A luta contra os abusos na Igreja começou lentamente, mas hoje é um caminho irreversível. O Papa Francisco disse isto em uma entrevista com a Reuters: "A Igreja começou a tolerância zero lentamente, e avançou. Sobre isto, acredito que a direção tomada é irreversível. É irreversível. Hoje esta é uma questão que não se discute".
Respondendo a uma pergunta sobre a resistência que em alguns casos é encontrada a nível local na aplicação de medidas contra os abusos, o Papa observou: "Há resistência, mas cada vez mais há consciência de que este é o caminho". Francisco lembrou a divisão do Dicastério para a Doutrina da Fé em duas seções, dedicando uma delas aos julgamentos sobre os abusos, e comentou: "As coisas estão indo bem".
Em seguida, Francisco citou um encontro recente com visitantes que lembraram a ele que no país deles cerca de 46% dos abusos ocorrem dentro da família e observou que "isto é terrível". Após recordar o que as estatísticas mostram, o Papa acrescentou: "Mas isto não justifica nada. Mesmo que houvesse apenas um caso, seria vergonhoso. E temos que lutar mesmo que seja por apenas um caso. Isto não pode ser, porque (o abuso) é matar a pessoa que eu tenho que salvar. Eu, como padre, devo ajudar a crescer e salvar estas pessoas. Se eu abuso, as mato. Isto é terrível".
"Tolerância zero", concluiu o Pontífice, elogiando o trabalho do cardeal arcebispo de Boston e da Comissão para a Proteção de Menores: "E aí, chapeauao cardeal O'Malley, que é um homem corajoso. Ele tem a coragem de um capuchinho, propriamente, um grande homem. E também a Comissão para a Proteção de Menores, que está trabalhando bem, agora com o padre Small, que é outro homem corajoso, ele trabalha bem. Eu apoio totalmente isto".
- Em setembro, Francisco em Assis e Matera
Foi divulgado, nesta sexta-feira (08/07), o programa das visitas pastorais do Papa Francisco às cidades italianas de Assis e Matera. O Pontífice participa dos eventos de uma Igreja viva que desenvolve e dá vida a iniciativas, das quais podem surgir respostas às crises e emergências que estamos vivendo.
Como parte do programa "Economia de Francisco", o Pontífice estará em Assis no dia 24 de setembro para um evento que olhará de forma particular para os jovens. O Santo Padre chegará à cidade da Úmbria por volta das 9h30 e será recebido por três jovens participantes da iniciativa, pelo prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, pelo arcebispo de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino e bispo de Foligno, dom Domenico Sorrentino, pelas autoridades civis, e pelo economista Luigino Bruni, um dos promotores da Economia de Francesco junto com a irmã Alessandra Smerilli, e a doutora Francesca Di Maolo. Em seguida, no Pala-Eventi de Assis, o encontro do Papa com os jovens. Haverá um momento teatral artístico. Depois, oito jovens contarão suas experiências. Por fim, o discurso do Papa, a leitura e assinatura do Pacto entre Francisco e os jovens. No final da manhã, o Papa retorna ao Vaticano.
Numa mensagem de vídeo, o Papa foi imediatamente agradecido por dom Domenico Sorrentino, que lembra as palavras do Santo Padre quando, no início da Economia de Francisco, disse aos jovens: "Espero vocês em Assis!". Depois, a pandemia aumentou os tempos do encontro, mas nunca interrompeu o diálogo. Francisco sempre esteve presente, mesmo de longe, mas "tê-lo entre nós", diz o prelado, "será outra coisa". Dom Sorrentino conclui sua mensagem reiterando o compromisso pedido pelo Pontífice aos jovens para criar uma nova economia diferente num mundo onde há muita pobreza e desigualdade.
No dia seguinte, 25 de setembro, o Papa estará em Matera, onde chegará de helicóptero por volta das 8h30. Na cidade lucana das "pedras" se concluirá o 27° Congresso Eucarístico Nacional. Francisco receberá as boas-vindas do presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Maria Zuppi, e autoridades locais, civis e religiosas. Logo depois, na catedral, haverá o encontro do Pontífice com os deslocados e refugiados. A eles e a todos os presentes as palavras de saudação do Papa. Outro momento importante do dia de Francisco em Matera será a concelebração eucarística, presidida pelo Santo Padre, que será concluída com o Angelus. Por fim, antes do retorno ao Vaticano previsto para as 14h, haverá a visita de Francisco ao Refeitório da Fraternidade, dedicado a dom Giovanni Mele, que o Papa abençoará e inaugurará.
Os bispos italianos, por iniciativa do presidente da CEI, cardeal Matteo Maria Zuppi, expressam gratidão ao Papa Francisco por sua presença em Matera. "Agradeço ao Papa Francisco, que compartilha conosco uma etapa decisiva do nosso caminho sinodal: reunir-se em torno de Jesus, saborear o pão de sua presença." "Caminhar com ele", escreve Zuppi numa mensagem, "nos faz caminhar juntos entre nós e com os muitos peregrinos da vida, que são nossos companheiros de viagem". "Esperamos o Papa Francisco em Matera de braços abertos e desde agora", conclui o presidente da CEI, "estamos nos preparando para este encontro com a oração".
- Santa Sé adere à Convenção sobre o Clima e ao Acordo de Paris
O observador permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, dom Gabriele Giordano Caccia, depositou na última quarta-feira (06/07), no Secretariado-Geral das Nações Unidas, o instrumento com o qual a Santa Sé, em nome e por conta do Estado da Cidade do Vaticano, aderiu à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Com o instrumento atual de adesão, a Santa Sé pretende contribuir e dar seu apoio moral aos esforços de todos os Estados para cooperar, de acordo com suas respectivas responsabilidades e capacidades, comuns, mas diferenciadas, numa resposta eficaz e adequada aos desafios colocados pelas mudanças climáticas para nossa humanidade e para nossa Casa comum. Esses desafios têm uma "relevância não só ambiental, mas também ética, social, econômica e política, incidindo, sobretudo, na vida dos mais pobres e frágeis. Dessa forma, apelam à nossa responsabilidade de promover, com um compromisso coletivo e solidário, uma cultura do cuidado que coloca a dignidade humana e o bem comum no centro", informa o comunicado da Santa Sé divulgado nesta sexta-feira (08/07).
Nesse contexto, a Santa Sé lembra o convite urgente do Papa Francisco "de renovar o diálogo sobre a forma como estamos construindo o futuro do planeta. Precisamos de um confronto que una a todos nós, pois o desafio ambiental que estamos enfrentando, e suas raízes humanas, nos dizem respeito e nos tocam a todos".
Ao responder à pergunta "Que tipo de mundo queremos deixar para os que virão depois de nós, para as crianças que estão crescendo?", a Santa Sé espera que a Convenção e o Acordo de Paris possam contribuir para promover "uma forte convergência de todos no comprometimento com a necessidade urgente de iniciar uma mudança de rota capaz de passar decisivamente e com convicção da 'cultura do descarte' que prevalece em nossa sociedade para uma 'cultura do cuidado' de nossa Casa comum e daqueles que a habitam e habitarão nela [...]. A humanidade tem os meios para enfrentar essa transformação que requer uma conversão verdadeira e adequada, individual, mas também coletiva, e a vontade determinada de empreender esse caminho. Trata-se da transição para um modelo de desenvolvimento mais integral e integrante, baseado na solidariedade e na responsabilidade", dois valores fundamentais que devem ser a base da implementação da Convenção e do Acordo de Paris e que nortearão os esforços da Santa Sé nesse processo de implementação.
Fonte: Vatican News