O Papa Francisco enviou um telegrama de pesar ao arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, pelo falecimento do cardeal Cláudio Hummes, na última segunda-feira (04/07).
Francisco recebeu "com profundo pesar a notícia do falecimento do eminentíssimo cardeal Cláudio Hummes", antecessor de Dom Odilo "na condução pastoral da dileta Arquidiocese de São Paulo".
"Quero assegurar-lhe dos sufrágios que elevo ao altíssimo pelo eterno descanso deste querido irmão. Minhas preces são também de gratidão a Deus pelos longos anos de seu dedicado e zeloso serviço, sempre pautado pelos valores evangélicos, à Santa Mãe Igreja nos diversos encargos pastorais que lhe foram confiados tanto no Brasil quanto na Cúria Romana, e por seu empenho em anos recentes pela Igreja que caminha na Amazônia", ressalta o Papa no telegrama.
"Trago sempre vivas na memória as palavras que dom Cláudio me disse no dia 13 de março de 2013, pedindo-me que não me esquecesse dos pobres", escreve Francisco, enviando a bênção apostólica ao arcebispo de São Paulo e a todos os que se unem em oração para as exéquias do cardeal Hummes, como penhor de consolação e de esperança na vida eterna.
- Dom Cláudio, profeta da Amazônia
“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar.”
Com esta frase de São Francisco de Assis, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) expressa seu pesar, mas ao mesmo tempo gratidão pela celebração da páscoa do Cardeal Dom Claudio Hummes, OFM.
“Agradecemos ao Senhor a vida, a vocação e o serviço de Dom Claudio vividos e dedicados em favor do Reino de Deus. (...) Convencido de que “o Cristo aponta para a Amazônia” não mediu esforços em abrir caminhos que para uma Igreja com rosto amazônico, encarnada e comprometida com os povos, a cultura e o meio ambiente da Amazônia.”
A direção da Repam recorda a trajetória de Dom Cláudio, afirmando que deixa um legado que inspirará a evangelização na Amazônia. “Nossa gratidão a Deus. Agora o ofertamos de volta ao Pai.”
O presidente da Repam, Dom Evaristo Spengler, visitou o Vatican News na manhã desta terça-feira e concedeu uma entrevista em que ressalta a “profecia” de Dom Cláudio, revelando que o Papa Francisco falou de Dom Cláudio durante a audiência realizada uma semana atrás por ocasião da visita ad Limina dos bispos dos regionais Norte 2 e 3 da CNBB.
O Pontífice disse que Dom Cláudio estava chegando ao seu fim e que havia enviado um telegrama a ele, garantindo suas orações.
“Mas ele parte em paz: foi a palavra do Papa. Quando ele disse para nós que Dom Cláudio parte em paz eu entendi assim: Dom Cláudio cumpriu a sua missão, aquilo que ele necessitaria fazer na sua vida ele fez, foi tão profeta que completou o seu percurso. Deixou o exemplo e caminhos abertos para nós agora trilharmos.”
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
- O Papa espera que o Acordo Provisório com a China seja renovado em breve
O Papa afirma que o Acordo Provisório da Santa Sé com a República Popular da China "vai bem" e espera que ele possa ser renovado em outubro próximo. Foi o que disse Francisco na entrevista com a agência de notícias Reuters, conduzida pelo correspondente Phil Pullella.
Como se recorda, graças ao Acordo Provisório assinado em 2018, cujo texto é atualmente reservado, a situação da Igreja católica na China foi sanada trazendo de volta à plena comunhão com Roma os bispos nomeados sem um mandato papal. O Acordo, que prevê um caminho compartilhado para chegar à nomeação dos novos bispos, deixa ao Pontífice a palavra final.
Como resulta da transcrição da entrevista, o Papa Francisco defendeu o acordo e em primeiro lugar manifestou apreço pelo papel desempenhado pelo cardeal Secretário de Estado: "Quem leva adiante este acordo é o cardeal Parolin, que é o melhor diplomata da Santa Sé, um homem de alto nível diplomático. E ele sabe como se mover, é um homem de diálogo, e dialoga com as autoridades chinesas. Creio que a comissão que ele preside fez de tudo para seguir adiante e buscar uma saída e a encontraram".
Em seguida, Francisco defendeu a política de pequenos passos, aquele "martírio da paciência" do qual falava o cardeal Agostino Casaroli, artífice da Ostpolitik vaticana em relação aos países do Leste Europeu, então no bloco soviético. "Muitos disseram tantas coisas contra João XXIII, contra Paulo VI, contra Casaroli", explicou o Papa. "Mas a diplomacia é assim. Diante de uma situação fechada deve-se buscar o caminho possível, não o ideal, a diplomacia é a arte do possível e fazer com que o possível se torne real. A Santa Sé sempre teve estes grandes homens. Mas isto com a China está sendo realizado por Parolin, que é ótimo a este respeito."
Comparando a situação atual com a situação anterior a 1989, Francisco disse que a nomeação de bispos na China desde 2018 está indo devagar, mas há resultados. "Está indo devagar, mas (alguns bispos, ndr) foram nomeados. Está indo devagar, como eu digo, ‘do jeito chinês’, porque os chineses têm aquele senso de tempo que ninguém os apressa." "Eles também têm problemas", acrescentou Francisco, referindo-se às diferentes atitudes das autoridades locais na China, "porque não é a mesma situação em todas as regiões do país. Porque também (a forma de manter relações com a Igreja católica, ndr) depende dos governantes, existem diferentes governantes. Mas o acordo vai bem e espero que possa ser renovado em outubro".
Fonte: Vatican News