O Papa Francisco se dirigiu, nesta terça-feira (19/07), através de uma mensagem de vídeo, aos participantes do II Congresso Católico Pan-africano de Teologia, Sociedade e Vida Pastoral que teve início, em Nairóbi, no Quênia, na última segunda-feira (18/07), na Universidade Católica da África Oriental.
O encontro prossegue até a próxima sexta-feira (22/07). É promovido pela Rede Católica Pan-africana de Teologia e Pastoral e reúne mais de 80 líderes religiosos e estudiosos dos cinco continentes.
Segundo o Papa, este encontro "é um sinal de esperança de que teólogos, leigos, sacerdotes, religiosos, religiosas e bispos tenham tomado a iniciativa de caminhar juntos. Reunir-se para discernir o que Deus nos diz hoje, não apenas para responder às necessidades que certamente são um desafio, mas também para transformar em realidade os sonhos africanos (sonhos sociais, culturais, ecológicos e eclesiais) que são um sinal de uma Igreja africana em saída".
Em suas visitas à África, o Papa sempre se impressionou "com a fé e a resiliência desses povos". "Como comentei em minha viagem à República Centro-Africana, em 2015, a «África sempre nos surpreende». Façam emergir o melhor de vocês nesta reflexão para que seja surpresa, para que nasça essa criação africana que nos surpreende a todos", disse o Pontífice.
Segundo Francisco, "a sabedoria dos ancestrais africanos nos lembra, para este importante encontro, que "as montanhas nunca se encontram, mas as pessoas sim". Sigam em frente. Juntos. Acompanhando-nos, ajudando-nos e crescendo juntos".
"Que uma teologia sapiencial, como vocês propõem, seja a boa nova da misericórdia para os pobres e alimente as pessoas e as comunidades em sua luta pela vida, pela paz e pela esperança", disse ainda o Papa na mensagem de vídeo. "Que o Espírito Santo os inspire. Que saiam desse congresso os caminhos de que a Igreja precisa: caminhos de conversão missionária, ecológica, de paz, reconciliação e transformação do mundo inteiro", concluiu.\
Mariangela Jaguraba - Vatican News
- Santa Sé, nova Política de Investimento em sintonia com a Doutrina Social
A partir de 1º de setembro próximo se terá uma nova política unitária para os investimentos financeiros da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, que serão disciplinados por uma Política de Investimento. Foi o que anunciou a Secretaria para a Economia (SPE) em um comunicado publicado esta terça-feira, 19 de julho, pela Sala de Imprensa vaticana. O documento, discutido no Conselho para a Economia e com especialistas do setor, foi endereçado aos Chefes dos Dicastérios da Cúria e aos Responsáveis das Instituições e entidades ligadas à Santa Sé pelo Prefeito da Secretaria para a Economia, Padre Juan Antonio Guerrero Alves.
"A nova Política de Investimento - lê-se no comunicado da SPE - pretende assegurar que os investimentos sejam destinados a contribuir para um mundo mais justo e sustentável; protejam o valor real do patrimônio próprio da Santa Sé, gerando um retorno suficiente a fim de contribuir de forma sustentável para o financiamento de suas atividades; estejam alinhados com os ensinamentos da Igreja católica, com exclusões específicas de investimentos financeiros que contradizem seus princípios fundamentais, tais como a santidade da vida ou a dignidade do ser humano ou o bem comum." Por esta razão, continua o comunicado, é importante que estes investimentos "sejam destinados a atividades financeiras de natureza produtiva, excluindo as de natureza especulativa, e, sobretudo, sejam guiados pelo princípio de que a escolha de investir em um lugar e não em outro, em um setor produtivo e não em outro, é sempre uma escolha moral e cultural".
A Política, acrescenta a Secretaria para a Economia, foi aprovada ad experimentum por 5 anos e entrará em vigor em 1º de setembro próximo, com um período de moratória para se adaptar aos critérios propostos. O comunicado também explica como a nova Política de Investimento será implementada: "As instituições curiais – lê-se na nota - terão que confiar seus investimentos financeiros à APSA, transferindo sua própria liquidez a ser investida - ou seus próprios títulos depositados em bancos estrangeiros ou no próprio IOR - para a conta da APSA criada no IOR para este fim. A APSA, como instituição que administra o patrimônio da Santa Sé, estabelecerá um fundo único para a Santa Sé, no qual confluirão os investimentos nos diversos instrumentos financeiros e terá uma conta para cada instituição, processando os relatórios e pagando os rendimentos".
Por fim, o comunicado faz referência ao novo Comitê de Investimentos, instituído com a Praedicate Evangelium. Este Comitê, ressalta-se, "realizará - através da APSA - as consultas apropriadas visando a implementação da estratégia de investimento e avaliará a adequação das escolhas, com particular atenção à conformidade dos investimentos feitos com os princípios da Doutrina Social da Igreja, assim como com os parâmetros de rendimento e de risco segundo a Política de Investimento".
- Ucrânia: "manter viva a esperança da negociação", afirma Gallagher
"Uma guerra de atrito" contra a qual "cabe à comunidade internacional manter viva a esperança de um diálogo, de uma negociação": é assim que o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com Estados e as Organizações Internacionais, define o conflito em curso na Ucrânia. Em uma entrevista concedida a Gerard O'Connell, correspondente no Vaticano para a revista jesuíta "America", o prelado lembra da sua visita à Ucrânia em maio: "aprendi sobre a resiliência do povo, a determinação e a coragem deles", diz Gallagher, "mas também aprendi a conhecer o grau de sofrimento que existe", destacado pela "grande perda de vidas" e o medo de que a guerra continue.
Por essa razão, "sem ignorar a violência e o conflito", o arcebispo enfatiza o papel da Santa Sé no incentivo à negociação e à "restauração da paz". Por parte da Rússia, acrescenta, "não houve nenhum convite explícito à Santa Sé para mediar"; entretanto, os contatos entre os dois Estados são mantidos, "até certo ponto, através do núncio apostólico em Moscou". "A posição da Santa Sé foi apreciada", sublinha Gallagher, "mas não foi além", assim como não houve convite explícito ao Papa para visitar Moscou.
O arcebispo, lembra, então, "o apoio da Santa Sé à soberania e à integridade da Ucrânia", reiterando que "cabe aos ucranianos negociar com os outros, em particular com os russos". Deste "princípio" deriva o fato de que a Santa Sé não reconheceria "qualquer declaração unilateral de independência", por exemplo, das regiões de Donetsk e Luhansk.
Quanto ao desejo de que o Papa possa viajar para Kiev em agosto, o arcebipos enfatiza que o Pontífice "fez grandes progressos em sua mobilidade", o que se tornou difícil recentemente devido as dores no joelho. Entretanto, a viagem ao Canadá, prevista para acontecer entre 24 e 30 de julho, está sendo trabalhada, portanto talvez a questão seja considerada "seriamente" no próximo mês.
Em todo o caso, o Papa Francisco "quer e sente que deve ir à Ucrânia", apesar de não haver um convite por parte de Moscou. "As duas coisas não estão ligadas", conclui o representante do Vaticano, "poderia ser uma coisa boa se estivessem. Mas acredito que a principal prioridade do Papa neste momento é ir à Ucrânia e se encontrar com as autoridades, o povo e a Igreja católica local".
Isabella Piro
Fonte: Vatican News