino - o perdão concedido com a Bula Inter sanctorum solemnia - e renovada por seus sucessores. Em seguida, a solene oração do Papa ao "Deus de Abraão, Isaac e Jacó, rico em misericórdia e grande em amor" para que a Igreja "tenha a alegria da renovação interior pela obra do Espírito Santo e de caminhar (. ..) permanecendo em meio ao mundo um sinal de salvação e redenção”. Ao Todo-Poderoso a invocação para "abrir completamente a porta" da sua misericórdia, "para abrir-nos um dia as portas" da sua morada no céu, onde Jesus nos precedeu. "Concedei, vos suplicamos, a todos aqueles que, com renovado empenho e firme fé, cruzarem este limiar para alcançar a salvação, que procede de vós e conduz a vós", conclui o Papa.  Então, a proclamação solene: "Entrarei na tua casa, Senhor".

A Porta Santa e o abraço da misericórdia

As portas da Porta Santa se abrem de par em par: a figura de Francisco, sozinho, destaca-se de forma impressionante na entrada lateral da Basílica de Collemaggio e explode o júbilo. É entoado o canto "Tollite portas". Agora qualquer um pode lucrar a Indulgência Plenária recitando o Credo, o Pai Nosso e a oração segundo as intenções do Pontífice e aproximando-se da Confissão e da Comunhão Eucarística.

A homenagem a Celestino V 

Entrando no local de culto desejado por Pietro da Morrone, o Papa realiza o último ato do rito de abertura do Perdão. É conduzido, em cadeira de rodas, ao mausoléu de Celestino V. Lá estão preservados os restos mortais do eremita que se tornou Papa, coberto com paramentos papais e com o pálio doado por Bento XVI. Na capela do mausoléu, para a ocasião, está exposta a Bula do Perdão, custodiada em um relicário. E ali Francisco faz uma pausa para uma breve oração, ainda recolhido em silêncio.O

A despedida da cidade de L'Aquila 

Antes de deixar a basílica de Collemaggio, Francisco conversou com o cardeal Petrocchi, que ilustrou alguns detalhes do mausoléu de Celestino V, e com outros celebrantes. Em seguida, cumprimentou as autoridades que participaram da Missa e do rito de abertura do Perdão. Por fim, dirigiu-se ao campo de atletismo da capital de Abruzzo, de onde às 12h23 partiu de helicóptero para retornar ao Vaticano.

Tiziana Campisi - L'Aquila

 

Fonte: Vatican News