O Papa Francisco enviou uma mensagem ao bispo italiano de Rimini, dom Francesco Lambiasi, em vista do 43° Encontro para a Amizade entre os Povos promovido pelo movimento católico "Comunhão e Libertação". O evento tem início neste sábado, dia 20, e prossegue até quinta-feira, 25 de agosto, sobre o tema "Uma paixão pelo ser humano".
Na mensagem, enviada nesta sexta-feira (19/08), Francisco recorda que "no centenário de nascimento do Servo de Deus, pe. Luigi Giussani, os organizadores pretendem lembrar com gratidão seu zelo apostólico, que o levou a encontrar tantas pessoas e a levar a cada uma a Boa Nova de Jesus Cristo". Em seu discurso proferido no encontro de 1985, pe. Giussani disse: "O cristianismo não nasceu para fundar uma religião, nasceu como uma paixão pelo ser humano. [...] Amor pelo ser humano, veneração pelo ser humano, ternura pelo ser humano, estima absoluta pelo ser humano".
O Papa centraliza o tema deste evento "Uma paixão pelo ser humano" na mensagem assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Esse tema se transforma num apelo aos cristãos hoje: no clima de "todos contra todos" é preciso redescobrir o caminho da atenção, do amor pelos outros, da proximidade, da busca pelo bem, como condição para ser plenamente nós mesmos.
Francisco recordou em várias ocasiões que "a fragilidade dos tempos em que vivemos é acreditar que não há possibilidade de resgate, de uma mão que te levanta, de um abraço que te salva, perdoa, te eleva, te inunda de um amor infinito, paciente e indulgente que te coloca novamente nos trilhos". Este é "também o aspecto mais doloroso da experiência de muitos que viveram a solidão durante a pandemia ou que tiveram que abandonar tudo para fugir da violência da guerra".
A parábola do Bom Samaritano é hoje mais do que nunca uma palavra-chave, em sintonia com o tema do Encontro de Rimini, pois nela se encarna a "paixão incondicional por todo irmão e irmã que se encontra ao longo do caminho", que não é "apenas generosidade", mas, na descrição do Papa Francisco, é "reconhecer o próprio Cristo em cada irmão abandonado ou excluído". Quem crê é chamado a ter o mesmo olhar, a mesma paixão de Cristo, que amou a todos sem exclusão: um "amor gratuito, sem medida e sem cálculos". Mas, nos perguntamos: "Tudo isso não poderia parecer uma intenção piedosa, em comparação com o que vemos acontecer hoje?"
Como é possível olhar para quem está ao nosso redor como um bem a ser respeitado, num mundo que hoje coloca "todos contra todos" e onde prevalecem "egoísmo e interesses partidários", com a pandemia e a guerra que nos fizeram regredir em relação ao projeto de uma humanidade solidária? Tendo em vista que "o caminho da fraternidade não é desenhado nas nuvens, mas atravessa os muitos desertos espirituais presentes em nossas sociedades" e que no deserto, como disse Bento XVI, "se redescobre o valor do que é essencial para viver", Francisco indica o caminho: "O nosso compromisso", lê-se na mensagem, "não consiste exclusivamente em ações ou programas de promoção e assistência", "não um excesso de ativismo, mas antes de tudo uma atenção dada ao outro considerando-o como uma única coisa consigo. Essa atenção do amor é o início de uma verdadeira preocupação com sua pessoa" e do desejo de buscar seu bem. "Recuperar essa consciência é decisivo." O outro, o encontro com o outro, segundo o Papa Francisco, é "a condição para nos tornarmos plenamente nós mesmos e dar frutos".
Doar-se aos outros constitui a amizade social que o Papa recomenda em sua mensagem: é a fraternidade aberta a todos, "um abraço que abate os muros e vai ao encontro do outro consciente de quanto cada pessoa concreta vale, em qualquer situação que se encontre. Um amor pelo outro pelo que ele é: uma criatura de Deus, feita à sua imagem e semelhança. Portanto, dotada de uma dignidade intangível, da qual ninguém pode dispor ou, pior, abusar".
É essa amizade social que, como fiéis, somos convidados a alimentar com nosso o testemunho. É essa amizade social que o Papa convida os participantes do encontro a promover. Encurtar as distâncias, inclinar-se para tocar a carne sofrida de Cristo no povo. "Quanta necessidade os homens e mulheres do nosso tempo têm de encontrar pessoas que não dão lições da sacada, mas descem para as ruas a fim de partilhar a fadiga cotidiana da vida, sustentados por uma esperança confiável!" Esta é a tarefa histórica dos cristãos. Aos participantes do Encontro Francisco pede que eles compreendam esse apelo, "continuando a colaborar com toda a Igreja no caminho da amizade entre os povos, ampliando no mundo a paixão pelo ser humano".
Gabriella Ceraso/Mariangela Jaguraba
Fonte: Vatican News